Primeiro problema em Forks

Capítulo 5

Travessuras em série

Carlisle POV

Quando entrei em casa eu simplesmente deixei o queixo cair, eles estavam imóveis e calados, o mais velho, a julgar pelo grito que eu ouvira anteriormente já estava lá em cima, Esme realmente tinha feito um ótimo trabalho de conscientização ali.

Não se ouvia nada além do som dos meus sapatos em passos lentos através da sala, nem se quer estavam respirando, uma vez que não precisavam.

Passei por eles lançando um olhar desaprovador, quando os quatro adolescentes me olharam com olhos de filhotes de cachorro, Edward chegava a formar uma espécie de bico com o lábio inferior.

"Garanto que não está funcionando."

Lancei um pensamento para ele.

Pus o primeiro pé na escada e as mãos na fivela do cinto, enquanto subia os degraus, desabotoei e puxei de uma vez das presilhas da calça, dobrando em uma das mãos, todos deram um suspiro súbito.

Continuei subindo as escadas e mais uma vez o som dos meus sapatos ecoavam pela casa me fazendo parecer um carrasco.

"Eu sou só um pai, eu sou só um pai..."

Eu repetia incessantemente na minha cabeça.

"Melhor acabar logo com isso não demora muito Esme vem atrás de mim"

Pensado e feito, ela se levantara do sofá antes que eu chegasse à porta do quarto de Emmett, mas sentou-se de volta no sofá quando sussurrei um "Não" pra ela.

Ela não era minha filha, isso não iria durar muito, ela não estava me obedecendo e sim respeitando o meu lugar de pai, e sei que seu instinto materno falaria mais alto logo que Emmett começasse o escândalo que ele sempre faz quando apanha.

Eu abri a porta do quarto e ele deu um pulo, começou a andar pra trás olhando o cinto ma minha mão.

Começou a chorar com as duas mãos espalmadas pra frente se curvando como se quisesse proteger as coxas.

"Por favor, papai! Eu sinto muito! Eu prometo nunca mais fazer de novo! Nunca, nunquinha! Eu juro que aprendi a lição! Por favor! Por favor! Por favor!"

Ele repetia chorando.

Como já era de se esperar, Esme apareceu, num minuto já estava ali...

"Já chega Carlisle."

Ela partiu em socorro ao filho abraçando-o.

"Querida..."

Eu suspirei.

"Não aconteceu nada aqui, eu nem se quer falei com ele ainda."

"Mas olha só pra essa criança, ele está mais do que castigado, só todo esse medo já acabou com ele, tenho certeza que ele já aprendeu a lição, além do mais você já bateu nele na estrada!"

Ela disse se posicionando na frente dele.

"Esme, aquilo não foi bater"

Eu informei a ela com toda a calma que eu consegui reunir.

"Aquilo foi só uma varada e um puxão de orelha."

"E que está doendo muito."

Disse Emmett esfregando o traseiro com uma mão e segurando a orelha com a outra.

"E você fica quieto!"

Eu repreendi.

"Meu bem, não piora a sua situação."

Ela pediu a ele com carinho.

"Querida eu não quero discutir isso na frente deles."

Eu disse a ela com todo carinho que ela merecia, mas com uma voz firme que encerrava o assunto.

"Posso deixar vocês a vontade se preferem."

Ele se atreveu formando um sorriso sorrateiro.

"Bela tentativa."

Eu o parei com um olhar de gelar a alma.

Abracei minha linda esposa e beijei sua testa.

"Apenas vá amor, seja forte e paciente, pois nossa 'conversa' aqui vai ser longa."

Ela olhou para o filho com veneno nos olhos quase transbordando e saiu do quarto me lançando um olhar de piedade me pedindo pra ir com calma.

Quando ela saiu o click da porta ecoou pelo quarto, eu apontei pra cama com a mesma mão que segurava o cinto, o movimento o fez encolher-se e sentar-se rapidamente.

Sentei-me ao seu lado e pus os cotovelos nos joelhos "Filho, eu preciso que você se acalme para que possamos conversar, isso é pra ser disciplina e não tortura, antes eu preciso ouvir o que você tem a dizer, eu preciso entender o que tem te levado a agir assim filho, por que você não ouve? Por que quando digo ,pára, você continua?"

"E...eee...eu não sei"

Ele disse entre soluços e eu resolvi ajudar.

