Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 51
A Evolução Beta




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Levi, o primeiro domador que os Domadores Betas encontraram assim que chegaram ao Mundo Digital, havia tomado uma arriscada decisão. Com a destruição do Skullsatamon e a chegada dos três ditadores restantes, o grupo estava prestes a ser dizimado quando o domador da Taomon resolve dar cobertura a fuga do sexteto, mesmo contra a vontade dos demais.

A digimon raposa mística havia criado uma esfera de energia e mandado os Domadores Betas, e seus digimons, para o local mais distante possível enquanto ela dava cobertura enfrentando o trio de ditadores.

João, Davi e os demais domadores estavam transtornados com a atitude suicida tomada pelo garoto negro e sua digimon raposa quando ouvem e sentem o grande impacto causado pela explosão das técnicas dos ditadores. Instantaneamente o escudo esférico que transportavam os domadores e seus digimons se dissolve no ar e o grupo cai, rolando no chão por alguns metros, numa pequena cidade com arquitetura do velho oeste americano.

Aos poucos os humanos e digimons se levantam sem acreditar no que acabara de acontecer. O garoto de barba cerrada sentia-se péssimo. Quando Levi propôs uma fuga, assim que notou a aproximação dos três ditadores, ele foi contra e ironizou sua atitude chamando-o de medroso.

– Desgraçados, como podem ser cruéis a tal ponto - João começa a chorar de cabeça baixa. Suas lágrimas pingavam no chão - Ele não merecia ter esse fim.

Blackwargreymon surge voando no horizonte e pousa a frente dos garotos.

– O que vocês fizeram com Levi e Renamon? – questiona o pequeno digimon redondo de barbatana laranja ao lado do seu domador.

– Você ainda tem alguma dúvida, Betamon? Aquele otário e Taomon pagaram com a vida.

– DESGRAÇADO! – grita Davi completamente transtornado. Cada musculatura do seu rosto tremia - Você não podia ter matado meu amigo!

– Quem você pensa que é para matar uma pessoa? – afronta Rafael.

– Eu sou aquele que vai acabar com cada um de vocês!

João, ainda de cabeça baixa pega seu digivice, que havia caído um pouco distante, e o segura com força.

– Quem vai acabar com você sou eu, seu desgraçado! BETAMON!

O digivice de João começa a emitir uma luz azulada.

Betamon sente uma energia muito poderosa fluir pelo seu corpo e rapidamente é envolvido por um casulo de luz de cor azul.

– Você acabou com a vida do meu melhor amigo. Nunca vou te perdoar por isso. PALMON!

O digivice de Davi, assim como o de João, começa a emitir uma luz azulada.

Palmon, a digimon vegetal que tem grandes olhos verdes e uma enorme flor sobre a cabeça, também sente uma poderosa energia fluir pelo seu corpo e rapidamente é envolvida por um casulo de luz na cor azul.

A intensa luz gerada pela evolução dos digimons ofusca a visão do ditador, que eleva os abraços a altura dos olhos.

O casulo azulado que envolve o pequeno digimon réptil cresce de maneira nunca antes vista pelo seu domador. João e os demais garotos e digimons observavam ansiosos para descobrir qual a forma que o digimon adquirirá.

Já o casulo que envolve Palmon cresce pouco se comparado ao Betamon, chegando a uma altura semelhante à da Angewomon e dos próprios ditadores. Ao se dissolver revela uma linda digimon humanoide com uma enorme rosa vermelha sobre a cabeça, rosa essa que lhe esconde os olhos. Veste um macacão vermelho sem alças e mangas, e que realçam seu farto decote em pele branca. Seus braços vestem luvas vermelhas que vão acima do cotovelo. Botas negras de cano alto, que segue até o meio da sua coxa, finalizam seu visual juntamente com a capa verde presa ao pescoço por um botão de rosa. Ramos de espinhos se cruzam em seu peito e seguem enroscados em ambos os braços até o pulso.

O segundo casulo da evolução também se dissolve revelando a presença de uma serpente maior em diâmetro e comprimento se comparada ao Megaseadramon, chegando a atingir vinte metros. Sua cabeça inteiramente revestida de metal possui um chifre em forma de lâmina, sendo que em seu focinho está alojado um gigantesco canhão de energia. Seu dorso e nadadeiras seguem também com o mesmo metal. Metros antes da extremidade, a sua calda bifurca-se em duas poderosas e afiadas lanças.

Os garotos olhavam impressionados para as novas formas evolutivas de ambos os digimons. Verônica é a única dentre todos que consegue sacar seu aparelho semelhante a um celular para rastrear as informações sobre os novos digimons.

