Digimon Beta - E o Hexágono do Mal escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 15
A Grande Batalha de Terriermon




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/15763/chapter/15

As últimas horas foram de grandes revelações para os domadores. Carlos partiu em defesa do ingênuo Terriermon e, quando pensou que tudo estava acabado, foi acobertado pelo Gabumon. Rafael revelou-se como domador do digimon que, até pouco, todos acreditavam pertencer ao Carlos. Já sozinho, após erguer o digivice azul, Carlos constatou que Terriermon era, de fato, seu digimon.

Sem tempo para comemorações, a nova dupla estava frente a frente com um inimigo em potencial.

– Não consigo ver direito. Ele está muito longe – diz Carlos forçando a visão.

Terriermon estava muito assustado sobre o ombro do garoto.

– Ele é enorme! Com certeza é um adulto.

Carlos, notando o nervosismo do pequenino, impensadamente dá meia-volta e corre. Em meio à agitação da fuga, Carlos ouve um relinchar e em seguida, sons de galope. O garoto dobra a esquina.

Terriermon segurava com força em seu cabelo.

– O que você ta fazendo?

– Tentando dá o fora daqui!

Um vulto ultrapassa domador e digimon, parando na frente deles. Tratava-se de um ser híbrido, uma mistura de humano e cavalo. Seu tronco e braços eram musculosos; Suas patas e corpo de cavalo eram fortes e com uma longa calda preta. O centauro usava um capacete de metal que apenas evidenciava seu único olho, vermelho em chamas, e sua boca. Algumas tubulações saíam de suas costas, ligando-se a metade quadrúpede.

Carlos para abruptamente quase derrubando Terriermon, e aos poucos segue se afastando de costas.

– Parece que meu plano não deu muito certo.

– Nem um pouquinho – completa Terriermon.

Da palma da mão direita do centauro de pele morena, brota um canhão que dispara uma grande quantidade de energia. Carlos se joga no chão, juntamente com Terriermon, para se desviar do ataque que acaba acertando um prédio próximo.

Betamon e Plotmon brincavam na areia da praia enquanto seus domadores conversavam debruçados sobre um pequeno muro que divide a faixa de areia do asfalto da avenida.

– Me surpreendi com Carlos hoje – diz Verônica.

– Somos dois. Até entendo ele ter brigado comigo. Agora te tratar daquela maneira...

– Será que Rafael conseguiria influenciá-lo a tal ponto? Sempre tivemos uma ótima relação. É a primeira vez que discutimos assim.

– Carlos é inteligente e ta se deixando influenciar pelo Rafael que, com certeza está puto da vida por causa do nosso namoro – João sorri.

– Algo que nem existe! – Verônica também sorri - Olha, vamos mudar de assunto e falar de coisas mais interessantes.

– Tipo?

– Arquivo Digimon! Que informações será ele contém?

– Tenho que te confessar uma coisa: Carlos viu quando esse arquivo chegou ao seu computador e me disse!

– Cachorro! Eu ainda fui conversar com vocês no sábado pra perguntar se ele tinha visto algo, por que minha caixa postal fica aberta a todo o momento no meu computador, e ele negou na cara dura.

– Ele também disse que as poucas linhas que ele conseguiu ler, falava sobre algo que você não poderia contar pra ninguém, um mundo paralelo e forças desconhecidas.

– Isso Lúcia já tinha me adiantado. Eu já vasculhei toda a máquina e não achei nada! O arquivo deve ter se autodeletado.

– Ela te mandou também três fotos: A primeira de dois planetas do mesmo tamanho, um é a terra e o outro eu nunca vi.

– Deve ser o Mundo Digital! – afirma a garota.

– Outra do seu digivice. A terceira é uma foto sua abraçada à Plotmon.

– Eu e Plotmon abraçadas? Impossível! Nunca tiramos fotos juntas.

– Certeza?

– Claro! Pra que eu iria tirar uma foto com Plotmon? Pra alguém acabar vendo?

