Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 17
Batalha em Dupla




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Lúcia e Gotsumon olhavam apreensivos a maneira como Verônica encarava Rafael, e como João sorria de maneira provocativa para Carlos. Seus digimons também se observavam esperando o mínimo sinal para poder atacar.

– Pessoal, por favor. Vamos dialogar!

– Que mané diálogo! – retruca Rafael – Seus amiguinhos de caça à digimons não sabem o que é isso!

– Vocês vieram aqui pra me olhar, ou para batalhar e assim resolvermos essa idiotice de uma vez por todas? – pergunta Verônica prendendo o cabelo atrás da orelha.

Carlos e Rafael se olham e sorriem para a garota.

– Primeiro as damas – insiste Carlos.

– Como quiser – Verônica saca seu digivice amarelo – Plotmon!

O digivice brilha, levando Plotmon a evolução. Carlos, Rafael e João a acompanham no movimento, sacando seus respectivos digivices que também brilham. Terriermon, Gabumon e Betamon evoluem.

– Parem, por favor – grita Lúcia desesperada, tentando reverter à atitude dos amigos.

– Lúcia, se acalma. Infelizmente não podemos fazer nada! – conclui Gotsumon.

– Tente impedi-los!

– Quatro contra um? Não temos chances.

Tailmon avança em Garurumon e Seadramon ataca Gargomon.

– Soco de Gato.

Garurumon se esquiva com um salto e aplica um coice, levando a digimon gato ao chão.

– Soco Animal.

Gargomon avança correndo com sua metralhadora direita envolta por uma energia verde. Seadramon levanta voo, desvia do ataque e se enrosca no corpo do digimon de Carlos, apertando-o.

– Ainda está em tempo de desistir – diz João.

– Nunca. GARGOMON!

Gargomon consegue livrar uma das mãos e dispara uma rajada de tiros na cara do digimon serpente, que se vê obrigado a soltá-lo. Com um rápido movimento, o digimon de grandes orelhas consegue segurá-lo pela calda e o gira no ar, arremessando-o contra a imensa parede da pedreira. Com o impacto, algumas pedras rolam e caem sobre o digimon de João.

– Seadramon... – balbucia João incrédulo.

Carlos começa a gargalhar ao ver a cara do garoto.

– Ora seu...

João parte para cima de Carlos e antes que conseguisse lhe aplicar um soco no rosto, Gargomon interfere com a metralhadora erguida na sua direção, forçando-o a parar.

– Se afaste de Carlos!

João se mantém estático de mãos erguidas, até que Seadramon surpreende os garotos com uma cabeçada no Gargomon, afastando-o. Seadramon se desloca até o local onde o oponente estava caído, deixando o caminho livre para seu domador.

– Braço Metralhadora – dispara Gargomon já de pé, antes que Seadramon se aproximasse ainda mais.

– Bafo de Água.

Ambos os ataques colidem no ar, gerando uma explosão. Em meio à nuvem de poeira que surgiu entre os digimons, Garurumon é arremessado de costas e também se choca contra a pedreira. Tailmon parte em alta velocidade, correndo de quatro patas, seguindo o mesmo trajeto feito pelo seu oponente. Ao cruzar por completo a nuvem de poeira, Tailmon visualiza Garurumon já de pé e lançando sua “Rajada Uivante” que, por pouco, não a atinge, já que a digimon gato conseguiu um forte salto seguido de uma cambalhota.

– Soco de Gato.

Agora, de uma grande altura, Tailmon mergulha com suas patas dianteiras unidas e rasgando o céu como um foguete. Garurumon dispara na sua direção, mas com a grande velocidade desenvolvida, Tailmon mesmo atingida, consegue perfurar a rajada de fogo azulado do digimon lobo e o atinge no focinho, fazendo com que se esbarrasse novamente contra a imensa parede de pedra.

– Garurumon cuidado! – grita Rafael.

Tailmon se aproxima de Garurumon e é surpreendida pela imensa pata do rival, que a esmaga pelo tronco, prendendo-a ao chão.

Verônica observava a batalha entre Garurumon e Tailmon quando uma mão lhe segura com força o braço.

– Isso aqui não é local para garotinhas como você – diz Rafael ao pé do ouvido.

– Vai procurar sua turma, seu almofadinha! – Verônica se livra do garoto com raiva - Eu soube domar minha parceira muito bem. Seu digimon não é páreo para ela.

– Veremos...

Garurumon pressiona Tailmon contra o chão. Tamanha é a força aplicada pelo digimon lobo que o chão acaba cedendo, provocando uma depressão no local onde estava Tailmon. Com um rápido movimento, Garurumon retira sua pata e dispara uma forte “Rajada Uivante”, que a atinge por alguns segundos. Segundos esses, intermináveis para Verônica, que presenciava tudo ouvindo a gargalhada de Rafael. Tailmon, mesmo ferida, segue dando cambalhotas até se afastar do rival, aproximando-se de João, que estava com Carlos entre suas pernas e socando-o muito.

Gargomon, mesmo muito ferido e após se livrar de Seadramon por alguns instantes, vê seu domador ser golpeado e corre para ajudá-lo.

– Saia de cima dele!

Rapidamente Seadramon enrosca sua calda na perna de Gargomon, levando-o ao chão.

– Me solte!

– Você não pode ferir os humanos. Eu sou o seu verdadeiro problema.

– Braço Metralhadora.

O digimon de grandes orelhas, mesmo caído, dispara de ambas metralhadoras contra Seadramon, que lança sua “Flecha de Gelo” para se proteger da investida.

