– Er... Oi! – Mike parecia surpreso com a minha reação de choque. Suas bochechas estavam levemente vermelhas, e seu cabelo loiro partido meio de lado estava totalmente penteado.

– Oh, estou surpresa em te encontrar aqui. – eu lhe dei um abraço, apenas sorrindo para o rapaz - aparentemente distraído - que estava com ele.

Que homem.

– É verdade... - continuou meu melhor amigo, fazendo com que minha atenção voltasse para ele novamente. - Eu também estou surpreso. Bella deixe-me apresentar o meu amigo de infância, Edward Cullen. Edward, esta é Bella. – ele gesticulou para mim, que ainda olhava feito uma idiota pro bonitão.

Nossos olhares se encontraram. Um estranho e gostoso arrepio percorreu meu corpo.

O homem deu apenas um leve repuxão em seus lábios, sem sorrir de fato.

– Muito prazer, Isabella. – pegou a minha mão e a beijou, provando ser um cavalheiro. Senti um formigamento estranho na hora em que minha pele entrou em contato com seus lábios. - Já ouvi falar muito a seu respeito. – isto explica o fato dele ter me chamado pelo meu nome todo, enquanto eu nem havia lhe dito nada.

Sua voz suave e com um sotaque meio diferente - porém encantador - pareceu música para os meus ouvidos. Seus olhos penetravam os meus com fixação, como se quisesse ler minha mente ou algo assim.

Senti meu rosto esquentar rapidamente, enquanto olhava pro chão, tentando disfarçar minha timidez absurda.

– Por favor, me chame só de Bella. – dei uma risada fraca, voltando a encará-lo. – É muito bom conhecê-lo também. Mike já havia me falado de você... Mudou-se para Seattle recentemente, não foi?

– Sim, mudei-me a trabalho. Formei-me há pouco tempo em Londres, minha cidade natal, mas decidi vir para Seattle. Aqui encontrei trabalho, ou melhor, estou encontrando aos poucos, já que estou no início ainda. Uma mudança radical.

Londres. Britânico. Perfeito.

– Nossa, parabéns! - falei com sinceridade, afinal carreira de modelo não é pra qualquer um. - Fico feliz que tenha conseguido. Espero que dê tudo certo.

Edward dessa vez deu um sorriso torto tão lindo e radiante que tive que me lembrar como se respira. Fixei o olhar em seus lábios vermelhos e carnudos, seus dentes perfeitos. Ao notar minha observação, ele apenas passou levemente a língua sobre os lábios, o que fez com que eu continuasse observando cada gesto seu.

– Hum... Obrigado. Foi difícil, mas está valendo à pena.

Edward Cullen tinha os cabelos num tom cor de bronze tão perfeito que pareciam raios de luz em meio a tanta beleza. Estavam naturalmente desgrenhados, o que lhe dava um ar descontraído, mas ainda assim sexy. Sua pele era muito branca, assim como a minha, e eu tentei calcular mentalmente a sua idade, já que não me lembrava se Mike havia me dito. Seus olhos eram de um verde brilhante, pareciam duas esmeraldas em chamas. Seu nariz reto formava um ângulo perfeito, assim como o seu lindo rosto angelical.

Minha vontade, nesse momento, era perguntar tudo a respeito deste misterioso garoto que o Newton dissera ser o seu amigo de infância, e eu sabia que era também o seu melhor amigo. Contive-me, afinal ele era só um estranho, e não queria invadir a sua privacidade.

Ouvi um leve pigarro, em seguida a voz do meu amigo ocupou o vazio que existia, já que nenhum de nós havia falado mais nada.

– Bella, você está aqui sozinha?

Só então me dei conta de que ainda observava cada movimento de Edward, o que era correspondido por ele, que não tirava os olhos dos meus.

Balancei a cabeça como para afastar meus pensamentos, olhando para o loiro, que estava com os olhos azuis dançando de seu amigo para mim, como se tentasse captar alguma coisa que eu não sabia o que era.

– Er... Não, na verdade eu vim fazer umas compras com Alice, e ela saiu e pediu-me para esperá-la aqui, não sei aonde se meteu. - dei de ombros.

– E Jessica? Ela não veio com vocês? - indagou.

– Não, ela havia saído com o namorado.

Antes que ele pudesse responder, o modelo meteu-se na conversa:

– E onde está o seu?

Franzi o cenho, sem entender a sua pergunta.

– Desculpa, o meu o que?

– O seu namorado. - me olhou com fervor. Estava claro que ele ansiava saber por essa resposta...

Não, era apenas questão de educação. Por que eu estava imaginando coisas?

– Eu não... não tenho namorado... Na verdade nunca... namorei. - respondi sussurrando a última palavra e corando violentamente.

Edward fez uma cara de assustado, mas logo se recompôs.

– Sério? Que chato. De qualquer forma, não gostaria almoçar comig... conosco?

O modelo ia falar "COMIGO"? Que estranho. Mas não importa.

"Está ficando louca, Isabella! Mas que poder é esse que você tem de ficar atordoada com a presença desse cara? Pelo amor de Deus, você acabou de conhecê-lo!" - berrava a minha consciência.

– Hum... na verdade não posso. - dei um sorrisinho de desculpas para os dois. - Alice deve voltar a qualquer momento, e não gostaria de me perder dela.

