A Guardiã Do Livro Oculto escrita por Lana


Capítulo 43
Capítulo 43


Notas iniciais do capítulo

De longe o capítulo mais forte desta história.
Vocês entenderão porque...
Boa Leitura ^.^



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Capítulo 43

Pov Thalia

Ele agora agonizava deitado ao chão.

Os outros monstros haviam sido destruídos um milésimo antes do grito que selou a guerra. Agora, uns choravam com o ocorrido e outros olhavam desentendidos para a situação que se via.

Bem, deixe-me explicar: Ao ver Kevin, o garoto que era seu antigo aliado no Acampamento Meio-sangue por ser neto de Martin O’mailan, Medéia se enfureceu e saiu de sua guarita, juntamente com os outros deuses. Andou tão rápido que a maioria dos semideuses só percebeu sua presença no campo de luta quando a mesma já tinha agarrado o traidor arrependido pelo pescoço e o havia jogado fortemente contra o chão. Um baque surdo calou o local.

Ao fazer menção de se levantar, Kevin provocou a ira dos deuses vilões e Nêmesis retirou sua espada e golpeou o garoto em sua barriga. Kevin urrou de dor, e todos se viraram pra ele.

O sangue agora jorrava de seu ferimento e seu corpo incólume tremia fortemente. Medéia sorriu maligna.

– Hora de acabar com você, traidor! – Phobos, que tinha uma relação mais estreita com o garoto, rugiu.

– Me dê esse prazer. – Medéia tomou a espada ensanguentada das mãos de Nêmesis e avançou para cima de Kevin.

Paige chorava copiosamente, e por mais incrível que pareça, de forma silenciosa. Percy e Annabeth a abraçaram protetoramente, talvez sabendo que a garota estava prestes a ver a morte daquele que era seu melhor amigo antes de tudo acontecer, inclusive até antes de chegarem a o acampamento.

Stormie estava ao lado de Grover, em posição caso mais alguma criatura nos atacasse. Enquanto isso, Nico apoiava Julie perto de uma árvore, agora que a garota ameaçava desfalecer mais uma vez. Ao nosso redor estavam todos os nossos reforços, os campistas que nos socorreram quando estávamos sem chances de superar os monstros. Pensei em quem poderia tê-los avisado, e tive certeza da resposta: Petrus.

Ele havia ficado no castelo quando eu e Sean saímos, dizendo que não seria útil na linha de batalha, mas que ajudaria de outra forma. Entendo como: a simples e eficaz mensagem de íris. Ele nos salvou, e depois desapareceu.

Quanto a Sean, ele estava a meu lado, e me auxiliou a todo o momento durante a luta. Seria um grande amigo, mas apenas isso, um amigo. Como Luke. Aliás, suas histórias eram parecidas. Ambos se aliaram aos que queriam destruir os deuses, mas havia uma diferença crucial: Luke nos traiu, Sean não – ele traiu a trupe que queria nos derrubar por causa do livro e das espadas. Ele tinha um voto de confiança. Talvez pudéssemos construir uma amizade sólida quando eu estivesse de folga da Caçada. Ou não.

...

Médeia levantou a espada.

Sean prendeu a respiração a meu lado.

E eu fechei os olhos. Por mais que o garoto tivesse nos traído e eu não o conhecesse, vê-lo sendo executado seria algo inevitavelmente cruel, e eu não queria ver isso.

Um segundo depois, ouvi um grito. Mas esse não era de Kevin, mesmo que a espada tivesse resvalado no garoto e provocado um ferimento grave.

O grito era de Sean.

Abri os olhos e meu coração doeu. Sean agonizava com a espada fincada no peito. Seu colar com o símbolo de Hécate tremeluzia fortemente, revelando uma luz roxa. O sangue tingiu toda sua camisa de vermelho e me fez sentir meus joelhos fraquejarem e meus olhos se molharem em lágrimas. Corri para o lado dele e abaixei ao seu lado.

– Thalia...tire a espada. – ele disse com a voz tremendo. Olhei para a espada e em uma súbita coragem, puxei-a de uma só vez, para não abrir ainda mais o ferimento.

