Capítulo 28

Help

02 de Dezembro de 1996.

Um mês já havia se passado. Novembro, o ultimo mês de aula do ano, se passara calmamente, e agora os garotos estavam finalmente de férias.

Era sexta-feira. Como de costume, Gerard, Frank, Ronnie, Max, Brian e Zacky saiam para dar uma volta na cidade agora branca devida á neve que sempre estava presente no mês natalino. Resolveram passar na casa de Gerard, pois a mesma estava próxima de onde estavam e o frio que fazia logo deixaria algum deles doentes, por mais agasalhados que estivessem.

Gerard estranhou o fato de quando ter chego na frente de sua casa as luzes estarem acesas, afinal, Mikey ainda fazia um de seus cursos e não chegava tão cedo dos mesmos. Um frio lhe passou pela espinha ao que pensou na possibilidade de Donna estar lá, mas a mesma não trocaria seu tempo de bares e jogatinas com os amantes por sua casa, por seus filhos.

- Gee? – Frank fitava confuso o garoto que ainda lhe abraçava pela cintura, mas se encontrava perdido nos devaneios.

- Ah, desculpe Pequeno. - disse calmamente.

- O que houve, Gerard? Você parece estar preocupado com algo? – Max, que era abraçado por Ronnie, perguntou um pouco confuso e Frank concordou com o garoto, olhando preocupado para o maior.

- Ah não foi nada, só estranhei o fato das luzes estarem acesas em casa. Mikey deve estar no curso ainda...

- Acha que sua mãe... – Frank ergueu as sobrancelhas enquanto mexia nervosamente as mãos.

- Até pensei que poderia ser isso, mas ela nunca trocaria os amantes pelos filhos ou qualquer coisa assim.

Ficaram em silêncio, logo o mesmo fora cortado.

- De duas uma... – Ronnie disse confuso com a situação, com a cabeça deitada no ombro de Max. – Ou você ou Mikey acabaram esquecendo a luz ligada ou ele acabou sendo dispensado mais cedo.

- Realmente, faz sentido, Ron... – Max disse um pouco pensativo, o outro sorriu e beijou a bochecha do menor que também sorrira.

- Ou... – Zacky disse um pouco inseguro. Brian, que segurava sua mão, voltou os olhos para o garoto, confuso.

- Ou o que, Zacky?

- Eu torço para que não seja isso, mas e se Mikey...

Zacky fora interrompido pelos passos rápidos em direção á eles, mais especificamente á casa de Gerard. O Garoto parou ao que virá os outros e andou até eles, logo os mesmos se assustaram por ver quem era e devido à expressão preocupada do garoto que segurava uma sacola.

- Gerard! – o garoto disse em um tom alto ao que reconhecera o outro.

- O que você quer, Peter? Pensei que só gostavam de nos infernizar na escola...

- Esquece tudo isso, afinal a culpa não era nossa e sim de James. A propósito, é por isso que estou aqui.

Gerard engoliu seco ao que o coração parou de bater brutalmente pensando na possibilidade de algo sério ter acontecido.

- Isso que eu quis dizer... – Zacky disse, agora com a expressão preocupada.

Gerard puxou Frank pela mão, correndo em direção a porta de sua casa com os garotos atrás, inclusive Peter.

Subiu as escadas, indo direto ao quarto de Mikey e paralisando ao que vira o irmão deitado em sua cama com curativos no rosto, enquanto ao seu lado Ray limpava o sangue que escorria do braço cortado do garoto e Tom colocava gelo na testa do mesmo. Gerard arregalou os olhos e correu até o irmão, agachando no chão para visualizar melhor o mesmo.

- Mikey! O que aconteceu? Você está bem??

- Gee... – abriu os olhos com um pouco de dificuldade, os mesmos estavam inchados e um deles estava roxo. A voz estava calma, baixa e falha. – Que bom te ver... – sorriu. – Acho que ficarei bem, mas como você está? E você, Frank? Os garotos estão bem também?

