Vampire Academy Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 16
Capítulo 16




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Nós saímos correndo pelo campus, em uma noite fria de outubro. Estava anoitecendo, mas para o horário vampírico, era apenas o começo do dia. O ar frio fazia a nossa respiração mais pesada, fazendo o pulmão trabalhar ainda mais e isso requeria mais resistência do organismo. Eu comecei a correr no meu ritmo natural, mas logo percebi que Rose não conseguia me acompanhar. Ela não era tão rápida e o fator altura contava um pouco. Meus passos eram mais largos que os dela. Então, diminui um pouco, para que pudéssemos correr lado a lado. Percebi que ela não tinha gostado dessa minha atitude, pois ela forçou seu corpo a aumentar o ritmo e conseqüentemente, a nossa corrida.

Quando estávamos na penúltima volta, passamos por um grupo de rapazes dhampirs, aprendizes que seguiam para a aula que Rose também estaria, assim que terminássemos. Ela atraiu as atenções de todos eles, que se voltaram para olhá-la. Aquilo me deu um profundo incômodo.

“Bom desempenho, Rose!” Mason, um dos aprendizes, amigo dela torceu. Ela sorriu e acenou para ele, em retribuição. Senti meu incômodo crescer ainda mais, se tornando uma irritação.

“Você está ficando mais lenta.” Falei rispidamente, com uma dureza que nem eu percebi que sentia, até que as palavras saíram “É por isso que seus tempos de corrida não melhoram? Você se distrai facilmente?”

Ela não falou nada, apenas respondeu aumentando seu ritmo e me deixando para trás. Quando terminamos, eu chequei o tempo da sua corrida. Tinha melhorado consideravelmente.

“Nada mau, hum?” ela falou, enquanto entrávamos no ginásio. “Parece que eu poderia correr até a divisa do país, antes que os Strigois me pegassem no shopping. Só não tenho certeza como Lissa faria.”

Eu a olhei e não pude deixar de achar aquilo divertido. Eu me preocupei tanto em dar uma aula a Rose que esqueci completamente que, no exemplo dado por mim mesmo, Rose estaria em um shopping com Lissa. Era um furo na minha lógica, já que Rose não poderia simplesmente sair correndo e deixar Lissa para trás. Rose era realmente inteligente.

“Se ela estivesse com você, ela estaria bem.”

Ela me olhou surpresa, não esperando um elogio vindo de mim. Eu continue olhando para ela, achando engraçado como uma pequena frase a deixou feliz. Mas por pouco tempo. De repente, algo estranho aconteceu.

Rose se contorceu como se estivesse sentindo uma intensa dor e logo depois, ficou paralisada. Eu me abaixei até ela, chamando seu nome, mas ela parecia não me ouvir. Agora eu já sabia o que era. Era a ligação que ela tinha com Lissa. Algo estava acontecendo. E a mim, só me restava esperar o que viria. Lembrei dos relatos que eu tinha lido nos livros e de como as pessoas falavam que não adiantava tentar tirar pessoa do transe. Isso duraria o tempo que a própria ligação determinasse.

Inesperadamente, Rose voltou a si e sem falar qualquer palavra, saiu correndo dali. Como não podia deixar de ser, eu a segui, mas ela estava incrivelmente rápida. Ela subiu o campus em direção ao dormitório Moroi, pouco se importando de sua proibição em entrar ali.

“Rose! Rose! O quê está acontecendo? O quê há de errado?” eu gritava atrás dela, enquanto tentava a alcançar, mas ela não respondia. Antes que pudéssemos chegar ao prédio, Lissa nos encontrou no caminho, aos prantos. Rose parou abruptamente, segurando-a pelos braços, igualmente em pânico. Eu podia ver claramente que o desespero de Lissa tinha sido transmitido para Rose.

“O quê está errado? O quê aconteceu?” ela perguntou, enquanto chacoalhava os seus braços. Lissa não respondeu, apenas, abraçou a amiga, chorando muito. Eu rapidamente olhei os arredores, tentando buscar uma explicação para o que estava trazendo tanto sofrimento a ela. Eu não sabia dizer se era algo físico ou mental, então me coloquei em alerta, para o que viesse. Rose permaneceu abraçada a ela, enquanto repetia, incansavelmente, que tudo ficaria bem, que tudo já estava acabado. Algum tempo depois, Lissa conseguiu se recompor e dizer que tinha encontrado algo terrível em seu quarto. Assumindo que não teria perigo iminente ali, fui acionar outros guardiões do campus e a Diretora da escola, para que pudéssemos averiguar o que tinha acontecido.

Entramos no quarto que Lissa dividia com sua prima Natalie – filha de Victor Dashkov. Lá, havia uma raposa morta em cima do travesseiro de Lissa, com a garganta cortada. Tinha sido isso que tinha trazido tanto terror a ela. Quem tinha interesse em assustá-la de uma forma tão macabra? E por quê?