João e Davi fazem o mesmo.

Metalseadramon, um digimon no nível Extremo. Essa grande serpente possui o corpo coberto por um metal muito resistente. Apesar de grande, é muito ágil no céu e no mar. Ataca seus inimigos utilizando-se do grande canhão em seu focinho, a “Corrente Final”.

Rosemon, uma digimon no nível Extremo. É considerada a rainha das flores e consegue surpreender seus adversários no campo de batalha. Sua principal técnica é o “Chicote de Espinhos”.

– Dois digimons Extremos. – pontua o ditador negro - Agora a brincadeira ficará legal!

– Quer dizer que essas são as formas Extremas do Betamon e da Palmon?

– Eu também quero, Carlos!

– Calado, Terriermon!

– Devem estar incrivelmente fortes! – pontua Lúcia abismada.

– Com certeza serão capazes de vencer Blackwargreymon.

O domador loiro grita:

– João! Davi! Acabem com a raça desse miserável!

João e Davi se olham e tornam a encarar o ditador.

– Metalseadramon, destrua esse ditador a todo o custo!

– Rosemon, faça-o pagar caro pela morte do Levi!

Metalseadramon e Rosemon voam na direção do ditador. O olhar de ambos demonstrava determinação e sede de justiça.

– Não é só porque evoluíram mais um nível que irão me derrotar. Tornado Negro.

Blackwargreymon une as armaduras das suas mãos e gira no próprio eixo, formando um poderoso tornado. O ditador avança na direção do Metalseadramon, que rapidamente acumula energia no canhão alojado em seu focinho e dispara:

– Corrente Final.

O digimon serpente metálica dispara uma rajada de energia com alto poder de destruição. Blackwargreymon, com seu tornado, consegue afrontar a imensa rajada de energia e avança em meio a técnica na direção do Metalseadramon.

– Rosemon não o deixe se aproximar do Metalseadramon!

A digimon que possui uma rosa sobre a cabeça acata a ordem o seu domador e faz com que instantaneamente os ramos de espinho em seus braços crescessem como um chicote, o qual ela utiliza para laçar o ditador e fazer pará-lo de girar. Blackwargreymon acaba sofrendo o impacto do ataque do Metalseadramon e é lançado contra algumas casas, derrubando-as.

– Pessoal essa é a nossa chance, - brada a garota de cabelos volumosos para Carlos, Lúcia e Rafael - vamos evoluir enquanto ele está vulnerável.

Antes que os demais domadores pudessem evoluir, João os impede.

– É melhor ficarem fora dessa batalha. Rosemon e Metalseadramon darão conta do recado.

– Mas João, se nós atacarmos todos juntos...

João interrompe a garota negra de cabelos cacheados preso por um palito.

– Não insistam! Não quero que aconteça com vocês o que acabou de acontecer com Levi.

Blackwargreymon se levanta em meio aos escombros.

– É... Tenho que admitir que vocês ficaram poderosos. Mas não o suficiente para me destruir. Forca das Trevas.

O ditador cria uma imensa esfera de energia com as mãos e a lança contra os digimons Extremos.

– Corrente Final.

O ataque do Metalseadramon desvia a técnica do ditador para o céu.

Ao olharem para o local onde o ditador estava, os digimons Extremos percebem que Blackwargreymon havia desaparecido.

– ROSEMON. – grita o garoto de sardas no rosto - ATRÁS DE VOCÊ

Ao olhar para trás, a digimon é atingida por um chute do ditador, que a afasta do seu parceiro de batalha, e cai com forte impacto no chão. Blackwargreymon se aproxima da digimon de Davi e segue golpeando-a com suas garras de metal.

– Metalseadramon, salve Rosemon!

– Não posso disparar, João. Ele está muito próximo da Rosemon.

Blackwargreymon continuava surrando Rosemon que por diversas vezes tentava voar, se afastar e não conseguia. Os gritos e gemidos da digimon faziam todos sofrerem no campo de batalha. Principalmente seu domador, que já estava muito fragilizado com o que acabara de acontecer ao seu amigo e também domador.

– PARA! POR FAVOR!

O grito de Davi ecoa em meio às ruas da pequena cidade do velho oeste americano.

– Me desculpe, João, mas não vou acatar suas ordens. Terriermon use de toda sua velocidade.

– Deixa comigo!

O pequeno digimon de grandes orelhas salta do ombro do Carlos e corre em direção à batalha, evoluindo para seu nível Perfeito.

O ditador se preparava para cravar suas garras no peito da digimon humanoide quando um vulto a retira do local.

O ditador crava uma das garras no chão, ficando momentaneamente preso.

