The Charms Of Life escrita por Kim Jay


Capítulo 13
Descobertas Familiares e Desafios Fatais - Annia


Notas iniciais do capítulo

Gente esse capitulo foi... Mto gostoso pra escrever... não sei como explicar, só sei que adorei.



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Capítulo 13 – Descobertas Familiares e Desafios Fatais

~ Annia ~


Certo, tenho que admitir que a minha atitude foi no minimo, idiota.

Eu simplesmente decidi, depois de outro sonho, partir sem avisar ninguém.

Numa noite simplesmente peguei algumas mudas de roupa e fui a cozinha, peguei carne seca e algumas frutas apenas para os primeiros dias e fui embora.

Todos devem estar nesse momento se perguntando porque.

Naquele dia eu não vi apenas o meu maior medo, que por sinal era perder todos que estavam lá naquele dia, mas vi também um velho que me falava algo.

Ele dizia que eu tinha que ir para uma cidadezinha que ficava ao pé de um enorme vulcão. Não sei porque, mas eu sentia que podia confiar no que ele dizia.

Então, sem falar nada para ninguém eu fui.

Já devia ser pelo menos, meio-dia. Eu havia saido de madrugada, passando com facilidade pelos guardas.

E foi assim que minha viagem começou.

**

Nunca pensei que viajar sozinha durante tanto tempo poderia ser tão entendiante e cansativo.

De vez em quando eu passava por pequenos vilarejos e perguntava nas estalagens por algum vulcão com uma pequena vila ao pé.

As pessoas me olhavam assustadas, mas ainda assim, me apontavam a direção que devia seguir.

Eu conseguia arranjar dinheiro de um jeito horrivel e sujo. É, eu roubava pequenas quantidades de poucas pessoas e quando as juntava tinha dinheiro o suficiente pelo menos para uma comida descente de vez em quando. Mas raramente.

Dormia nas ruas e raramente alguem me oferecia um lugar para ficar.

Nunca me imaginei daquele modo. E tudo por causa de um sonho que eu nem sabia se era real!

Não sabia exatamente a quanto tempo eu estava na estrada, mas que já faziam algumas semanas, isso sim faziam. Pelo menos um mês... Não, acho que não chegava a tanto...

Eu estava caminhando por uma trilha que ia de nada para lugar nenhum, pois já fazia pelo menos três dias que eu seguia nela. Três dias sem cama nem comida descente... Meu estomago roncou só de pensar.

Respirei fundo e tirei meu cabelo da frente do rosto. Ele estava um pouco mais comprido do que antes, chegando a meus ombros e a franja, quase no meu queixo.

Não me conformo em como meu cabelo crescia rápido. Prendi-o com uma fita preta que Jay havia me dado, já que não usava. Eu deixava no meu pulso, mas dava para quebrar o galho.

Deixei-me cair no chão, encostando-me em uma árvore... Pelo menos eu estava no caminho certo.

Na ultima estalagem que visitei, a mulher, assim como todas as outras, me olhou incrédula diante de tal pergunta, mas depois respondeu:

– Se você quer mesmo chegar lá siga pelo caminho da frente da estalagem. Quando chegar em uma bifurcação na estrada não entre nem pela esquerda nem pela direita. Vá para o canto da bifurcação da direita e remexa no mato ali. Vai encontrar uma trilha que segue para nordeste. É por ali. Mas a viagem é longa. Tera que seguir a trilha por pelo menos três ou quatro dias.

Arregalei os olhos diante de tal informação, mas depois agradeci e começei.

Quando entrei na trilha, achei que a mulher estava tirando uma com a minha cara, já que o lugar era muito fechado e sem contar que o tempo estava horrivel dando a impressão que uma tempestade cairia a qualquer momento, mas depois a trilha se alargou transformando-se em uma estrada.

Mesmo que estivesse caminhando por muito tempo ali, não vi absolutamente ninguém. Nem mercadores nem pessoas comuns.

Pelo menos tinham alguns animais ali e depois daquela experiencia com o cervo, nunca mais tentei pular sobre o pescoço deles, afinal se eu torcesse o pé naquele fim de mundo estaria definitivamente perdida.

