Escolhido Ao Acaso escrita por Mandy-Jam


Capítulo 4
Contas


Notas iniciais do capítulo

Vocês vão morrer de rir nesse capítulo.
Espero que gostem.



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Quando meus olhos se abriram já deviam ser umas 5 da tarde. Só para confirmar minhas suspeitas, olhei para o relógio e vi que estava certo.

Eu estava completamente sozinho no meu quarto, o que me fez sentir um pouco tenso. Será que tudo não tinha passado de um sonho?

Era estranha a sensação de achar que Ashley era apenas um sonho passageiro, e que eu estava ficando completamente maluco. Como se toda a vez que eu caísse no sono e acordasse novamente, ela podia não estar mais aí.

Mas eu sabia que estava, pois ainda podia sentir seu perfume doce nas almofadas. Com certa relutância eu me pus sentado, e foi nesse exato momento que ela apareceu na porta do quarto. Em suas mãos estava uma bandeja repleta de comida. O estranho era que eu nem mesmo me toquei nisso na hora, mas eu não me lembrava de ter comprado tudo aquilo na última ida ao mercado.

- Finalmente você acordou. – Sorriu ela. Seu cabelo levemento ruivo caía charmosamente por seus ombros, indo até quase o das costas, e prendendo a minha atenção – Já estava até pensando que teria que comer isso tudo sozinha.

- Você fez isso para mim? – Perguntei impressionado. O máximo que uma garota fez para mim foi um pequeno mapa de onde era o mercado (Kim, é claro), mas mesmo assim tudo era um garrancho – Desculpe. Eu sinto muito.

- Ooown, mas você não é um fofo? Não foi nada. – Disse ela indo para perto de mim. Ashley sentou-se ao meu lado e sorriu – Eu preparei tudo bem rápido, por isso... Encare como um agrado. Nada demais.

Se não fosse pelo fato de eu estar completamente derretido pelos olhos verdes dela, me sentiria estranho por receber um “agrado”, como se eu fosse um cachorro á ser treinado ou coisa do tipo, mas não era o caso.

Eu não estava ligando para nada, e não ligaria nem mesmo se jogassem uma bomba nuclear em New York naquele momento. Em parte porque eu estaria morto em segundos, mas... Ahm... Esquece. Acho que isso ficou um pouco confuso, não?

- Obrigado. – Respondi sorrindo – Dividir é super legal.

Ela riu. Mas eu não posso culpá-la, pois até eu riria de mim por estar falando como uma criança feliz de 6 anos de idade.

- Você é realmente um fofo. Tão diferente do A... Ahm... Esqueça. – Disse ela negando com a cabeça como se quisesse afastar uma idéia. Nós dois comemos e conversamos um pouco. Na verdade, eu passei a maior parte do lanche só ouvindo o que ela dizia. O que falaria? Ashley era uma pessoa interessante. Eu tinha a minha vida sem graça que não animaria ninguém – Então? O que faremos amanhã?

Pisquei os olhos. Parecia que só tinham passado alguns segundos desde que começamos a comer, mas já eram 6 e pouca da tarde.

- Ahm... Não sei. – Respondi, mas pude notar que os olhos brilhantes dela quase gritavam a resposta para mim. Minha boca se moveu sozinha e pronunciou uma palavra trêmula – Co-Compras?

Minha garganta estava dando um nó em si mesma, e eu sabia o motivo.

- Mas você não é perfeito?! Um pedacinho do Elísio! – Exclamou ela feliz.

- Quem é Elísio? – Perguntei franzindo o cenho, mas logo esqueci da pergunta, pois Ashley me puxou para perto de si, e me deu um longo beijo. Ao separar-se de mim com um estalo, ela alisou meu cabelo delicadamente.

- Mal posso esperar! Então nós vamos nos ver amanhã, certo Matty? – Disse ela piscando para mim, e eu assenti bobo.

Ashley levantou da cama e saiu do quarto com um leve aceno para mim. Demorei alguns segundos, mas logo depois a segui para poder abrir a porta para ela, mas Ashley já tinha ido.

