Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 33
O Trovão da Noite Megaseadramon




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João não podia acreditar no que estava acontecendo. Devimon, o ditador com quem Rafael e Davi batalhavam, usava de vários artifícios para se manter vivo. Depois de invocar um grupo de Evilmons e ver esse plano não ser tão eficaz quanto imaginava, e perceber que o domador do digimon com poderes sagrados havia chegado ao local da batalha, resolveu apelar para sua última carta na manga.

Devimon criou uma espécie de circunferência negra e a lançou sobre Patamon e Bruno Soares, absorvendo-os.

– O que você fez com o garoto e com o digimon? – questiona João irritado.

– Juntos vocês são uma pedra no meu sapato – Devimon sorri - Irei separá-los, domadores! Quero ver se continuarão com toda essa coragem.

Os digimons Adultos e Perfeitos que ainda restavam no local, atacam o ditador.

– Garras de Lobo.

– Dragão de Gelo.

– Canhão Flor.

– Picada Múltipla – diz a digimon ema lançando pela boca uma rajada de bombas semelhantes a sua cabeça.

Novamente repleto de confiança, Devimon faz um movimento com a mão direita e cria outra circunferência negra a sua frente, absorvendo as técnicas dos digimons. Com a mão esquerda, o ditador cria outra circunferência, só que agora debaixo do Rafael, absorvendo-o. Antes que o portal pudesse se fechar, o digimon lobo lutador corre até ele e consegue se lançar no seu interior.

Devimon, então, cria um enorme portal embaixo de todos os domadores e digimons, que logo são absorvidos. Durante a queda pelo portal, João, que estava abraçado ao Betamon ainda desacordado, olha em volta e percebe que Verônica também caía segurando a Plotmon nos braços. Todos os domadores gritavam angustiados e abraçados aos seus parceiros digimons. Ninguém fazia ideia de onde eles iriam parar e nem onde estava o final daquela imensa escuridão. Até os digimons que detinham habilidade de voo não conseguiam controlar sua queda. Aos poucos, os domadores e seus digimons iam desaparecendo das vistas de João.

Após um rápido lampejo ao seu redor, o domador do Betamon sente um forte cheiro de fumaça e consegue encontrar terra firme. Uma forte pancada na cabeça o faz desmaiar.

O domador de barba cerrada sente uma forte corrente elétrica atravessar o seu corpo e dá um pulo, ainda se estremecendo.

– Calma João, sou eu! – diz o pequeno digimon redondo de dorso achatado.

– Por que fez isso? Quer me matar eletrocutado? – pergunta o domador irado pegando o boné xadrez que estava no chão.

– Desculpa. Eu te chamava e você não respondia. Fiquei com medo de virar dados.

João sorri com a afirmação do Betamon, que ainda demonstrava preocupação, e sente sua cabeça doer.

– Ai minha cabeça... – o garoto leva a mão à testa – Fiquei com dor de cabeça por sua culpa.

– Por que você está rindo? – pergunta Betamon indignado - Ta fazendo pouco caso da minha preocupação?

– É que os humanos não viram dados como os digimons! A gente simplesmente morre.

– O que é simplesmente morre?

João senta ao lado do digimon de barbatana laranja.

– Os humanos quando morrem precisam de um tempo maior para o corpo se desfazer. Não é tão rápido como os digimons.

– Ah...

– Tem muito tempo que estamos aqui?

– Só sei que quando acordei notei que já era noite e te vi dormindo. Chamei e você não acordou.

– Ai resolveu me dar um choque.

– E funcionou! – sorri – João, por que estamos aqui? Cadê os outros?

– Devimon ficou com medo do domador que tem um digimon com poderes sagrados e nos separou pelo Mundo Digital.

João e Betamon ficam em silêncio por alguns segundos.

– Vamos deixar de conversa fiada e vamos procurar os outros – diz o garoto se pondo de pé - To começando a ficar preocupado com a Verônica.

