ENNIE’s P.O.V.

Algumas semanas haviam se passado e com elas algumas coisas estranhas se desenvolviam dentro de mim. Eu estava bem até então, mas durante essas semanas foi como se a lembrança do meu quase acidente me assombrasse sempre e uma necessidade eu sentia de encontrar o garoto que me salvou. Era como se ele me perseguisse.

Na última reunião que tivemos no Seul Station, um garoto que estava tocando em meu piano, e ainda por cima “River Flows in You”, ser ele? Era o amigo dos meninos, não podia ser ele. E no dia seguinte, lá na praia com as meninas, eu senti meu coração quase parar quando eu voltei da nossa mesa e cheguei perto da Yoi e o do ahjusshi dos picolés. Tudo bem que eu tinha corrido, mas para ele bater daquele jeito, pelo amor... Eu lembro que foi a mesma sensação que eu senti no dia anterior e eu até olhei pra todos os lados possíveis mais nenhum garoto por ali pareceu ser ele.

Eu não conseguia mais controlar isso aqui dentro e era como se algo estivesse me dizendo que ele estava por perto, mas de maneira alguma conseguíamos nos encontrar. Isso me deixava feliz e aflita ao mesmo tempo. E se eu não fosse mais ver ele? Isso iria ficar aqui dentro por quanto tempo mais? Isso iria me perseguir pra sempre?

Eu até tentei parecer bem perto das meninas, mas não posso negar a mim mesma que isso estava me deixando um pouco pra baixo e essas coisas a gente não consegue esconder por muito tempo.

JinYoung’s P.O.V.

Eu já havia conversado com o meu, agora, ex-patrão e os garotos também já haviam arranjado, além de um rapaz para me substituir nos teclados, outro vocalista para tocar com eles. No último dia foi uma choradeira que só de todos que trabalhavam lá, pelo fato de eu estar lá à quase 5 anos. Mas eles entenderam e me apoiaram, pois é a realização de um grande sonho trabalhar em um dos mais respeitados restaurantes de Seoul. Disse meu adeus, mas prometi voltar lá ainda pra visitá-los assim que desse. Eles realmente foram quase que uma família pra mim.

Era sábado, eu estava com meu violão nas costas e fazia o caminho de casa quando senti meu telefone tocar. Era a Guidi.

– Yeobuseyo?

– Ah lembrou que tem namorado?

– Owwn oppa, não fala assim, você sabe que essa vida de ulzzang não é fácil. – Ela disse choramingando no telefone. Havia quase duas semanas que não nos falávamos direito.

– Você não ligou durante esses dias nem pra me dar uma boa noite. Senti-me rejeitado, Guidi.

– Ahmm, meu oppa, você sabe que posar pra fotos o dia inteiro tendo que ser fofa só porque eles querem e viajando pra não sei quantos lugares diferentes por dia desgasta muito. Eu tenho um trabalho árduo, não sou como alguns que ficam brincando de ter banda por aí. – desdenhou.

– Já vai começar? Eu já disse que aquilo lá não é brincadeira, os meninos levam a banda muito a sério e tenho certeza que um dia ainda irá fazer muito sucesso! – Disse um pouco alterado. Ela sempre faz isso, adora dizer que a banda é uma brincadeira sendo que os meninos são muito talentosos e trabalham duro, Aish!

– Ih~la vem o discurso do S.r. Empresário..

– Empresário nada. Há bem pouco tempo eu era o líder, e mesmo agora não sendo, reconheço que se eles continuarem trabalhando duro a banda vai ser reconhecida por alguma agencia.

– Ó, ó, ó, taa bom... Está bom... Desculpa, vamos deixar a banda de lado, então.

– (Rum) Você sabe que eu não gosto que fale assim da Led Apple.

– Ta bom, Jin! Eu nem disse nada demais... Mas vem cá, você saiu da banda? Quando? – Mudou completamente da expressão recente, dando lugar a uma Guidi surpresa. – E porque não me contou? – Um toque de indignação eu pude sentir do outro lado da linha.