"É pra chamar atenção da sua mãe ou a minha?"

Eu perguntei com calma.

"Está precisando de alguma coisa que a sua mesada não paga? Ou está de olho em algum carro e está juntando dinheiro?"

Deus! Tem de ser alguma coisa que eu deixei passar, eles são cinco e tão diferentes, às vezes eu me pego pensando se estou suprindo mesmo todas as necessidade de um pai.

"Não pai"

A voz de Emmett cortou o meu pensamento.

"Eu não vou mentir de novo"

Ele parecia mais calmo agora.

"É só que na hora as idéias parecem tão divertidas, tão legais, tão infalíveis, que eu não consigo pensar direito, eu sempre acho que não vai sair do meu controle, e quando eu menos percebo, estou aqui em um lugar reservado com você esperando por uma surra."

"Entendo filho, mas você precisa entender o quanto a sua falta de limites e sua dificuldade de pensar primeiro, pode ter conseqüências catastróficas, ninguém pode sair por aí agindo de qualquer forma sem pensar direito, ainda mais se você é um vampiro e sua força excede a dos outros.

"Mas papai eu nunca utilizei minha força pra aprontar nenhuma das minhas trav..."

Sua voz foi diminuindo a ponto de não poder terminar a última palavra.

"Exceto o incidente do jardim, mas eles estavam me irritando, e nós não estávamos em território humano, estávamos em casa!"

Essa era a lembrança de sua travessura mais recente.

FLASH BACK

Edward e Jasper estavam provocando Emmett por causa de uma mãe ursa que ele poupou na hora da caça, é uma ordem minha poupar mães com filhotes pequenos, mas eu sei que volta e meia eles me desobedecem, eu só não consegui ainda foi provar.

Esme e eu podíamos ouvir-los se aproximando da casa pela mesa da cozinha onde estávamos sentados falando sobre a viagem de compras das meninas.

Ed- "O ursinho da mamãe ficou com pena do ursinho?"

Em- "Vocês sabem muito bem que o papai não quer..."

Js- "Então ele não é o ursinho da mamãe, ele é o filhinho do papai."

Ed- "Ou, o ursinho da mamãe e o filhinho do papai."

Js- "OOOh! Edward para com isso que estou sentindo daqui que ele vai chorar BUAAA BUAAAAA"

Ed- "E eu estou ouvindo daqui que ele vai contar pra mamãaaaaekkkkkk

Ed- "Corra Jazz! Corra!"

KCRASKSSSS! PLINCLIPLINK!

A imagem seguinte deixou Esme frenética

"Meu Jardim!"

Pela parede de vidro da cozinha podíamos ver dois pares de pernas pendurados e a julgar pelas calças e pelos sapatos eram o caçula e o do meio.

Eles estavam pendurados nas galhas de um pinheiro que pelo barulho quebrou a janela do andar de cima com ponta, e esmagou o Jardim de Esme com a base, pra derrubar uma árvore dessa magnitude só podia ser o mais velho, que perseguira os irmãos que subiram nela e em seguida a derrubou sem medir conseqüências, como sempre.

Ordenei aos pares de sapatos na minha frente antes de seguir para o Jardim.

"PRA SALA AGORA!"

A cena que vi foi de cortar o coração, a razão da minha existência ajoelhada beira do seu jardim esmagado, chorando com algumas flores nas mãos, o corpo todo do Emmett era um misto de dó, arrependimento e desespero, ele alisava os cabelo da mãe repetindo

"Desculpa mamãe! Desculpa mamãe!"

Dei a ele um olhar fulminante e apontei pra dentro de casa com o queixo.

Ele correu pra dentro dando uma imensa volta pra passar longe de mim.

Ao olhar pra cima, confirmei minha teoria, a ponta do pinheiro simplesmente invadiu o meu escritório pela janela principal.

Consolei a minha rainha e fui pra sala fumegando, eu nem dei chance de discutir, por que se eu os pegasse eu os mataria.

"Não quero ouvir nada, já ouvi o suficiente antes do acidente."

Apontei o dedo para os mais novos.

"Vocês vão pagar pela janela com a mesada, vão limpar cada caquinho de vidro daquele escritório com as mãos e vão pro quarto de vocês até o dia e hora de sair pro colégio!"

Eles gemeram e subiram as escadas resmungando, ainda era sexta-feira de manhã.