Passei cuidadosamente a vista pelo quarto. O contraste entre o lado de Natalie e o de Lissa era gritante. Mais uma vez, as teorias levantadas para explicar a fuga dela e de Rose era derrubada. Se elas tinham fugido para usar a sua herança, porque elas viviam de forma simples e com tão poucas posses? O lado de Natalie e coberto de fotografias, quadros, com uma cama luxuosa. O lado de Lissa era bem humilde. A única coisa que chamava a atenção era uma foto dela com Rose, ambas fantasiadas de fadas. Ambas sorriam singelamente e felizes. Olhei aquela fotografia, me perguntando por quanto tempo elas teriam conseguido viver ilesas pelo mundo, se nós não as tivéssemos trazido de volta.

A cama estava completamente coberta com o sangue da raposa. De repente, Lissa fez um gesto em direção ao animal morto, mas foi impedida por vários braços, que a seguraram.

Lissa se aproximou de Rose e elas começaram a conversar muito baixo. Meus ouvidos dhampir se afiaram para tentar escutar o que elas falavam. O quarto era pequeno, não seria muito difícil conseguir isso.

“Ela ainda estava viva, quando a encontrei. Por muito pouco. Ela estava se contorcendo. Oh, Deus, ela deve ter sofrido tanto.” Lissa cochichou.

“Você-” Rose começou a falar algo, mas Lissa a interrompeu.

“Não... Eu queria... Eu comecei...”

“Esqueça sobe isso. É estúpido. É só uma brincadeira estúpida de alguém. Eles vão limpar tudo e até mesmo lhe dar um quarto novo, se você quiser.”

“Rose... Você se lembra... Aquela vez...”

“Pare com isto. Esqueça. Não é a mesma coisa.”

“E se alguém viu? E se alguém sabe?”

Rose apertou seu braço, quase cravando as unhas na sua pele. “Não. Não é a mesma coisa. Não tem nada a ver com aquilo, você me entendeu? Vai ficar bem. Tudo vai ficar bem.”

Eu as olhava fixamente. Existia algum fato antigo que elas estavam associando a este. Talvez fosse sobre isso. Elas podiam estar se referindo ao que motivou a fuga delas. Quando retornou, Rose mencionou que Lissa estava em perigo. Eu tinha quase certeza que elas estavam falando sobre  isso.

“Limpe isso.” Kirova ordenou para uma Moroi que trabalhava como inspetora do dormitório “E descubra se alguém viu algo.” Então ela olhou em volta do quarto, seus olhos parando em Rose.

“O quê você está fazendo aqui? Quebrando as regras?”

“Ela veio comigo.” Falei, antes que Rose tentasse se pronunciar “Ela sentiu o que estava acontecendo, pelo laço, e me trouxe até aqui.”

“Não existe mais nada para ser feito aqui, a não ser uma boa limpeza. Leve-a daqui.” Ela ordenou a mim. Rose começou a protestar, mas eu lhe dei um olhar que ela já conhecia bem. Não tinha nada para discutir naquela hora. Eu a acompanhei até o dormitório dos aprendizes.

“Você sabe de alguma coisa. Alguma coisa sobre o que aconteceu. Foi isso que você quis dizer, quando falou a Diretora Kirova que Lissa estava em perigo?” Perguntei casualmente, ainda juntando as peças em minha mente.

“Eu não sei de nada. É só uma brincadeira doentia.”

“Você tem idéia de quem faria isso? Ou por quê?”

Ela ficou em silêncio por um tempo. Ela não sabia, mas para mim aquele silêncio era como se ela tivesse respondido ‘sim’ a pergunta que eu tinha acabado de fazer.

“Não. Nenhuma idéia.”

“Rose. Se você sabe de algo, me conte. Nós estamos do mesmo lado. Nós dois queremos protegê-la e isso é sério.” Insisti, não me dando por satisfeito. Aquilo pareceu acender a raiva dela. Ela se voltou para mim, com os olhos brilhando de fúria.

“Sim, isso é sério!” Ela gritou para mim “É tudo sério! Você me faz dar voltas pelo campus todos os dias, enquanto eu deveria estar aprendendo a lutar e a defendê-la! Se você quer ajudá-la, então me ensine alguma coisa! Me ensine a lutar! Eu já sei como fugir.”

De jeito nenhum eu entraria em uma discussão naquela hora com ela. Os meus métodos de ensino eram estes e continuariam sendo assim. Era apenas o começo do treinamento e ela tinha muito o que recuperar. No futuro, ela veria que eu estava certo.

Por hora, tomei aquela explosão dela como um desabafo. Ela realmente precisava colocar seus sentimentos para fora. Tinha sido uma cena terrível que ela tinha acabado de presenciar, aliada a grande cobrança por resultados que ela vinha sofrendo.

Eu ouvi a tudo serenamente, sem me pronunciar. Quando ela terminou de falar, eu a olhei por alguns momentos e depois continuei a andar, como se nada tivesse acontecido.

“Vamos lá” falei normalmente “você está atrasada para a aula.”


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