A missão parecia fácil, tínhamos que resgatar um de nossos generais, porém tudo se tratava de uma emboscada, o tal general traiu a organização e iria matar o exército do leão para provar a sua hegemonia. O problema de ter uma grande fama é o quanto se é visado, o traidor queria a cabeça de Afonso.

A batalha era intensa demais, eu lutava com três inimigos ao mesmo tempo, alguns mercenários armados estavam comigo incluindo Serena, aquela seria nossa última missão, precisávamos sobreviver aquilo tudo se queríamos ser felizes juntos. Consegui matar dois dos inimigos, achava que havia matado o terceiro, foi esse meu engano. Quando me distraí ele me atacou, um golpe furioso que me jogou longe, depois começou a atacar os mercenários armados, foi matando um a um na minha frente, tentava incessantemente me levantar e não conseguia.

Por último ele atacou Serena, ela ainda conseguiu arrancar o braço dele com a explosão de uma bomba, mas aquele ser era muito mais forte que ela, ele a atravessou com suas garras. Ela morreu com um sorriso leve no rosto, sua mão estava aberta sentido a mim, não conseguia controlar meu desespero e minhas lágrimas, naquele curto instante vi todo a minha esperança se esvair.

- Você acha que nós não sabíamos de seu envolvimento com essa garota? Não se preocupe daqui a pouco você estará com ela! – Falou em tom de deboche pisando em mim, ele havia me deixado vivo de propósito apenas para que eu visse Serena morrer, não sei por que ele fizera isso, nem o conhecia antes dessa missão, talvez tivesse ódio derivado de inveja. Eu desejava matá-lo, mas ele me pisava e eu não tinha forças para revidar, eu chorava, mas não era de dor física, eu estendia meu braço em sentido ao corpo de Serena, aquele corpo imóvel de sorriso congelado. Subitamente os pisões param, a cabeça de meu adversário rola próximo da minha.

- Desgraçados! Demorei demais! – Foram as palavras de Afonso, foi ele quem cortou a cabeça do monstro, ele que me salvou mais uma vez.

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Afonso fez como planejou, ele forjou a própria morte naquela missão, oficialmente ele morreu junto com o traidor, eu quem voltei pra organização, pelas regras dela não fui ao enterro de Serena, mas visitei sua lápide depois que terminei de me recuperar fisicamente. Eu olhava a lápide enquanto a chuva caía, ouvi passos leves.

- Por causa desses motivos que decidi sair, não poderia mais conviver com as mortes. – Era a voz de Afonso, ele se arriscou de vir até mim e ser descoberto só para conversar comigo. – Simon desista da organização, siga o que você planejou, eu consigo forjar sua morte, você pode recomeçar...

- Eu queria recomeçar por ela Afonso, ela tirava fotos tão bonitas, ela só queria viver das fotos que tirava...

- Eu sei, a vida de alguém as margens da lei é assim, a qualquer momento se pode morrer e sempre se verá a morte de outros, infelizmente a morte é invencível... – As últimas palavras de Afonso me fizeram pensar, comecei a raciocinar várias coisas.

- Afonso, já ouviu falar sobre bioengenharia? Se misturássemos ela a nosso DNA zoan?

- Do que está falando garoto? Você não está pensando em... Você está não é? Desista Simon, isso não existe, uma vez feita a passagem não se pode voltar, a morte é definitiva!

- Hoje ela é, mas e amanhã? E se eu tiver os melhores cientistas...

- Você está me assustando Simon! Você está brincando não é? – Afonso me olhava muito estranho, naquele instante percebi que era idiotice, que sentido tinha aquela ideia minha? Eu queria trazer Serena de volta a vida, isso não existe, Afonso tinha razão, mas mesmo acreditando que era insanidade eu tinha uma ponta de esperança, esperança que me fez responder:

- Não vou sair da organização, vou seguir como meu pai queria... Espero te ver de novo algum dia. – Foi a última vez que conversamos em muitos anos.