– Faz mais ou menos uma semana. Com essa sua agenda agitada nem pude te contar as coisas que aconteceram.

– Há mais coisas? Nossa, é só eu sumir um pouquinho e meu namorado já se enche de novidades pra me contar! E pelo o que eu estou percebendo, só coisa boa, vai, me conta!

– Então, eu consegui um emp-.

– Não, não. Espera. Não conta.

– Bwo?* – Essa menina não queria que eu contasse as coisas pra ela?

– Vamos fazer assim, eu vou pra tua casa e a gente conversa melhor, pode ser? Eu não irei mais viajar hoje.

– É, pode ser. É bom que eu te mostro a outra boa notícia.

– Agora você me deixou muito curiosa, oppa, muitas notícias de uma vez só!

– Sim, se apresse.

– Ok, já chego, bei- Desliguei. Sei que ouvi ela dizendo alguma coisa quando tirei o telefone do ouvido mas se continuasse falando ela iria enrolar e enrolar...

Eu estava perto de casa, não iria correr o risco de ela chegar lá antes de mim e encontrar com os meninos, eles não são muito fãs dela. Na verdade, até me perguntavam sempre o porquê de a gente ainda estar junto se ela é tão diferente de mim e quase não nos víamos. Eu meio que havia me acostumado com isso, quando nos víamos tudo bem, quer dizer, tudo bem quando não brigávamos, e quando não nos víamos estava bem também, eu aproveitava os garotos e também me dedicava a compor minhas músicas, fora os trabalhos, então estava ótimo.

Não me atrevia a chamar aquilo de amor, pra mim ainda faltava algo a mais aqui por dentro, algo que se perdeu durante esses 4 anos de namoro. Mas já havia me conformado com aquela situação, mesmo que algumas vezes o coração batesse forte, só que não pela Guidi, e sim por ela, a garota pianista.

Quando a Guidi chegou eu estava na cozinha preparando um sanduíche, então Gongchan que abriu a porta com aqueeela cara... Ela me contou depois... Deu boa noite e entrou, tomando um susto ao ver o SanDeul no sofá. Quando ouvi ela chamar por ele gritei, já aparecendo na sala.

– Essa era uma das notícias, Guidi. - ela riu, sem graça, então a levei até o quarto. Lá, conversamos e contei a ela sobre o Seoul Station. Ela ficou feliz em realizar meu sonho e fez questão de comparar o Setion com o antigo trabalho, fora o salário e essas coisas, mas tudo bem, por um lado ela tinha razão, lá a oportunidade era bem melhor.

Ela também tinha novidades, disse que iria ficar mais duas semanas fora para uma campanha publicitária, lá em Singapura, então seria mais duas semanas quase sem namorada. Aproveitamos pra nos despedir e ela acabou dormindo aqui em casa mesmo, o voo só iria ser na segunda então iríamos aproveitar o domingo juntos.

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NO DOMINGO DE MANHÃ...

ENNIE's P.O.V.

Eu não lembro bem a que horas que as meninas vieram aqui me inventando de irmos à praia, eu até gosto de praia, sabe? Mas naquele domingo eu não estava com ânimo nenhum pra isso.

– Ná~ unnie! Como você não quer ir à praia? Olha o sol que está lá fora, o dia está tão lindo, vamos~ - Yoi pulou em cima de mim no sofá. Eu estava completamente encoberta e com aquele pijama de patinhos super confortável que havia ganhado da vovó.

– Ennie, não faz assim, vai. A Yoi foi toda animada lá em casa e me tirou da cama também, mas hoje é domingo! FOLGA! Precisamos aproveitar...

– HMMM...! - Soltei um gemido pela Yoi estar ainda em cima de mim, levantei a cabeça e olhei bem no fundo dos olhos das duas à minha frente.

