NARRADORA P.O.V.

Subitamente uma tristeza apareceu no rosto de Ennie. Em toda sua morada na cidade de Seoul ela foi alegre e feliz, talvez por que ainda não tivesse se apaixonado realmente. Hoje ela havia caído na real que apesar de ter sido algo incrível e fora do comum pra ela, que nunca tinha recebido muito atenção do sexo oposto desde que se mudou, o seu quase acidente foi um gesto de gentileza, foi algo corriqueiro, que poderia ter acontecido com qualquer outra.

Nessa manhã tinha se levantado bem cedo para sua primeira jornada de trabalho. A pequena Hannie a esperava, e apesar das coisas que aconteciam em sua vida pessoal, ela não podia viver sem aqueles olhinhos grandes a encará-la. Pelo menos em uma parte do dia ela saberia que poderia dar boas risadas verdadeiras.

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Yoi havia chegado bem cedo aquele dia na lanchonete La Cha Ta. E depois de se trocar foi direto atender algumas mesas, percebendo que algo estava estranho no ambiente.
Ao terminar de atender um cliente se direcionou para o balcão do caixa, onde Tanaia se encontrava fazendo algumas contas.
– Unnie, o que há com a Ennie hoje? Ela está tão estranha, está... Triste? – Yoi havia percebido a mudança de comportamento de sua unnie e não aguentava mais aquela situação.
– Yoi, nada me tira da cabeça que é aquele garoto, o da loja de doces. Eu nunca vi ela desse jeito e depois daquele acontecimento ela vem realmente agindo estranho...
– Sim, eu concordo unnie. Mas você acha mesmo que foi por isso? Foi algo tão rápido...
– É eu sei. Mas a nossa Ennie é sensível. Ela se mostra forte, mas eu sei que ela se sente carente. Ainda mais morando sozinha naquele apartamento. O que não deve ser ela sozinha lá pensando sobre isso...? – As duas garçonetes estavam preocupadas com sua amiga. A mudança repentina de humor e comportamento de Ennie era perceptível até em seus olhos e era difícil a ver assim. Ainda mais ela, que sempre foi muito animada. Enquanto ficavam no balcão apenas a observavam atendendo as mesas.
– Mas hoje a gente vai atrás dele! – Yoi disse animada, confiante de que se fosse isso mesmo que estaria entristecendo a sua unnie elas iriam dar um fim.
– Menos, menos... Não se esqueça de que estamos indo em segredo, dongsaeng. – Tanaia advertiu o exagero de sua dongsaeng, até porque Ennie havia lhes dado uma rápida olhada.
Yoi levou sua mão a boca como um pedido de desculpas e as duas voltaram ao trabalho. Durante a hora seguinte não falaram com Ennie sobre o assunto.

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– Já vai unnie? – Yoi se aproximou quando viu Ennie pegar sua bolsa.
– Sim dongsaeng, já ia mesmo me despedir de vocês. – A garota respondeu com uma entonação não muito boa e com um sorriso fraco, o que preocupou ainda mais suas amigas.
– Ennie, o que está acontecendo? Você está se sentindo mal? Será alguma consequência do seu quase acidente? – Tanaia, a mais preocupada entre as duas, não aguentou mais ver sua dongsaeng no estado em que estava. – Você quer que eu te leve pra casa?
– Quantas perguntas... Não unnie, não há necessidade, sério. Deve ser só uma dor de cabeça, eu compro algum remédio no caminho pra poder passar, até porque eu tenho apresentação nesse instante. – Ennie forçou um sorriso mais alegre ao terminar de falar.
– E você pensa em ir ao Setion nesse estado? Unnie não minta. O motivo você não quer nos dizer, respeitamos, mas tá na cara que você não está nada bem. – Yoi disse séria, o que raramente acontecia.
– Eu não posso deixar que problemas pessoais atrapalhassem meu trabalho. E também, já disse que não é nada demais garotas. Estou indo primeiro. – Ennie se virou em direção à porta e assim foi embora com a maior cara de desanimo, nunca visto antes por suas amigas.
ENNIE P.O.V.

Já havia se passado quase um mês, mas era inevitável eu não pensar em como ele era lindo. Foi em questão de segundos, mas é como se eu tivesse decorado todos os traços do seu rosto.
Para as meninas eu não quis dar muita informação porque eu sei que elas iriam me importunar para todo o sempre com essa história, mas não posso mentir pra mim mesma e dizer que não me lembro com perfeição de cada segundo que se passou naquele momento.
Mesmo sabendo que a possibilidade de vê-lo novamente é de 0,0000001% eu infelizmente tenho isso de me prender a pequenos detalhes e coisas impossíveis.
Por que comigo? Por que logo comigo? Eu estava bem, estava sem pensar em ninguém e estava feliz. Agora vem esse garoto, aparece do nada e preenche meus pensamentos.
Eu realmente não posso mais ficar com isso na cabeça. Tenho que esquecer aquele dia.

Esses foram os pensamentos que me seguiram até em casa. Eu sentia uma necessidade enorme de vê-lo de novo, mas não sabia nem por onde começar a procurar. O medo de me prender a isso começou a tomar conta de mim naquele momento e uma mistura de sentimentos é o que eu tinha dentro de mim.

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Cheguei ao Setion e mesmo com meus queridos amigos sempre alegres fazendo piadas na cozinha da Betty, era perceptível que eu não estava em clima bom. Até o Baro, que sempre foi o mais comediante, não conseguiu arrancar um sorriso sincero da minha parte.