- Estamos todos bem, Mikes. – Gerard suspirou, sorrindo internamente. O irmão sempre agia dessa forma; por mais que estivesse à beira da morte, sempre se preocupava mais com os outros do que com si próprio. – Mas e você, o que houve?

- Eu não lembro muito bem... Acabei desmaiando depois de dois socos seguidos...

- Michael foi dispensado mais cedo do curso e James, que provavelmente andava por ai procurando idiotas para fazerem parte de sua “Gangue”, o viu. O resto você já deve saber, afinal, passou muito por isso... – Tom disse com um sentimento de culpa, afinal, ele já fora dessa tal “Gangue”.

-... É tudo minha culpa... – Gerard disse baixo, abaixando a cabeça. – Era a mim que ele queria, a minha dor, o meu sofrimento.

- Gerard, pare com isso. – Frank disse sério, segurando na mão do maior e puxando o queixo do mesmo para que este pudesse lhe olhar. – Não é sua culpa. Você sabe que James machuca qualquer um que ver pela frente e se ele queria seu sofrimento, meus pêsames, pois eu nunca vou deixar que isso aconteça.

Gerard piscou algumas vezes, logo abraçou o menor que retribui.

Michael sorriu de leve, assim como Tom e Ray.

- Frank está certo, Gee. A culpa não foi sua. - o Way mais novo continuou a falar calmamente. Gerard soltou Frank e sorriu para o irmão, mas logo fez uma expressão confusa, voltando o olhar para Tom.

- Mas, você era um dos “ajudantes” de James, por que está aqui, nos ajudando?

- Porque James... Descobriu que... Eu e Peter... Hum... – A bochecha do garoto estava num forte tom vermelho, o que fez com que os garotos logo descobrissem o porquê deles estarem ali. Frank e Gerard arregalaram os olhos.

- Vocês dois são...? – o menor disse ainda incrédulo. O outro confirmou com a cabeça. – Nunca imaginei que isso poderia um dia acontecer... Não era esse o motivo de baterem em Gerard?

- Nós batíamos porque James nos ameaçava, e isso incluía nossa família. Nunca tivemos intenção de fazer aquilo que fizemos, muito menos de desejar a morte a alguém, mas James nos obrigava, e caso não fizéssemos nada era como se a vida de nossa família estivesse em jogo. Meus pais foram mortos alguns dias depois que eu nasci, e eu tive que viver em uma casa com pessoas que me maltratavam o dia inteiro, mas quando completei 11 anos, uma senhora que sabia do que acontecia em “casa” conseguiu minha guarda e desde então me tratou como um filho que nunca pode ter, junto com o marido. Eles são uma das coisas mais importantes para mim e James sabia disso, então colocava a vida deles em jogo quando queria algo de mim. – Tom dizia com uma pontada no coração a cada palavra, e suas palavras eram tão verdadeiras que eram como se as pessoas que ás ouvissem sentissem a dor que o garoto sentiu e, provavelmente, ainda sente. – Peter ainda tem sua família, mas James também o ameaça. Isso acontece desde que o conhecemos por acaso, quando ainda éramos menores. Tínhamos medo de James e pena de você que sempre estava sozinho. Tentávamos nos aproximar, mas James sempre estava por perto. Pode ser tarde para isso, eu sei, mas nós pedimos desculpa por todos esses anos, nunca queríamos ter te causado tanta dor.

Gerard respirou fundo. Por mais difícil que fosse, não deixaria de perdoar os garotos, principalmente depois de saber a verdadeira estória por trás de tudo que lhe aconteceu esses 9 anos. Olhou para Frank como se perguntasse se deveria ou não fazer aquilo e o menor deu de ombros, sorrindo de leve.

- Ele fez isso apenas com vocês dois?

- Não, Eliza também fora chantageada. James ameaçou, além de sua família, a do namorado dela. Ela entrou em desespero, então não teve outra opção a não ser se juntar a James.

