_É impressão minha ou você não gostou?_perguntou Lizzie se sentando ao lado de Rachel.

  _ Não é isso. É só que… Com que dinheiro eu vou criar essa criança e onde eu vou deixá-la enquanto trabalho? Sabe, é difícil ter um bebê, é mais complicado do que parece. Não é simplesmente uma coisa fofa que vai sua casa e você fica só olhando e achando uma maravilha. Ter um bebê significa responsabilidade e cuidados, significar ter tempo para cuidar. E eu não tenho nada disso! Eu não tenho sequer onde morar, já que meu apartamento é alugado e eu vou ter deixá-lo até segunda e hoje é… Meu Deus! Hoje é domingo!

Lizzie começou a rir histericamente.

_Nossa! Que amiga legal você! Eu caindo em desgraças e você RI?

Se tinha uma coisa que Rachel não suportava era que rissem de suas desgraças. Ela não ria da dos outros e queria o meu tipo de tratamento.

  _Desculpa…_ disse Lizzie tentando tomar fôlego no meio dos risos._ É só que… É tão engraçado! É como se fosse…_ risos._ É como se fosse uma piada. Esqueci de dizer uma coisa importantíssima e isso é hilário…_ gargalhadas._ Calma, calma. Para. Não respiro!

  E Lizzie voltou a cair na risada, gargalhava com gosto, se contorcia. Rachel não achava nem um pingo de graça.

  _Ah, ah, acho que estou bem._ disse a morena secando algumas lágrimas de riso.

  Sim, você está ótima, pensou Rachel, tem dinheiro e não está grávida. O problema, se ainda não percebeu, é o que eu vou fazer da minha vida. A ruiva quase falou isso tudo, mas conseguiu manter a boca fechada.

  _Bom, Rachelzinha, sabe a casa do seu amado Edward?

  Rachel apenas assentiu, buscando forças para não chorar a menção do nome do noivo morto.

  _Então, Edward não tinha herdeiro, ou pelo menos pensamos que não tinha,_ disse Lizzie apontando para a barriga de Rachel._ Se não tivesse acontecido o acidente naquele dia, vocês teriam se casado, então, decidimos que o que era antes de Edward, agora é seu.

  Rachel achou não ter ouvido direito. Aquela era a melhor noticia do fim de semana. Se bem que ela preferia que Edward estivesse vivo e os dois morassem na rua, mesmo que tivessem que criar o bebê em seu ventre. Mas saber que contava com alguns milhões para cuidar do filho era ótimo.

  A ruiva abraçou Lizzie.

  _Sério? Seriíssimo? Mas isso é maravilhoso! Meu bebê vai ter só o bom e o melhor.

  _Legal, né? Então, o caminhão vai passar na sua casa hoje por volta do meio-dia, para te levar para a casa maravilhosa dele, que, sinceramente, deixa a minha no chinelo, você sabe disso.

  Mas era claro que Rachel sabia, sabia disso melhor do que ninguém. A casa de luxo contava com um sistema ultramoderno de segurança, o que impediu muitas vezes que os dois se amassem no carro dele. A majestosa casa era como um pequeno palácio para Rachel, e agora, era seu pequeno palácio, apesar de não ter um rei, o palácio agora contava com uma rainha ruiva azarada.

Exatamente meio-dia e vinte e dois, o caminhão de mudanças deixou o velho apartamento e levou a ruiva junto com toda a sua mobília para a casa nova.

A ruiva estava tão ansiosa! Achava que não ia conseguir se conter. Dentro de alguns minutos e estariam na Luck Love, a rua perfeita de mansões onde ficava seu pequeno palácio.

Assim que o caminhão parou, ela, sem pensar duas vezes, saiu correndo e tocou a campainha, como já fizera tantas vezes.

_Pois não?_disse a voz pelo microfone.

_É Rachel Williams quem vós fala. E tenho orgulho de dizer, a proprietária dessa maravilhosa mansão!

Risos do outro lado.

_Certo, Srta. Williams.

Com um barulho, a porta se abriu.

_Me chame de Rachel, Jeff._ disse a ruiva para o mordomo.

E com isso, ela entrou correndo na casa e só parou quando estava na sua super sala. Magnífica, fantástica, incrível, muitos eram os adjetivos para descrever aquela sala, na qual ela se lembrava como perfeição quando os dois se amaram pela primeira vez. Era meia-noite, não tinha mais ninguém em parte alguma. Ou será que teria? Ela não tinha certeza, só podia ver o seu moreno.