Me levantei e andei mais um pouco.

Estava a ponto de dar meia volta quando vi, depois do que parecia uma parede de pedras, a boca de um vulcão.

É! Só podia ser!

Me aproximei da parede de pedras e olhei para cima. Pela primeira vez agradeci pelos treinos de escalada que tinha na academia.

Peguei folego e finquei meus dedos na rocha, começando a subir depois que encontrei apoio para meus pés. Demorei um pouco mais na escalada, porque na primeira vez eu cai direto, e nas outras meus pés escorregavam, mas não desisti.

Arranhei meus braços, pernas e rosto nas farpas de modo que, quando cheguei lá em cima estava acabada. Meus cabelos estavam saindo da fita que usara para amarra-lo e eu estava ofegante.

Finalmente consegui ver a vila.

Era realmente pequena, mas mesmo assim, seria mais facil achar aquele velho. A sua volta tinha um campo de um lindo verde-musgo que contrastava com o céu límpido e azul... PERAI! COMO ASSIM LÍMPIDO E AZUL? Me lembro de antes de subir aquele paredão ter visto o céu nublado... Eu devia estar vendo coisas... Isso...

Olhei a paisagem novamente e vi que o vulcão era mesmo enorme, mas sua presença complementava a beleza do lugar. Pequenas arvores apareciam de vez em quando no campo, mas ainda assim, eram poucas.

Havia uma estradinha que descia a colina em que eu estava e chegava ao lugar. Sem esperar mais, corri com todas as minhas forças.

Quando estava perto vi que algumas pessoas pararam e olharam para mim. Imediatamente parei. Mais olhares... Eu estava começando a odiar o lugar quando uma menininha se aproximou de mim e tocou em um dos arranhados em meu braço. Depois sorriu e pegou minha mão.

Eu, confusa, deixei que ela me levasse até uma mulher.

Outra das que me olhavam.

Corei e baixei a cabeça esperando pelo que ela faria.

Ela me fez erguer a cabeça e sorriu para mim, como todos em volta.

Ok... Agora eu estou confusa...

– Seja bem-vinda. Vamos dar um jeito nos seus machucados e depois veremos o Dian. Ele te levara a quem você procura.

– Mas... – ela me puxou para dentro de uma estalagem e imediatamente tirou a bolsa de minhas costas, junto com meu cinto onde estava a espada. Não pude fazer nada para impedir, então fiquei quieta agradecendo por minha adaga ainda estar escondida numa faixa de couro presa a minha perna que não podia ser vista por causa da largura da calça. Um pequeno rasgo me permitia pega-la.

A moça me sentou em um sofá e a menina trouxe uma caixa com bandagens, algodão e remédios.

Pude ve-las melhor.

A mulher tinha cabelos compridos, graciosamente trançados sobre seu ombro de um ruivo escuro. Os olhos eram verdes e expressivos. Não tinha mais de 30 anos, mas também não devia ter menos de 24 então, chutei que sua idade devia ser mais ou menos 26 anos.

– Meu nome é Dianna [N/A: Dai-a-na]. Essa é minha filha, Siren. – a menininha era uma miniatura perfeita de Dianna.

– Olá! – a pequenina sorriu - Qual seu nome?

– Me chamo Annia... Annia Lúinwë.

– Bonito nome. Conheci um Lúinwë a alguns anos. – fiquei estatica.

– C-Como disse?

– Ah querida, deve ser só conhecidencia. – quando ela me chamou de querida, lembrei-me imediatamente de Kaled esquecendo-me que o Lúinwë que ela conheceu podia ter sido meu pai ou algum parente.

Como eles estariam? Subitamente reparei como eu sentia falta de Kaled... E dos outros. Até mesmo de Airy e Sky. Minha vida nunca seria a mesma sem eles e digo que não seria tão boa, nem mesmo divertida.

Baixei os olhos.

Siren pegou minha mão e olhou-me com os olhos verde-oliva para depois perguntar:

– Esta tudo bem, Annia?

