Consequências escrita por Carlos Abraham Duarte


Capítulo 4
Destinado + Succubus


Notas iniciais do capítulo

Baruch Hashem! Depois de um longo hiato (nem me recordo mais de quando foi a última postagem), volto a trabalhar nesta fic, a qual tive de deixar um pouco de lado (mas sem jamais cogitar de abandonar) por "n" razões, inclusive por me ocupar prioritariamente de outros trabalhos literários (relativos ou não ao universo de R+V). Vamos lá!



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Amanhecia mais um dia "normal" na Academia Youkai.

No quarto de Tsukune Aono, que ficava na parte masculina dos dormitórios, o despertador começou a tocar.

Tsukune Aono levantou-se da cama com um humor excelente. Como de costume, atravessou o quarto e foi ao banheiro (o outro único aposento, além da pequena cozinha), fez sua higiene básica, tomou uma chuveirada morna e se aprontou para começar o dia. Vestiu o seu uniforme e pegou os materiais escolares, saindo em seguida do quarto.

"Meu Deus, eu não acredito!", o jovem Tsukune pensou com seus botões, enquanto caminhava pelos corredores do dormitório masculino. "Já faz duas semanas que eu comecei a estudar aqui, neste colégio de youkais. Duas semanas fingindo ser um youkai que finge ser humano, num internato cheio de youkais travestidos de humanos que me matariam na hora se descobrissem que eu não sou igual a eles!"

Durante o percurso pelo corredor, vários outros alunos iam e vinham, passando por Tsukune, cumprimentando-se com um ligeiro aceno de cabeça, ao passo que outros, aparecendo nas portas abertas dos respectivos quartos, exibiam abertamente características demoníacas, tais como chifres, asas de morcego, garras, espinhos, caudas, olhos em brasa, pele avermelhada, esverdeada ou azulada, orelhas de raposa, ou até uma cabeça de javali, com a maior naturalidade do mundo, em descarado desafio à regra principal que obrigava todos os discentes e docentes a manter sua forma humana integral.

"É um verdadeiro milagre eu ainda estar vivo", pensou o moço japonês, sentindo um arrepio involuntário subir-lhe pela espinha à simples visão de alguns de seus colegas. "E tudo graças a ela... Kurumu-chan."

Kurumu Kurono, a linda e jovem succubus de cabelos azuis e olhos violeta, a primeira pessoa que Tsukune conhecera na Academia Youkai, e, até o momento, sua única amiga naquele lugar de pesadelo - porquanto somente ela conhecia seu segredo.

Tsukune saiu do dormitório masculino e se dirigiu ao dormitório feminino, tal como fazia todas as manhãs, para esperar Kurumu na frente da porta de seu quarto e caminharem juntos até o prédio principal do internato. Por insistência da própria Kurumu, diga-se. Normalmente ela já estaria acordada, e, na maioria das vezes, do lado de fora do quarto, sorridente, à espera dele.

Com exceção de sua prima materna, Kyoko, que fazia as vezes de irmã mais velha, Tsukune jamais havia conhecido uma garota tão superprotetora com ele.

Tsukune mal havia adentrado a ala feminina dos dormitórios quando foi saudado por uma voz familiar, que ecoava pelo local de maneira alegre e vibrante, cheia de vida.

– Bom dia, Tsukune!!!

Somente a cestinha com biscoitos que Kurumu trazia em suas mãos impediu que a succubus de cabelos cianos se atirasse sobre Tsukune e o abraçasse, pressionando-lhe a cabeça contra o seu par de avantajados seios, conforme já vinha fazendo desde a primeira semana de aula (o que frequentemente divertia as garotas que passavam pela porta do quarto de Kurumu e testemunhavam a cena, dando risadinhas ou até apontando para o inusitado par, o garoto quase sufocando com a cara afundada no busto opulento da colega).

– Bom dia, Kurumu-chan - respondeu Tsukune polidamente, aliviado pelo fato de sua amiga não fazer aquilo desta vez (para desapontamento das garotas que passavam pela porta do quarto da succubus e ficaram à espera do "show" diário, suspeitando de algo).

– Eu fiz alguns cookies pra você, Tsukune, não quer comer? - disse ela, oferecendo ao rapaz humano a cesta cheia de biscoitos doces com cobertura, recheados de chocolate e morango ao leite. - Tenho certeza que você vai gostar!

– Hein...? Pra mim? - Apesar de surpreso e um pouco encabulado, Tsukune aceitou de bom grado. - Domo arigato, Kurumu-chan.

Afinal, os cookies pareciam ser deliciosos, além de muito bonitos.

– Hummmmm, que delícia! - elogiou Tsukune, sentindo o biscoito doce desmanchar na boca. Apanhou outro cookie recheado com creme de chocolate. - Kurumu-chan, você cozinha maravilhosamente bem, sabia?

Kurumu sorriu triunfalmente. - Fazer doces é a minha especialidade, modéstia à parte. Tanto que eu costumava publicar receitas inéditas, originais, todas feitas por mim, no jornalzinho do colégio... Do meu antigo colégio.

– Onde você estudava era colégio de youkais ou de humanos? - perguntou Tsukune enquanto mastigava a guloseima suculenta e crocante.

Uhn... Youkai - ela respondeu, lacônica. - Eu nunca estudei numa escola humana. - Ao perceber que a conversa ia tomando um rumo potencialmente perigoso, a succubus desconversou. - Hih... Acho melhor a gente se apressar... A aula da Nekonome-sensei vai começar daqui a pouquinho. Vamos, Tsukune!