O colar continuava brilhando, enquanto Kevin dava seus últimos suspiros. Olhei para Sean e ele voltou a falar:

– Eu já deveria estar morto. Esse colar está me mantendo vivo, graças a uma magia feita por minha mãe. – ele falou em um fio de voz.

Deon, o pai do garoto, o observava a uma distância relativamente pequena, com a face totalmente transtornada. Ele ameaçou se aproximar do filho, mas recebeu um olhar repreensivo de Deimos que estava a seu lado, e isso o fez desistir da ideia, deixando que o garoto agonizasse à mingua. O repúdio que sentia por ele apenas aumentou depois dessa cena, já que ele desfez da própria cria para ficar do lado de quem o ferira.

Lancei um olhar mortal para Deon, que devolveu apenas um gesto de desdém. Quase avancei nele, mas antes lembrei-me do garoto brutalmente ferido ao meu lado, e isso me fez parar.

Sean respirava irregularmente já tinha algum tempo, e estava suando frio também. Fechou os olhos por um momento, o que me fez ficar com um intenso medo de que não voltasse a abri-los, todavia, ele tornou a enxergar-me. E então, me pediu o que eu não seria capaz de fazer.

– Tire-o e coloque em Kevin, ele é quem deve sobreviver. – sua voz estava esganiçada.

– Não posso fazer isso, não vou fazer! – eu gritei desesperada. Apalpei os bolsos à procura de néctar ou ambrosia, ou qualquer coisa que pudesse fazê-lo melhorar um pouco, porém não encontrei.

Senti alguém se aproximando.

– Você deve escolher Thalia. Agora tudo está claro, e a profecia se cumpre. Você é a Real Guardiã, e deve decidir se o traidor vai viver ou morrer. – Stormie disse, concisa.

– Mas o traidor é o Kevin, e não o Sean. – eu bradei.

– Isso não vai fazer tanta diferença Thalia, pois um vai morrer e o outro vai viver, depende da sua escolha. – minha irmã respondeu e eu fiquei confusa.

Annabeth completou, se aproximando de nós.

– Kevin era o traidor da profecia, até se arrepender. Sean, você se arrepende de ter traído seus antigos aliados? – Ela perguntou olhando o filho de Hécate, que continuava a sangrar. Kevin ainda mantinha os olhos abertos.

Era verdade. Sean havia trocado o mal pelo bem, e isso, de certa forma, também configura uma traição, e ele não voltou atrás como fez o filho de Apolo.

Sean apenas balançou negativamente a cabeça.

– O traidor de quem a profecia fala é Sean, porque ele o fez e manteve-se sem arrependimento. Portanto, ao contrário de Kevin, ele tecnicamente ainda está traindo seu lado de origem.

“A guardiã sagrada decidirá

Se o traidor há de viver ou morrerá”

– Mas eu não sou a guardiã. – relutei em aceitar essa situação. Eu sentia como se estivesse com uma bomba nas mãos, que iria explodir de qualquer maneira, e iria deixar crateras profundas em todos nós.

– Não é a guardião do livro, mas sim a Guardiã Real, a Filha de Zeus responsável por decidir o destino desses dois personagens da profecia. Sean te deu o poder de escolha sobre o colar porque sabia disso, o que nos prova que te sequestrar não foi exatamente um “plano B”, mas sim uma opção extremamente viável para eles. – Stormie explicou vagarosamente.

– Tudo mudou quando eu decidi te proteger. E naquele momento eu soube que custaria minha vida, e mesmo assim, o fiz. Eu sabia das consequências Thalia, e mesmo assim aceitei. Faça o que tem que ser feito. – Sean gemeu, sussurrando tais palavras.

– Mas lembre-se que ninguém pode decidir por você. – Annabeth ponderou.

A cada palavra que diziam, eram como flechadas em meu coração. Se eu decidisse pela vida de um, automaticamente sentenciaria a morte ao outro. E o pior de tudo é que eu não conhecia nenhum dos dois a ponto de saber qual seria a melhor escolha, escolha essa que decidiria tudo, inclusive a segurança do tão precioso livro.

