Bloody Roar Hellt escrita por Hellt


Capítulo 74
O passado de Tereza: lutar, viver




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Meu nome é Tereza DelVechio, natural de Veneza, mas meu nome de batismo é Radija Ell Shaday, natural de Kabul, desde que me entendo por gente fui ensinada nas mais rígidas doutrinas do alcorão, sempre ostentei meus pilares em Alá e os ensinamentos de Maomé, sempre acreditei que teria um bom marido e um bom casamento.

Quando tinha 14 anos conheci meu marido, um senhor bem mais velho, sempre acreditei no amor daquele homem por mim, no entanto descobri que o amor dele não era perfeito, aquele homem me batia constantemente até quando não infringia as leis do livro sagrado, além de me violentar frequentemente, mas as pessoas acabem se acostumando, no fundo eu sempre pensei que era aquele o desejo de Alá para minha vida.

O dia mais feliz pra mim foi quando minhas duas filhas nasceram, nunca vi meu marido tão feliz, pensei que ele mudaria sua forma de agir mas me enganei e muito, aquele homem não mais batia em mim e me violentava como fazia o mesmo com as meninas. Mesmo com toda minha vida sofrida aquela foi a primeira vez que desejei que Alá levasse a mim e as minhas filhas, eu pensava no porquê delas estarem passando por essa provação.

Naquele dia estávamos em nossa casa vivendo o habitual quando aqueles soldados ocidentais adentraram e dispararam contra minha família, um tiro me feriu no abdômen, estava morrendo com um sorriso no rosto, Alá havia escutado minhas preces, antes de fechar meus olhos vi um ocidental muito alto entrar em minha casa, ele enfrentou os soldados, depois disso eu não vi mais nada apenas o escuro.

Quando acordei meu abdômen estava enfaixado, estava em uma caverna, havia uma fogueira, era noite e aquele homem alto estava a minha frente, me envergonhei ao perceber que não usava meu véu. Ele estava próximo de mim então o peguei e cobri meu rosto, aquele homem me olhou fixo antes de começar a falar comigo.

- Se sente melhor? – Ele disse.

- Meu corpo dói, onde estão minhas filhas e meu esposo? – Eu perguntei.

- Eu sinto muito, não pude fazer nada por eles. – Ele falou com pesar.

- Não sinta, minhas filhas sofreram demais na mão do pai delas, agora estão com Alá no paraíso, queria eu também estar lá... – falei com lágrimas nos olhos, foi quando aquele homem se aproximou de mim, me segurou nos ombros e olhou fixo nos meus olhos.

- Não diga isso mulher! A vida é uma dádiva, não foi plano de Alá que suas filhas morreram, foi obra do homem, um ser ganancioso que usa da palavra de Deus para manipular as pessoas e justificar seus atos, o Deus que nos criou é um ser de amor e não de ódio e ele deseja que vivamos, não deseje a morte mulher! Apegue-se a vida, torne-se forte porque os outros tentarão de destruir! Eu salvei sua vida então não a desperdice...! – Nunca homem nenhum havia falado tais coisas para mim, comecei a refletir, realmente Alá era um deus de amor e não de ódio, então por que guerreávamos tanto? Por que minhas filhas foram tiradas de mim? Alá era perfeito, mas as pessoas não eram.

Naquele instante em que eu pensava homens adentraram a caverna, o olhar assassino estava estampado no rosto deles, aqueles homens se transformaram na minha frente em criaturas que lembravam animais, o homem alto que me salvara também se transformou e matou facilmente aqueles invasores, pareciam que eram inimigos antigos, eu nunca vi nada como aquilo antes.

- Deve ter sido um impacto não é? – Ele me perguntou. – Meu nome é Simon Holfs, temos que conversar sobre muita coisa.

Ele ergueu sua mão me cumprimentando, estava muito assustada mas cumprimentei como os ocidentais fazem, as mãos dele eram quentes e grandes, aquele homem que matava sem hesitar era misterioso e ao mesmo tempo encantador. Nós ficamos naquela caverna uma semana, meus ferimentos se curaram mais rápido que ele imaginava, ele me contou muito sobre criaturas chamadas zoanthropes, sobre organizações e inimigos, no final daquela semana ele se foi, eu fiquei naquela caverna mais cinco dias depois também sai de lá. Ratija havia morrido, a mulher que saíra dali era uma pessoa bem diferente daquela que entrou, era uma mulher determinada a se tornar forte, eu não mais me acomodaria e aceitaria o que diziam ser o plano de Alá para minha vida, eu ia criar meu próprio destino.

Eu decidi me tornar forte por Simon, queria reencontrá-lo e quando eu o fizesse seria forte como o aço! Esse agora era meu motivo para lutar, meu motivo para viver.

Eu caminhei por alguns dias até chegar à fronteira com o Paquistão. Não foi difícil entrar lá, difícil foi sair de lá para o Tibet. Eu decidi aprender a lutar para me tornar mais forte, Simon falou que aprendeu a se transformar treinando artes marciais, então eu faria o mesmo, havia lido em um livro uma vez sobre os professores de kung fu do Tibet e só conseguia pensar em ir para lá.

