Capítulo 12

All My Loving

Gerard deu um suspiro longo, um sorriso povoando seus lábios finos enquanto acariciava os fios negros do menor deitado sobre seu peito. Finalmente sentira os lábios cheios do outro e nem sequer se incomodou pelo piercing que o mesmo possuía preso em sua lateral. Foi a primeira vez que se sentira realmente vivo, exceto pelo dia em que conhecera Frank e, por mais que ambos só se conhecessem a dois dias, sabiam que o momento em que seus olhos se encontraram os corações sem esperanças dos garotos bateram acelerados com a chegada de um sentimento que nunca sentiram antes de forma tão intensa, verdadeira e bonita. Sabiam que, nem se tivessem se conhecido a alguns segundos, o coração de ambos iam receber o mesmo sentimento.

- Gee? – a voz do outro soou baixinha, mas o suficiente para Gerard escutar, respondendo com um murmuro, o menor acariciando com a mão livre a que  o prendia pelos braços enquanto a outra mão repousava sobre seu colo. – Quantas vezes você já fez isso? – disse se acomodando mais aos braços longos e finos de Gerard.

- Para falar a verdade, nunca, pois com você eu me senti vivo. – disse calmamente, os olhos do menor brilhando pela frase que acabara de dizer.  – mas, bem, no sentido geral... Talvez quatro vezes, todas armações do James. Ah, e a sua, que, felizmente, não foi armação... Espero...

- Oh, me desculpe, garotinho, mas eu sou um dos mais novos capangas do James, portanto, prepare-se para morrer! – disse fingindo ser realmente um dos colegas de James, não contendo os risos enquanto revirava os olhos, desencostando-se do maior e sentando-se ao seu lado. Gerard também ria.

- Oh meu deus, o que será de mim agora? Quem dera Superfrank estar aqui... – fez uma expressão assustada, seguida de uma desolada. Frank riu mais alto enquanto pegava um dos pacotinhos vermelhos de Skittles, em seguida abrindo mais uma garrafa de Coca-Cola. Gerard lhe fitava com um sorriso bobo, apoiando a cabeça nas mãos, os cotovelos fazendo marcas arredondadas em suas cochas, por mais que estivessem cobertas pelo tecido da calça. Suspirou enquanto os olhos observavam cada movimento do menor, nem notando que este havia notado e sorria em sua direção. Largou a Coca-Cola e o pacotinho vermelho no tapete e se aproximou mais de Gerard, lhe dando um amoroso abraço forte, apoiando o queixo no ombro do mesmo fazendo com que seu nariz roçar contra as bochechas levemente coradas do maior que tinha um sorriso povoando os lábios finos enquanto olhava o menor de esguelha. Tirou as mãos do queixo, uma delas indo até a cintura do menor enquanto a outra descansava sobre seu colo.

- E você, Pequeno? – disse num tom um pouco baixo.

- Mesma situação, exceto pelo fato de ser o James.  – riu baixinho. Gerard ficou em silêncio por um tempo, permanecendo na mesma posição,parecia pensativo.

- Ér... Você já... – suas bochechas coraram fortemente. Engoliu a seco e desviou o olhar que lançava ao menor, o mesmo arregalando os olhos e rindo.

- Não, Gee. Quem sabe daqui algum tempo... –suspirou fitando Gerard com um sorriso bobo.

- Espero que a pessoa não te machuque. – disse tentando disfarçar o tão conhecido ciúmes.

- Você não é desse tipo de gente, eu sei que não. – suspirou tentando conter o riso leve pelo maior não ter percebido que o “daqui algum tempo” lhe envolvia,e quando notara arregalou os olhos.

- Q-quer dizer que... – gaguejou.

- Exatamente, afinal, você é a única pessoa em quem eu confio exceto minha mãe e Mikey, agora. – Gerard voltou a olhar o menor de esguelha. – Não se assuste, Gee. – o menor riu.

- Não estou assustado, é que nunca conversei com ninguém sobre isso e... – Frank segurou o queixo do maior virando seu rosto para lhe olhar melhor, ainda com o sorriso leve nos lábios cheios

- Eu também não, mas me sinto confortável com você, toda a vergonha some. – acariciou com o polegar o rosto do maior. – Não precisa ficar nervoso com isso, Gee, eu te entendo perfeitamente.

Gerard retribuiu com um sorriso, os olhos brilhavam enquanto fitavam os esverdeados, mas a proximidade de seus rostos  fez com que ambos olhassem um para os lábios do outro, Gerard notando o quão avermelhados e bem feitos eram os de Frank, tendo o piercing como um toque especial e Frank notando o quão finos porém convidativos eram os de Gerard. Não agüentaram por muito tempo aquela distância pequena que os separava  e inclinavam lentamente a cabeça enquanto fechavam os olhos no mesmo ritmo e ficavam de frente um para o outro, logo os lábios novamente pressionados com leveza e doçura, mais uma memória a ser guardada com carinho pelos garotos.