– Não. Hoje não. Sério gente, eu estou um pouco cansada e sem clima nenhum pra praia. - Menti. As duas sabem que quando eu digo alguma coisa é muito difícil de voltar atrás. A Yoi ainda quis insistir, mas a Tana sabia que não ia adiantar. Muito.

– Ok... Ok... Fica aí com seu pijama de patinhos - desdenhou.

– Nem venha! É melhor eu não começar a falar do seu da Hello Kitty, não acha? - Aquela boba ainda teve coragem de me mostrar à língua e eu as fui enxotando do apartamento antes que começassem a falar demais.

– Uffa! – Disse ao fechar a porta e depois abrindo um sorriso por avistar minha cama e logo segui até ela me jogando sobre a mesma.

Vocês devem estar se perguntando sobre o quê eu menti... Certo? Na verdade eu não menti sobre tudo, eu realmente não estava com clima pra praia, só que não foi por que estava cansada, e sim porque não dava mais pra fingir felicidade quando não era isso que eu tinha dentro de mim.

E eu dormi. Dormi muito, aliás. Dormir não me fazia pensar nas coisas que me acontecia, e principalmente pelo o que eu estava passando naquele momento.

Com a agitação da minha rotina, o tempo que eu encontrava livre eu ia pra casa e ficava lá, sem ninguém, dormindo, assistindo TV ou no computador, diferente de antes, quando eu fazia questão de nos dias em que não trabalhava no Setion ficar até mais tarde na lanchonete com as meninas ou até mesmo ir lá ao restaurante, mas sem o intuito de tocar, só pra conversar com a Betty e o pessoal.

Nesse domingo quis esquecer que havia um mundo atrás daquela porta e quis dormir o dia inteiro, mas a cama não deixou.

Camas geralmente fazem o papel contrário, de incentivarem as pessoas a permanecer em cima delas, mas justamente neste domingo a minha não me incentivou, expulsando todo o sono que podia existir em mim naquele restante de manhã. Loucura? É, eu sei. Mas eu avisei que vocês não haviam visto nada ainda.

Resolvi então tomar um banho. Já que a cama não me queria mais, também não queria vestígios dela sobre mim, nada de cabelo despenteado, pijama de patinhos ou bafo de onça.

Ao voltar da varanda, onde fui estender a toalha, passando pela sala acabei esbarrando em uma pasta que desde o meu quase acidente eu não mexia. Esta acabou caindo no chão e abrindo em uma página onde se encontrava uma melodia que havia criado há um tempo, logo quando cheguei a Seoul. Eu não havia conhecido as meninas ainda e minhas tardes ou noites em que não tocava eram muito vagas, então aproveitava para compor. Algumas com letras, outras não, ou pelo menos ainda não. Eu peguei a pasta do chão sentando no sofá e comecei a folhear algumas coisas. Levantei, liguei o teclado e comecei a lembrar de algumas notas e a cantar também. Percebi que alguma estava faltando, mas como a casa estava uma verdadeira bagunça não me preocupei tanto, devia estar embaixo de algum livro ou pasta na estante.

Dei uma pausa e fui buscar algo pra comer. Voltando sentei no sofá novamente e liguei a TV para terminar de comer. Estava passando um programa de vídeos e um em especial me chamou a atenção. Era "No Other", do Super Junior. Eu sempre achei aquele vídeo à coisa mais fofa desse mundo e assim que vi o SungMin sentado no piano tive uma ideia: Iria criar a minha versão de "No Other". Antes mesmo de o vídeo terminar voltei para o teclado e lá passei bastante tempo ensaiando a acoustic version e ainda adaptado para uma versão feminina, só que em inglês. Meu coreano ainda não era dos melhores então não quis arriscar tanto mudando a letra em coreano, e como sou bem melhor em inglês acabei por fazer assim.

O sono acabou voltando, devido a eu ter ficado o tempo todo me dedicando aquilo, então acabei me cansando um pouco. Alguns toques finais deixei pra depois, e quando vi, acabei adormecendo pelo sofá mesmo.

