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A lua brilhava fortemente do lado de fora, fazendo o quarto de Mellody se iluminar. Ela estava deitada em sua cama, observando o céu. Ouviu batidas na porta, e murmurou um ‘’Entre!’‘ em forma de resmungo. A porta se abriu, e Mellody continuou encarando o céu, sem perceber quem era. Só descobriu quando sentiu o inebriante perfume de Tom. Ele estava deitado ao seu lado, observando o céu com a mesma expressão.

 

— Não esperava sua visita, Tom - Mellody disse, sorrindo.

— Espero que minha surpresa tenha sido boa, então.

— Foi ótima! - Ela confessou, corando.

— Ainda não entendo por quê tanto cora, quando está comigo...

— Normalmente, não consigo controlar o que digo quando estou com você, Tom.

— Isso significa...? - Ele perguntou, confuso e hesitante ao mesmo tempo.

— Significa que eu amo você - Mellody arriscou, sorrindo.

 

Ela sentiu os macios lábios de Tom tocarem os seus, enquanto ele a puxava para seu colo. O beijo começou lento, mas foi se tornando cada vez mais rápido e urgente. Tom a puxava cada vez mais perto de seu corpo. Os dois já estavam ficando ofegantes, e sem ar.

 

— N- Nós vamos se atrasar, Tom - Mellody disse, ofegando. Ela tentava se desvencilhar dos selinhos de Tom.

— Ah, quem se importa?! Esse clube do Slughorn é uma tolice, acredite em mim. - Ele disse, dando-lhe mais um selinho. Mellody gargalhou

— Tom. É sério.

 

Ele suspirou, olhando para Mellody. Como ela conseguia causar esse efeito nele?  Logo ele, o herdeiro de Slytherin! Aquele que nunca havia se apaixonado, aquele que somente usava as namoradas, torturava-as e as matava em seguida. Assentiu com a cabeça, sentindo Mellody sair de cima de seu colo.

 

— Vou tomar um banho, e já volto. Me espere aqui, tudo bem? - Ela disse, sorrindo.

— Como desejar, milady.

 

Mellody gargalhou, enquanto entrava no banheiro. Ela trancou a porta, por via das dúvidas. Logo se tocou que uma porta trancada não impediria um Tom Riddle. Despiu-se rapidamente, e entrou no box. Deixou a água morna escorrer por seu corpo, relaxando-a profundamente. Suas mãos ainda estavam suadas e quentes, mesmo após de Mellody tê-las encharcado de água. Esses, e muitos, eram os efeitos que Tom lhe causava. Suas mãos suavam, seu coração acelerava, e ela perdia totalmente o senso e o pouco de juízo que lhe restava. Parece coisa de filmes, coisas clichês, não é? O único problema, é que esses efeitos normalmente são mais intensos do que o normal.

 

— Mellody, se demorar mais irei sem você! - Ouviu a voz impaciente de Tom a ameaçando.

 

Ela percebeu que já estava no banho à mais de dez minutos. Lavou seu cabelo com seu shampoo favorito, e desligou o chuveiro. Havia acabado de encharcar o banheiro inteiro, mas depois daria um jeito na bagunça. Se secou rapidamente, e vestiu seu uniforme da Sonserina. Secou seu cabelo, e com um feitiço, toda a água espalhada pelo chão do banheiro, havia desaparecido. Antes de sair do quarto, caprichou no perfume, e saiu. Tom estava, ainda, deitado na cama, como se não tivesse se mexido nenhum momento. Mellody sabia muito bem que ele havia se mexido sim, e com certeza, mexido em seu diário. Já que o mesmo, se encontrava numa posição diferente da que ela havia deixado.

 

— Você estava tentando se matar no banho, ou algo parecido? Ficou quinze minutos lá dentro! - Ele disse, frio.

— Ahn... Desculpe

 

Tom rolou os olhos, e se levantou. Com passos rápidos e longos, saiu do quarto e desceu para o Salão Comunal da Sonserina. Mellody se questionava mentalmente sobre o que havia acontecido com Tom. Ele tinha um brilho frio nos olhos, não a lançava nenhum olhar, muito menos alguma palavra. Continuava caminhando à sua frente, como quem guiava uma novata.

— Tom! - Ela o chamou. Ele se virou, impaciente. O mesmo brilho frio nos olhos

— O que foi?

— Eu que lhe pergunto! O que houve, Tom? Você estava tão bem, e ficou tão... Tão estranho!  

— Por que acha que aconteceu alguma coisa, Mellody? Não aconteceu nada. - Ele disse, normalmente. Mellody sabia que estava mentindo

— Vai mentir para mim agora? Tudo bem, então. Vá sozinho à aquele clube idiota do Slughorn. - Ela disse, furiosamente.

— Nos vemos depois. - Falou inexpressivo, e desapareceu pelo corredor frio e vazio.

 

Mellody observou-o indo embora, e sentiu um enorme aperto no coração. Agiu como uma criança. Uma criança muito mimada! Ela encostou na gélida parede, e deslizou até o chão. As grossas lágrimas já escorriam por seu rosto. Qual era o seu problema? Por quê tinha sempre de estragar as coisas? E qual era o problema de Tom? O que estava acontecendo?

Ninguém nunca a avisou de que o amor era assim, como uma faca que rasgava seu coração. Duas horas de Cruccio nem se comparava à dor que estava sentindo. Ela se levantou, atordoada, e voltou ao seu quarto. Foi direto ao banheiro. Pegou uma coisa que estava guardada no armário do banheiro, e sentou-se no chão, encostada à sua cama, tendo a linda visão da lua. Era a segunda vez que ela a admirava no mesmo dia. A primeira, estava deitada ao lado de Tom. A lembrança fez com que as lágrimas descessem em maior quantidade. Ela pegou a tesoura, e pressionou levemente em seu braço. Passou a tesoura pelo seu pulso, sentindo uma fraca dor. Era incomoda, mas não ligou. Nenhuma dor física a deixaria pior do que a dor que estava sentindo. O sangue, agora, escorria de seu braço, pingando no chão. Ela não conseguia conter os soluços. O que estava pensando?! Se cortar por um garoto? Mas não, não era um simples agora. Era Tom, o seu Tom.

 

 

“E então eu choro algumas vezes

Quando estou deitada na cama apenas pra esquecer tudo isso

Que está em minha cabeça

E eu, eu me sinto um pouco estranha.

E então eu acordo de manhã

E piso no lado de fora

E dou uma respirada profunda

E eu grito com toda a força de meus pulmões

O que está acontecendo?

Pink - What’s Up?”