- O EMPREGO É SEU! – disse Marcos, o homem que me “entrevistava” e agora seria meu chefe.

- Sério? Mesmo? – eu disse rindo.

Sim, eu gritei, pulei, ri e praticamente fiz tudo para mostrar minha felicidade. Eu precisava de um emprego pra cuidar da minha filha, da minha casa e de todas as outras coisas.

- Você começa amanha, tem uma entrevista com uma celebridade.

- Ual, mas já? – eu ri

- Sim, a nossa entrevistadora esta em cirurgia e não poderá vir amanha. Você vai ficar no lugar dela. – meu novo chefe me disse tudo que eu teria que fazer, deu papeis, uniformes e todo o resto. Algo dizendo sobre algumas regras e tudo esse tipo de coisa. Eu não me lembro do nome da celebridade, eu estava ocupada demais entusiasmada com meu novo emprego. Eu tinha que ligar pra Lis, tínhamos que comemorar isso. Nós sempre comemorávamos algo importante pra nós, uma nova vitoria e tudo isso.

Peguei as “coordenadas” do meu novo trabalho. Amanha eu teria que estar aqui ás 10h, já que a entrevista seria as 11h. Olhei em meu celular e marcava 17 horas. Acho que Allie poderia ficar mais um tempinho na casa da sua avó, não é que eu estivesse cansada dela, se bem que muitas vezes isso pode cansar. Por uma tarde inteira, não pensei em Justin, apesar de pensar nele praticamente todos os minutos do meu dia. Saí radiante do estúdio do programa onde eu iria trabalhar. Quem sabe agora eu poderia comprar um carro pra mim. Resolvi não chamar um taxi, comecei a andar pelas calçadas, eu queria observar as coisas ao meu redor.

Resolvi ligar pra Lisa. Sabe, fazia tempo que eu não a via. Dois dias praticamente. Eu ri em pensamento.

- E aí, perturbadora. – disse Lisa, ao atender ao telefone.

- E ai, perturbadora dois. – eu ri – Porque perturbadora, aliás?

- Porque sim, bitch. Agora, diga logo!

- Poxa, assim me deixou mal. Vou desligar. – fiz uma voz manhosa e Lisa logo começou a rir.

- Ok, tudo bem... Então, conseguiu o emprego?

- Lisa, você é maravilhosa! Claro que consegui porque sou foda, né! – eu disse rindo um pouco.

- Sei, aham... – ela disse irônica.

- Ok... Mas, então, nos encontramos no barzinho idiota de sempre?

- Vamos à boate que fomos da ultima vez?

- Ah, claro, a qual fiquei bêbada e quase fiz você sabe o que com dois caras desconhecidos? Não obrigado. – eu ri

- Qual é, Claire! Você ficou tão certinha depois que teve Alice.

- Claro tenho filha agora, isso significa que temos que ficar no Maximo até as dez horas no tal lugar.

- Ok dona certinha! – ela suspirou irritada. – Nos encontramos daqui a 15 minutos na boate em que você ficou bêbada.

Ela riu e antes que eu pudesse responder, desligou o telefone.

                                               ◘◘◘

Logo que cheguei a tal boate que Lis insistiu para que eu viesse, a procurei. Lógico. Encontrei-a sentada no bar, já tomando uma gloriosa bebida. Lisa era realmente doida, todos os dias indo a lugares como esse. Já eu tive que desistir da diversão de adolescente por causa de Alice, mas, não me arrependo nem um pouco por isso. Talvez um pouquinho.

- E aí, Lisa. – disse me sentando ao seu lado.

- Oi dona certinha! – ela se embolou a falar um pouco e depois riu.

- Já está bêbada amiguinha? – ergui as sobrancelhas.

- Claro que não. – ela colocou a mão em meu ombro.

- Ok. Tudo bem, vou acreditar. – eu gargalhei e logo me virei para o barman ou sei lá o que, pedindo uma bebida leve, uma cerveja talvez.

- E então, e seu trabalho? Conseguiu mesmo o emprego glorioso? – ela me fitou.

- Sim, eu vou começar amanha. – tomei um gole da minha bebida.

- ÓTIMO! Isso é maravilhoso... Olha só, ta ligada naquele gatinho? – Lis apontou pra um cara moreno e alto que estava dançando.

- O que tem ele?

- É meu. – ela gargalhou. – sabe como é, acho que vou...

- Lis, você é doida garota! – segurei seus ombros. – Não faz isso, ok?

- Acha que vou fazer o que? Vem Claire, vamos comemorar seu novo estagio. – ela disse me puxando até a pista de dança.

- Lisa, eu... To enferrujada, melhor não. – eu ri

- Cala boca e vamos dançar. – ela abriu um sorriso um tanto malicioso pra mim.