Outra coisa estranha foi saber que a chave da porta estava em cima da mesinha de centro, mas que de algum jeito, Ashley saiu e trancou a porta.

Porém eu tinha coisas mais importantes para me preocupar no momento. Como... O motivo pelo qual a minha garganta deu um nó. Ele se baseia na simples pergunta...

Onde eu ia arrumar dinheiro para pagar as compras dela?!

- Kim! – Exclamei batendo em sua porta. Ela a abriu e olhou para mim soltando um suspiro de cansaço.

- Ah, você voltou. – Murmurou ela.

- Preciso de ajuda. – Disse tenso.

- Olha, tem muita ajuda para pessoas como você, Matt. Não é só porque você está tendo ilusões, que você vai ser taxado de maluco. Bem... Vai, mas ao menos você pode se tratar e... – Eu a interrompi revirando os olhos.

- Eu não estou maluco, Kim! Ela existe mesmo. – Confirmei, mas ela só revirou os olhos – Não acredita em mim? Olha.

- O que? – Perguntou ela ao ver que eu estava estendendo o braço para ela.

- Minhas roupas ainda estão com o cheiro do perfume dela. – Respondi.

- Ah, e você quer que eu faça o que? Cheire o seu braço? – Resmungou ela empurrando-o para o lado – Saí para lá.

- Estou falando sério! Sente só! Cheiro de flores. – Disse colocando o braço perto de seu rosto novamente.

- Se você não abaixar o seu braço eu vou quebrar ele! – Exclamou ela, mas então parou e franziu o cenho. Kim sentiu o cheiro doce de flores, e olhou para mim surpresa – Ah meu Deus...

- Viu? – Sorri triunfante.

- Ah meu Deus... Você passou perfume de mulher no braço só para provar que não está sozinho? Matt, isso é deprimente. – Falou ela franzindo o cenho para mim.

- O que?! Não, eu...! Argh! Esquece! – Reclamei. Kim nunca me ouviria de qualquer forma – Eu estou aqui porque preciso da sua ajuda. Você ainda tem aquele seu cartão de créditos que você só usa para emergências?

- Tenho. – Respondeu ela, mas então ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços – Para que você quer ele? Para fazer compras com ela?

- Isso mesmo. – Confirmei mesmo sabendo que Kim estava falando aquilo para debochar de mim.

Esperava que ela batesse a porta na minha cara como fizera inúmeras vezes. Ou até mesmo que risse de mim para só depois bater a porta na minha cara. Ou que começasse a brigar comigo. Mas sua reação foi diferente.

Kim sorriu. Não um sorriso normal, mas como se estivesse tentando prender um riso. De alegria ou só de divertimento mesmo. Quem sabe?

- Tá. – Respondeu ela ainda sorrindo. Pisquei os olhos.

- Tá? – Repeti – Ahm... Sem brigas, batidas de portas, ou lições de moral?

- Não. Você quer emprestado? Então tá. – Negou ela ainda sorrindo. Kim foi para dentro de seu apartamento, pegou o cartão e voltou para a porta – Aqui está. Divirta-se, Matt.

- Kim, você está falando sério? – Perguntei incrédulo com a facilidade.

- Claro que estou. Leva ele e compre tudo o que quiser com a sua namorada, ok? Aproveite que essa é provavelmente a única que caiu do céu na sua frente. – Disse ela.

- Sem problemas? – Ergui uma sobrancelha.

- Sem problemas. – Confirmou ela.

- Sem problemas mesmo? – Perguntei sem engolir isso.

- Se você não acredita que eu ia te emprestar, porque me pediu a droga do cartão? – Perguntou Kim cruzando os braços e sumindo com o sorriso.

Parei para pensar.

- Sei lá. – Respondi dando de ombros. Ela suspirou e revirou os olhos.

- Tenha um bom dia, Matt. – Kim bateu a porta como eu esperava, mas não liguei. Na minha mão eu tinha um American Express prontinho para ser usado.

Como Kim realmente tinha liberado ele para mim, acho que realmente não teria problemas.

