– Alice, quero conversar com você. – disse enquanto subíamos as escadas.

Ela assobiava despreocupadamente, e de repente deu um sorriso radiante.

– Claro, vou pegar uma coisinha e já conversamos. Vá para o seu quarto.

Ao chegar lá fechei a porta e sentei na poltrona, enquanto esperava minha irmã. O que será que ela estava me escondendo? Não conseguia achar que era algo ruim. Porém isso não significava que não era estranho.

Duas batidas na porta me focaram na conversa que teria com ela, então falei um “entre” e Alice entrou segurando as mesmas sacolas do shopping.

– Sim, irmã? – perguntou enquanto se jogava em minha cama.

A olhei profundamente e arqueei uma sobrancelha.

– Por que você saiu e me deixou sozinha no shopping?

– Ora Bella, eu queria comprar uma coisa para você. Um presente. E é óbvio que não poderia estar comigo na hora, senão você mesma iria inventar de pagá-lo. Mas é um presente, como eu disse. - sorriu largamente.

– Um presente? O que é? – franzi o cenho. A última coisa que pensaria era que ela tinha ido comprar um presente para mim.

– Abra. – me entregou sorrindo uma das sacolas.

Coloquei minha mão dentro da sacola, tirando o conteúdo. Minha boca se escancarou. Era uma bolsa de mão linda, muito vermelha, com umas lantejoulas que davam um brilho a mais. Aparentemente parecia ter sido cara. A cor lembrou-me o scarpin que havia comprado mais cedo.

– Oh, é linda! - sorriu mais ainda. - Mas... você ficou louca? Uma bolsa dessas deve ter custado uma fortuna! – eu não conseguia falar direito.

Alie bufou rapidamente.

– Bella, pare de ser chata. Estou te dando este presente porque nunca te dou nada, e nós compramos nossos vestidos e sapatos para o aniversário do Mike, menos nossas bolsas de mão. Lembrei-me que a vi em uma loja, voltei lá e comprei. Gostou?

– Se eu gostei? Eu amei! Obrigada. – eu a abracei, derrumando nós duas na cama, o que a fez rir.

– Fico feliz, agora olhe a que eu comprei para mim.

Alice sentou-se novamente e me mostrou uma bolsa completamente diferente da que havia me dado. Era preta com uns detalhes discretos. Não sei porque, mas preferi a minha bolsa, apesar da dela também ser linda. Só que minha irmã conhecia muito bem os meus gostos, e sabia também que eu iria gostar mais do meu presente.

– Você tem muito bom gosto. – ela sorriu e revirou os olhos, como se eu tivesse dito uma coisa muito óbvia.

– É, eu sei. - deu uma risadinha. - Mudando de assunto, quem era aquele cara lindo que estava com o Mike?

– É o melhor amigo dele, seu nome é... Edward Cullen. – informei lembrando novamente dos lindos olhos verdes que haviam alegrado a minha manhã.

– Edward Cullen? Nunca ouvi falar.

– Ele não é daqui... Nasceu em Londres, mudou-se para cá recentemente. Advinha o que ele é?

– O que? Um Deus grego? Ah, isso eu já sei!

Eu ri feito uma idiota com essa afirmação, afinal eu sabia que ela tinha toda a razão.

– Claro que isso também é verdade, mas ele é modelo.

– Uau, agora sei que não sou a única a achá-lo bonito. Seus olhos estão brilhando, Bella.

Merda, será que isso estava ficando visível demais?

– Não exagere, eu só o achei realmente lindo, é um homem que qualquer mulher gostaria de ter. - ela ia abrir a boca pra falar alguma provavelmente maliciosa, mas eu a cortei, dando de ombros. - E ele deve ter namorada.

– Será? Acho que ele não é do tipo de cara comprometido, afinal jogou charme para você, não percebeu?

Se até Alice percebeu, Mike com certeza deveria ter percebido. Então não foi coisa da minha cabeça?

– Er... Percebi algumas trocas de olhares, mas achei que fosse coisa da minha imaginação. Edward é muito educado, e te tratou muito bem também. - lembrei-lhe.

Minha irmã revirou os olhos, como se eu fosse uma criancinha dizendo que o céu é azul.

– Bella, você não tem nenhuma experiência com homens...

– E você tem, senhora experiência? – brinquei.

– Não muita, afinal ainda sou virgem, mas sei como jogar charme para um homem e conquistá-lo de vez. – deu um sorriso malicioso que me deixou com um certo medo.

– Quem é você e o que fez com a menina pura que vi nascer? – gargalhamos juntas.

– Sou a mesma, digamos que... Só um pouquinho mais experiente.