– Sim...É só que... Eu estava pensando nos meus amigos...

– Sente muito a falta deles?

Apenas assenti. Como queria ve-los agora.

– Pronto. – nem reparei que Dianna estava mexendo em meus machucados. Ela era muito delicada.

– Siren, pegue uma muda de roupa para ela por favor. – a menina sorriu para a mãe e subiu as escadas do canto do aposento – Não se preocupe. Logo você vai poder voltar e ver seus amigos.

– Dianna... Por que as pessoas ficavam tão surpresas quando eu perguntava sobre esse lugar?

Ela suspirou.

– É porque, como aqui é muito isolado e fechado para os outros, eles acreditam que praticamos magia negra ou que fazemos pactos com demonios e feiticeiros crueis. As pessoas temem o que não conhecem.

Ficamos em silêncio e depois Siren desceu as escadas e me ofereceu as roupas.

Dianna se levantou e me mostrou um quarto onde eu podia me trocar.

Não passava de uma blusa grande e cinza que me escorregava pelo ombro, com algumas pedrinhas prateadas e uma calça preta que ficou meio justa, de modo que tive que colocar a faixa de couro onde estava a minha adaga por cima. O que não gostei, mas não tinha jeito.

A blusa chegava normalmente em minha cintura, mas as mangas eram muito largas, escorregando de meus ombros, mas eu tinha que agradecer pelo que tinha.

Sai e as pessoas novamente me olharam, mas essas sorriam amistosamente e me cumprimentavam.

Caminhei até que cheguei a uma praça central. Provavelmente cabiam todos os habitantes da vila ali.

Encontrei Dianna novamente e ela me levou até uma casa. Quando entramos, deparei-me com um rapaz de no máximo 20 anos. Ele tinha cabelos loiros e olhos verdes. Era bem bonito, mas não me chamou muito a atenção.

– Annia, esse é o Dian... – parece que ia dizer o sobrenome, mas parou - Ele te levará a quem procura.

– Opa, devagar ai. Como vocês sabem quem eu estou procurando? – perguntei notando isso pela primeira vez.

– Ele nos contou. Estavamos te esperando. – respondeu Dian, dando um sorriso torto.

Fiquei em silêncio e segui o rapaz. Ele saiu da casa e foi na direção de uma grande mansão que ficava a frente, se destacando das demais. Era feita com pedras negras e as escadas eram de pedras provavelmente do vulcão.

Entramos.

Ali tinha tanta coisa que nem consegui prestar atenção em tudo. Dian seguiu pelo corredor e abriu um alçapão no chão.

Mirei-o, confusa.

– Primeiro as damas. – fez um gesto para que eu passasse.

Dei de ombros e fui.

Descemos por uma escada circular e tudo ficou escuro quando o alçapão foi fechado. Ouvi os passos de Dian as minhas costas, mas continuei descendo.

Tochas começaram a se acender do nada iluminando o caminho a nossa volta.

Chegando em baixo, me deparei com um lugar de dar arrepios.

Haviam algumas caveiras e o lugar era iluminado por velas dando um ar meio fantasmagorico ali. Varios tapetes e vasos estavam ou no chão ou em mesas e até pendurados nas paredes ao lado de cabeças de animais.

Eu estava começando a imaginar como seria aquele homem quando, o vi.

Era pequeno e magro. Tinha uma barba branca e mal aparada. Os cabelos, também brancos, chegavam aos seus ombros, sendo um pouco mais compridos que os meus. Usava uma tunica vermelha e laranja chamativa demais para o meu gosto.

Estava sentado de olhos fechados numa pose que lembrava de meditação.

– Ham... Newën?

Ele abriu os olhos do nada revelando as orbes negras debaixo dos oculos fundo de garrafa e levantou-se de um pulo.

– OH! Veja, veja, veja! Dian! A quanto tempo não vem me visitar! Que bom! Trouxe quem eu pedi? – ele falava como se não me visse. Pigareei meio sem-graça e ele me olhou arregalando os olhos – OH! Ai esta você! Olá! Pelo visto acreditou no sonho! Isso é bom! Bom! Bom! – pegou minhas mãos e rodou feito doido me arrastando junto – Quer algo para beber? Só tenho uma coisa!