– AGORA, METALSEADRAMON! – grita seu domador com lágrimas de ódio no olhar.

– Corrente Final!

A técnica da enorme serpente de metal rasga o céu na direção do ditador que consegue soltar o braço que estava preso no chão e, para se proteger, retira o escudo preso em suas costas e barra o ataque do Metalseadramon.

– Obrigada por me salvar, Rapidmon! – diz Rosemon voando para próximo do digimon do João – Vamos acabar com ele. Tentação Proibida.

A rosa sobre a cabeça da digimon brilha e ela dispara uma poderosa rajada de luz e pétalas contra o ditador, que passa a sentir dificuldades para barrar ambas as técnicas.

– Precisamos ajudar! – diz Verônica erguendo seu digivice e sendo acompanhada pelos demais.

Angewomon, Insekimon e Weregarurumon se unem ao Rapidmon e disparam em conjunto contra as costas do ditador, desconcentrando-o.

Os domadores dos digimons Extremos percebem que aquela era uma excelente oportunidade e gritam em coro aos seus digimons:

– Potência máxima!

Rosemon e Metalseadramon aumentam a intensidade das suas técnicas. O escudo do Blackwargreymon acaba não suportando tamanha energia e quebra, fazendo com que o ditador recebesse a poderosa descarga e gerasse uma enorme explosão.

João e os demais observavam a batalha quando percebem o enorme flash e, segundo após, a movimentação da grande massa de ar gerada pela explosão avançando de encontro a eles e destruindo tudo o que estava pela frente.

Em meio a nuvem de poeira surgem os seis digimons, que voavam e corriam a uma grande velocidade para alcança-los a tempo. Aquele impacto seria fatal para os humanos. A maioria dos digimons não conseguem manter a alta velocidade e desaparece no meio da poeira. Metalseadramon foi o único a conseguir tamanha velocidade e se aproxima dos seis humanos, abrindo sua enorme boca e prendendo-os dentro dela.

Os garotos sentem o grande impacto da explosão e são lançados em diversas direções dentro da boca da enorme serpente.

João choca-se contra uma das presas do digimon e acaba desmaiando.

O garoto de barba cerrada se levanta lentamente e percebe que estava com novos ferimentos e aranhões pelo corpo. Seu pescoço doía de forma inédita. Por mais que tentasse alongá-lo e movimentá-lo em outras direções e com lentas rotações, a dor persistia. Ao olhar em volta João percebe que a pequena cidade havia sumido do mapa por causa da grande explosão gerada pelas técnicas dos digimons, e em seu lugar havia um deserto muito árido. Os seus colegas e os digimons estavam desmaiados e afastados uns dos outros. Todos eles com ferimentos e hematomas por todas as partes do corpo.

– PESSOAL! – grita o líder dos domadores fazendo um esforço fora do comum para simplesmente poder gritar.

Aos poucos os demais garotos e digimons se levantam. Cada um com sua dificuldade e sua dor.

Verônica percebe que João estava de pé e lentamente se aproxima dele, abraçando-o.

– Conseguimos?

– Acho que sim! – responde.

A garota negra segue caminhando, se aproximando do João e da Verônica, quando nota os óculos do Carlos no chão. Lúcia se abaixa e recolhe o objeto, entregando-o ao garoto de olhos verdes e cabelos bagunçados, que continuava sentado. Terriermon estava ao seu lado.

– Toma!

O garoto, ao perceber o vulto a sua frente, estica uma das mãos e percebe que se tratava dos seus óculos.

– Obrigado Lúcia! Miopia e astigmatismo em uma mesma pessoa não são brincadeira.

– Isso serve pra você ver melhor, Carlos? – prossegue o digimon de pelagem clara e grandes orelhas, enquanto Lúcia caminhava até o João. Agora o pequeno boneco de pedra a seguia.

– Quieto! – responde o garoto – Depois conversaremos sobre isso.

Carlos se levanta, com Terriermon sobre o ombro, e caminha na mesma direção que a garota negra.

Rafael também se aproximava e, ao ver Carlos próximo de si o abraça. O garoto loiro estava com uma das alças da sua regata rasgada e esboçava um sorriso que poderia ser interpretado como um breve momento de felicidade ao ver um dos amigos com vida.

– Cadê Davi, pessoal? – questiona João ao perceber que todos os domadores haviam se aproximado dele, com exceção do garoto ruivo e da sua digimon vegetal de longos braços que se arrastam pelo chão.

– Ali – pronuncia-se Rafael indicando com o dedo, o garoto.

Davi estava sentado na areia, abraçado as pernas e com a cabeça baixa. Palmon estava de pé, ao seu lado.

