Escolhido Ao Acaso escrita por Mandy-Jam


Capítulo 3
Está tudo na sua mente, Matt


Notas iniciais do capítulo

Próximo fucking freaking awesome capítulo. Espero que gostem como sempre, e até os reviews!



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Nunca andei tão animado na rua antes.

Em meu rosto estava visível um enorme sorriso de satisfação. O meu andar merecia ser acompanhado pela música “I got the Power”, pois minha pose era de “like a boss”.

Eu parei na frente do prédio do outro lado da rua, e subi direto. O porteiro já me conhecia, embora no momento eu não lembrasse do rosto de ninguém dali. Só de uma pessoa, e essa era a única que importava.

Toquei a campainha do apartamento número 505, e esperei. Como ninguém atendeu, e eu não ia me dar por vencido, eu insisti o máximo que pude.

Kim abriu a porta de repente e olhou para mim com uma mistura de sono com tédio e raiva. Seu cabelo preto com mexas vermelhas estava completamente bagunçado, e seus olhos estreitados me faziam duvidar se isso era efeito do sono, ou da raiva.

- Olha aqui... – Disse ela tranqüila – Acho que alguma coisa não está funcionando bem na sua cabeça.

- Eu consegui! Ela disse sim, Kim! – Exclamei animado demais para ouvir o que ela dizia – Eu tenho uma namorada perfeita que simplesmente caiu do céu, e...!

- E você achou que quando eu disse para parar de me ligar, significava que eu achava melhor você vir até a minha casa para me incomodar pessoalmente. – Completou ela – Não sei quantas vezes você caiu do berço quando era bebê, mas se eu estivesse na sua pele, me mandava antes que eu pule no seu pescoço.

- É sério! Ela disse que sim, e eu nem mesmo tive que pedir. Acho que eu não sou tão medíocre assim. – Comentei com um sorriso animado. Kim estava prestes a me ameaçar, quando notou algo que eu tinha dito e franziu o cenho.

- Aham. Claro que sim. – Confirmou Kim – Por que ela disse sim mesmo? Foi por causa do seus lindos músculos, ou pela sua inteligência infinita de vendedor de instrumentos musicais?

- Tsc. Faz diferença? Eu não ligo se ela disse sim por causa do meu All Star velho. Ela disse sim e pronto. Isso significa que...! – Ela me interrompeu.

- Que você deve mesmo ter batido de cabeça na estante. – Completou.

- Não. Que Matthew Harris, está oficialmente namorando a garota mais linda do mundo, e vai deixar de ser só mais um na multidão. – Disse fazendo uma pose de orgulho. Não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo, mas estava realmente feliz.

Kim ficou parada olhando para mim de um modo indiferente por alguns minutos, mas depois soltou um suspiro cansado e passou a mão pelo rosto. Ela apertou o espaço entre seus olhos com a ponta dos dedos, e depois olhou para mim.

- Olha. Eu não quero cortar a sua felicidade patética, mas... – Kim suspirou novamente – Você bateu com a cabeça quando acordou?

- Não. – Respondi sem entender – Ahm... Pelo menos não me lembro disso.

- É. Era o que eu pensei. – Assentiu ela sem dizer nada. Sabia que Kim queria que eu entendesse seu pensamento, por isso me concentrei para ter uma idéia do que passava por sua mente.

- Fala sério... – Murmurei incrédulo – Você não está acreditando em mim! Acha que é uma ilusão?! Que eu nunca saí com essa garota?

- Não. Nada disso. Só estou achando um pouco estranho o fato de você ter possivelmente batido de cabeça em uma estante não ter ligação nenhuma com o fato surreal de uma garota perfeita se oferecer para você de bandeja. Só isso. – Respondeu dando de ombros – Não estou dizendo que você é maluco nem nada.

- Não. Só que eu alucinei tudo isso. – Rebati. Kim prendeu o riso, mas negou com a cabeça. Respirei fundo – Eu não estou mentindo, tá bom?! Ela é de verdade! E ela está comigo de verdade! Você só não consegue acreditar que eu realmente mudei. Que estou movimentando a minha vida.

- Que droga, Matt! Você acha que ficou com uma garota perfeita da noite para o dia, e quer realmente que eu acredite que você não está com problemas? – Disse ela incrédula – Deixa de ser otário. Ela é demais para você. Não aprendeu nada na escola? Garotas como ela não ficam com João-Ninguéns do seu tipo.

- Mas ela ficou, Kim. Sinto muito se isso quebra as suas regras, Dona da razão, mas aconteceu. Estamos juntos. – Insisti. Kim cruzou os braços.