Pulou que nem coelhinho feliz até uma mesa com uma jarra e algumas xicaras.

Sério. Aquele velho deve ter sido mergulhado numa banheira com café bem forte quando era menor, porque não é possivel! Ele era muito eletrico! Pulava que nem bobo alegre.

Nem parecia ter a idade que tinha.

Olhei assustada para Dian que deu de ombros sorrindo.

– Quer café? Café? Café? É bom... Muito, muito bom! – disse enquanto despejava o liquido em uma xicara. Estava explicado.

O cara devia viver de café.

– Seu nome minha jovem? – antes que eu pudesse responder ele começou a rir que nem idiota, me entregou a xicara e deu outra para Dian, que examinou o liquido e depois despejou-o em um balde ao seu lado – Hahahaha Annia, Annia! Sim, sim! Bonito nome hehehe. Annia, Annia. Sabe o que é mais bonito que seu nome?

– Er...

– CAFÉ! Café, café!

Ele virou a xicara e depois tornou a colocar café ali.

Tomou tudo de uma vez e gritou.

– MINHA LINGUA! ARGH!

Depois de se recuperar, colocou mais café na xicara.

Sentou-se em um banquinho e tomou calmamente dessa vez.

Olhei novamente para Dian, perplexa. Ele riu com gosto da minha situação.

– AH! A ESPADA! Oh, como pude me esquecer! Sim, sim! Onde está?

Dian arregalou os olhos.

– Está dizendo que é ela?

– Sim, sim, sim. AI! Cade, cade, cade? – corria de um lado para o outro, jogando coisas no chão e olhando em baús e gavetas – Onde foi que eu coloquei? Tem que estar aqui em algum lugar!

– O que ele esta procurando? – perguntei para Dian, que permanecia parado, ainda olhando para mim – O que foi?

Ele sorriu e eu podia jurar que já havia visto-o em algum lugar. Mas onde?

– Nada... Estavamos esperando por alguém a muito tempo, mas não esperavamos que fosse você. – fechei a cara.

– Só porque sou mulher? – eu estava acostumada com esse tipo de machismo, mas achei que era só na Academia.

– NÃO! – ele respondeu imediatamente – Claro que não. É só que... Já apareceram muitos por aqui, mas na maioria das vezes Newën os dispensava. Agora só temos que ver se a espada também vai te “aceitar”.

Decidi não perguntar mais nada, pois nem metade das coisas que as pessoas me falavam ficava na minha cabeça.

– Aha! – ele pegou algo, mas o que me chamou a atenção foi a bola que estava escorregando pela estante.

– CUIDADO!

Tarde demais. Caiu bem na cabeça dele.

– AI, AI, AI! CARAMBA! – ele massajeou a cabeça e, agora emburrado me entregou o que tinha em mãos. Uma espada.

Olhei para Dian e ele assentiu.

Desembainhei lentamente a espada e vi como ela era diferente. Sua lamina, ao inves de prateada como a maioria, era negra. Completamente negra. O punho em cruz tinha o que lembrava uma depressão, onde poderia estar encrustada uma pedra redonda. Era simples, mas muito bonita.

Olhei-os confusa. Tinha que acontecer alguma coisa?

– Parece que ela não tem nada contra você...

– O que quer dizer, Dian?

– Normalmente a espada queimaria até que você não conseguisse mais segura-la. Nem ela... Nem mais nada... – murmurou a ultima parte.

Guardei a espada e dei um soco em seu braço.

– Ai!

– Devia ter me falado antes! – ele riu.

– Agora, você tem que ir ao vulcão e derrotar o guardião.

– O QUE? P-Perai... Mas, para começo de conversa eu nem sei porque eu estou aqui ainda.

Newën se aproximou de nós, ainda com a mão na cabeça e disse:

– Eu escolhi você por um motivo, moça. Há tempos, eu venho tentando encontrar a pessoa certa para retirar o talismã do vulcão. Há alguns anos, quando seu pai veio aqui-

– MEU PAI?! – arregalei os olhos.

