Acho que fiquei uns cinco minutos ali na porta paralisada. Os gritos continuaram e eu respirei fundo. O Draco tinha pedido para eu ficar lá, mas eu simplesmente não podia. Tirei a varinha das vestes e fui caminhando.

O corredor estava muito escuro e eu não conseguia enxergar nada. Murmurei um “Lumus” e a ponta da minha varinha acendeu, me permitindo enxergar um pouco mais do que antes. Estava tudo vazio, não havia ninguém nos dormitórios. Começei a ficar preocupada.

Caminhei mais um pouco e os gritos foram se intesificando. Desci a escada para o Salão Comunal da Grifinória e o que eu vi lá me fez parar.

Luzes passavam na minha frente como foguetes pelo céu, o barulho dos feitiços ecoava pela minha cabeça, as vozes cansadas das pessoas que os gritavam faziam meu ouvido doer.

Haviam garotos e garotas desmaiados e feridos, outros ainda lutavam, alguns choravam. Não eram só grifinórios, haviam pessoas de todas as casas.

Vi Jaden duelando com um sonserino que eu não reconheçi, Neville com Zabini e Gina com o Draco. Ela parecia muito cansada, quase sem forças. Ele ia acabar matando ela se eu não fizesse alguma coisa.

Corri na direção dos dois sem realmente me preocupar com os feitiços que podiam me atingir. Minha melhor amiga sangrava e tinha machucados por todo o corpo, parecia que ia desmaiar. Senti a raiva tomar conta de mim. Como ele teve coragem ? Eu queria matá-lo! Nojento, frio, sádico, filho da puta! Tomada por um sentimento que eu nunca tinha sentido na vida, olhei para ele transbordando ódio e lançei meu primeiro feitiço de tortura.

Vi Malfoy cair no chão de dor, mas não me senti mal, na verdade senti prazer naquilo. Seus gritos me fizeram rir e Gina me lançou um olhar amedrontado. Gina, eu tinha me esquecido dela.

-Você está bem ?

Perguntei, ajudando-a a se levantar.

-Na medida do possível, mas e você ?

Eu sorri.

-Vem, vamos sair daqui.

Por pura sorte, consegui sair dali sem um arranhão.

-Para onde ?
A ruiva perguntou preocupada enquanto andávamos pelo corredor.

-Não sei. Precisamos de um lugar seguro.

Por coincidência do destino encontramos Neville e Amelie.

-Venham com a gente, só há um lugar seguro agora.

Ele disse.

-Que lugar ? O que está acontecendo ?

Perguntei desnorteada. A verdade é que eu não estava entendendo absolutamente nada (*novidade*).

-A Sala Precisa. É melhor você ver com seus próprios olhos.

Aquilo estava começando a me deixar nervosa. A cada passo que eu dava aquela sensação só parecia aumentar. Quando chegamos lá eu já estava tendo um treco.

A Sala Precisa estava bem diferente de quando eu estive lá no meu quarto ano. Nas reuniões da AD ela sempre estava pronta para o Harry nos ensinar feitiços, mas naquele dia tinham bem mais pessoas, os escudos da Grifinória, Lufa-lufa e Corvinal.

Havia lugar para dormir, livros, poltronas, cadeiras... Tudo menos comida. Mas o mais me impressionou não foi nada disso, foi ver Harry, Rony e Mione conversando com a Luna. Eles estava vivos! Mas o que será que estavam fazendo em Hogwarts ? Aquilo era muito perigoso!

-Harry!

Gritei e corri para abraçá-lo. A multidão que o cercava se dissolveu para me deixar passar.

-Já pode me soltar Lena.

Meu primo disse depois de eu passar uns cinco minutos abraçando ele. O que há de errado nisso ? Saudade mata. Depois de soltá-lo eu começei o momento surtada.

-Espera, o que você está fazendo aqui ? É perigoso, sabia ? E se ele descobrir ? Será não já descobriu ? Tem Comensais por toda a parte aqui! Meu Merlin, e se...

-Calma mamãe, vai ficar tudo bem! O pessoal da Ordem já está vindo, mas eu preciso achar uma coisa. A Luna vai me ajudar, ok ?

-Tem certeza que não é melhor...

-Tenho Lena, agora fica aqui e acalme-se! Ah, e antes que eu me esqueça: feliz aniversário.

Dei um sorriso fraco ao ver o Harry saindo com a Luna. Fazia tanto que nós não nos viamos e ele foi embora tão rápido.

Tinha tanta coisa que eu queria contar para ele, mas haviam algumas que eu só queria esqueçer.

Sentei no chão gelado e fiquei olhando o vazio. Eu estava muito confusa, e confesso que um pouco triste. Vi os membros da Ordem entrando e cumprimentando as pessoas. Acenei para alguns, sem nenhuma emoção.

Em poucas horas, provavelmente começaria uma guerra. Alguns morrereriam e rezava para que eu ou os meus amigos não fizessem parte disso. Eu conseguia ver tudo: a guerra, o sangue, os mortos, as lágrimas e a tristeza. Mas o pior de tudo era saber que eu não podia fazer nada para acabar com aquilo.