Minha sorte foi que Simon havia deixado uma quantidade considerável de dinheiro para mim, com dinheiro se consegue muita coisa, documentos falsos, passagens para qualquer lugar do mundo. Eu senti uma alegria muito grande quando cheguei ao Tibet, agora era achar um professor para me ensinar a lutar.

Fiquei trabalhando em um orfanato o que despertou o carinho dos moradores por mim, eles me indicaram quem poderia me ensinar a lutar e a pessoa não recusou me ensinar porque simplesmente eu cuidava do orfanato, existiam pessoas boas no mundo.

Quando comecei minhas aulas percebi que não tinha talento, mas e daí eu poderia compensar com esforço. Treinava muito mais que qualquer pessoa para aprender a lutar, com cinco anos de aula eu consegui superar meu primeiro mestre, aquele homem tinha orgulho de minha força e me indicou outra pessoa pra me ensinar a lutar melhor, uma pessoa que usava armas.

Aquele outro mestre também era muito poderoso, mais forte que o primeiro e mais habilidoso, uma fita nas mãos dele era uma arma monstruosa. Novamente me esforcei como nunca para superar meu mestre, foram mais cinco anos de treinamento para me tornar melhor que ele, foi quando perguntei se ele sabia algo sobre zoanthropes, ele se surpreendeu com minha pergunta, disse que no Tibet não havia nenhum que ele conhecesse mas na China haviam vários, então era para China que eu iria.

Novamente me assustei com quantas coisas se podia fazer com dinheiro, entrei facilmente na China, foi sorte a minha ter guardado metade do dinheiro que Simon me deixara, o problema em si foi achar um mestre zoanthrope, zoans são seres reservados que gostam de sua vida secreta.

Foi uma busca difícil, subornei muitas pessoas até que descobri sobre uma mulher, fui até ela, mas ela não quis me ensinar foi quando contei sobre minha história o que o fez mudar de opinião, acho que até a pior das pessoas sentiria pena de tudo o que passei. Imagino que quando se trata de violência e filhos todas as mulheres são solidárias umas com as outras.

Mais cinco anos de treinamento se passaram e nada de eu conseguir me transformar, já pensava que não era capaz de tal, talvez não fosse Zoanthrope, talvez não tivesse talento para isso, foi quando minha mestra me lembrou de meu passado, eu nunca tive talento para nada, porém passei quinze anos treinando e me tornei melhor que muitos mestres de kung fu do Tibet e da China. As palavras dela me fizeram reerguer em meus objetivos, eu precisava me reencontrar com Simon e estaria forte quando isso acontecesse! Aquela determinação me ajudou a me transformar pela primeira vez, lutava contra minha mestra quando aconteceu. Só que um novo problema apareceu, eu me transformei e um molusco, em uma transformação imperfeita, minha mestra disse que seres imperfeitos são mais fracos que o normal de um zoan, ou seja, teria que me esforçar mais ainda para ser forte!

Passei mais dois anos com a mestra até me tornar mais poderosa que ela, estava pronta para encontrar Simon mas não sabia como, foi quando minha mestra me falou para me tornar uma caçadora de recompensas, no sub mundo existe muita informação sigilosa. Eu precisava me tornar uma criminosa para encontrar Simon.

Eu nunca me imaginei como criminosa, uma pessoa que caça outras, entretanto se era isso que teria que fazer para reencontrá-lo era o que eu faria custe o que custasse, era o meu objetivo de vida, era o motivo porque lutava, o motivo porque vivia e nada ia me parar!

Preview:

Estava quase desistindo de minha busca quando fui atrás de um alvo de uma organização assassina que era conhecida como Olhos do Destino, era um assassino consideravelmente forte, mas nada que pudesse me abalar em meu atual nível. Me lembro de cada palavra daquela pessoa naquele dia:

- Escute, você conhece um zoanthrope que se parece com um bode? Seu nome é Simon. – Falara apontando minha lança para o pescoço dele.

- Simon?! Simon Holfs?! Você fala de Yagi o fauno?! Você quer matá-lo também? – Foi a resposta que recebi.

A alegria tomou o meu íntimo naquele momento, Simon havia se tornado Yagi e por isso não conseguia tantas informações sobre ele.

- Esse mesmo, onde posso encontrá-lo? Fale! - Indaguei em tom ameaçador.

- Ele é líder de uma das divisões da Olhos do Destino, você nunca conseguirá matá-lo, ele é muito mais forte que eu ou você! – Eu finalmente tive sorte, encontrei alguém que conhecia aquele que me salvou além de me dar uma informação importantíssima: Olhos do Destino. Seja lá o que eu fizesse teria que ser objetivando essa organização.

Próximo capítulo: O passado de Tereza: amor


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo mais um pedaço do passado de Tereza..........
Té mais......



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