Agarrou-lhe o braço direito, nele roçando seu seio de forma provocante (segurava a cesta de cookies com a outra mão). Tsukune, mais perturbado do que satisfeito, sentiu a maciez rígida da semiesfera de carne por baixo do suéter amarelo, camisa branca e sutiã que a garota usava. Outro gesto que já se tornara uma espécie de hábito entre os dois. Era bem menos asfixiante do que ter o rosto amassado contra os fartos seios de Kurumu, se bem que não menos sensual e provocante. Recordou-se do que ela lhe falara no dia em que se conheceram, sobre as succubi se alimentarem da energia sexual, do desejo dos homens, caso necessário, por meio de carícias, beijos, o roçar de um joelho ou de um seio... Talvez fosse isso mesmo, ele ponderou com seus botões. Talvez a garota-demônio quisesse apenas fazer um "lanchinho matinal". Afinal, para que serviam os amigos?

E o que há de errado nisso? Tsukune sentia o sangue subindo para as bochechas, podia senti-las queimando, enquanto o seio denso, amplo, macio de Kurumu, pressionando seu braço, arfava mansamente sob as roupas dela. Kurumu é uma succubus, ela não consegue evitar! É da natureza dela! De mais a mais... Ele admitia, com relutância, que aquilo sempre o deixava muito excitado e que no fundo gostava dessa sensação. Como muitos jovens nipônicos, Tsukune era um adolescente tímido e recatado, mas o contato com um corpo exuberante como o da "succubus peituda" (impossível tapar o sol com a peneira!), transbordando de tesão, seria suficiente para fazer um monge Shaolin pegar fogo. Que dirá então um rapaz de quinze para dezesseis anos com os hormônios todos a mil e que jamais tivera uma namorada, um rapaz cujo gesto mais íntimo com alguém do sexo oposto, no mundo dos humanos, limitava-se ao aperto de mão!

Entrementes, o estado de excitação de Tsukune não passara despercebido pela astuta Kurumu que, como succubus, possuía a habilidade de ver a força vital dos seres vivos como aura e "ler" as alterações dos seus estados emocionais. Na realidade, tudo aquilo fazia parte do seu grande "plano de conquista", que arquitetara desde a sua chegada naquele passado "reconstituído" de uma linha temporal alterada.

Catorze dias amaciando o terreno em preparação para o grande ataque.

– Tsukune - disse ela, agarrada ao braço direito do jovem humano, enquanto juntos percorriam seu caminho habitual dos dormitórios à academia (envoltos em luzes laranja e vermelhas de seus campos áuricos que se interpenetravam). - Lembra quando eu te falei que precisava encontrar um "companheiro de destino"?

– Claro que sim - ele respondeu, com as bochechas coradas e um sorriso encabulado nos lábios por sentir o seio dela contra seu braço. Era o assunto predileto de Kurumu em suas conversas com acerca dos hábitos e costumes da raça de demônios do sexo à qual pertencia. "A raça dos incubi e das succubi está se extinguindo aos poucos! Assim, cada um de nós tem a grande missão de encontrar um parceiro do sexo oposto digno de gerar nossos descendentes. Nós, succubi, procuramos nosso 'destinado' entre os machos que nós seduzimos!", ela lhe confidenciara. "Nós escolhemos cuidadosamente só um homem de muitos para ser nosso 'companheiro de destino'! O mesmo vale para nossos irmãos incubi, que tentam seduzir o maior número possível de fêmeas para encontrar suas escolhidas!"

Ela também costumava dizer: "Sei que meu 'companheiro de destino' há de ser leal, sensível, solidário, valente. E eu vou protegê-lo com a minha vida, se preciso for."

"Lá vamos nós de novo", o rapaz suspirou mentalmente.

Naturalmente, a ideia de que ele, Tsukune, pudesse ser cogitado para se tornar o "companheiro de destino" de Kurumu jamais passara pela sua cabeça, por maior que fosse sua atração pela bela e voluptuosa garota de seios imensos, cabelos azuis e olhos violeta. Como poderia? Ela era a número um da escola em beleza e popularidade, ao passo que ele não passava de um zé-ninguém, um zero à esquerda. E ainda por cima, humano. Não, Tsukune não tinha ilusões a esse respeito. Ele e Kurumu eram amigos, apenas bons amigos e nada mais que isso. (Porém, não tinha coragem de confessar que já tivera sonhos eróticos com ela e acordara pela manhã com ereção ou até ejaculando! Chu!)

– Pois bem, eu O encontrei! - ela declarou com ar triunfal.

– Sério? - Tsukune olhou-a e levantou as sobrancelhas, surpreso. Na mesma hora ele sentiu seu estômago gelar. - Eu... Fico feliz... Por você, Kurumu-chan. E aí, quem vai ser esse youkai sortudo?

Kurumu sorriu de forma calma e serena. - Não vai ser nenhum youkai.

– Não? - As pupilas de Tsukune se dilataram ainda mais. O ritmo de suas pulsações aumentou e ele podia sentir seu coração tamborilar dentro do peito que nem metralhadora.

Ela encostou os lábios macios no ouvido do rapaz e falou num tom muito sensual, quase como um sussurro: - Vai ser você, Tsukune! Quero que seja meu amado e destinado.

A emoção foi tamanha que o pobre Tsukune desmaiou com um baque surdo no chão parcialmente coberto por vegetação baixa de coloração pardacenta.


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Notas finais do capítulo

Capítulo "curtinho", quase 1 tapa-buraco, mas de importância capital para todo o desenvolvimento da história daqui para frente. E eu não pude resistir à tentação de incluir 1 cena "cômica" no final. Aceitará Tsukune a declaração de amor de Kurumu, ele que até então não dava nada pela sua própria pessoa? Aceitará ser seu "escolhido"? Não nos esqueçamos de que, nesta nova realidade, ele NÃO conhece a Moka.
No próximo capítulo... Bom, eu não vou contar! Quem ler saberá!