Acordei com meu próprio corpo sendo balançado de leve. Era uma sensação gostosa.

- Acorda, Serena. – ouvi uma voz que eu amava, aveludada e suave.

- Thi? – perguntei por impulso e costume, e então abri os olhos a tempo de ver o rosto decepcionado de Draco se abaixar. – Ah, me desculpa, Draco.

- Tudo bem. – abriu um sorriso leve e falso. – eu me acostumei.

- Não diga isso, Draco. – falei em tom melancólico.

- Não digo por mal, nem para você sentir pena. Eu só...

O dia continuou normalmente, e os dias seguintes também, aumentando a minha preocupação da reação de Tiago quando ele descobrisse que Draco passou o natal comigo, sendo que eu recusei passar o natal com ele.

Saí de casa com a mala pronta e ao lado de Draco. Segurei sua mão com força e logo eu estava em Hogsmeade. Ouvi o barulho do expresso de Hogwarts, que estava atravessando o horizonte em nossa direção. Quando ele chegou, milhares de alunos saíram descontrolados em direção às carruagens. Somente depois de um tempo consegui localizar Ella, Al e Thi no meio daquele mar de gente.

- Serena! – gritaram intercalando e correram até mim. Antes que os outros pudessem fazer qualquer coisa, Tiago me beijou ininterruptamente. Draco se afastou depois disso.

- Então, vocês dois? Não precisam de fôlego, não? – Alvo me acordou e eu parei de beijar Tiago. – Oi, Se! Como foi o natal? – Al me abraçou rapidamente.

- Bom! – falei, e então pensei que quanto mais cedo dissesse a Tiago, melhor. – Bem, minha mãe convidou Draco para passar o natal inteiro lá em casa. E vocês não acreditam. Ele aceitou.

- Ele o que?! – os olhos de Tiago estavam arregalados e seu rosto estava vermelho. Eu decidi acalmá-lo com um beijo.

- Tiago, eu JURO que não fizemos nada. Eu mal falei com ele. Pode confiar, as coisas andam estranhas entre a gente.

- Se ele der em cima de você, ele vai levar um soco bem dado no nariz. – bagunçou o cabelo e eu ri. – Do que você está rindo?

- Você fica uma graça com ciúmes. – falei e beijei-o novamente.

- A diretora McGonnagal chamou todos no salão principal! – gritou alguém atrapalhando a serenidade do salão comunal. Todos se levantaram, e Tiago pegou minha mão, e Gerald pegou a de Ella. Então me toquei que Al não estava conosco, devia estar na biblioteca.

No caminho para o salão principal, os corredores estavam mais lotados que nunca. Senti algo bater bem forte em meu ombro.

- Sai da frente, Terrence! – urrou Bryan Goyle, da Sonserina, e deu uma piscadela.

- Panaca. – disse Tiago assim que ele se afastou. – Nem dar em cima das garotas ele sabe.

- Tiago, você está obcecado. Ele não deu em cima de mim, ele esbarrou em mim. Violentamente. – quase gritei para que ele conseguisse me ouvir.

- Mas pior que é assim que ele dá em cima das garotas, Se. – disse Ella. – ele já fez isso com todas, acredite.

- Então eu não tenho com o que me preocupar. – falei, entrando no salão principal – sou só mais uma, não é mesmo?

- Pessoal, sentem-se, sentem-se. – disse McGonnagal enquanto eu procurava por Al. Talvez ninguém o tivesse avisado. – eu os chamei aqui porque algo muito alarmante aconteceu há poucos minutos. E por mais que vocês provavelmente se assustem, é meu dever como diretora informá-los que uma segunda faca foi encontrada no travesseiro de um aluno.

Muitos murmúrios altos tomaram conta do salão principal enquanto a diretora continuava tentando chamar a atenção dos alunos. Olhei para Ella e para Tiago, que acariciou meu rosto acalmando-me.

- A vítima foi o aluno Alvo Severo Potter. – Thi levantou instintivamente e violento, mas, embora eu também quisesse fazer o mesmo, eu o fiz sentar novamente. – ele, graças a Merlin, está vivo e em ótimo estado fora um ferimento que fez em seu rosto. No momento está com Madame Pomfrey, mas creio que não falte muito para que ele volte. Peço que prestem toda a atenção para que acidentes do tipo não ocorram novamente. E gostaria de informar que caso algum aluno seja encontrado com arma trouxa do tipo, ele será automaticamente expulso.

Passos foram ouvidos, e todos se viraram para ver seus donos. Madame Pomfrey empurrava Alvo salão adentro. Ele tinha um curativo em sua bochecha, e sentou-se ao lado de Tiago.

- Estou bem. – disse assim que sentou. Tiago o abraçou com força.

- Não sabe o susto que eu levei. – disse ele. Eu tive vontade de beijá-lo naquela hora, por que no fundo ele era um ótimo irmão.

- Fico aliviada que esteja bem, Al. – falei assim que Thi soltou o irmão.

- Quando vai poder tirar o curativo? – perguntou Ella, que não parecia saber o que dizer.

- Hum, ainda hoje. – bagunçou os cabelos. Era impressão minha ou todos os garotos do planeta bruxo faziam isso?

- O corte é feio? – perguntou Hugo Weasley ao seu lado. O pobrezinho parecia assustado. Todos estávamos.

- Era.

- Doeu, Al? – perguntei. Ele não merecia sofrer porque um maníaco estava enfiando facas por aí.

- Um pouco. – bagunçou os cabelos novamente.

Assim que fomos liberados do salão principal, Alvo puxou a mim, Ella e Tiago para um canto.

- Sabem o que significa, não é? Foi quase uma pista para nós! – disse ele em um sussurro.

- FOI uma pista. – disse Ella.

- Não necessariamente. – Tiago interrompeu Al, que já abria a boca. – pode não ter sido a mesma pessoa.

- Claro que foi, Thi! – falei, e ele corou vendo que fora o único a pensar nessa hipótese.

- Certo. Então essa pessoa tem que odiar nós dois. – disse ele.

- Não! Será que não é óbvio? – Al falou e todos nos entreolhamos.

- Não. – disse Ella.

- Essa pessoa tem que odiar, por algum motivo que ainda não sabemos, os Potter. – sua voz soava preocupada, cansada, triste e vingativa.