João pega Betamon no colo e segue caminhando pela estranha floresta que havia sido queimada recentemente. Vários troncos carbonizados, árvores caídas e focos de incêndio povoavam a localidade até desaparecer das suas vistas. A luz da lua cheia iluminava a noite.

– João! – exclama Betamon - Use seu digivice para entrar em contato com Verônica e os demais.

– Boa ideia, Betamon! Não sei como não pensei nisso antes.

O garoto retira o digivice do bolso, escreve uma mensagem de texto e tenta enviá-la a Verônica, porém o aparelho não consegue concluir a operação.

– Não tá completando! Acho que não funciona aqui no Mundo Digital.

– Ou os ditadores devem ter interferido na comunicação entre os digivice.

– Pode ser...

João continua a caminhada até que mais a frente encontra um garoto desacordado ao lado de um digimon cachorro de pele azul com uma faixa vermelha amarrada a testa, e que usa luvas de boxes de mesma cor.

O domador ergue seu digivice na direção do digimon.

Gaomon, um digimon Novato. Esse digimon canino de pelagem azul possui luvas de boxe que aumentam a força dos seus ataques. Sua técnica é a “Pancada Dupla”.

– Ei, menino, acorde!

Luiz Filipe se assusta.

Gaomon também acorda.

– Onde estamos? – pergunta o garoto de cabelo liso.

– Não sabemos dizer... – responde João.

Gaomon olha ao redor e reconhece o lugar.

– Luiz – grita o digimon cachorro - Estamos na Floresta Cinza!

– É muito perigoso aqui?

– Aqui é o reduto de digimons do tipo vírus.

– Como assim? – questiona João.

– Digimons de essência maligna vivem aqui – Gaomon torna a olhar em volta - Estamos em outro continente.

– O QUÊ? Devimon nos separou por todo o Mundo Digital?

– Isso mesmo. Você é o João, né?

– Sim! E esse aqui é o Betamon.

– Eu sou o Luiz Filipe.

– Pessoal vamos dar o fora daqui logo! – propõe Betamon.

– Vamos procurar um local seguro para passarmos a noite.

Os domadores e digimons seguem caminhando até que um torpedo cai na frente do pequeno grupo, lançando-os ao chão.

– JOÃO! Ta tudo bem com vocês? – pergunta Luiz Filipe.

– Estamos. O que foi isso?

– Já descobriram nossa presença...

Um enorme dragão laranja com a cabeça de metal e olhos vermelhos sobrevoava os domadores. Possui garras nas extremidades dos musculosos braços e asas como as de morcegos. Seu corpo é longo e não possui pernas. Seguia afunilando como uma calda até o final.

O domador do Gaomon ergue o digivice para o céu até que o aparelho reage sonoramente e exibe uma imagem do digimon rastreado, além de informações sobre o mesmo.

Megadramon, um digimon Perfeito. Esse grande dragão cyborg das trevas possui dois braços com garras mecânicas e enormes asas. Destrói seus inimigos com o “Ataque Genocida”.

João engole a seco ao perceber que o inimigo é um Perfeito. As únicas vezes que havia enfrentado digimons nesse nível evolutivo estava acompanhado dos seus amigos. Tinha medo de não ser tão eficaz dessa vez.

– João!

O chamado do Luiz Filipe faz João despertar dos seus pensamentos.

– Oi!

– Precisamos batalhar em conjunto para termos alguma chance de fuga.

– Certo! Pronto Betamon?

– Vamos lá Gaomon!

Ambos os digimons são envoltos pelo casulo de luz da evolução.

O digimon dragão urrava como uma fera que espera o melhor momento para atacar.

Seadramon voa na direção do inimigo, enquanto Gaogamon aguardava no chão. João nota a inferioridade do seu digimon frente ao inimigo. Fisicamente, Megadramon era bem maior do que Seadramon.

– Bafo de Água.