JinYoung’s P.O.V.

Acordei e percebi que a Guidi não estava no quarto, ela havia acordado cedo, quis me fazer uma surpresa com o café da manhã, mas quando voltou da cozinha acabou se atrapalhando e deslizando em sua blusa que estava no chão. Felizmente não se machucou, mas acabou me assustando com a força que pôs em seu corpo, causando um pequeno estrondo ao tentar se equilibrar.

– Oh, oh, desculpa te acordar assim, oppa.

– Não... Não tem problema, eu já havia despertado. Você está bem? Não se queimou?

– Na verdade estou sim, mas... - Ela colocou a bandeja em cima de uma das escrivaninhas do meu quarto e pegou uns papéis que estavam caídos ao chão. - Eles molharam... - Fez uma cara como se esperando uma bronca da minha parte e balançando os papeis como tirando o excesso de chá que havia neles.

– Bem... Se estavam no chão não dever ser tão importantes, deixa eles por aí e vem cá, vem. O que trouxe pra mim? - Fui me sentando à medida que dizia essas palavras e arrumando o travesseiro e a colcha.

– É... Está um pouco desarrumado agora, mas preparei as coisas que você mais gosta. O SanDeul ainda não acordou então não me expulsou de lá da cozinha e eu pude fazer as coisas com mais calma.

– Não fala assim do Sandeulri, Guidi. Você sabe dos ciúmes dele com aquela cozinha.

– Sim, eu sei. Mas tanto que ninguém pode entrar lá?

– Hm! - tinha mordido o sanduíche enquanto ela falava. - Você não vai comer? - Disse de boca cheia mesmo, aquilo estava uma delícia.

– Já engoli algumas coisas, além disso, - ela levantou da cama - vou ter que ir em casa tomar um banho e trocar essa roupa para irmos ao parque.

– Hm, ok. - disse ainda com a boca cheia e já tomando um pouco do chá. Enquanto isso ela se trocava e logo me deu um selinho de despedida.

Ainda demorei um pouco pra sair da cama. Não tenho que acordar tão cedo hoje e essa é a vantagem de trabalhar só anoite.

Tomei meu banho, os meninos ainda dormiam, pois não tínhamos marcado nada pra hoje cedo, justamente por que a Guidi estava aí.

Voltei ao quarto e dei de cara com os papeis que ela havia molhado. Sabia que não era nada muito importante, pois estavam pelo chão, mas quando vi do que se tratava um emaranhado de imagens vieram a minha cabeça, imagens que eu realmente nem me lembrava mais...

~ flash back on~

– Obrigada, muito obrigada mesmo, mas eu estou atrasada, realmente tenho que ir. - Eu a via se distanciar e ao me virar para atravessar a rua vi que um pouco mais distante ainda havia um papel no chão, eu peguei e era um papel como os outros que havia pegado à pouco tempo, era uma partitura. Resolvi pega-lo e me deparei com uma música que nunca tinha visto na vida. Ela não tinha nome só alguns versos soltos e a melodia completa. Não tinha assinatura de nenhum músico ou compositor mas eu me interessei pelas notas.

Rapidamente me virei e ainda olhei em volta para ver se a encontrava, mas foi aí que o meu relógio apitou marcando 09h00minh, hora que eu já devia estar no Lollipop. Guardei a folha em minha mochila e saí em disparado para o Lolli.

~ flash back off~

– Ah, claro, a música! Aish... Está muito molhada e ainda estava escrita a lápis, será que quando secar vai dar pra ver as notas ainda? - Eu suspendia aquele papel e pensava em alguma maneira de secá-lo logo. Resolvi por arás da geladeira, até o final do dia já devia estar seco.

Terminei de me trocar e fui assistir TV esperando a Guidi chegar. O dia seria cheio e eu teria uma namorada bastante manhosa para agradar.