CNU’s P.O.V.

A noite havia se passado normalmente. O movimento no restaurante havia sido bom e estávamos todos na cozinha da Betty nos divertindo com as piadas do Baro. Realmente eu tenho que concordar que ele era "o bom" nesse lance de piadas... Até que eu notei algo estranho. Não durou muito tempo a nossa diversão, logo mais clientes chegaram e todos tiveram que se colocar a postos. Assim que tivemos mais uma pausa, me direcionei até Baro para esclarecer minhas dúvidas.
– Baro!
– Hey, hyung!
– O que foi aquilo lá mais cedo, pelo amor de Deus?
– Ah, eu estou me aprimorando, né hyung? Você sabe que meu forte sempre foi à comédia.
– Assim como os raps.
– É~ - dissemos juntos.
– Mas ya! Você sabe o que aconteceu com a Ennie? – Disse enquanto ajeitava alguns copos no balcão.
– Com a noona? O que houve? Ela está bem? – Ele pareceu preocupado.
– Huh? Você não percebeu? – Parei o que estava fazendo e o olhei.
– Percebeu o quê, hyung? Fala logo!
– Baro-ah, a Ennie sempre foi a que mais deu risada de suas palhaçadas e-.
– Ow! – Fui interrompido com um tapa no ombro por um Baro se sentindo injustiçado – Não são palhaçadas, é arte, ok? – Se gabando todo. - Mas voltando ao assunto, o que aconteceu com a noona?
– Dongsaeng, até eu percebi que a Ennie estava meio pra baixo hoje, ela mal riu do show que você deu antes de sair.
– Sair? Como hyung? Ela estava bem ali conosco na hora em que eu- Ele parou como se estivesse lembrando e percebendo que ela realmente não estava lá.
Na verdade eu vi a hora que ela saiu o Baro não percebeu e eu queria segui-la, mas se assim o fizesse ele iria perceber e isso poderia arruinar o seu show, além de fazer todos ficarem preocupados o que pareceu que a Ennie-ssi não queria que acontecesse.
Seja lá o que está acontecendo com ela não é algo que a está fazendo bem, ela é tão alegre e sabe fazer nos sentir bem. Quando ela está mal é como se algo falasse pra tudo ficar ok.
– Ela não estava lá.
– Hyung, eu realmente não percebi isso. – Ele mudou o humor como se estivesse se culpando por não ter percebido que a Ennie não tinha ficado até o final de seu “show”.
– Baro, isso é normal. Você é quem estava contando as piadas e estavam todos na cozinha, você não iria perceber tudo.
– Sim hyung, mas isso é muito estranho. Como eu não pude perceber que ela estava estranha hoje? E por quê? Por que ela saiu sem falar com ninguém?
– Isso é uma coisa que só ela pode dizer Baro. Todos temos os nossos momentos difíceis, talvez ela só estivesse com saudade de casa, de seus familiares. – Eu tentei confortá-lo; mas ele parecia inquieto fazendo perguntas que eu não podia responder.
Desde que entramos para o Seoul Station o Baro nunca me escondeu que gostava da Ennie-ssi. Ele nunca teve coragem de dizer a ela por medo de ela o rejeitar pela diferença de idade, que nem é tão grande assim, mas ele sempre teve medo. Eu já o aconselhei de várias formas e até falei pra ele conversar com os meninos sobre esse amor, mas o máximo que ele fez foi perguntar pra eles se já se apaixonaram por alguém mais velha, e mesmo assim eles não deram muitos detalhes.
Eu sinto pelo dongsaeng viver um amor escondido e também não correspondido. Deve ser terrível passar por essa situação.

Algum tempo depois~

BARO’s P.O.V.

Depois da conversa que eu tive com o CNU-hyung eu me peguei pensando em algumas coisas...
Por certo tempo eu não pensava em outra coisa a não ser a noona. Ela preenchia todos os meus pensamentos e os dias em que a via eu era o cara mais feliz do mundo. Quando eu a fazia rir das minhas piadas ou quando ela insistia para eu e o CNU-hyung cantarmos alguns raps pra ela. Quando ela desmaiou por não comer e eu a acompanhei até o hospital, ou nas inúmeras vezes que eu a acompanhei até em casa e voltava de ônibus sozinho porque o hyung queria me ajudar a ficar sozinho com ela e as nossas conversas bobas... Tudo isso eu sempre guardei na memória com muito carinho e apesar de que pra mim fosse a um sentido de intensidade maior, não posso negar o fato de que a Ennie sempre me viu como um amigo, como um irmão mais novo que ela poderia contar os seus segredos, algo para substituir a carência de seus irmãos distantes e eu sempre gostei assim.
Com a conversa mais o hyung hoje eu percebi que de uns tempos pra cá eu não tenho sido mais assim; e apesar de ter criado coragem para falar com ela aquele dia, eu fiquei aliviado pelo acontecido, por eu não ter falado com ela. Eu não sei explicar, mas é algo como se eu só pensasse nela quando a visse e no resto do dia eu ficasse normal, não como antes que passava o dia quase todo esperando para vê-la e tentava adivinhar qual vestido ia usar para se apresentar ou em quanto tempo faltava para eu vê-la de novo, o coração disparava só com o seu sorriso e seu jeito de me chamar de dongsaeng...
Pensando melhor sobre isso eu não consigo ter certeza sobre os meus sentimentos... O que eu sinto pela noona será mesmo amor?