Vampire Academy Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 15
Capítulo 15




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As semanas seguintes correram dentro do padrão de normalidade escolar. Os meus dias se  resumiam em treinar Rose, dar aulas nas turmas que Kirova tinha me dado e os turnos de guarda da Academia. Raramente eu tirava um dia de folga.

Eu seguia minhas aulas com Rose, tentando manter minha mente focada na tarefa de deixá-la pronta para guardar Lissa. Praticamente sem perceber, eu tinha erguido uma parede entre mim e ela, de forma que as nossas conversas somente se resumiam a própria aula. Eu realmente queria evitar que ela voltasse a fazer perguntas sobre a minha vida pessoal. Não que eu não tenha gostado de falar com ela sobre Ivan, muito pelo contrário. Eu tinha me sentido à vontade demais, até. Era justamente isso que me assustava e que eu evitava. Eu não podia me sentir assim, não com uma aluna.

Quanto a Rose e Lissa, estas me surpreenderam. Elas entraram completamente na rotina, participando de poucas atividades sociais e se aprofundando nos estudos. Isso era bem diferente do que eu tinha ouvido falar sobre elas. Antes da fuga, Lissa era a garota mais popular da escola, com muitos amigos e pretendentes apaixonados. Todos faziam questão de estar perto dela e de terem a sua presença em eventos. Rose também era igualmente popular, mas sua popularidade não era graças ao carisma, como Lissa. A beleza que enlouquecia os garotos e a sua irreverência faziam dela um belo atrativo para as ocasiões festivas.

Agora não, olhando o comportamento delas, eu podia jurar que os relatórios eram exagerados. Lissa se contentava em manter amizade com sua prima Natalie e seu círculo comum de amizade. Enquanto Rose, apesar de ainda flertar com garotos e fazer piadinhas nas aulas, seguia compenetrada nos treinos e bastante dedicada. A cada dia, seu corpo ganhava mais resistência e condicionamento. Ela estava se recuperando bem rápido de todo tempo perdido na fuga, o que muito era devido a sua grande força de vontade. Ela queria ser guardiã de Lissa mais do que qualquer outra coisa, e isso era um fator motivador para que ela treinasse cada vez com mais afinco.

Raramente, ela se atrasava e sempre seguia a todos os exercícios sem reclamar muito, se considerássemos a sua rebeldia. Pouco a pouco, ela parecia me tratar com mais respeito, mas sem diminuir suas piadas engraçadinhas. Eu mantive a mesma linha de treinamento, concentrando tudo em exercícios que desenvolvessem sua força e rapidez. Ela precisava trabalhar nisso, para compensar seu pouco peso e tamanho. Eu sabia que ela estava ansiosa para começar a lutar, mas ainda não era tempo. O inverno estava chegando e o frio, típico de Montana, se intensificava. Rose precisava ter resistências a baixas temperaturas, por isso eu a mandava correr pelo campus, principalmente, nas primeiras horas do dia. Ela sempre resmungava, mas eu não me deixava ceder.

Exatas três semanas depois do retorno de Rose à Academia, quando eu cheguei ao ginásio, percebi que algum professor, de uma aula anterior, tinha deixado um cd-player portátil ali. Mecanicamente, me abaixei para recolher e guardar, mas parei com a idéia de ouvir um pouco de música. Liguei em uma rádio especializada em tocar hits dos anos 80. Eu adorava este tipo de música, era bem melhor que estas atuais, em minha opinião. Eu me deitei em um dos colchonetes, lendo um dos meus livros, enquanto aguardava o horário do treino. Eu sempre levava um livro comigo, para que minha mente não me traísse. Era algo estranho que acontecia comigo. Eu não conseguia parar de observar Rose, se eu a olhasse. Então, era melhor ler e me distrair com as histórias do velho oeste, que eu tanto amava.

Eu fiquei tão compenetrado entre a minha leitura e na música que tocava, que nem percebi Rose entrar. Isso era péssimo para um guardião.

“Whoa, Dimitri,” ela falou soltando sua mochila no chão, perto de mim, me tirando do meu mundo particular, eu não demonstrei surpresa, ao contrario, permaneci ali, na mesma posição. Ela continuou “eu entendo que, atualmente, este é o hit do momento no Leste Europeu, mas você não acha que podíamos ouvir alguma coisa que não tenha sido gravada antes que eu nasci?”

