Depois de chegarmos ao salão comunal e conversarmos um pouco para desfazer o clima de tensão que estava no ar, fomos desfazer nossas malas.

- Não fez mesmo nada com o Malfoy? – perguntou com receio Ella.

- Não. Ele pode até ter tentado me seduzir, mas não. – abri um pequeno sorriso.

- Que bom. Talvez esse lance entre você e o Tiago seja para valer. – concluiu ela.

- É... Talvez seja. Mas e você e o Gerald?

- Estamos bem. Ele é tão fofo comigo. Acho que o lance entre nós é para valer. – sorriu suspirando.

- Que bom, Ella. Ele realmente te faz feliz.

- Eu morri de saudades de você. – me surpreendeu em um beijo assim que eu abri a porta.

- Você morreu de saudades de outra coisa que eu sei. – sorri maliciosa.

-Você continua achando que eu sou pervertido? – seu olhar estava sério.

- Você É pervertido, Tiago. Mas também é lindo, um fofo, inteligente, carinhoso e um ótimo namorado. – beijei-o novamente.

- Se, depois do Draco, eu queria saber o que me faz ser diferente dos outros garotos. – ele pareceu mais confuso naquela hora que jamais antes.

- Depende dos garotos, Thi. – coloquei seu cabelo para trás da orelha e ele caiu para a frente de novo, como não acontecia antes. – Você cortou o cabelo?

- Cortei, você não tinha notado?

- Não tinha notado porque você fica lindo de qualquer jeito, e eu só tenho olhos para os SEUS olhos e SEU sorriso. – sorri.

- Não mude de assunto Serena.

- Eu já disse, depende dos garotos. Cada um é muito diferente dos outros.

- Eu sei lá... Meu irmão, por exemplo. Somos muito parecidos. O que me faz ser especial em relação a ele? – Tiago era ciumento e esse era um dos motivos de eu o amar.

- Você é fofo e maravilhoso. Claro, seu irmão também é, mas de um jeito diferente. Você é protetor, tem olhos lindos... Seu irmão pode ter também, e também ser protetor, mas você faz isso de um jeito especial... Não sei explicar. – ótimo. Agora EU estava ficando confusa.

- Você olha outros garotos com os mesmos olhos com os quais olha para mim? Fora Draco, é claro. – abaixou a cabeça, porém eu levantei seu queixo.

- Claro que não. – passei meu polegar por seu rosto macio, e dei graças ao creme de barbear.

- Mas antes você tinha? Eu quero dizer... Antes, eu olhava para TODAS as garotas bonitas com desejo. Mas por algum motivo, você não é como todas as outras. Eu sinto que te amo, não sei explicar, e por isso parece que todas as outras não são importantes mais. – quase abriu um sorriso.

- É isso que você sente em relação a mim? – perguntei, aproximando-me mais dele.

- Sim. – sua voz pareceu mais calma e acolhedora.

- Tem certeza? – olhei fundo em seus olhos, castanhos, mas que não por isso deixavam de ser maravilhosos e especiais.

- Mais do que eu jamais tive antes. – seus olhos adquiriram um brilho único.

- Absoluta?

- Bem mais que absoluta. Aproximadamente quinhentos por cento. – seu sorriso se abriu ainda mais.

- Que bom!

- Achei que ia me pedir para jurar. – riu – porque perguntou tantas vezes se eu tinha certeza?

- Só perguntei duas. E queria saber se você tinha certeza porque é assim que eu me sinto em relação a você. – Meus lábios tocaram os seus de leve, e Tiago mordeu meu lábio inferior. Então colou seus lábios nos meus e nosso beijo tornou-se mais ousado. Acho que estava me acostumando com aquilo. Nenhum arrepio veio dessa vez. Eu só senti uma pequena satisfação. E me senti horrível por isso. Acho que era porque eu o tinha na palma da mão. Horrível.

- Serena, cada vez que eu te beijo, me apaixono mais e mais por você. – disse sua doce e repentinamente inocente voz.

- É porque seu amor está florescendo. Cada dia que passar ele vai ficar mais e mais colorido. – ou pelo menos, é o que devia acontecer.

- Como pensa em coisas tão lindas?

- São as palavras que saem da minha boca quando estou com você. – sorri.

- É... Sua boca faz muitas coisas legais quando está comigo. – ri, e um sorriso malicioso se estampou em seus lábios.

- Seu bobo! – ri mais.

- Estou falando de me BEIJAR. – especificou ele, ainda com o sorriso malicioso nos lábios.

- Fiquei sabendo... – falei irônica, e ele me beijou. Sem mais arrepios ou calafrios. Eu realmente o tinha na palma da mão, e bem no meio dela.

- Você é que é uma boba, tirando palavras maliciosas da MINHA boca. – sorriu, e então nós dois rimos. Graças a Deus estávamos os dois em pé nos entreolhando quando a porta se abriu violentamente.

- Me desculpe. – disse Hugo Weasley sem graça. – eu não queria incomodar.

- Não, Hugo, não se preocupe. Pode entrar, faça o que quiser, o quarto é seu também! – disse Tiago. Que fofo.

- Obrigado, Sirius! – ele entrou, pegou um tabuleiro de xadrez bruxo e saiu novamente.

- Sirius? – perguntei, e ele abriu um sorriso.

- É. – a porta foi aberta novamente.

- Ei, vocês querem jogar? – perguntou Hugo pela parte da porta que ele entreabrira.

- Na verdade, Hugo, eu sinto decepcionar você, mas eu acho que Serena não deve gostar muito de jogar xadrez bru... – eu o interrompi vendo a cara de Hugo, com olhinhos brilhantes e inocentes.

- Íamos adorar! – falei e censurei Tiago com o olhar.

- Certo. Vou indo na frente arrumar as coisas e pegar um lugar para nós no salão comunal. Vocês dois podem jogar contra mim, se quiserem. – saiu correndo escada abaixo.

- Porque fez isso? Estávamos ocupados, Se. – seus olhos estavam decepcionados, mas sua boca abriu um sorriso orgulhoso.

- O pobrezinho está muito alterado com o que está acontecendo no colégio. Todos do primeiro, segundo e terceiro anos estão preocupados em serem os próximos a terem uma faca enfiada em seus travesseiros.

- Pobrezinho. Ainda bem que temos você para se preocupar com ele. – falou irônico.