A textura e o gosto dos lábios se misturavam assim como os sentimentos dentro dos garotos. O beijo era calmo. Era, definitivamente, um beijo de amor e não um beijo que causava nojo aos que lhe praticavam. Frank soltou a mão do queixo de Gerard e levou até sua cintura, deixando apenas uma mão de apoio. Gerard fazia o mesmo, não ligando caso algum curativo de seu braço se desfizesse. O menor levou novamente a mão até o rosto de Gerard para acariciar o mesmo, o maior pediu passagem com a língua e Frank cedera, logo as línguas novamente “dançavam” em um ritmo mais calmo, pois queriam explorar cada canto das bocas que tanto desejavam contra as suas, aos poucos aumentando a velocidade mas não deixando de ser romântico. Suspiravam enquanto o mundo parecia ter parado de girar, as boas sensações lhes invadiam cada vez mais intensamente, mas o ar lhes faltara. Ah, o maldito ar que fazia questão de sumir nos melhores momentos. Afastaram-se, os lábios mais inchados e vermelhos que antes formavam um sorriso bobo, enquanto encostavam suas testas, o nariz de ambos se roçando de forma carinhosa. Frank moveu os lábios dizendo um “Eu te Amo” de forma que não saísse som algum e Gerard lhe respondeu da mesma forma com um “Eu também“.

- Frank, cheguei! – uma voz feminina foi ouvida no andar de baixo. Gerard arregalou os olhos para Frank que riu se levantando e estendendo a mão para Gerard que aceitou.

- Vamos, Gee. Quero que conheça minha mãe. – sorriu segurando carinhosamente nas mãos do maior.

- Mas Frank–

- Ela não liga pra essas coisas, sabe e aceita muito bem que sou Gay, o que é raro. – deu de ombros. – mas não ligue se ela falar alguma besteira, o que é bem provável, okay? – sorriu de modo que Gerard não poderia negar. “Ah, esse sorriso que me controla...”

- E se ela perguntar sobre... – disse mexendo as mãos em um gesto de nervosismo.

- Sobre nós? – Gerard balançou a cabeça positivamente e o sorriso de Frank aumentara ainda mais. – Oras, falamos para ela. Por mais que ela irá ter um “mini” ataque de felicidade de mãe-coruja, pode ter certeza que ela vai nos apoiar e talvez falar algumas coisas meio... Sem graças, se é que me entende. – gesticulou com a mão livre e fez uma expressão que misturava tensão, vergonha e nojo – por mais que este não estivesse presente por se tratar de tal assunto. Gerard riu, em resposta novamente um aceno positivo com a cabeça. Frank entrelaçou seus dedos com os de Gerard e desceram até a cozinha, logo visualizando a imagem da mãe de Frank colocando algumas sacolas sobre a mesa. A mulher possuía cabelos loiros escuros num corte Chanel, usava uma calça jeans e uma camisa lilás, por cima um casaco na cor roxo escuro. Sua aparência era jovial e o fato de estar a cantarolar alguma música tornava isso mais notável. Não percebera a presença dos garotos – ainda de mãos dadas – na cozinha e Frank deu um sorriso confiante a Gerard, o maior retribuindo. Pigarreou para que a mãe lhes notasse e quando fizera, a mulher arqueou as sobrancelhas e deu um pequeno pulo para trás, assustada pela aparição repentina, mas logo reconhecendo o filho.

- Frankie, estava com saudades – andou até o filho lhe dando um abraço apertado e retribuindo apenas com uma mão, Não queria soltar a de Gerard tão cedo. – Ah, este deve ser seu amigo, não? – a Senhora de olhos esverdeados que possuíam um tom diferente dos de Frank olhou para Gerard com ternura e sorriu, andando até o mesmo que lhe retribuiu. – Belos olhos, Querido. Algo me diz que você se interessa por artes. – Gerard arregalou os olhos verdes e balançou rapidamente a cabeça num gesto positivo, a Senhora aumentando o sorriso que lembrava o do filho “mas não era tão lindo quanto...” pensava Gerard, com total certeza de sua afirmação seguinte sobre não existir alguém como Frank, com a perfeição que o mesmo possuía, nem mesmo a própria mãe do garoto. – Você está melhor? Fiquei preocupada quando Frank me ligou com a voz tremula, dizendo que alguém importante havia sofrido um acidente e que ele necessitava ajudar. Foi você, não? – Gerard ficou boquiaberto e com os olhos brilhando radiantemente ao ver a reação do garoto que segurava sua mão perante o “acidente” que sofrera e lhe olhou com uma expressão que dizia nitidamente “você se preocupou tanto assim?”, Frank lhe respondendo com um sorriso  carinhoso e um carinho em sua mão.

