-O QUÊ?! Mas… por que?!

-Eu menti pra você. Naquela noite, o Fukuda tinha dito que não me amava. Aí eu usei a minha história para aplicá-la a você. Sabia que você não se negaria em me aceitar com a história que eu contei.

-NÃO! Eu não acredito em você!

-Acredite!

-Mas eu te aceitei antes de você me falar sua h…

-PARE DE ME FAZER PERGUNTAS!- gritou Miyuki. Ela puxou a espada da bainha e a pôs por trás do pescoço de Suzuno, fazendo-o imóvel. O mínimo movimento podia cortar o pescoço dele. Ela continuou: -Acredite. Não quero te matar. Então… ME ESQUEÇA!

Miyuki puxou a espada de volta, deixando Suzuno parado no mesmo lugar, vendo-a correr para fora da casa.

Correu para a floresta e se sentou nas raízes que saíam da terra de uma árvore grande. Pôs a mão no rosto e começou a chorar. Não queria fazer isso. Mas tinha, se quisesse salvar Nitsuke e Sandara. Folhas caíram em sua cabeça, fazendo-a olhar para cima e ver Sandara, sentada em um galho alto.

-Sandara…? O que faz aqui?

-Eu estava descançando, mas acabou que você chegou e me acordou. Agora…- Sandara pulou da árvore e disse: -Me conte por que está chorando e por que terminou com o Suzuno.

-Como você… ah! Não vou nem discutir! Mas eu terminei por que eu amo o Fukuda.

-Você jura?

-Sim.

-Pelos seus pais?

-N-Não posso...

-Sabia. Miyuki, eu nunca te entendi muito bem, então me explique por que terminou com o Suzuno contra sua vontade.

Algo no olhar de Miyuki fez com que Sandara soube-se de tudo que tinha acontecido. Ela deu um grito de raiva e andou para a direção oposta.

-O que aquele safado do Fukuda falou pra você? Me fale e eu vou lá em casa e corto a língua daquele miserável!

-NÃO SANDARA! Ele me disse que se eu não fizesse o que fiz, ele iria… iria…

-Iria o quê?

-Iria matar o Nitsuke.- disse Miyuki, encolhendo os ombros.

-NANI?! Agora aquele filho da p*** morre!

-Não Sandara.- disse Miyuki, puxando a melhor amiga pela blusa.

-Mas Miyuki…

-Não Sandara. Será melhor para o Suzuno. Ele é um nobre, eu sou uma ladra procurada.

Sandara parou e olhou para o chão, fazendo com que parte de sua franja cobrisse seus olhos. Ela disse:

-Eu disse a mesma coisa para o Nitsuke. Mas ele não ligou. Agora eu estou presa a ele. É como se eu estivesse em uma prisão, mas não conseguisse sair. No caso, o Nitsuke seria essa prisão. Não posso me livrar dele. E sei bem que sente dessa mesma forma pelo Suzuno. Então deixe eu dar um jeito no Fukuda.

-Não. Deixe que eu vou resolver tudo. Do meu jeito…

-E aí minha gente! Vamos procurar pela Lika ou não?- disse Fukuda, chegando todo animado. Todos se viram, menos Miyuki, que foi surpreendida, pelo braço de Fukuda, que se pôs ao redor do seu ombro. Ele pôs a cabeça ao lado da dela e deu um beijo no seu rosto. Todos na sala ficaram de queixo caído, menos Sandara e Suzuno, ao qual olhou para o lado. Sandara queria poder dar um murro em Fukuda, mas não podia, afinal, todos achavam que essa tinha sido uma decisão de Miyuki. Miyuki virou seu rosto para o lado, tentando esconder o rosto triste. Sandara tinha formado um punho com as mãos, mas as desfez e falou:

-Vamos logo.- saiu pela porta. Depois do choque, todos a seguiram.

Kabeyama, Kogure e Toramaru decidiram ficar na casa das meninas para cuidar de tudo. 

Sandara foi na frente junto á Nitsuke. Atrás vinham Suzuno e Fubuki, e mais atrás vinham Miyuki e Fukuda. Depois de duas horas andando, todos se depararam com um campo negro grande, o que mais se parecia com um pesadelo, ou com o fim do mundo, mas o que influênciava mais na aparência de pesadêlo era o grande castelo negro feito de pedras que estava no meio do campo. As árvores eram secas, o gramado sumiu, e o céu estava completamente negro. Todos ficaram unidos, pois perceberam que haviam chegado ao castelo de Lika.