Seadramon lança um poderoso jato de água sob forte pressão contra Megadramon, que desvia com maestria e consegue atacar o digimon do João com sua enorme calda, levando-o ao chão.

– Ataque Genocida! – O digimon cyborg abre suas garras de metal e dispara dois torpedos na direção do Seadramon.

– Ventania Espiral.

Com sua técnica, o digimon cachorro de pele azul consegue desviar os torpedos que seguiam na direção do Seadramon.

A enorme serpente azul alça voo novamente e ataca o inimigo com uma cabeçada. Megadramon o segura com suas garras, gira-o no ar e o lança de encontro ao Gaogamon, que havia saltado para ajudá-lo.

Ambos os digimons chocam-se ainda no ar e caem novamente.

O digimon Perfeito torna a lançar sua técnica, atingindo os digimons e gerando uma enorme explosão. João e Luiz Filipe caem tamanha a força da massa de ar deslocada na explosão.

Ao se dissipar a fumaça, João percebe que Seadramon e Gaogamon estavam bastante feridos e perdiam bits por várias partes do corpo.

– Temos que montar um plano de fuga! – dispara Luiz Filipe assustado com a cena.

– Vamos fugir montados no Gaogamon enquanto Seadramon distrai Megadramon.

Os domadores, então, correm até seus digimons e passam o plano de fuga. João e Luiz Filipe montam no digimon cachorro enquanto Seadramon rasga o céu voando na direção do Megadramon. O digimon Perfeito tenta agarrar o digimon serpente, mas ele consegue se esquivar.

– Flecha de Gelo.

Seadramon consegue congelar a cabeça do digimon cyborg.

Mesmo fugindo na direção contrária ao campo de batalha, João sente um aperto no coração. Era como se ele estivesse abandonando Seadramon, seu parceiro, em um dos momentos mais difíceis. Não poderia largar o digimon serpente a própria sorte.

João, sem titubear, salta das costas do Gaogamon e segue correndo.

O digimon rapidamente para de correr e vira-se de costas.

– O que você pretende fazer, João? – questiona o domador de aparência indígena.

– Eu não posso deixar Seadramon sozinho.

Entendo a aflição do domador recém-chegado ao Mundo Digital, Luiz Filipe resolve voltar com o Gaogamon para ajudá-lo. João torna a montar no digimon de pelo azul e retorna ao campo de batalha.

O digimon dragão consegue quebrar o gelo que envolvia sua cabeça e dispara vários torpedos contra Seadramon que consegue se desviar dos primeiros, mas acaba sendo atingido pelos demais e cai extremamente ferido. O digimon Perfeito, então, mergulha com suas garras abertas, pronto para triturar o Seadramon que mal conseguia se levantar e fugir, quando duas fitas vermelhas se enroscam em sua calda. Gaogamon fazia uma força descomunal para segurar o rival.

João aproveita a cobertura dada pelo digimon de Luiz Filipe e se aproxima do Seadramon.

– Seadramon!

A enorme serpente azul de cabeça amarela abre os olhos e nota que seu domador o acariciava.

– Você tem que fugir, João! Megadramon é muito poderoso para mim.

– Não, Seadramon! – diz João com os olhos marejados – A gente já enfrentou muitas coisas juntos. Eu não podia ter feito isso contigo.

– Não se culpe. Dessa vez você fez o certo. Eu não pude te proteger como deveria.

Seadramon lentamente fecha os olhos.

– Seadramon fala comigo! Seadramon...

O grito do domador atrai a atenção do João. Luiz Filipe corria até Gaogamon que estava caído e muito machucado.

– Todos os inimigos da ditadura devem morrer.

Ao visualizar aquela cena de desespero por parte do Luiz Filipe, que estava com seu digimon caído assim como Seadramon, flashes do passado invadem a mente do domador baiano.

João tropeça na raiz de uma árvore e torce o tornozelo.