– Sim, sim. Seu pai. Deixe-me continuar, sim? – fiquei em silêncio e ele continuou: - Bem, como eu dizia, já faz alguns anos que seu pai veio aqui. Ele veio duas vezes. Uma quando seu primeiro filho nasceu. Ele o deixou sob meus cuidados e outra para ver o filho, naturalmente, e falar sobre outra filha que havia nascido e que provavelmente poderia ser quem a espada aceitaria.

– Eu tenho um irmão?

– Tem.

– Mas, por que eu? Quer dizer, como vocês sabiam?

– Não sabiamos – respondeu Dian – Sabiamos apenas que um dos filhos dele conseguiria...

Ele sorria intensamente para mim.

– A pessoa escolhida deve matar um guardião e conseguir o talismã. Esse talismã é muito importante e perigoso. – continuou o velho maluco, enchendo outra xicara com café – O que temos aqui é o do Fogo. Essa espada não é diferente apenas pela lamina. É diferente também, porque a lamina não derrete. De modo algum, nem mesmo se mergulhada em lava.

Assoprou o café e virou a xicara, sem nem mesmo parar para respirar.

– E... Esse irmão... Onde ele esta agora?

Newën olhou para mim como se fosse a coisa mais obvia do mundo, mas eu ainda não tinha entendido.

– Por que não olha para o lado?

Perai!

Dian era meu irmão?

Olhei para ele, desconcertada. Estava sentado em uma cadeira, curvado para frente e apoiando o cotovelo no joelho e a cabeça na mão. Me observava com um sorriso torto nos lábios. Era a primeira vez que eu prestava atenção em sua aparencia. Seu rosto tinha o mesmo formato do meu, sua pele clara e meio fantasmagorica naquele porão e os cabelos lembrando cor de palha com a luz fraca e alaranjada das velas. Em resumo, era realmente muito parecido comigo.

Só que antes eu nem tinha prestado atenção e quando examinei seus olhos, vi que eram de um castanho esverdeado, mais para o verde, como os da minha... Mãe.

Fiquei estatica.

Seu sorriso se alargou e ele se levantou e ficou de joelhos a minha frente, já que eu estava sentada em uma cadeira.

Dian tocou meu rosto e eu, automaticamente o abracei pelo pescoço. Era estranho para mim pensar que ainda tinha uma familia. Pelo menos alguem de minha familia. Senti meus olhos arderem.

Era incrivel como ele era parecido comigo. Depois de analisar tudo aquilo eu não parava de achar semelhanças. Até mesmo seu cheiro.

Dian também me abraçava com força.

Nunca me senti tão feliz. E parecia que eu não era a unica.

Mas essa felicidade duraria pouco, já que eu deveria matar aquele guardião e nem sabia o quão dificil poderia ser.

**

Fiquei pelo menos 2 meses treinando com meu irmão para poder derrotar aquele guardião. As pessoas da vila confiavam muito em mim, o que me deixava muito desconfortavel. E se eu falhasse?

Eu estava “desaparecida” já fazia mais ou menos cinco meses. Precisava voltar logo, mas primeiro tinha que conseguir o tal Talismã do Fogo.

Naquela tarde eu iria...

Já estava quase na hora. Eu estava sentada no galho de uma arvore que tinha na praça central. Muitas pessoas que passavam me desejavam boa sorte de modo que eu simplesmente queria sair dali correndo e voltar para os meus amigos. Ah! Como eu sentia falta deles.

Mas agora eu não iria desistir. Já tinha ido longe demais.

Com esse pensamento, desci da arvore e encontrei Dian.

A melhor coisa naquela viagem, com toda certeza foi encontra-lo.

Ele sorriu quando me aproximei e entregou a espada para mim.

Estava vestida com uma armadura prateada, simples, mas que me protegeria de o que quer que eu fosse enfrentar.

– Pronta?

Assenti relutante.

– Você vai se sair bem. Não se preocupe. – bagunçou meus cabelos, como criara o habito de fazer.

Falando neles, fazia tempos que eu não os cortava, mas agora não dava.