João não titubeia e caminha o mais rápido que podia até o seu primo.

O grupo o segue.

– Força, meu primo! - diz o garoto, que estava sem o boné, apoiando uma das mãos sobre o ombro do ruivo, que rapidamente ergue a cabeça.

Seu rosto estava com algumas escoriações e um corte no lábio inferior.

– O que eu vou dizer para os pais dele, João? – diz em meio ao choro - Não acredito que deixei isso acontecer. Eu devia ter protegido ele.

Davi se levanta e abraça seu primo. Seu choro era incessante e comovente.

– Não foi sua culpa, Davi. Ninguém teve culpa. Tente se recuperar o mais rápido possível. Ainda temos que destruir Piedmon e Beelzebumon.

– Ele foi destruído? – questiona incrédulo o garoto magro, alto e com sardas no rosto.

– Os Domadores Betas acabaram com ele! – adianta-se Plotmon - Vingamos a morte do seu amigo.

– Infelizmente essa vingança não trará meu amigo de volta.

– Seu não, nosso amigo. – responde Carlos com firmeza - Com a convivência, apesar de curta, acabamos criando um vínculo com todos os domadores que encontramos, principalmente com o Levi. Lembra de quando chegamos a esse mundo? A primeira pessoa que encontramos aqui foi justamente ele. Ele nos protegeu daquele Birdramon e nos explicou tudo aquilo que precisávamos saber. Desde o início ele esteve ao nosso lado e nos ajudou da maneira que podia. Ele não pensou duas vezes antes de arriscar sua vida para que pudéssemos acabar com os três ditadores restantes.

– Pessoal, vamos fazer uma oração para ele. – propõe a garota de baixa estatura e cabelos volumosos - De alguma forma isso pode nos ajudar e ajudá-lo onde quer que esteja.

Todos se põem de cabeça inclinada pra frente. Os digimons, mesmo sem entender do que se trata, fazem como os humanos.

Por aproximadamente um minuto todos ficaram em silêncio.

Aos poucos os domadores seguiam erguendo suas cabeças. Davi é o último a fazer o movimento.

– To me sentido mais confortado, mais leve.

– Que bom, primo! Eu também me sinto assim.

– Nessas horas é sempre bom orar, meditar, procurar um ponto de paz interior. – diz Lúcia - Isso sempre ajuda, e muito, nos momentos mais difíceis.

– Vamos andando, pessoal. – propõe João - Temos mais dois ditadores para destruir.

O grupo inicia a caminhada.

– Preciso de água, João! – pede o digimon réptil caminhando ao seu lado.

– Quando chegarmos a algum local com água, vamos fazer uma parada.

– Será que Bruninho, Guilherme e Victor conseguiram achar os outros domadores? – questiona Verônica aos demais.

– E Antônio? – acrescenta Lúcia - Será que ele conseguiu achar alguém?

– Pessoal, vocês não notaram algo de diferente, não? – pergunta o domador loiro de olhos azuis e musculatura definida.

– Você está falando da Onda Branca que sempre aparece quando um ditador é destruído? – pergunta o domador de olhos verdes atrás dos óculos de armações pretas.

– Exatamente...

– Ela deve ter aparecido enquanto estávamos desacordados.

– Falando nisto, – prossegue a garota que carrega Plotmon nos braços – Metalseadramon foi fantástico em nos proteger dentro da sua boca. Nunca tive tanto medo de assistir uma batalha como tive daquela.

– Nós estávamos muito próximo. – explica Davi – Precisamos nos afastar cada vez mais. Afinal, agora a batalha será entre digimons Extremos.

– Hei, pessoal! – grita Terriermon do ombro do seu domador – Tem alguma coisa se aproximando pelo céu.

Um pequeno ponto no céu segue ganhando tamanho e nitidez a medida de se aproximava do grupo. Minutos após os domadores percebem que se tratava do ditador que eles julgavam terem destruídos com a gigantesca explosão. Blackwargreymon pousa na frente do grupo revelando estar muito danificado. Sua armadura da mão esquerda estava totalmente destruída. O escudo que ele carregava nas costas como asas, também havia sido destruído juntamente com a caneleira da perna esquerda. Um dos chifres sobre sua cabeça havia perdido a ponta além da enorme rachadura do seu peitoral e dos diversos ferimentos espalhados pelo corpo que liberavam bits pela atmosfera.

– Pensaram que seria fácil me destruir? – diz o ditador ofegante - Vejo que a explosão da última batalha também causou alguns danos a vocês.

Os domadores e os digimons se alinham em posição de batalha.

– Vejo que você é idiota demais para não saber a hora em que deve morrer! – diz João com sarcasmo.

Continua...


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