Começamos a dançar ali. Fazia tanto tempo que eu não dançava, praticamente um ano talvez, ou três. Eu não venho muito a esses lugares depois que tive Alice, aliás, minha mãe nunca ficaria cuidando dela para que eu viesse “vagabundiar”, como diz ela. Se ela soubesse que estou aqui, me daria 50 tiros e diria que sou uma irresponsável e que não sou adequada pra cuidar de uma criança e todos aqueles traumas de mãe. Quando me toquei, vi Lisa se afastar de mim e ir dançar com o cara moreno e alto que ela tanto queria, depois de 2 segundos eles já estavam se beijando. Lis sempre fazia isso comigo, lá estava eu agora totalmente sozinha.

- Posso te fazer companhia? – ouvi alguém sussurrar no meu ouvido e eu dei um pulo.

- Hã... – eu disse me virando rapidamente. Era um garoto não tão alto. Ele usava boné e óculos escuros. Ele usava uma blusa regata, branca talvez, não dava para visualizar a cor, isso deixava a mostra seus poucos “músculos”. Eu podia ver alguns fios de seu cabelo que parecia loiro por baixo do boné. Seu rosto não era visível, talvez por causa da certa “escuridão”. – Hey, que tipo de cara usa boné e óculos escuros em uma boate? – eu disse rindo.

- Talvez eu seja o único. Você tem sorte. – pude ver seus lábios se abrirem em um sorriso radiante. Seu sorriso era reconhecível.

- Sorte? É, talvez. – sorri fraco. – Qual seu nome garoto misterioso?

- Pode me chamar de J... Jason.

- Tem certeza? – ri baixinho.

- Sim. Meu nome é Jason. Willis.

- Jason Willis? É um nome engraçado. – ergui os ombros.

- E o seu nome?

- Claire. Só Claire pra você.

- Esse nome me faz lembrar alguém especial. Talvez seja você mesmo. – não entendi exatamente o que ele disse. Apenas o senti segurar minha cintura e colar nossos corpos.

- Não vai tirar o boné e os óculos pra me deixar vê-lo melhor? – ergui as sobrancelhas e sorri um pouco sarcástica.

- Não, você ia se assustar. – ele deu um risinho e logo juntou seus lábios com os meus, iniciando um beijo lento.

Minha respiração estava acelerada, meu coração ia a mil e então, comecei a pensar... Só Justin realmente me fazia sentir assim do jeito que eu estava me sentindo naquele momento. Era estranho. Eu não fiquei com muitos garotos depois dele, e dos outros com qual fiquei ele foi realmente o único que mexeu comigo de certa forma. Eu estava começando a pirar e a me iludir achando que ele pudesse ter voltado. O garoto misterioso em baixo do boné... Justin também foi misterioso quando nos conhecemos. E olha só no que deu.

                                             ◘◘◘

Resolvi esquecer a noite de ontem. Meu despertador apitava ao meu lado. O olhei e eram 8h30. Lembrei que as 10h eu teria que estar lá no meu mais novo trabalho. Levantei rapidamente, fiz minhas higienes e me vesti. Eu ainda teria que levar Alice pra creche, já que minha mãe não queria cuidar da pequena. Ela quase me bateu ontem por causa de tanta demora.

- Alice, acorde filha! – eu disse a chacoalhando.

Não demorou muito pra que ela acordasse. Logo a vi abrindo os olhos lentamente e sorrindo.

- Bom dia, Winchester. – Allie só me chamava de mãe quando queria algo, ou algo do tipo.

- Porque me chama de Winchester? Porque não simplesmente mãe ou Claire? – eu ri

- Winchester combina com você. – ela soltou uma graciosa risadinha.

Fiquei a fitando e pensei em certas coisas a qual eu abri a mão por ela. Só de pensar que eu iria abortar a gravidez e impedir de deixá-la viver eu já fico com remorso. Não acredito que quase a impedi de nascer. Alice nasceu prematura, mas, seu parto não teve complicações e hoje ela é uma garotinha forte e linda. Eu tomei remédios, bebidas e até me droguei para tentar “matá-la”. Hoje eu me odeio por ter pensado nisso.

- Cla? – disse Alice tentando chamar minha atenção por eu estar aqui tão focada nos meus pensamentos.

- Vamos, Allie... Vou ter que te levar na creche! – eu disse a tirando da cama.

- Creche? EU ODEIO CRECHE! Não vou! – a ouvi gritar, bater os pés no chão e cruzar os braços. Seria uma longa jornada a insistindo pra ir até lá.

Ela parecia gente grande, tentando se decidir sozinha.

- Desculpa Alice, mas, você vai sim.

- Por favor... Não... Mamãe. – ela fez biquinho. – Por favor, senhorita Winchester.

- é Claire, Allie. E eu vou ter que trabalhar, você vai sim.

- Você é muito mal! – ela fazia uma voz manhosa. – a vovó me disse que você é uma pu...

- Não termine de dizer isso, Alice! – franzi a testa. – A vovó não sabe o que fala... Agora, já pro banho.

A vi abaixar a cabeça e ir até o banheiro lentamente. Ela sabia ser “dramática” quando queria. Ou não. Eu ri disso.