– Tudo bem. – ele deu de ombros, e percebi um pouco de frustração em sua fala.

Totalmente constrangida, decidi que era hora de mudar de assunto.

– E aí Mike, animado para amanhã? Fazer 18 anos é uma bênção, estou louca para chegar logo o meu dia.

O loiro sorriu largamente, passando as mãos em seus cabelos e os bagunçando desnecessariamente.

– Nem me lembre! Ando muito ocupado ultimamente, afinal estou preparando tudo quase sozinho, pois meus pais chegarão amanhã à tarde. Edward tem me ajudado bastante.

– Bom... se precisar de ajuda é só falar.

– Obrigado, Bella.

Arrisquei olhar para o homem dos cabelos cor de bronze. Nos encaramos novamente, enquanto Alice aparecia ao meu lado com duas sacolas na mão, e eu me perguntei o que ela havia comprado que eu não poderia saber. Minha irmã juntou-se a nós e Mike a apresentou a Edward, que também foi muito educado com ela. Conversamos algumas amenidades por alguns minutos.

– Hey, temos que ir! - disse Alie, virando-se para mim e logo falando com os meninos. - Já está na hora do almoço, e nossa mãe está nos esperando.

– É verdade. – concordei dando um sorriso fraco e me permitindo encarar Edward mais uma vez. Ele, para minha surpresa, continuava me observando como se eu fosse um quadro exposto em um museu.

Corei novamente com o seu olhar. Merda!

– Então tchau meninas, foi um prazer revê-las. - disse Mike enquanto dava beijinhos no rosto de Alice, para depois dar em minha face também. - Nos vemos amanhã.

– Certo, tchau rapazes. – eu disse sorrindo, enquanto ambos dávamos as costas um para o outro, seguindo caminhos opostos.

Caminhamos em silêncio, e Alice nada disse. Achei estranho, pois ela não havia me dado nenhuma explicação sobre ter me deixado sozinha, porém nada perguntei. Durante o caminho eu assumi o volante novamente, ligando o som do carro, enquanto uma música qualquer preenchia o ambiente.

Chegando em casa, encontramos nossa mãe colocando a mesa para o almoço.

– Alie? Bella? – ela nos chamou ao ouvir o barulho da porta batendo.

– Estamos aqui! – minha irmã gritou enquanto nós entrávamos na cozinha.

– Oi filhas, achei que teria que almoçar sem vocês.

Revirei os olhos. Renée sempre preocupada.

– Eu lhe garanti que nós viríamos, mãe. - lembrei-lhe.

– Claro... Sentem-se, já vou servir o almoço.

– Onde está o Peter? – a baixinha perguntou.

– Ele ligou falando que não iria poder vir almoçar conosco, mas me garantiu que virá jantar. Vocês sabem como é esta empresa dele, ele é responsável por tudo.

– Mãe, que cheiro bom! – falei inspirando o maravilhoso aroma de lasanha, que vinha diretamente do forno.

– Estou faminta. – disse a Fada.

– Nós estamos famintas. – corrigi. – Ainda mais quando se trata da lasanha da dona Renée. Vá pegar o refrigerante na geladeira, Alice.

– Que exagero! É uma receita de família, quero que vocês aprendam logo. - afirmou mamãe, colocando o almoço na mesa.

– Claro, vou conquistar o meu futuro marido pelo estômago, não é assim que dizem?

– Calma Alie, você tem só 16 anos. – Renée lembrou-lhe.

– Por que todos me falam isso? Já deixei de ser criança há muito tempo! - rebateu fazendo beicinho. Ri com seu gesto infantil.

– É claro que deixou, você é muito madura para a sua idade. Para mim, será sempre a menininha que vi crescer e aprender os princípios que seu pai e eu demos a você aqui, nesta casa.

Minha irmã apenas rolou os olhos, indignada. Ela odiava ser a filha caçula, porque às vezes era tratada como uma bebê - o que não livrava a minha barra, e nem a da minha irmã mais velha.

– Mãe, Jessica ligou? – lhe perguntei, me servindo de uma generosa quantidade de comida.

– Sim, ligou e eu lhe falei que vocês estavam no shopping... Ela disse que iria passar a tarde com Jacob e avisou que volta mais tarde.

– Esse Jacob é um vagabundo mesmo, não trabalha e não quer saber de nada... Não sei o que a Jessica viu nele!

– Alice! – eu a repreendi.

– Que é? É verdade!

Eu não sabia muito sobre Jacob, mas Jessica sempre falou muito bem do namorado. Além do mais, eu não queria que minha mãe ficasse mais preocupada com sua filha do que ela já estava, então mudei de assunto.

– Muito boa esta lasanha. Do jeito que eu gosto.

Ela sorriu amavelmente.

– Obrigada, meu bem.

O almoço seguiu normalmente, e eu não cansei de elogiar a comida da minha mãe, porque sabia que ela sempre fazia com amor, e sempre fazia os pratos que nós gostávamos. Quando terminamos, ajudei Renée a colocar tudo em seu devido lugar, enquanto Alice lavava as louças.

Com tudo pronto, concluí que era hora de conversar com minha irmã sobre o ocorrido no shopping.

(CONTINUA...)