– Se for uma montagem, foi bem feita!

– Mas quem iria fazer...

A reação dos digivices preto e amarelo interrompe a conversa.

– Dispenso essa diversão! – diz João pressionando um botão para anular o som emitido pelo aparelho - Deixo pro Rafael e Lúcia.

– A dupla dinâmica do amor deve ter ido atrás desse digimon! – diz Rafael de maneira irônica anulando o som do seu digivice de cor vermelha e jogando-o sobre a cama.

Lúcia o observava se despir da camiseta branca.

– Não mude de assunto Rafael! Por que você não me contou que também era domador? Você viu meu digivice no dia que cheguei.

– “É uma marca coreana. Meu ex que me deu de presente” – diz o garoto imitando a voz de Lúcia e caindo na gargalhada – Você não sabe a força que fiz pra não rir no dia!

– Podemos levar esse assunto a sério?

– Tudo bem. – Rafael se aproxima de Lúcia. Estava sério. - Eu não te contei nada por que queria segredo!

– Segredo comigo? Eu também sou domadora.

– Segredo com João, Verônica e Carlos. Assim ficaria mais fácil dar o troco. E também, eu só dei as caras por que Garurumon corria perigo.

– Dar o troco? – insistia Lúcia – Vocês nunca tiveram nada! Para com essa obsessão, isso só te faz mal.

– Minha vingança não é só por isso. Existem outros motivos. Pra te ser sincero, hoje eu sinto puro desprezo por ela.

– Se você a despreza é por que o amor que você sentia se transformou em ódio. Ela ainda mexe com você.

– Eu não a amo mais! – diz Rafael visivelmente irritado.

– Como é possível uma pessoa mudar o que sente de uma hora pra outra?

– Na boa? Muda de sexo e vira padre!

– Tem certeza de que você não gosta mais dela?

– Minha resposta vai mudar algo entre a gente?

– Óbvio! Não faz meu tipo pegar homens que estão comigo pensando em outra!

– Então fique tranquila. Depois da discussão de hoje à noite, tudo caiu por terra.

– Assim espero... Não quero ninguém do meu lado com “dor de corno”. - Rafael não gosta do comentário e a segura com força pelo braço. - Ta me machucando! – grita Lúcia.

– Acho bom você esquecer esse assunto! Não tolero esses tipos de piadinhas.

– Ta bom, não está mais aqui quem falou.

Rafael a solta.

– Você vai apoiar Carlos e eu, ou os traidores?

– Que traidores que nada! Não vejo razão pra você tomar parte nessa briga. Se eu desconfiar que você esteja querendo prejudicar João e Verônica, serei obrigada a dar com a língua nos dentes.

– Tenta interferir nos meus planos que você verá o que te acontece!

– Isso é uma ameaça?

– Entenda como quiser. Agora se me der licença...

– Gotsumon. – chama a garota – Vamos indo pro nosso quarto.

Gotsumon sai da varanda, onde estava com Gabumon, e acompanha sua domadora.

Terriermon usava de toda sua agilidade para se desviar das constantes pisadas que o centauro investia em sua direção. Carlos conseguiu se afastar e olhava atentamente a batalha. Precisava fazer algo para ajudar o pequenino digimon.

– Esse digimon é muito rápido!

– CARLOS! – grita Terriermon, que havia saltado sobre o centauro e segurava com força em suas tubulações – Tenta rastrear algo com seu digivice, assim como os outros humanos fizeram quando Gabumon apareceu.

Carlos logo retira o digivice do bolso e, ao simples movimento de erguê-lo na direção do digimon, que pulava como louco numa tentativa de se livrar do Terriermon, o aparelho apita, exibindo a informação ao lado da imagem do digimon.

Kentarumon, um digimon no nível Adulto. Esse centauro de corpo robusto é determinado e extremamente territorialista. Consegue gerar fortes tremores de terra com suas patas dianteiras. Sua técnica é o “Raio Solar”.

– E ai? – grita Terriermon.