- S-sim, Senhora. Obrigado por se preocupar, estou bem, graças a seu filho, conseqüentemente a senhora que lhe ensinara tantas coisas úteis.

- Não precisa de tanta formalidade, Querido. – riu carinhosamente tirando alguns fios que caiam sobre os olhos de Gerard e os colocando atrás da orelha do mesmo. – Pode me chamar de Linda, Tia Linda, Sra. Iero, fica a seu critério e, obrigado pelos elogios, mas tudo dependeu de Frank, ele que teve paciência de me ouvir por todos esses quase 15 anos. – sorriu apertando as bochechas do filho, que revirou os olhos. Gerard riu com a cena por mais que sentisse uma pontada no coração por sua mãe nunca ter trocado sequer uma palavra carinhosa com ele.

- Mãe... – disse Frank num tom entediado.

- Já entendi, já entendi – disse Linda revirando os olhos e soltando as bochechas de Frank. Olhou para os dois garotos com um sorriso no rosto. – Então quer dizer que meu filho achou finalmente alguém na escola que não lhe machucasse?– arqueou as sobrancelhas ainda não notando as mãos dadas dos garotos.

- Gee também passava por isso na escola, na verdade com ele era bem pior. – disse com a expressão desolada.

- Ah, sim, então quer dizer que agora vocês são melhores ami... – Linda viu as mãos entrelaçadas dos garotos e começou a piscar seus olhos assumindo um brilho radiante. Olhou para os garotos, ambos com um sorriso no rosto e as bochechas coradas e retribuiu com um sorriso ainda maior. – Aah, que gracinha! – disse apertando as bochechas dos garotos, mas logo sua expressão mudando para uma séria. – Mas antes vocês precisam saber sobre algumas coisas–

- Já sabemos, Não se preocupe com isso, Mãe. – disse rapidamente com um sorriso desesperado no rosto, apertando a mão de Gerard com força, o mesmo olhava para algum ponto da cozinha extremamente corado.

- Hum, espero que saibam mesmo... – Olhou Gerard com uma expressão curiosa. – Sua mãe sabe, Meu Bem?

- Não, ela não conheceu o Frank ainda. – Suspirou. – e nem sabe sobre eu ser gay, tanto que insulta os mesmos. Não temos muito contato, apenas quando brigamos.

- Oh, desculpe-me, Querido. – disse com uma expressão desolada. – Porém teremos de contar a ela um dia, mas vamos começar tranquilamente, como se Frank fosse apenas um amigo. Você tem irmãos?

- Tenho um irmão mais novo, mas ele já deve no mínimo suspeitar. Ele não liga para isso.

- Bem, isso facilita bastante. – disse pensativa, até que o barulho da campainha foi escutado. – Ah, tenho que ir, vou dar uma volta com uma amiga. – Sorriu tristemente. – Bem, foi um prazer conhecê-lo... – fez uma expressão confusa tentando se lembrar do nome do garoto.

- Gerard – disse sorrindo. – Foi um prazer conhecê-la também, Sra. Iero.

- Até mais, Frankie. E Gerard, cuide bem do meu pequeno, okay? Se quiser pode dormir aqui, é ótimo saber que Frank não está sozinho. – Sorriu andando até a mesa, pegando sua bolsa e indo em direção a porta da sala, sorrindo para os garotos.

- Pode deixar, cuidarei muito bem de seu filho. – sorriu acenando com a cabeça. Linda deu um aceno ao filho enquanto entrava no carro que logo partira, Gerard e Frank entrando novamente na casa e trancando a porta. O maior abraçou Frank pela cintura e o mesmo envolveu o pescoço do maior em seus braços enquanto ficava na ponta dos pés, ficando cada vez mais próximos.

- é verdade tudo aquilo sobre o dia do “acidente”? – disse Gerard encostando sua testa na do menor que balançou a cabeça positivamente.

- Sabe quando você vê quem você ama a beira da morte e não se importa com as conseqüências fazendo de tudo para ajudá-lo? Pois bem, naquele momento nada me importava, apenas você. – sorriu levemente. – e continuara sendo assim, pode confiar em mim.

Gerard tinha os olhos brilhando. Nunca, em sã consciência, pensaria que alguém pudesse reagir dessa forma consigo, e vindo de Frank, não conteve a felicidade que lhe dominara.

- Deus, como eu te amo. Você não faz idéia...

- Eu também, Gee. Nem mesmo se eu escolhesse as melhores palavras meu sentimento por você seria explicado. É muito mais que um simples amor. Eu te amo demais, Gerard. – mal terminara a frase e seus lábios já estavam novamente juntos, todas aquelas sensações novamente surgindo.

 Realmente, palavras não eram o suficiente para descrever o sentimento tão lindo que reinava nos corações dos dois garotos.

All my loving I will send to you

Todo meu amor, eu mandarei pra você

All my loving, darling, I'll be true

Todo meu amor, querida(o), eu serei verdadeiro