O corredor era escuro, apenas as velas o iluminavam. Sandara e Miyuki tomaram a frente de todos com suas armas (Sandara- arco e flecha, Miyuki- sua espada). Nada fazia movimento no corredor, até que um tipo de pó explodiu por todo o corredor e todos foram forçados a se separar. Sandara, Nitsuke e Fubuki foram para um corredor á direita, Miyuki, Fukuda e Suzuno para um á esquerda.

Na sala que ficava no corredor á direita:

-O que, pelo amor de Inazuma, aconteceu?- perguntou Sandara.

-Lika quis nos separar.- disse Fubuki. –Quando o Suzuno namorava ela e ela virou do mal, ela gostava de separar o grupo dos seus inimigos para matar um a um.

-Mas isso não vai mais acontecer.- disse Nitsuke, ajudando Sandara a se levantar. Mas quando ela estava prestes a se levantar, uma flecha veio de algúm lugar e quase acertou sua cabeça, mas ela acabou caindo no chão, se livrando por pouco da flecha.

-Droga!- gritou Sandara.

-Vamos continuar andando.- disse Fubuki.

Todos continuaram andando pelo longo corredor escuro que se estendia por um único caminho.

-Está bem, Miyuki?- perguntou Suzuno.

-Sim.- tossiu um pouco por causa do pó. Se levantou com a ajuda de Fukuda.

-Vamos.- disse Fukuda.

Todos começaram a andar. Miyuki olhando para baixo, para não se encontrar com os olhos de Fukuda. Enquanto isso, Suzuno e Fukuda ficavam se encarando, tendo raiva um do outro. Algumas pessoas conseguiriam até ver faíscas saltando de seus olhos.

Ao chegarem no final do corredor, todos se depararam com duas portas. Uma negra de pedra, e a outra feita totalmente de cristais de cor turquesa. Todos ficaram olhando para as duas portas, até que Fukuda deu de ombros e falou:

-Que seja! Vamos abrir as duas e depois decidir qual entrar.

Fukuda puxou a marçaneta das duas portas, abrindo-a, mas acabou sendo puxado pelo colarinho da blusa. Ao olhar para cima, viu que era Suzuno. Ao olhar novamente para frente, viu que um tipo de ácido saiu de ambas as portas, que logo pararam, mas que dariam para fazer uma pessoa literalmente derreter.

Miyuki puxou Suzuno pelo braço e sussurrou:

-Por que fez isso? Podia simplismente deixá-lo morrer para me ter.

-Eu fiz pois sabia que se não fizesse, você jamais me perdoaria. Prefiro perder você e ser seu amigo á perder você e sua amizade.

-Suzuno…

-Miyuki!- gritou Fukuda. Miyuki se afastou de Suzuno e foi correndo até Fukuda, ajudando-o a se levantar.

Suzuno sentiu seus punhos se fecharem, mas logo voltarem ao normal. Imaginava (já que não era verdade) que Miyuki realmente gostava daquele mero humano sem poderes, que não tinha nem o bom senso de escolher qual porta entrar sem quase ser morto.

Miyuki ajudou Fukuda a se levantar e olhou para Suzuno. Algo no olhar dela o falou para tomar cuidado com Fukuda. Suzuno não se alguentou e gritou o tinha pra falar:

-Por que faz isso com ela Fukuda?! Fica se aproveitando dela e ainda a faz ficar infeliz!

Fukuda se virou para Miyuki e a empurrou para o lado.

-Você contou pra ele?!

-Não! Eu não falei nada!

-Vamos ver o que o Nitsuke acha disso.

-POR FAVOR, NÃO! Eu não falei nada!- disse Miyuki, tocando no braço de Fukuda, mas ele o puxou e deu um tapa em Miyuki, fazendo-a cair no chão. Ao tirar a mão do local do machucado, revelou uma marca vermelha que ficava bem na maçã do rosto. Suzuno pulou em cima de Fukuda e começou a dar socos no rosto dele, fazendo-o sangrar. Miyuki se levantou e puxou Suzuno, separando os dois meninos.

-PAREM!- gritou Miyuki, fazendo os dois se calarem. Ela olhou com um sorriso malvado e um olhar mortal para Fukuda e falou: -Eu já me decidi com quem eu vou ficar.