– Nada que nos ajude! Ele se chama Kentarumon e consegue gerar terremotos com as patas dianteiras.

Kentarumon consegue se manter sobre suas patas traseiras e se desloca de costas com força, esbarrando-se contra uma coluna de concreto, forçando Terriermon a soltá-lo.

– Terriermon! Você precisa atacar também.

Terriermon abre os olhos e, ao perceber que seria atingido por uma forte patada do digimon centauro, rola pelo chão, se põe de pé e toma distância a uma grande velocidade. Suas orelhas tremulavam quando ele se vira para Kentarumon e dispara:

– Fogo Ardente.

A rajada de energia atinge o único olho do oponente, deixando-o desorientado.

– Isso Terriermon!

Kentarumon então posiciona o braço esquerdo para se proteger e espalma o direito na direção de Terriermon.

– Raio Solar.

A técnica do centauro avança na direção de Terriermon que consegue se desviar, mas é atingido pela força da explosão, que o lança no chão. Kentarumon se aproxima e, antes que o pequeno digimon conseguisse se levantar, pisa em uma de suas orelhas, prendendo-o.

– Aí minha orelha! Isso dói se você não sabe!

– Os inimigos do Hexágono devem morrer! – brada Kentarumon espalmando sua mão. O canhão que saía dela, pressionava a cabeça de Terriermon contra o chão.

– Precisamos conversar com Lúcia! – diz Verônica - Ela tem que nos mostrar esse tal Enigma.

– Adoro Enigmas! Você conhece a charada de Einstein? – pergunta João. Ele e Verônica seguiam conversando enquanto observavam as marolas arrebentando na praia.

– A charada que tem as cinco casas, cada casa tem um dono de nacionalidade diferente, bebida diferente, animais diferentes...

– Essa mesma! – interrompe-a.

– Você conseguiu achar a resposta? Einstein disse que somente 2% das pessoas seriam capazes de resolvê-la.

– Não. Mas fica o convite. Duas cabeças pensam melhor do que uma.

Verônica gargalha.

– Quando você me perguntou, jurei que tivesse conseguido! Você é hilário – a garota olha as horas no seu digivice – Sete pra meia-noite. Vamos indo?

– Calma. Temos um assunto pendente.

– Qual?

– Este!

João a encurrala contra a mureta e a beija. Verônica esperava por esse momento há muito tempo. Por mais que não admitissem, era evidente que a convivência acabou tornando-se o cupido desse casal tão diferente.

Com quase um minuto de beijo, ela o empurra.

– Foi tão ruim assim? – pergunta o garoto, arrancando outro sorriso dela.

– Foi maravilhoso seu bobão! Só que está muito tarde. Me leva em casa.

João caminhava até o melhor local para chamar Betamon e Plotmon, quando Verônica o surpreende e o beija loucamente. Estavam sedentos de vontade de beijar um ao outro. Um carro que passava pelo local buzina, e as pessoas no seu interior começam a grita, em comemoração a ousadia do casal.

Verônica se afasta sorrindo.

– Agora sim podemos ir!

Carlos se desespera ao perceber que Terriermon estava em apuros. Agora conseguia traduzir o sentimento que motivara João a discutir consigo na praia. Era um forte vínculo, como se conhecesse o digimon há anos. Por mais que não quisesse brigar, Terriermon estava naquela situação por conta dele. A partir de agora teriam que trabalhar em dupla.

O garoto pega uma pedra que estava próxima de si, por conta da recente explosão no asfalto, e a lança contra Kentarumon. O digimon volta seu olhar para o humano.

– Destruirei todos os que se opuserem a ditadura.

Kentarumon aponta seu canhão na direção de Carlos.

– CARLOS!

O grito de Terriermon ativa o brilho do digivice de cor azul.

Um casulo de luz passa a se formar em volta do pequeno digimon. Seu brilho ofuscante desconcentra Kentarumon, que se afasta. Terriermon é completamente evolvido.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Digimon Beta - E o Hexágono do Mal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.