Um verdadeiro caos está instaurado. Enquanto os digimons digladiavam-se, seus respectivos domadores seguiam num embate verbal e, no caso de João e Carlos, físico.

Lúcia observava tudo de mãos atadas. Tanto ela quanto seu digimon, olhavam abismados os digimons se trucidarem, enquanto seus domadores seguiam pelo mesmo caminho.

– Gotsumon. Eu não suporto mais ver isso!

– Lúcia, queria muito poder ajudar, mas não sei o que fazer.

Num salão de paredes inteiramente feitas de pedra, havia uma gigantesca mesa de madeira com dois castiçais em seu centro e dispostos ao seu redor seis tronos do mesmo material e completamente idênticos entre si. Em uma das extremidades dessa mesa, havia um ser que em meio à penumbra, observava toda a movimentação dos cinco domadores através de uma espécie de janela proporcional ao tamanho das mobílias e paredes do lugar. Uma mão, a qual se misturava ao ambiente por conta da sua cor a não ser pelos dedos grandes e vermelhos, acariciava o ombro de quem estava sentado no trono de frente para janela.

– Esse domador saiu melhor que encomenda! Com ele, tudo ficará mais fácil.

– Gente! Parem, por favor! – grita Lúcia incansavelmente. Lágrimas rolavam em seu rosto.

– Lúcia. Não gosto de te ver chorar!

– Gotsumon. Acho briga a coisa mais estúpida do mundo. Quer saber? Vou embora!

– Pra onde?

– Pra casa!

– É longe pra ir de pé.

– Vamos pegar um desses carros e ir embora. Só não quero mais presenciar essa selvageria.

Lúcia segue até o Corola e, ao sentar no banco do motorista, uma lembrança não muito remota lhe invade a mente.

Lúcia cochilava na poltrona do avião quando uma pequena turbulência a faz acordar assustada. Em menos de um minuto o avião se normaliza e a garota, que perdera o sono por conta do susto, olha pela janela da aeronave. A alguns quilômetros, ela nota que dois pontos voavam paralelamente. O ponto que seguia mais atrás dispara uma semicircunferência verde, que rapidamente colide com o objeto que estava na frente, fazendo-o desaparecer. Discretamente a garota puxa seu digivice de dentro da blusa, já que o carrega pendurado ao pescoço por um cordão, e vê que o aparelho indicava que aquele OVINI é, na verdade, é um digimon.

– Já sei! – grita a garota assustando o boneco de pedra que acabara de se sentar no banco do carona.

– Que foi?

– Há uma grande possibilidade de existir outro domador aqui na Bahia.

– Sério isso? – pergunta Gotsumon incrédulo.

Lúcia sai do carro de João e corre até o carro de Rafael. Lá dentro, no banco de trás, a garota retira o notebook de Carlos de dentro da mochila e o coloca sobre o capô do carro.

Gotsumon a segue, curioso.

– O que você vai fazer?

– Vou conectar meu digivice, com esse cabo, ao computador e tentar localiza o outro domador. O alcance do digivice é limitado, mas se o conectarmos a internet, ele consegue se expandir por todo o planeta.

– Isso veio no Arquivo Digimon?

– Exato!

Enquanto Lúcia seguia com seu plano de localizar o suposto domador, Gotsumon observava os digimons batalhando entre si e vê que João e Carlos seguiam no embate corporal.

– Lúcia, me deixar ir separar João e Carlos. Eles vão acabar se matando.

– Conto com você!

Gotsumon avança a toda velocidade, desviando-se de Gargomon que foi lançado pelo Seadramon e por pouco não o atingia, até conseguir segurar João pela cintura.

– Já não basta seus parceiros estarem brigando?

– Me solta Gotsumon! – ofega João tentando se livrar - Eu vou quebrar a cara dele!

– Vocês dois estão com a boca sangrando. Querem mais o quê?

– Gotsumon – diz Carlos também ofegante – Tira ele daqui se não vou deixá-lo de binóculo.

Após tentar por incansáveis cinco minutos conectar-se a internet, finalmente Lúcia consegue. Ela acessa vários arquivos e pastas do aparelho roxo, e com isso consegue executar um programa que ativa um rastreador de digivices. O programa começa a fazer um rastreamento em todo o território baiano. A domadora carioca estava com muita esperança de encontrar outro domador, o possível domador ou domadora do digimon que ela avistou quando fez a viagem até Salvador.

Enquanto o rastreamento não mostrava nenhum resultado, Lúcia observava os digimons dos seus amigos duelarem e isso lhe deixava com uma enorme sensação de culpa.

– Tomara que eu encontre outro domador. Não posso deixar essa infantilidade atrapalhar nossa missão.

Enquanto aguardava uma resposta do digivice, Gargomon e Seadramon continuavam batalhando.

– Você é duro na queda – diz Gargomon ofegante e bastante ferido.

– E você, para um baixinho, é muito forte!

– Vou lhe mostrar o que o baixinho é capaz de fazer.

Gargomon estende seus braços na direção da enorme serpente, e gira o tambor das suas metralhadoras para recarregá-las. Seadramon dispara uma rajada de água sob alta pressão pela boca, enquanto Gargomon disparava sua artilharia contra ele. O embate segue por alguns segundos até que Seadramon rapidamente levanta vôo, para atacá-lo por cima. Ao fazer isso, Lúcia entra na rota dos disparos de Gargomon que logo cessa o ataque, mas não podia fazer nada para impedir os disparos já efetuados.

– LÚCIA! – grita Verônica tentando alertá-la.

Ao virar-se de costas, Lúcia percebe que uma das técnicas seguia em sua direção.

Continua...


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