Eu a olhei rapidamente, me mantendo na mesma posição. Eu tinha feito um pacto comigo mesmo de não entrar nas brincadeiras de Rose, mas também não conseguia ser grosseiro com ela. Ao contrário, no fundo eu até gostava de sua descontração. Apesar de ser bastante sarcástica, ela tinha uma forma inteligente de humor. Eu gostava disso.

“No que isso é importante para você? Sou eu que vou ficar aqui ouvindo isso. Você vai estar lá fora, correndo.” Falei calmamente. Ela fez uma careta para mim e começou a se alongar em uma as barras.

“Ei, qual é a da corrida, afinal de contas? Quero dizer, eu entendo a importância de ter força, e tudo mais, mas eu não deveria estar tendo algo mais para o lado da luta? Eles ainda estão me matando nas práticas de grupo.”

Eu me recusei a olhar para ela, como eu tinha proposto em fazer e continuei olhando para as letras do livro, já sem me concentrar no que estava escrito ali.

“Talvez você devesse bater mais forte.” Falei secamente, tentando cortar a conversa. Mas eu já deveria saber que, em se tratando de Rose, isso era inútil.

“Eu falo sério!” Ela respondeu indignada.

“É difícil dizer a diferença.” Eu abaixei o livro, mas permaneci deitado, olhando para ela. Já que eu não poderia evitar de conversar com ela, então achei que era uma boa deixa de dar uma aula sobre a importância de se manter treinado. “Meu trabalho é preparar você para defender a Princesa e lutar contra as criaturas das trevas, certo?”

“Certo.”

“Então me diga uma coisa: supondo que você consiga fugir novamente com ela e ir para um shopping. Quando vocês estiverem lá, um Strigoi ataca vocês. O quê você vai fazer?”

“Depende da loja em que estivermos.” Ela não podia deixar de fazer uma piada. Eu a encarei seriamente. Não era hora de brincadeiras. Ela entendeu perfeitamente meu olhar.

“Certo. Eu o apunhalaria com uma estaca de prata.”

Resposta errada, Rose. Eu me sentei rapidamente, cruzando minhas pernas. Olhei para ela, arqueando as minhas sobrancelhas. Ela me olhava de forma compenetrada.

“Oh, e você tem uma? Ao menos, sabe como usar uma?”

Eu sabia que aquela pergunta faria com que ela se sentisse uma boba. Mas era melhor que ela se sentisse assim na minha frente do que diante de um idiota como Stan. Ela deveria saber a importância do que ela fala, principalmente quando se trata de proteger vidas. Uma estaca de prata era a arma mais mortal que um guardião poderia ter contra um Strigoi. Com lâminas afiadas e encantada com a magia Moroi, podia matar um Strigoi imediatamente, se fosse cravada em seu coração. Aprendizes não tinham estacas de prata e os alunos veteranos ainda estavam começando a aprender como manusear uma. Rose fez uma cara feia enquanto tirava os olhos de mim.

“Ok. Eu iria cortar a cabeça dele fora.”

Outra resposta óbvia, mas patética, considerando o contexto. Essa era considerada a forma mais difícil de se matar um Strigoi. Guardiões com larga experiência, não se arriscavam a isso.

“Ignorando o fato de que você não tem uma arma para fazer isso, como você compensaria o fato dele provavelmente ter uns trinta centímetros a mais que você?”

Ela endireitou seu corpo, parando o alongamento, soando profundamente irritada. “Certo. Então eu iria colocar fogo nele.”

“De novo, com o quê?”

“Certo, eu desisto. Você já tem a resposta e só esta brincando comigo. Eu estou em um shopping e vejo um Strigoi. O quê eu faço?”

Eu olhei para ela, sem piscar “você corre.”

Ela respirou fundo e eu tive a impressão que ela iria jogar alguma coisa em mim, de tão brava que ficou. Mas ela não fez isso, apenas continuou se alongando, sem mais olhar para mim. Eu reprimi uma vontade de sorrir e continuei a observando se alongar. Quando ela terminou começou a caminhar na direção da saída do ginásio, para sua corrida.

“Espere. Eu vou com você.” Falei, obedecendo a um impulso, e ela me olhou com uma grande surpresa. Eu nunca tinha corrido com ela.


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