Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 16
Gargomon, o Atirador de Elite!




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Carlos olhava admirado o pequeno digimon ganhar tamanho dentro do casulo. Ao se romper, a esfera de luz ofuscante revela um Terriermon bem maior. Suas orelhas continuavam grandes, mas não se arrastavam pelo chão. Seu corpo estava visivelmente pesado, com enormes patas. Usava uma calça jeans folgada e uma cinta com munição de grosso calibre atravessada no peito. Em seus antebraços estavam adaptadas duas metralhadoras, as quais disparavam munição pela palma da minúscula mão de aço.

Carlos ergue seu digivice na direção do novo digimon.

Gargomon, um digimon no nível Adulto. Esse Terriermon grande e robusto não possui nenhuma habilidade com as orelhas, apesar de continuarem enormes. Por isso concentra suas técnicas, “Braço Metralhadora” e “Soco Animal” nas metralhadoras acopladas em seus braços.

Gargomon ergue o braço direito na direção do inimigo. Ambos se encaram por longos segundos até que Gargomon começa disparar. Kentarumon, esperando por uma oportunidade de ataque, corre em torno do oponente forçando-o a girar em seu eixo. O movimento de Gargomon obriga Carlos a deitar no chão, enquanto estilhaços da parede dos prédios ao redor voavam em todas as direções, erguendo uma densa nuvem de poeira. A munição da metralhadora direita esgota e o digimon rapidamente ergue o outro braço e prossegue com os disparos. Kentarumon continuava correndo em círculo. Alarmes dos prédios atingidos disparam e, juntamente com o som da metralhadora, formavam um barulho ensurdecedor. A munição da segunda metralhadora acaba e antes que Gargomon pudesse recarregá-las, recebe um coice e é arremessado por volta de cinquenta metros.

– GARGOMON! – grita Carlos colocando-se de pé.

Kentarumon ouve seu grito e galopa na sua direção. À medida que se aproximava, o centauro espalmava sua mão e acumulava energia no canhão que brotou dela. Faltando poucos segundos para disparar, Kentarumon é surpreendido por um soco do digimon de grandes orelhas. Soco esse que o lança no chão e o faz perder o controle sobre a técnica, que acaba rasgando a parede ao fundo do garoto e derrubando um poste de luz, ocasionando um curto-circuito que deixa toda a região às escuras.

– Você está bem Carlos? – pergunta Gargomon.

– Estou. Agora acabe com ele antes que a polícia chegue!

Gargomon corre até o centauro caído e o prende no chão com o peso do seu corpo, enquanto os tambores das metralhadoras fazem um rápido giro, recarregando-as automaticamente. Gargomon descarrega ambas as metralhadoras no peito do Kentarumon, erguendo uma nuvem de poeira que, ao se dispersar, revela os dados do digimon se dissipando pela atmosfera e uma enorme cratera no chão.

Gargomon regride e corre, saltando nos braços de Carlos.

– Você está bem?

– Estou sim, Terriermon. Graças a você!

– E minha orelha? Ela ta deformada?

Carlos sorri.

– Não Terriermon. Tua orelha continua macia e bonita.

– Que bom! Eu tava preocupado com isso.

– Vamos andando. Daqui a pouco isso aqui estará cheio de policiais.

– Quer dizer que Carlos leu o Arquivo Digimon?

Lúcia conversava com João e Verônica na praça de alimentação de um shopping. Por ser um lugar público e de grande movimentação, Plotmon estava no colo de Verônica fingindo ser um bichinho de pelúcia, Betamon estava dentro da mochila do João, e Gotsumon estava sentado ao lado da sua domadora, fantasiado de Batman.

– João me disse isso ontem amiga. Carlos consertou meu computador na sexta-feira à noite, e como minha caixa postal vive aberta, o arquivo chegou e abriu automaticamente.

– Tem razão. Esqueci de te avisar esse detalhe. Ele abre automaticamente e se for fechado se autodeleta.

– Por isso que eu disse que não tinha recebido.

– Sei... Mas o mais importante é desvendarmos esse enigma.

– Cadê ele? Eu adoro charada! – diz João ansioso, esfregando uma mão na outra.

– João, a parada é séria! – intervém Lúcia.

– Não é porque é séria que vai deixar de ser uma charada – retruca.