- Ok então. Você tem pelo menos a vaga noção de qual é o nome dela? – Perguntou arqueando uma sobrancelha. Eu abri a boca, mas nenhum som saiu. Kim sorriu triunfante e eu revirei os olhos – Viu? Você não sabe, porque isso tudo não passou de um sonho, idiota. Quando você voltar para casa, ela nem vai estar mais lá.

- Mentira. Ela disse que ia me esperar lá. – Disse tentando parecer seguro.

- Claro. Então vai lá e me deixa dormir. – Falou Kim batendo a porta na minha cara. Eu virei-me novamente para o elevador, e desci os andares. Assim que saí do prédio de Kim um certo desespero bateu contra meu peito.

E se ela estivesse certa? E se aquela garota tivesse sido só parte da minha imaginação? Bem... Mas ela estava lá! Eu vi. Senti. Ela até me assoprou um beijo quando disse que tinha que sair rapidinho.

“Vou esperar por você, amor”, foi o que ela sussurrou em meu ouvido com aquela voz tão sexy. Eu me derreti só de imaginar ela fazendo aquilo novamente, mas quase chorei ao pensar na possibilidade dela ser só uma ilusão.

O meu desespero só aumentou quando eu abri a porta de casa.

- Oi? – Perguntei, mas ninguém respondeu. Fechei a porta atrás de mim, joguei meu casaco em cima do sofá, e saí correndo pelo pequeno apartamento – Você está aqui ainda?

Ninguém respondeu. Meu desespero aumentou gradualmente, até que abri a porta do meu quarto.

Lá estava ela. Sentada em minha cama lixando as unhas. Na frente dela tinha uma enorme bandeja de café da manhã, cheia de comida. Eu sorri para as duas, e a garota inclinou-se para frente de modo que o decote de sua camisa de manga comprida gritou para mim.

- Senti a sua falta. – Disse ela com um sorriso sedutor. Ela me chamou com o dedo indicador, e eu senti vontade de desmaiar – Quer tomar café comigo?

- Quero. – Foi tudo que consegui responder. Eu me sentei do seu lado na cama, e ela sorriu para mim afagando meu cabelo preto. Um sorriso surgiu em meu rosto também – Você é tão linda.

- Oown, que gracinha. Obrigada. – Disse ela sorrindo agradecida – Mas então... Está muito frio lá fora?

- É. O suficiente para você querer que o verão chegue logo. – Confirmei, e ela riu para mim.

- Você é uma graça, realmente. – Disse ela beijando a minha bochecha. A garota pegou uma maçã, e mordeu com vontade. Aquilo me prendeu a atenção por um momento. Ela era charmosa de qualquer jeito, e eu provavelmente sempre iria achar isso. Até mesmo se ela estivesse perseguindo alguém com uma arma.

- Desculpa, mas... – Disse e ela olhou para mim interrompendo uma mordida – Qual é o seu nome? Eu não lembro de ter perguntado.

Por um segundo ela só sorriu um pouco, e depois desviou o olhar.

- Qual você acha que é o meu nome? – Perguntou ela ainda sorrindo e encarando a maçã em suas mãos.

- Ahm... Não sei. – Respondi franzindo o cenho.

- Pode me chamar de... – Ela fez uma curta pausa – Ashley. Esse é o meu nome. Ashley.

- É um nome legal. – Comentei distraído. Ela sorriu e voltou a comer a maçã. Eu peguei alguma coisa da bandeja e também comi um pouco. Depois de alguns minutos, uma dúvida que não dava para controlar escapou de minha boca – Por que eu?

- O que? – Perguntou ela franzindo o cenho.

- Por que você... Quis ficar comigo? – Perguntei curioso – É que tem gente mais importante, sabe? Eu não tenho muita coisa de especial.

- Ah, não é verdade. Todo mundo é especial. Só que em proporções e jeitos diferentes. – Comentou ela – Você é um garoto bem interessante e deve ter lá seus talentos.

- Não. Sério. Por que eu? – Eu? Talentos? Ok. Vamos ignorar isso.

Acho que ela se tocou que não ia me enganar com a história de eu ter talentos ou ser especial, por isso resolveu falar outra coisa.

- Você acredita em amor á primeira vista? – Perguntou ela calmamente.

- Não. – Respondi – Acho isso... Superficial.

- Ora, não é assim também. – Rebateu ela um pouco incomodada. Ashley franziu o nariz, mas depois se controlou – As pessoas tendem a reclamar de amores á primeira vista, mas saiba que eles são importantes. O que seria de Romeu e Julieta se eles não tivessem se apaixonado só de olhar um para o outro?

- Acho que não seria um livro tão legal. – Respondi sinceramente.

- É, é por aí. – Assentiu ela, e depois deu de ombros.

- Mas não acha estranho isso de olhar para uma pessoa e pensar que deve ficar com ela até o mundo acabar? Por que parece um pouco louco. – Comentei calmamente.