"E você!"

Apontei para o grande lenhador.

"Sei que eles te provocaram, mas isso não te dá sinal verde pra derrubar um pinheiro gigante na nossa casa!"

"Mas papai, eu não penseeei que ele chegaria a atingir a casa!"

"Não importa! Você vai tirar essa árvore daqui, limpar a bagunça e vai pro seu quarto também, e depois que acabar o seu castigo, vai ajudar a sua mãe reformar todo o jardim!"

"Mas papai, nos mudaremos pra Forks antes que as flores floresçam"

"EU NÃO LIGO!"

Eu gritei

"Mas..." ele não pode continuar porque eu interrompi ainda gritando a plenos pulmões.

"Emmett Emmett! seu copo está cheio Emmett! seu copo está quase transbordado! Quando eu te pegar você me paga!"

"E vocês dois aí em cima, ainda vou descobrir se algum Cullen anda matando Mães com filhotes, e o culpado vai se arrepender! Estão ouvindo?"

FiM do FLASH BACK

"Esse não é o ponto Emmett! E a vaca que você vampirizou só pra zombar daqueles Fazendeiros?"

Eu comecei a lembrá-lo das últimas que ele aprontou e escapou somente com um aviso.

"Mas papai, eu não penseeei que ela ficaria tão perigosa, vacas não mordem!" ele repetiu sua explicação anterior.

"E da outra vez que você chegou a nadar nu em dia de sol? Aqueles dois caçadores estão internados até hoje como loucos, você sabe o quanto eu odeio dar diagnósticos errados por culpa da nossa existência."

Eu repeti pela milésima vez um discurso que eles cinco já sabiam de cor.

"Papai, eu não penseeei que tivesse alguém por lá, eles cheiravam como animais e não como humanos."

Mais uma vez ele tinha uma explicação ridícula para sua imprudência.

Minha paciência já estava começando a ficar gasta.

"Eu preciso que vocês entendam filho, que vocês podem não morrer num acidente de carro, nas podem matar alguém, eu pensei que já tinham aprendido isso!"

Eu passei a mão na testa lembrando-me da ultima vez que eu deixei todos eles de castigo sem dirigir por um ano inteiro.

"Eu não penseeei que eles fossem correr, eu sabia que você não deixaria."

Ele apontou o óbvio.

"E aí, ao em vez de dissuadi-los você preferiu dedurá-los e trapacear? Por Deus Emmett eles são seus irmãos!"

Eu quase vi arrependimento nos seus olhos. Quase.

"Mas papai eu n..."

"Deixe-me adivinhar, 'eu não penseeei!'''

"Sabe Emmett? esse é o problema, você nunca pensa, e é por isso que você vive apanhando, eu devia ter te dado umas boas palmadas por cada travessura dessas, mas eu penseeei que você fosse levar em consideração os meus avisos."

"Eu te avisei da última vez, que seu copo estava cheio, e essa foi a gota d'água, você é um garoto inteligente, mas acredito que precise de um incentivo pra aprender a pensar melhor, quando uma de suas maravilhosas idéias surgirem, se você prefere não usar a cabeça, quem sabe o seu traseiro não te ajude a considerar a atitude correta? Vamos pro meu escritório."

Eu abri a porta do quarto depois de jogar o cinto que eu segurava em cima da cama e o vi tremer na minha atitude, ele sabia o que isso significava.

"Por favor, papai, o cinto da disciplina não! Eu prometo que vou pensar melhor!"

Ele passou por mim protegendo o traseiro com as costas das mãos.

O cinto da disciplina é Um cinto que fica pendurado na parte de dentro da porta do meu escritório, e só é utilizado em ocasiões especiais, e todos eles sabem melhor do que ninguém que esse era a pior surra de todas.

Ele fica pendurado do lado de dentro pra que quando eu os chamar ao escritório apenas para uma repreensão, eles se lembrem ao sair, que o cinto da disciplina está alí, somente esperando por um deslize.

Foi mesmo de dar pena o olhar assustado dele com as mãos atrás caminhando lentamente pelo corredor e passando tremendo por mim pela porta do escritório, mas eu me mantive firme em minha decisão, ainda bem que ele não lê mentes como Edward, ou então já estaria fazendo um drama ainda maior pra me fazer desistir.

Mas eu o amo e é por isso que vou fazê-lo..