Dian já estava me conduzindo pelo caminho de pedras negras que circundavam o vulcão, chegando a parte de cima.

A caminhada pareceu durar uma eternidade, como se o topo do vulcão nunca chegasse. Enquanto andavamos eu pensava nos melhores momentos de minha vida, afinal se morresse agora teria-os frescos em mente.

Chegamos.

Agora, onde estava o tal guardião?

– Tera que descer... – Dian pegou uma corda e a amarrou na minha cintura.

– O QUE?? Como assim? Quer que eu desça dentro do vulcão?

– Não, não. Desculpe, eu esqueci de dizer isso. Lá dentro, a lava não é exatamente quente. O calor se concentra no Talismã. Além disso, a lava que fica na parte de cima, já virou rocha, então não tem perigo.

– Ah, entendi...

Depois se afastou um pouco e me fitou. Sorriu tristemente, preocupado e beijou minha testa.

– Boa sorte...

É, eu ia precisar.

Depois disso, começei a descer, me agarrando as rochas, enquanto meu irmão soltava a corda de pouco em pouco. Olhei para baixo e senti uma vertigem, mas depois sacudi a cabeça, pensando que não podia desistir.

Senti meus pés tocarem uma crosta. Tirei a corda de minha cintura e olhei em volta.

Como Dian dissera, a lava já havia virado rocha naquele ponto...

Parecia... No momento em que pensei nisso a crosta em que eu estava começou a rachar. Lentamente filetes cor de laranja foram aparecendo criando ramificações que vistas de longe poderiam até mesmo ser bonitas.

Estranhamente, não haviam nem cinzas e nem fumaça ali.

A lava começou a espirrar fomando pequenos pilares cor de fogo.

Andei lentamente tomando cuidado para não me queimar. Segundo Dian, aquilo não era quente, mas não custava nada... Evitar...

Quando cheguei ao meio, não tinha mais nenhuma ideia do que estava procurando.

Estava tão ocupada olhando em volta, que não reparei um dos filetes de lava que estava se erguendo a minha volta, como uma cobra se preparando para dar o bote.

Quando notei tive tempo suficiente para desviar. Outros dois filetes como aquele se ergueram e me circundaram.

Grunhi de raiva por não ter prestado atenção.

Desembainhei a espada e cortei um dos filetes, pela parte de baixo.

Ele caiu, mas imediatamente outro apareceu no lugar desse.

A crosta rachou mais ainda, abrindo um espaço maior e de lá uma onda de lava de projetou. Não... Não era uma onda. Era um... Bicho...

A criatura foi tomando forma. A onda ficou arredondada e, de lá, o que lembravam asas, se abriram. Apareceu um rosto e do rosto saiu um bico. Depois, os olhos apareceram. Parecia com uma enorme fênix.

Ela abriu as asas e as chacoalhou de modo que tive que desviar de muitas gotas, que chegavam a ter o meu tamanho.

Me analisou por longos momentos e depois avançou do nada sobre mim.

Consegui desviar me jogando no chão.

Olhei para minha armadura. Foi uma má ideia coloca-la, pois se derretesse, ficaria completamente grudada na minha pele.

Rapidamente tirei a armadura ficando com uma camiseta preta. Eu sei que o tecido também podia grudar, mas não seria tão sério quanto o metal da armadura. Acho eu...

Olhei novamente em volta, atenta a qualquer movimento da criatura. Não havia nenhum sinal daquele talismã em lugar nenhum.

Foi quando meus olhos passaram pelo pescoço da fênix. Estava em um tipo de cordão que dava a volta no enorme pescoço.

Otimo! Eu mal conseguia enxergar o “pingente” da corrente, que dirá pega-lo.

Mas, de alguma forma, eu sabia que era aquilo que eu estava procurando.

Subi em algumas rochas.

Eu tinha uma ideia em mente, que se desse certo eu poderia pegar o talismã, sem me queimar.

Começei a acenar e provocar o animal. Ela levantou voo e começou a rodear a pedra em que eu estava. Suas asas deixavam um rastro de fogo por onde passavam.