- Entendo... Certo, eu desculpo vocês, a não ser que estejam mentindo.

Peter e Tom sorriram.

- Acha mesmo que mentiríamos para algo tão sério? – Peter arqueou uma das sobrancelhas. – Pode confiar na gente, não estamos mais sobre pressão de James. – sorriu e Gerard retribuiu.  Nem perceberam que Ray fitava Mikey um pouco perdido em pensamentos, logo o menor sorriu de lado e se levantou, puxando Gerard consigo.

- Hum, Mikey, você está realmente bem?

- Sim, graças á vocês. – sorriu. – podem ir, eu me viro aqui.

- Não, eu vou ficar aqui até você melhorar. – Ray disse, acordando de seus devaneios. Mikey corou de leve e abriu um sorriso internamente. – Podem descer garotos, eu fico aqui com o Mikey.

- Ok, mas... – Gerard interrompeu sua fala ao que o menor apertou sua mão com força. Olhou para o mesmo confuso e Frank lhe dera um sorriso, balançando discretamente a cabeça para o lado para onde Mikey e Ray estavam, logo o maior entendera. – Ah, okay. Qualquer coisa é só chamar. – sorriu, logo deixaram apenas os dois no quarto e fecharam a porta, descendo as escadas com os outros garotos. Chegaram na sala em silêncio, mas Tom o quebrara.

- Bem, nós... Já vamos indo. Qualquer coisa é só chamar, deixei nosso telefone com Raymond.

- Ah, okay. Não se preocupem. – Gerard sorriu, achando um pouco estranho por estar conversando com os garotos, mas não ligou muito. Os mesmos retribuíram o sorriso e seguiram para a porta, logo o maior lhe chamou e os mesmos olharam. – Hey! Obrigado por ajudarem meu irmão e Boa Sorte. – sorriu de lado, com a expressão calma.  Os garotos assentiram, logo foram embora.

- As coisas mudam, não? – Ronnie disse, puxando Max para o sofá enquanto os outros se sentavam e lhe abraçando de novo. Os garotos concordaram e suspiraram, Max sorriu com o ato do maior. – Mas enfim, só eu notei que o Sr. Iero está querendo formar um casalzinho?

Riram e Frank balançou a cabeça negativamente.

- Como vou formar algo que já está formado? – disse rindo.

- É... Faz sentido... – Ronnie disse calmamente. – e Zacky, você é vidente?

O garoto riu.

- Claro que sou, eu só quis fazer um pouco de suspense com vocês. – disse convencido, com um sorriso de canto.

- Então... O que Max vai me dar de aniversário? – perguntou, fingindo não saber que Zacky apenas brincava.

- Nada que você precise saber no momento. – disse calmamente. Max riu com a expressão emburrada de Ronnie.

- Ron, deixa de ser impaciente, faltam só 11 dias!

- Em 11 dias o mundo pode acabar, eu posso morrer, eu posso perder a memória, pode acontecer tudo!

- Eu não ligo, não vou te falar até o dia do seu aniversário.

- Ah, Max... Por favor!

- Hum... Não! – fingiu um sorriso simpático e revirou os olhos.

- Tsc... Eu ainda descubro o que é antes do aniversário. – Ronnie resmungou baixinho, mas ainda assim abraçava Max.

Os garotos ficaram mais um tempo ali, logo foram embora. Gerard estranhou um pouco o fato de agora conversar normalmente com garotos que lhe batiam desde a infância, mas dera de ombros, afinal eles tinham um motivo para terem feito aquilo e não era um motivo qualquer. Ray ficara até Mikey dormir na casa dos Ways, logo fora embora. Gerard deixou os medicamentos perto da cama do irmão para que o mesmo não precisasse de muito esforço, por mais que os ferimentos não fossem graves e apenas doíam de leve. Deitou em sua cama e logo adormeceu tomado pelo cansaço do dia.