Respirei fundo. O cansaço já tomava conta do meu corpo.

– Certo, agora saia daqui que preciso dormir. E obrigada pelo presente.

– Dormir agora? Parece uma velha... Então tchau, vou para o meu quarto.

– Me chame de velha de novo e vai apanhar, Alice Brandon! – atirei um travesseiro nela, que saiu rindo.

Resolvi dormir um pouco, estava exausta. Shopping cansa, ainda mais quando se tem Alice Brandon Swan como companhia.

(...)

Acordei ainda aérea, sem saber o quanto havia dormido. Olhei o despertador e vi que passava um pouco das oito da noite. Resolvi lavar o rosto e descer para ver se estava sozinha em casa. Escutei risos vindos da sala de jantar, indo em direção à eles. Chegando lá, estavam todos jantando. Todos, inclusive o mais novo integrante da família: Jacob, o namorado da minha irmã mais velha.

– Hey Bella! – gritou Jessica, gesticulando para que eu me sentasse.

– Até que enfim a minha irmãzinha querida resolveu aparecer em casa! – eu disse com uma certa ironia, mas ela riu.

– Passei a tarde no parque com Jacob. – parque? Sei...

Olhei para a figura que estava sentada ao seu lado. Moreno, olhos negros e cabelo também negro. Seus traços faciais eram meio exóticos, o que fazia com que ele se parecesse com um índio. Era muito bonito, alto e musculoso. Jacob - ou simplesmente Jake, como gostava de ser chamado - parecia ser agradável, mas Alice não gostava muito dele. Nós sentíamos que havia algo errado com o tal sujeito, porém poderia ser apenas uma impressão nossa... ou não.

O moreno sorriu ao me ver chegar à sala de jantar.

– Olá Jake, tudo bem?

– Oi Bella, estou bem.

Achei estranho o fato do meu cunhado estar jantando em minha casa. Jessica nunca o trouxe muito, e quando ele vinha aqui geralmente me alguém me avisava, coisa que não fizeram agora. Talvez não quiseram me acordar.

– Bella, quer jantar? – Peter me perguntou.

– Não, estou sem fome... Acho que vou voltar para o meu quarto.

– Filha, coma um pouco. - Renée se pronunciou, vindo da cozinha com uma jarra de suco. - Você dormiu a tarde inteira, deve se alimentar.

– Tudo bem. – dei de ombros.

Fui até a geladeira e peguei um resto de lasanha. Coloquei em um prato e liguei o microondas, dispensando o strogonoff que Peter havia feito certamente com o objetivo de compensar a minha mãe pela espera no almoço.

Todos conversavam e riam, e eu comia calada. Alice também não falava nenhuma palavra, e estava mais do que óbvio que era pela presença de Jacob sentado a duas cadeiras dela.

Após terminar, lavei os pratos e guardei tudo em seu devido lugar, dando boa noite a todos.

Subi as escadas cansada, e minha irmã mais nova veio atrás de mim com uma expressão confusa. Até que ela rodou e parou em minha frente.

– O que foi, Alie?

– Eu... Fico me perguntando se Edward tem irmãos ou algo assim.

– Por quê?

– Porque ele é tão lindo! Bella, você e ele combinam muito. Seria muita sorte a minha ele ter irmãos ou primos lindos como ele.

Edward e eu combinamos? Isso só poderia ser uma piada.

Ok, vamos fazer uma comparação. Edward: olhos de esmeraldas, corpo que todo homem gostaria de ter, alto, um sorriso torto capaz de matar qualquer cara de inveja, cabelos de uma cor que eu jamais havia visto...

E eu: olhos castanhos comuns, magra, cabelos da mesma cor dos olhos, e não muito alta.

Fala sério!

Soltei uma gargalhada um tanto alta com tudo o que pensei e com o comportamento de Alice, o modo como ela gesticulava os braços era muito engraçado, demonstrando seu desespero desnecessário.

Ela apenas me olhava séria, e eu finalmente parei de rir, dando um pigarro fraco.

– Não sabe o que está dizendo e não precisa se desesperar. Você é linda, sabe que vários rapazes queriam ter você.

– Sim, eu sei... Mas são aqueles feios da escola, e eu gosto de caras mais velhos. Não tenho alguém desde um tempo, isso tem me incomodado. - ela abaixou a cabeça.

– Não precisa se preocupar com isso, tudo acontece no seu tempo certo.

– Tem razão. Sou uma boba mesmo, me desculpe.

– Estarei sempre aqui para ouvir suas bobagens, boa noite. – dei um beijo em sua bochecha e rumei para o meu quarto, fazendo minha higiene e logo voltando para a inconsciência.

(CONTINUA...)