Realmente não sei o que seria de mim se não tivesse conseguido o cartão de Kim. Ashley adorava comprar, e de verdade. Tentei economizar ao máximo, mesmo sabendo que Kim não estava se importando, mas apesar disso a conta não ficou nem um pouco pequena.

O domingo já tinha passado, e lá estava eu novamente na loja de instrumentos musicais mais parada de toda NY com um sorriso bobo no meu rosto.

Era impressão minha ou quanto mais eu ficava com Ashley, mais o seu perfume ficava guardado em minha mente?

Bem... Não sei ao certo. Mas de qualquer forma, eu estava sonhando acordado, e geralmente quando você está assim, não para para pensar em detalhes desse tipo.

Eu só fui acordar realmente, quando a porta da loja se abriu co brutalidade e força. Pisquei os olhos e vi quem era a pessoa revoltada que entrara assim. Uma súbita vontade de me esconder debaixo do balcão me atingiu.

- Matthew Harris, esse é o seu fim! – Berrou Kim com ódio.

Arregalei os olhos e dei um passo para trás. Estava feliz por ter um balcão nos separando, mas eu sabia que com a revolta de Kim não seria problema nenhum para ela pular o balcão.

- Kim, o que...? – Fui interrompido.

- Cala essa boca! – Rugiu ela – Qual é o seu problema, seu babaca?! Será que esse perfume de flor afetou a sua cabeça retardada?!

- Kim...? – Interrompido novamente.

- Cala a boca, Harris! – Berrou ela com ódio. Kim segurou a gola da minha camisa e me puxou para frente com violência – Me diz quem disse que você podia estourar o limite do meu cartão de crédito de emergência?!

- O que?! – Exclamei sem entender – Foi você mesma!

- Eu?! – Repetiu ela com raiva – Você acha mesmo que eu estava falando sério quando disse que você podia gastar o quanto quisesse com a sua namorada invisível?!

- Foi por isso que você me emprestou o cartão?! Por que achou que ela não existe?! – Rugi de volta, agora com raiva também.

- Por favor, você deve achar que eu tenho cara de idiota, só pode ser! – Exclamou ela revirando os olhos irritada e impaciente – Como se um ninguém como você fosse conseguir uma garota de um dia para o outro!

- Pois eu consegui, e fique sabendo que a culpa não é minha de você ter sido pega de surpresa. – Retruquei – Se acreditasse em mim, nada disso teria acontecido!

- Nada disso teria...?! Argh! – Rugiu Kim. Ela se preparou para dar um soco em mim – Eu vou rachar a sua cara, Harris!

E ela ia mesmo. Só que eu consegui desviar a tempo e pegar uma guitarra que estava pendurada na parede. Eu a usei como uma espécie de escudo, mas Kim não se deu por vencida. Ela pegou duas baquetas de bateria e lançou com toda a sua força e ódio (que não era pequeno), e por centímetros não foi acertado.

As baquetas fizeram um barulho extremamente alto na parede, e eu me encolhi atrás da guitarra. Apostava que ela lançaria mais alguma coisa, mas aí... Ficou tudo silencioso. Até demais...

-... Kim...? – Olhei para ela ainda encolhido e notei que Kim encarava outra pessoa. Ela olhava fixamente e um pouco incrédula para a garota que tinha acabado de entrar na loja.

Os olhos verdes da garota percorreram o lugar.

- Matty, cadê você? – Perguntou ela docemente, quase cantando. Seus olhos me acharam e ela abriu um sorriso – Owwn, aí está você! Matty, meu amor!

Ashley sorriu e veio até mim. Eu abaixei a guitarra e olhei para Kim, que observava Ashley incrédula.

- Não sabia que você tocava guitarra. – Disse ela debruçando-se de leve no balcão, de modo que seu decote me chamou atenção – Até que é um instrumento bonito.

- Ah, eu não... Ahm... Só estava... – Gaguejei ainda afetado pela situação, mas logo pisquei os olhos e vi o rosto de Kim. Ela encarava Ashley como se ela fosse um dinossauro. Algo extremamente escandaloso, que não poderia ser visto nunca. Algo impossível – Ah, essa é a minha amiga Kim. Kim... Essa aqui é a Ashley. Minha namorada.