- O amor faz você fazer loucuras. – Respondeu ela – Ele não faz sentido, faz você querer se matar ás vezes, pode provocar eventuais danos psicológicos...

- Isso parece até contra-indicação de remédio. – Comentei tentando não rir.

- Mas... – Continuou ela prendendo um riso – No final ele vale a pena.

- Vale? – Perguntei e ela confirmou – Sempre?

- Sempre. – Confirmou ela como se tivesse toda a certeza do mundo – O problema é que as pessoas não querem sentir os tais efeitos colaterais. Eu digo, qual é a graça então?! Amor tem que ter emoção! Romance, brigas, amassos, choro, um pouco de dor, e depois a felicidade. Assim é uma linda história de amor.

- É... Acho que sim. – Franzi o cenho achando que talvez aquilo fosse um pouco exagerado – Você gosta mesmo desse assunto, hein?

- Ah, meu bem, se eu não gostasse, quem gostaria? – Riu ela, mas eu não entendi – Mas voltando á sua pergunta... Sim. Foi amor a primeira vista. Considere-se sortudo.

- Obrigado. Eu acho. Por me escolher. – Refleti sobre o assunto.

- Não precisa me agradecer, querido. – Disse ela afagando meu cabelo novamente – Tenho certeza que você é um cara muito compreensivo, e entende isso de amor a primeira vista.

- É. Claro que eu entendo. – Confirmei mentindo – Com cupidos e tudo.

Ashley abriu um leve sorriso de repente. Eu não entendi onde nós estávamos indo com aquela conversa estranha, mas resolvi sorrir de volta.

- Acho que eu devo ter me apaixonado á primeira vista também. – Falei sem querer. Seu sorriso só aumentou.

- Ooown, mas você é mesmo uma gracinha. – Elogiou ela – Mas deixa desse assunto de lado. Por que não nos conhecemos melhor? O que você gosta de fazer, Matty?

- Eu? Ah... Eu... – Cocei a cabeça sem saber – Ahm... Coisas aí. Eu gosto de ver filmes. E de... Ahm... Passar na frente das lojas.

- Compras?! – Exclamou ela animada, mas eu sorri sem jeito.

- É. Quando sobra dinheiro, sim. – Confirmei.

- Ah, foi você é que caiu do céu. – Disse ela feliz – Sabe como era chato sair para fazer compras com o meu ex namorado?! Argh! Ele sempre ficava reclamando, porque demorávamos, ou que ele queria voltar para poder ver alguma luta besta na TV. Ninguém merece.

- Seu ex? – Perguntei – Nossa. Que terrível. Eu não sou assim.

Estava mentindo um pouco, é óbvio. Eu geralmente não tinha muito dinheiro sobrando no fim do mês, por isso o máximo que eu comprava em lojas eram chicletes. Ou quando era para fazer compras mesmo, meias novas.

Agora ela... Não parecia ser o tipo de garota que compraria um par de meias e voltaria para casa feliz. Eu passei levemente a mão pelo bolso da minha calça, imaginando o quanto ela ia me custar, enquanto Ashley continuava a falar animada sobre as compras e reclamar do seu ex.

- Mas esqueça isso. – Disse ela por fim e tocando o meu queixo com a ponta de seus dedos – Eu tenho você agora, então dane-se o que ele gosta de fazer ou não. Pode se virar muito bem sozinho.

Sim, ele pode. Eu preciso de você mais do que ele precisa!

- Certo. – Sorri ao receber um beijo – Mas... E quanto á você?

- Eu? Vejamos... – Ela parou para pensar – Eu gosto de filmes de comédia romântica, flores vermelhas ou rosas, mas as brancas também são bonitas. Ah! Flores em geral. Uhm... Compras, é claro. Roupas. Mas... Acho que isso está ligado á compras, não é? Ahm... Despared House Wife, aquele seriado de TV. Choro de rir! O que mais?

- Não sei. – Dei de ombros – Filhotes?

- Sim! Oooown, aquelas fofuras! – Exclamou ela encantada só de pensar nos pequenos animais – Acho que... Passarinhos. Pombinhos brancos. Uhm...

Ela estava pensando, enquanto eu analisava a cena, mas de repente ela abriu um sorriso sedutor para mim, e foi para perto de meu ouvido.

- E de você. – Sussurrou, o que me fez imaginar se ela não era mesmo uma ilusão como Kim dissera.

- Você é real, não é? – Perguntei enquanto ela beijava meu pescoço com vontade.

- Uhm... Não sei. Vamos checar? – Perguntou maliciosa no meu ouvido, enquanto desabotoava a minha camisa rapidamente.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam? Nossa... Que cara romântico o Matt é, hein?
E quanto a Kim não acreditando nele? Essa foi linda. Hahaha!
Espero por reviews! Beijos.



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