– Fiquei sabendo que as aulas foram canceladas.

– Depois da batalha de ontem, as salas próximas à quadra, e a própria quadra, estavam destruídas. Tem gente no colégio que acha que foi um atentado, que jogaram uma bomba lá - João gargalha com a notícia que acaba de dar.

– E por causa disso - completa Verônica - a diretora resolveu antecipar as férias de junho para esse mês. Teremos dois meses sem aulas até tudo ficar pronto! O que me preocupa são as câmeras de segurança de lá.

– Relaxem. Antes de sair, Carlos deu uma passadinha na diretoria.

– E não é que o “quatro olhos” pensa? – João gargalha.

– Eu e Rafael tivemos que forçá-lo a fazer aquilo. Ele é todo politicamente correto. Tremia feito vara verde no meio da tempestade.

– Vocês viram os noticiários ao meio-dia? – pergunta João sério.

– Vi – diz Verônica.

– Se você estiver falando dos prédios metralhados próximo ao colégio de vocês, foi obra de Carlos e de Terriermon – diz Lúcia tranquila.

– Então aquele digimon é mesmo dele? – pergunta Verônica.

– É. Carlos esteve hoje pela manhã lá em casa pra avisar sobre isso. Ele foi atacado por um Kentarumon ontem à noite.

– Nossa! Kentarumon é muito duro na queda! – exclama Betamon.

– Cala a boca Beta! – João dá uma cotovelada na mochila, fazendo o digimon calar – Continua Lúcia.

– Durante essa batalha contra Kentarumon, Terriermon evoluiu e o destruiu com suas metralhadoras. Pra nossa sorte, a queda daquele poste gerou um curto-circuito que queimou várias máquinas, inclusive as do circuito interno dos prédios próximo. A única imagem que eles possuem é a de uma câmera de um prédio bem afastado.

– Eu vi essa reportagem e lá aparece a silueta de duas pessoas: uma magra e, a outra gorda – completa Verônica – Eles levantaram a mesma suspeitam de atentado no colégio para essa destruição. Havia uma enorme cratera na rua e as fachadas dos prédios estavam estilhaçadas.

– Pois é amiga. Essa pessoa gorda é na verdade a evolução de Terriermon. Ele tem duas metralhadoras. Por isso que a destruição em frente aos prédios foi enorme.

– Mais uma vez Carlos deu sorte!

– João – avisa Lúcia – Os digimons são de importância nossa! Independente de quem quer que seja, nos cinco temos que ocultá-los a todo o custo.

– Pelo visto alguém não entendeu esse lance de ocultá-los a todo custo – diz João indicando com a cabeça.

Carlos caminhava pelo shopping carregando Terriermon nos braços como se fosse um bichinho de pelúcia. Rafael estava ao seu lado segurando Gabumon pela mão, sem nenhum tipo de disfarce. Os domadores conversavam tranquilamente. Algumas crianças e adultos olhavam Gabumon com certa estranheza e curiosidade.

– O que Rafael pensa que está fazendo? – exclama Verônica indignada.

– Ontem eu não briguei, mas hoje eu vou! – diz João com sorriso na voz – Agora tenho um bom motivo.

– Por favor, não faça isso! – diz Lúcia tentando acalmar o garoto.

– Por que não! A dupla dinâmica passou dos limites ontem e quer colocar tudo a perder hoje.

– João esquece isso! Lembra que Lúcia disse que nós cinco temos uma missão?

– Eles que começaram. Agora aguentem as consequências.

– Por favor, João, deixa que eu resolvo o problema. Rafael não está pra brincadeiras. Ele está com muito ódio de você e de Verônica.

– Ódio de mim? – pergunta Verônica surpresa - O que eu fiz para aquele palhaço!

– Ele disse que você não deu o devido valor aos sentimentos dele, e que ta com João só para humilhá-lo.

– Quer dizer que eu sou obrigada a namorá-lo só por que ele quer. Pois ele vai me ouvir agora!

Verônica se levanta da mesa na compania de João e Lúcia e passa a seguir os garotos, que não percebem absolutamente nada. A todo o momento a domadora carioca tentava convencê-los do contrário. Tanto João quanto Verônica estavam cegos de raiva. Os últimos acontecimentos haviam se tornado a gota d’água.

– Verônica esquece isso!