Aquela ponta de esperança me fez continuar lutando e crescendo na organização, viajei a vários lugares do mundo pesquisando sobre avanços em bioengenharia enquanto realizava minhas missões. Fiz perguntas, consegui respostas, segui falsas pistas na maioria, algumas poucas evidências, nunca fui genial na área então precisava de alguém que fosse. Um dia descobri um nome, através de um informante, Arthur Carvalho Silva Lobos, um cientista nascido no Brasil que tinha várias pesquisas sobre bioengenharia, pesquisando sobre ele descobri que trabalhava para o governo brasileiro desenvolvendo armas contra zoans, armas incrivelmente úteis, diga-se de passagem.

Fui até o Brasil pela primeira vez para procurá-lo, localizá-lo não foi fácil, através de vários subornos e algumas ameaças descobri o lugar onde costumava almoçar, ele estava sentado em uma mesa teclando seu notebook enquanto a comida esfriava, me sentei ao seu lado e o cumprimentei:

- Olá Arthur. – Ele me olhou assustado, obviamente não me conhecia, meu sotaque também chamava atenção. Lhe disse que era um apreciador de bioengenharia e de ciências próximas e que o conhecia por várias pesquisas, lhe perguntei sobre a possibilidade de se ressuscitar um ser humano.

- Ressuscitar, trazer de volta a vida é impossível! Teríamos que restaurar um corpo que já perdeu suas funções, a morte é irreversível! Mas talvez ela possa ser burlada. – Aquelas palavras me interessaram. – Só precisaríamos recriar a pessoa, possível com um processo avançado de clonagem, depois precisaríamos colocar nesse ser as memórias de vida da pessoa que morreu, seria o mais próximo de uma ressurreição. – Ele achava que era possível, ele até desenvolveu uma teoria de como fazer.

- E você acha que poderia fazer isso? – Perguntei eufórico.

- Eu posso fazer qualquer coisa! Eu sou o melhor de todos os cientistas da minha área! Mas infelizmente meu patrão não permitiria...

- Fala do governo desse país? – Ele me olhou curioso, se surpreendeu com o que eu sabia dele.

- Trabalhe para mim e não terá que se preocupar com qualquer limite financeiro ou de leis, pense em todas as possibilidades que posso te dar, comigo você pode qualquer coisa, seu intelecto não será travado por nada.

- Sem limites, isso é mais que tentador, mas não se engane, o que eu te falei hoje é uma situação impossível, só poderemos cogitar alguma das coisas que te falei só daqui a alguns anos.

- Não se preocupe, daqui a alguns anos eu volto para te buscar, tenho uma empresa para cuidar e uma segunda vida como mercenário da Olhos do Destino, conhece? – Os olhos dele brilhavam.

- A organização criminosa zoan? Agora entendo completamente o que você quis dizer com não existência de limites... Quando você voltar me procure senhor... Qual é seu nome?

- Simon, Simon Holfs, eu te procurarei com certeza, aguarde. – Depois de tais palavras me retirei, é engraçado, estava distante de me tornar um general, mas já começava a criar um exército. Ao lado de Arthur eu conseguiria alcançar uma grande equipe, mas somente com ele não chegaria longe, precisava de mais dinheiro e mais poder para alcançar meu objetivo, e com uma mente como a de Arthur a Olhos do Destino nunca questionaria qualquer ato meu. Podia ver meu reencontro com Serena nitidamente após sair daquele restaurante.

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Estava na minha terra, Alemanha, com um conhecido, ex-membro da organização que me ajudou em algumas missões, ele estava debilitado após várias lutas, vivia numa cadeira de rodas há alguns anos. Ele tinha um filho, um garoto genial, ele o treinava para substituí-lo, como meu pai ele queria que seu filho o superasse, diferente de meu pai ele não desejava, necessariamente, que ele se tornasse um membro da organização. Aquele garoto, de nome Kaike Frings, era realmente incrível! Eu queria ele em meu exército, porém ele era novo demais, no momento certo eu o abordaria.

Naquela época, esse meu conhecido me dissera sobre a existência de um assassino no submundo que estava caçando os membros da Olhos do Destino, estava preocupado consigo mesmo e comigo, eu não tinha medo por mim mas ele realmente não conseguiria vencer ninguém na suas condições, eu me ofereci para cuidar de seu filho e seus negócios caso alguma coisa acontecesse, óbvio que tinha meus interesses.

Próximo capítulo: A saga de um mercenário, o exército