Kim olhou para mim como se eu tivesse acabado de lhe perguntar a resposta para a equação matemática de terceiro grau. Ela piscou os olhos por uns instantes, e olhou para mim devagar. Depois olhou novamente para Ashley.

- Oi. – Foi tudo que conseguiu dizer.

- Prazer conhecê-la. – Sorriu Ashley – Então... O que estavam fazendo de interessante?

- Conversando. – Respondi sorrindo – Estava contando para Kim como nós nos conhecemos.

- Ooown, você é tão romântico. – Disse ela apertando minha bochecha, e Kim olhou novamente perplexa para mim.

- Ele é? – Perguntou franzindo o cenho – Ahm... É... Deve ser.

Queria rir. Pela primeira vez na vida eu tinha como mostrar para Kim que ela não era a única que podia ter algo de bom na vida. Que eu também tinha a chance de me dar bem, nem que fosse em momentos raros.

Eu lancei um olhar triunfante para ela, mas Kim não engoliu aquilo.

- Ahm... Ashley. É isso? – Perguntou ela, e Ashley assentiu – Posso te fazer uma sincera pergunta?

- Não. – Respondi.

- Pode. – Confirmou Ashley sem ligar.

- Como foi que você ficou com ele? – Perguntou Kim naturalmente – Você estava em um dia bem entediante, aí acordou e pensou “Puxa, seria divertido sair com um otário só para variar”...

- Chega, Kim. – Disse antes que Ashley mudasse de idéia quanto á mim.

- Aí você encontrou ele na rua, e...

- Kim, chega. – Repeti.

-... Resolveu que era ele o otário sem futuro? – Completou a questão.

- Kim! – Exclamei incomodado, mas Ashley só riu.

- Para falar a verdade... – Ashley olhou para mim, e eu pude notar... Ou será que era impressão minha o modo como ela olhava para mim e tentava imaginar qual foi o motivo para ficarmos juntos? – Ele é um em um milhão.

Kim arregalou os olhos, ainda mais perplexa.

- Não. Sério. – Disse ela – Qual foi o motivo?

- Ela me acha especial, não está vendo? – Respondi.

- É... Ela combina com você, então. – Falou Kim olhando para mim – Ingenuamente trouxa.

Ashley olhou para Kim. Mas não foi de um jeito amistoso. Acho que ela não estava acostumada á ser chamada de trouxa, pois seu olhar era o mesmo que as líderes de torcida lançam para as garotas de banda. Com um certo ar superior.

- Ah, querida, sinto muito se parti seu coração, mas não precisa me ofender para esconder seus ciúmes. – Disse com um sorriso natural. Kim olhou para ela séria, mas depois riu.

- Ciúmes? Não. Não é isso. – Kim negou com a cabeça ainda rindo – Na verdade, a única coisa que sinto por qualquer idiota que fique com o Matt, é pena. Mas acho que você merece. Fazer o que?

- Até porque você já achou partido melhor. – Rebateu ela quase que como soubesse que Kim não tinha nenhum namorado.

- Quem disse? – Perguntou Kim.

- É que geralmente garotas do seu... Ahm... Tipo de beleza, não costumam ser a pura definição de “agradável”. – Respondeu Ashley lançando um olhar analisador pelas roupas e cabelo de Kim – Mas... É só um comentário, fofura. Sinto muito se passei da conta ao te falar isso.

- Ah, sem problema. Depois eu te mando a conta. – Sorriu Kim – Essa e a do meu cartão de crédito.

Kim virou as costas e foi embora. Ashley franziu o cenho levemente por ouvir o lance sobre o cartão de crédito, mas resolveu ignorar e dar de ombros calmamente. Ela sorriu de leve para mim.

- Tem gente que não aceita uma crítica construtiva. – Comentou.


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Notas finais do capítulo

O que foi isso... Kim vrs Afrodite. Tam tam tam taaam! Haha!
O que será que vai acontecer agora?
Veremos até quando o Matt vai continuar achando que a Afrodite se chama "Ashley".
Até o próximo capítulo!



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