– Rafael vai me ouvir Lúcia. Ah se vai!

– Se a intenção era me tirar do sério. – diz João - Vou parabenizá-los pessoalmente.

Lúcia, Verônica e João continuam seguindo Carlos e Rafael. Agora os garotos caminhavam na direção do estacionamento.

Carlos e Rafael entram no carro preto e preparavam-se para sair quando são surpreendidos pelo João, que bate com os punhos no capô.

– Meus amigos, que surpresa boa!

Rafael sai do carro espumando de raiva, e avança na direção do João com os punhos cerrados, quando Lúcia entra na sua frente e o contém.

– Para Rafael!

– Me larga Lúcia! Eu vou ensinar uma lição a esse otário! Quem ele pensa que é pra socar o capô no meu carro?

Verônica se aproxima de João, enquanto Carlos contorna o carro na direção do Rafael.

– Por que você ta expondo Gabumon desse jeito? – pergunta João.

– Por que ele parece uma criança fantasiada! É mais fácil acreditarem que seja uma criança fantasiada, do que acreditar em um digimon, seu idiota!

– Rafael, violência não vai adiantar em nada!

– Quer dizer que você está do lado deles, Lúcia? – pergunta Rafael.

– Já te disse que eu não estou do lado de ninguém!

– Se não está do nosso lado, não é nosso amigo.

– Quer dizer que Vossa Majestade me odeia, só por que levou um fora? – pergunta Verônica sorrindo.

– Você é passado garota!

– Então por que não tira da cabeça essa ideia louca de vingança? Eu e João não temos culpa de nada! E também, essa briga de João e Carlos já rendeu demais.

– Eu não tenho culpa se vocês dois são dois traíras, falsos, que aproveitaram a primeira oportunidade para me apunhalar – diz Carlos irritado.

– Eu já tentei te explicar...

– Não quero mais ouvir suas explicações sem fundamentos – interrompe-a.

– Vamos parar com isso galera! Já disse que precisamos trabalhar juntos!

– Juntos? - Carlos pensa por alguns instantes no que Lúcia acabou de dizer - Tudo bem. Você diz no que é que precisamos trabalhar. Se for algo realmente importante, nós ajudaremos. Eles para um lado, e nós para o outro. Nada de trabalhinho em equipe.

– Nossa como você está chato! – exclama João.

– Olha quem fala...

– O casal nhênhênhê! – completa Rafael sorrindo de maneira provocativa.

– To de saco cheio das ironias dos dois - Verônica sorri de “canto de boca” – João, vamos acabar com a felicidade deles?

– Só estava esperando você convidar!

– Gente, por favor! – Lúcia tenta atrair a atenção dos garotos, sem sucesso.

Betamon sai da mochila enquanto Plotmon pula no chão. Gabumon e Terriermon passam a encará-los.

– Nem pensem em participar dessa briga!

– Não se preocupe Gotsumon, garanto que será rapidinho – diz Betamon.

– Quando você menos esperar, terá acabado – completa Plotmon.

– Vocês preferem aqui mesmo ou em outro lugar? – continua Rafael, agora mais calmo.

– Prefiro sem plateia.

– Ta de carro?

– To!

– Me siga.

Rafael e Gabumon, Carlos e Terriermon, entram no carro e saem do shopping rapidamente. João e Betamon, Verônica e Plotmon, Lúcia e Gotsumon, saem logo em seguida no Corola dirigido por João.

– Isso é loucura! – Lúcia seguia preocupada enquanto João estava colado ao carro de Rafael, que desenvolvia uma grande velocidade.

– Eu sei que é – concorda Verônica - mas se não for assim, nunca mais vou ter sossego na minha vida!

– Prefiro batalhar e acabar logo com isso! Carlos ta passando dos limites.

– Mas gente, nós estamos do mesmo lado!

– Avise isso a eles. Por que eu e João não queremos brigar.

Rafael e Carlos estavam encostados ao carro no meio do vale de uma pedreira desativada, quando os demais chegam e estacionam ao lado.

– Pensei que fossem amarelar! – diz Rafael.

– Nunca! – diz Verônica sorrindo - Vim te fazer engolir esse seu ódio por mim.

– Carlos, Carlos, Carlos...

– É João! Vamos ver se você é tão bom quanto pensa ser.

Continua...


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