Sentou suspirando no sofá. Ficou triste. Levou a mão à barriga. Uma vida dentro de si. Isso era empolgante afinal. Perdeu alguém próximo e ganhou uma pessoa para dar todo o seu amor. Não que Edward fosse substituível, não isso jamais, mas agora pelo menos ela contava com o bebê e não estava mais sozinha.

Subiu as escapa e entrou no majestoso quarto de casal de Edward. A cama de casal estava lá como sempre, intocada.

Rachel se deitou naquela cama macia e beijou o travesseiro, fingindo beijar Edward. Depois deixou os olhos se fecharem pesadamente e adormeceu.

No sonho, ela estava em uma pracinha com Edward. Ele e Rachel faziam um piquenique. Ela o amava com todas as forças e ele também, ela sentia.

_Rachel, meu amor.

_Edward…

_Rachel, escute bem, quero que siga em frente, entendeu?

_Eu não posso te esquecer, simplesmente não consigo…_ disse ela, deixando lágrimas escorreram por seu rosto.

Ele enxugou suas lágrimas.

_Não estou te pedindo para fazer isso. Estou te pedindo para não se apegar ao passado. Águas passadas não movem moinhos. Você é uma garota incrível, poderia facilmente encontrar alguém que te ame.

Ela o encarou. Edward era lindo. Perfeito em sua opinião.

_Tchau, foguinho, se cuide…

_Não vá, eu te amo!

_Sinto muito, foguinho, mas preciso…

Ela o observou partir com lágrimas nos olhos, ela o ama, independente de qualquer coisa.

_RACHEL! RACHEL! ACORDA AGORA!

Rachel levou um susto imenso. Lizzie estava do seu lado, sorrindo feito boba.

_Quem te deixou entrar?_ quis saber Rachel, tentando cobrir a cabeça com travesseiros.

_Nossa! Quer dizer que eu não posso mais entrar na casa da minha melhor amiga?_ Lizzie disse falsamente ofendida.

Rachel apenas resmungou.

_Escuta. Você, como a mais nova milionária de Flowers Street, não pode ficar usando esses trapos._ disse ela apontando para a blusa florida de Rachel.

  _Nossa! Obrigada.

  _E sabe o que isso significa?

  _O que?

  _Compras!!!!

  O único shopping de Flowers Street era minúsculo. Depois de passar horas nas únicas lojas boas do shopping, que eram freqüentadas pelas 5 famílias mais ricas da cidade (os Moore, os Smith, os Taylor, os Til e os Lovato), Lizzie e Rachel voltaram para o pequeno palácio de Rachel e Lizzie a fez experimentar todas as roupas de novo.

  _Era para eu respirar?_Perguntou Rachel, prendendo a respiração.

  _Não.

  Ficaram horas naquilo até perto da uma da manhã, quando Lizzie voltou para casa.

  O dia seguinte foi o dia mais difícil para Rachel. Teria que dizer adeus para Edward para sempre. Ele seria enterrado. Colocou um vestido preto que tinha comprado e depois de chorar litros no enterro de Edward, ela voltou para casa, arrasada e destruída emocionalmente.

  Com o passar das semanas, Rachel reentrou com a felicidade. Fez um quarto para o bebê que descobriu ser menina, comprou tudo a que tinha direito e até começou um romance com Charles.

  No começo achou que se relacionar com Charles a prenderia ao passado, afinal, Edward era a copia reduzida de Charles, tirando o cabelo que era mais escuro que o do irmão mais velho.

Mas se enganou, Charles era totalmente diferente de Edward. Era mais musculoso, era menos carinhoso, contudo, ele era mais… selvagem.

Quando estava com um barrigão, perto de completar 9 meses de gravidez, ela e Charles tiveram uma conversa.

_Acho que isso não vai dar certo, Rachel._ Ele começou.

_Eu sempre soube disso. Enxergo em você muito mais um irmão do que um namorado. Sinto muito.

_Não se desculpe. Foi ótimo enquanto durou, me diverti muito, mas acho que precisamos terminar.

_Certo, mas continuamos como quando eu estava com Edward, certo? Eu ainda vou te amar, amo todos vocês. Você, a Lizzie, o Sean, a Patricia, o Gabbe, o Brian e o Steven. Amo vocês como irmãos.

_Também, Rachel. Eu também.

O quartinho da Charlotte (como acabaram decidindo que a menininha se chamaria) era todo verde com detalhes rosas. Por mais que Lizzie falasse, Rachel se recusou a deixar o quarto todo rosa, não queria que o rosa afetasse a cabeça da garota (o que com certeza acontecera com Lizzie). A morena virou mesmo a madrinha de Charlotte, como todos já imaginavam. Então chegou o dia, o dia em que a bolsa finalmente rompeu.