-Na verdade, provavelmente não vai ficar mesmo. – continuei a brincadeira, disfarçando a culpa que eu senti.

- O que houve? – perguntou ele, subitamente sério.

- Como assim? – fiquei igualmente séria.

- Sei lá... você ficou... – começou, ainda sério, para minha surpresa – tensa de repente.

- Tensa? Não...

- Ficou sim. – franziu o cenho, tentando avaliar se eu falava ou não a verdade. – quando eu falei do Tiago.

- É. – concordei, virando meu rosto para o lado onde aqueles lindos olhos verdes me fitavam. – eu acho que ele realmente não vai ficar contente se nos vir juntos.

- Mas... – cortou o silêncio, depois de pensar por muito tempo. – somos amigos. – justificou confuso.

- Não é o que ele acha. – falei, um pouco decepcionada.

- Ele é um idiota. Quer saber? E daí? – finalmente ouvi a típica determinação em sua voz. – ele não é seu dono. Você pode ficar com quem quiser. – corou um pouco ao dizer aquilo.

- O que está sugerindo, Potter? – brinquei.

- Que você pode ficar com quem quiser. – repetiu ele, se aproximando. Meu coração acelerou ainda mais quando percebi que nossos lábios estavam realmente muito próximos. Então, ele desviou sua boca ligeiramente para perto de meu ouvido. – como eu. – sussurrou sexy.

Alvo conseguiu, naquele momento, ficar ainda mais perfeito do que jamais tinha sido. Seu cheiro era inspirado insistentemente como uma droga, que me deixava cada vez mais atordoada.

- Você ia gostar, não ia, Terrence? – sussurrou novamente, com uma voz fingida que me lembrou a que Draco usou quando tentou me seduzir no natal. Só que com Al estava funcionando mil vezes mais forte. Seus lábios roçaram com falhas meu rosto em direção a minha boca.

Ele ficou parado, com nossas respirações se misturando, e eu fitando confusamente seus olhos brilhantes, que me olhavam com desejo e sedutores. Eu senti seu cheiro mais forte que nunca e, se tivesse forças pra mover um músculo, eu provavelmente teria avançado para seus lábios de uma vez naquela hora.

Então Alvo, ligeiramente, se afastou, ainda me olhando e me seduzindo. E eu ainda não conseguia me mover e ainda sentia seu perfume atordoar cada nervo do meu corpo. A expressão sexy se desfez rapidamente de seu rosto e ele começou a rir histericamente. Embora eu estivesse confusa, não pude deixar de notar que a risada dele era linda.

- O que? – perguntei, fingindo estar ignorante quando consegui forças, e percebi que aquilo não passou de uma encenação.

- Você... – começou pausadamente entre risos. – tinha – riu novamente – que ver a sua – riu mais alto ainda, e ainda sexy – cara! Você estava completamente – tomou fôlego, mas finalmente parou de rir. – confusa. Foi MUITO engraçado.

- Achou mesmo, Potter?

- Completamente. – riu mais um pouco baixinho.

- É, talvez tenha sido um pouco engraçado mesmo. – deitei-me novamente na grama, tentando mascarar minha decepção e pensando no como eu fui ridícula parada ali, pensando que isso era sério. Eu fui simplesmente ridícula. E agora ele ia ficar rindo da minha cara para sempre. A menos que... – foi engraçado, não foi? – perguntei em meu melhor tom sedutor, que eu costumava usar com Draco, levantando-me e me aproximando ligeiramente de Al.

Agora ele estava completamente confuso. É claro que aquela “brincadeira”, pelo menos para mim, tinha segundas intenções.

- Deve ter sido engraçado brincar com os meus sentimentos, certo, Alvo? – aproximei-me ainda mais dele, e nossos rostos estavam mais uma vez tão próximos quanto antes. Rocei meus lábios sobre os dele, que estavam perfeitamente macios. Me esforcei ao máximo para não perder o foco naquela hora.

 Alvo POV

Então eu realmente brinquei com os sentimentos dela? Eu não pensei que fosse acontecer. Ela não tinha, até onde eu sabia, o menor interesse em mim. É claro, aquilo foi ótimo. Mas eu não podia simplesmente beijá-la. Primeiro porque nossa amizade ia sumir. Segundo, porque ela não gostava de mim desse jeito. E ainda tinha o Tiago...

- Fique sabendo que eu me magoei muito, Al. – falou ela, ainda com seus lábios tocando os meus. Eu pude sentir seu hálito de morango, misturado ao seu perfume de rosas com limão e seu xampu de maracujá. Eu podia simplesmente unir os nossos lábios de uma vez, mas não fiz isso pelos mesmos motivos de antes. – Você não devia fazer coisas assim.

Ela estava ajoelhada sobre a grama, que estava com algumas gotas de orvalho, e basicamente, sobre mim. Seus cabelos castanhos com perfeitos cachos leves nas pontas caiam detrás de suas orelhas, espalhando ainda mais seu cheiro cítrico atordoante no ar. Uma de suas mãos se levantou e pousou sobre meu rosto. Acariciou-o levemente, e eu mais uma vez rezei para eu não estar com a mesma cara confusa que ela. Ou pior, para não deixar aparente que eu estava adorando aquilo.

- Sabe... – um sorriso discreto abriu-se no canto de seus lábios perfeitos. Mas eu estava mais focado em seus olhos. Eles eram perfeitamente emoldurados com enormes cílios sem rímel e brilhavam mais que tudo, principalmente naquele momento, o que me fez me perguntar: será que ela estava gostando daquilo tanto quanto eu? – você não devia brincar comigo desse jeito e depois rir da minha cara. – seu tom, ainda sedutor, teve uma pontada de tristeza, e eu instintivamente neguei, arrancando uma risada sedutora dela. Eu estava completa e perfeitamente hipnotizado naquele momento. – É, eu só queria que você soubesse. – aproximou ainda mais nossos lábios, porém ainda sem tocá-los por completo.

Então ela se afastou, levantou-se e saiu correndo, com risadas, ainda lindas e sedutoras. Aquela vaca... ela se aproveitou de mim. E eu tinha que ser burro demais para unir nossos lábios completamente. Burro. Burro. Burro.

Embora eu tenha levantado e saído correndo atrás dela, eu senti uma profunda raiva de mim mesmo por não ter simplesmente a beijado de uma vez por todas. Dane-se, ela provavelmente já sabia tudo, afinal, estava óbvio.