Pensando bem, não havia “melhor escolha”. Tratava-se de uma vida, algo inalienável, direito inerente À qualquer pessoa. E ainda havia a tese de segunda chance... os dois mereciam, mas apenas um a teria, e era assim que teria que ser, para se proteger algo que conservaria o mundo olimpiano.

E o livro em segurança se manterá

Se a decisão correta a real guardiã tomar.

Eu era a Real Guardiã. Só que ainda não tinha entendido o por quê. Agora as coisas parecem se encaixar. Eu cuidei da vida de todos, principalmente das guardiãs... Quando apareci no desfiladeiro em que saltaram do trem e matei os lestrigões; Quando fui sequestrada no lugar de Stormie, a guardiã do livro oculto, e claro, em outras vezes também. Senti que o peso da decisão fatídica desabava sobre minhas costas, mas era meu dever carregá-la.

Eu estava insegura e muito confusa. Não tinha como decidir uma coisa dessas. Na verdade, acho que tinha entrado em estado de transe, pois podia ouviu todos a minha volta, mas não conseguia ouvia o que diziam, e para quem se direcionavam. Estava em um mundo a parte, com um colar que brilhava em mãos e com dois garotos à beira da morte aos meus pés.

Annabeth me despertou, jogando a realidade em meus braços como se fosse o peso do mundo.

– Thalia, você tem de decidir. Ou então perderemos os dois, e a profecia não se completa. Tudo poderá virar o caos, você sabe. – Ela segurou minha mão vaga. – É uma escolha difícil, porém necessária. A razão é importante, mas a emoção é absoluta.

Ajoelhei-me entre os dois. Olhei para o garoto da direita: magro e com seu ferimento enorme exposto, relativamente alto, cabelos extremamente loiros e poucas sardas pelo nariz, mas o que me prendeu foram seus olhos verde amarelados e que agora tinham pequeninos traços vermelhos desenhados em sua esclera, denotando toda a dor que sentia no momento. O da esquerda já me era familiar: encorpado, bem alto, com cabelos castanhos rente aos ombros, pele pálida, e os incríveis olhos cor violeta, que também transpareciam apenas dor.

Sean segurou a minha mão, e com os dedos, pediu que me aproximasse de seu rosto. Ele cochichou:

– Eu nasci para essa missão, e chegou o momento de cumprir a minha parte. O livro estará seguro se você tomar a decisão correta. Você sabe qual é.

Olhei em seus olhos e não disse nada. Então, ele continuou.

– Temos caminhos diferentes. Conhecê-la foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida. Eu irei para o Elísio, Thalia. O melhor lugar onde eu poderia estar. – ele deu um sorrriso encorajador e depositou um leve beijo em minha bochecha.

Na última vez que ouvi sua voz melodiosa, ele disse:

– Está na hora de tirar o colar.

Pegou minha mão e levou até o pingente de Hécate, o pressionou. Sean fechou os olhos e eu puxei o cordão lentamente. Quando este já não tinha mais contato com Sean, a luz que emitia se apagou.

Com as lágrimas desenhando caminhos em meu rosto, me virei para Kevin e passei-o por sua cabeça. O pingente voltou a brilhar, e o garoto que estava desmaiado com os olhos entreabertos, pareceu voltar a viver, enquanto a vida do heroi se esvaía.

E tudo pareceu ter fim. Apenas pareceu...


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Notas finais do capítulo

Errrh, pessoal, como viram Sean morreu :(
Ah, nem disse oi néh?!
Olá!
Comecei lá em cima de forma enigmática, talvez para que vocês já entrassem na vibe do capítulo, que é decisivo. Este foi o antepenúltimo.
Obrigada a todos que leram...
Aos fantasminhas, digo que ainda dá tempo de se manifestar, portanto, sejam camaradas!
Aguardo as opiniões de vocês nos reviews hein...
Recomendações???
Beijooos



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