Carlos para um pouco à frente.

– JOÃO!

O monstro se aproxima de João. Encurralado e sem ter para onde fugir, o garoto se desespera e grita. O aparelho em sua mão emite um ofuscante brilho e dessa luz surge uma esfera de cor verde com uma poderosa lâmina na cor laranja. Essa esfera girava a uma velocidade incrível e atinge o tiranossauro no peito, que urra de dor e se afasta. A esfera, ainda girando, toca o chão à frente de João e gradativamente para de girar, revelando ser um animal de corpo redondo, dorso achatado, pele verde e escorregadia. Em suas costas havia uma barbatana laranja. Possuía uma aparência nada agradável e cascos no lugar de patas.

– Se afaste!

João ainda estava caído e de olhos fechados quando ouve uma voz masculina. O garoto abre os olhos aos poucos e se depara com o pequeno monstro o olhando de maneira feliz.

João se ergue com um salto, estava muito ofegante.

– Quem é você?

– Betamon, seu digimon. A partir de hoje vamos trabalhar juntos.

– Betamon. Dentro do guarda-roupa agora! - diz João de maneira agitada.

– Eu nem acabei de comer... Ainda to com fome.

– Depois você continua - João pega Betamon e o joga dentro do guarda-roupa - Faça silêncio!

O garoto mal termina de fechar a porta do guarda-roupa, quando a porta do quarto se abre.

Após o grito de Plotmon, todos olham em direção a água e veem Betamon sendo lançado para o alto por um digimon de longos pelos lisos e brancos. Possuía também grandes presas que saíam de sua boca e um poderoso chifre.

Betamon cai próximo a areia, para desespero de João.

– BETAMON!

João senta na areia chorando.

– Otário! Quem ele pensa que é? Eu nunca iria perdoá-lo se alguma coisa de mais grave acontecesse com Betamon.

Betamon também chora.

– João, não aconteceu nada de mais! Eu to legal. Agora para de chorar.

João abraça Betamon.

– Eu te protegerei daqui pra frente, certo?

– Somos uma dupla! Um deve proteger o outro.

João retorna a realidade e abraça a cabeça do Seadramon. Estava completamente abalado.

– Me desculpa Beta. Não pude cumprir meu acordo. Eu prometi te proteger e na primeira oportunidade fugi feito um covarde – João enxuga as lágrimas com os dedos – Malditos ditadores. Quem eles pensam que são para decidir quem deve morrer e quem deve viver. EU VOU ACABAR COM TODOS ELES!

Megadramon, que se preparava para disparar seus mísseis na direção do digimon cachorro e do Luiz Filipe, avança até João e Seadramon.

– Saia daí, João! – grita Luiz Filipe.

– NÃO! Eu to de saco cheio desses monstros! Eu não vou descansar até acabar com um por um desses malditos.

O digivice preto brilha dentro do bolso do domador que o retira, intensificando ainda mais o seu brilho.

Seadramon abre os olhos e suas feridas instantaneamente cicatrizam. O digimon passa a levitar atrás do seu domador até ser envolto por um casulo de luz.

Luiz Filipe e Gaogamon olham admirados para o brilho da evolução.

O casulo, após crescer, se desfaz revelando uma enorme serpente do mesmo tamanho que Megadramon. Seu dorso é branco e o restante do corpo vermelho. Sobre sua cabeça havia uma armadura de metal dourado com uma poderosa e afiada lâmina semelhante a uma espada.

Luiz Filipe ergue seu digivice e rastreia informações da nova evolução do digimon.

Megaseadramon, um digimon Perfeito. Essa enorme serpente vermelha tem doze metros de comprimento e possui uma lâmina muito poderosa sobre a cabeça. Sua técnica é a “Lâmina do Trovão”.

– Agora sim! – pontua Luiz Filipe – Agora vamos conseguir destruir esse soldado do Hexágono do Mal.

Continua...


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