Ela tentou então avançar para cima de mim.

Quando estava a menos de um metro eu me joguei em seu pescoço, mas não consegui alcançar, por muito pouco.

– DROGA! – caí no chão me apoiando com o joelho de um lado, e o pé do outro, tentando diminuir um pouco o impacto colocando minha mão no chão também.

Ouvi um estrondo as minhas costas. A fênix havia batido contra as pedras e aberto um buraco, de modo que agora não estava mais presa no vulcão. Sim, ela havia ficado presa por todos esses anos, pois a entrada era muito pequena, de modo que ela não conseguia sair.

E agora ela estava livre e o talismã, perdido.

Antes que eu pudesse começar a me lamentar a criatura voou sobre mim novamente, como se me instigasse a tentar pega-la. Bicho maldito! Além de estar livre agora, ainda fica esfregando na minha cara!

Só de raiva agarrei as penas de sua cauda e fui arrastada vulcão a baixo. DROGA! Ela estava indo na direção da vila!

A fênix parou abruptamente e eu fui arremesada para frente. Fui de encontro a parede de uma casa e com um gemido de dor, parte da parede caiu sobre mim. Aquele bicho estava me irritando!

Tirei as tabuas de cima de mim e vi que ela tinha pousado e me olhava com as orbes negras. Era como se me desafiasse a ataca-la. E obviamente foi o que eu fiz.

Não prestei atenção nas pessoas a nossa volta, que gritavam aterrorizadas por causa do tamanho dela. O bicho tinha a altura de uns três homens juntos.

Também não dei a minima para os filetes de lava que iam me circundando novamente. Minha atenção estava completamente presa no pescoço do animal.

Quem sabe se eu tirasse o colar do pescoço dela o poder sumiria?

Talvez...

Mas eu só saberia se conseguisse... Não... Eu tinha que conseguir. Pelo menos por aquelas pessoas a minha volta.

Com esse pensamento, ergui a espada e avancei sobre ela desferindo varios golpes em seu peito e asas. Os filetes de vez em quando me acertavam, deixando queimaduras fracas que eu mal sentia.

De vez em quando me arriscava a tentar pegar o colar, mas não obtinha sucesso já que ela desviava.

Eu estava muito cansada e nem sabia a quanto tempo estava lutando com aquela coisa. Tinha que dar um jeito de... Pular no pescoço dela!

É isso! Como eu fizera com aquele cervo. Olhei em volta, procurando qualquer coisa em que eu pudesse subir.

Desviei de outro filete de lava que investiu contra mim e, por sorte, de outra bicada da fênix. Ela voava a minha volta, queimando muitos telhados, mas pelo menos as pessoas estavam bem, todas a uma distancia segura.

Corri numa direção onde haviam algumas caixas empilhadas e subi, me pendurando na placa da estalajem e subindo no telhado.

A fênix voou em minha direção, com as garras das patas a mostra. Desta vez, se eu errasse não haveria mais volta. Não teria outra chance... Seria fatal...

Bem... O que eu fiz na verdade pareceu suicidio. Pulei indo de encontro com as garras, que se cravaram na pele de minhas costas e fazendo um belo arranhão da parte de baixo do meu olho direito até o queixo quando elas passaram para se cravar no meu braço, ao mesmo tempo que eu cravava a espada em seu peito.

Me agarrei as penas laranjas ignorando a pontada de dor nas minhas costas e no meu braço esquerdo.

Estiquei meu braço direito. Quase... Lá...

A ultima coisa que me lembro foi de agarrar uma pedra redonda e a fênix desaparecer numa bola de fogo, deixando minhas costas livres, enquanto meu sangue manchava o chão onde eu havia caido...

Depois, tudo se resumia a escuridão.



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Notas finais do capítulo

Bem sinto muito, mas devo mesmo admitir que demoraremos um pouco mais para atualizar a fic, pois temos que adiatar um pouco mais.
Prometemos que quando voltarmos ela estara incrivelmente boa, pois tem muuito esperando nossos amigos.
O que acharam da An nesse capitulo
Reviews pllz!!!



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