Passada uma semana após o teste da equipe de quadribol, Scorpius se levantou de sua cama se sentindo bastante mal-humorado. Mas era assim que tinha estar.

No dia anterior, procurara Aleto pra pedir explicações. Encontrou-a no corredor,  o olhar vago e distante, e ele percebeu que a (ex?)namorada admirava Robert, que se encarava perante a um dos espelhos magníficos do castelo, exibindo os poucos músculos que tinha e sorrindo para o próprio reflexo. Fingia muito bem que desconhecia uma platéia, mas Scorpius, atento, percebeu que ele estava bem ciente de que Aleto o observava.

_Aleto?_

_Malfoy?_

_Como assim, Malfoy? Agora ficou Malfoy, não é, depois que esse viado apareceu!_

Ela se virou pra ele, com raiva.

_Não se atreva a chamar o Robert de viado!_ela suspirou,sonhadora._Ele é perfeito!_

_Isso quer dizer que nosso namoro acabou?_

_Namoro? _seus olhos azuis se arregalaram._Nós já namoramos?_

Robert riu, com gargalhadas altas e gostosas que deixaram Scorpius vermelho de raiva. E o namoro terminou.

Lembrando disso, Scorpius levou a mão a teste e constatou que estava grande dor de cabeça. Não tomou banho, e após se vestir distraidamente, e foi tomar seu café da manhã.

Passando por um movimentado corredor, ele viu Natasha interrogando algum menino (ela convencera McGonagall a criar um jornal para o colégio; poder de veela), e suspirou. De repente, Rose apareceu, e tudo com que Scorpius sonhara, aconteceu:

Dezenas de ovos caíram em sua cabeça, escorrendo por seus cabelos e molhando seu uniforme. Todos começaram e a rir maldosamente quando grandes bolas de estrume iam sendo jogadas por sua roupa e em seu rosto.  Scorpius, como todo mundo, começou a se dobrar de rir.

Rose continuava recebendo várias outras coisas: feitiços iam caindo por seu rosto, cada um deles transformando seu rosto em algo pior e ainda mais humilhante. Tudo parou por alguns segundos, e, de repente, foi jogada grande quantidade de pus de bobutúberas puro por todo o seu corpo.

Ele já não podia mais se sustentar em pé de tanto rir, enquanto a Weasley caía inconsciente no chão. Alguns estavam sentados pra rir, mas Natasha, profissional, se aproximou e começou a tirar fotografias. Scorpius se aproximou para vê-la melhor, e se surpreender ao ouvir Natasha sibilar para o corpo inconsciente, satisfeita.

_Aí está a sua recompensa por ter tirado minha vaga no quadribol... E por dar uma detenção no meu irmão... E por ter me interrompido na aula daquela professora de história. Sua vadia, eu vou te dizer uma coisa: eu vou chegar ao topo. Eu quero me destacar em tudo, e não é você que vai me impedir de conseguir meu objetivo, ok?_e se levantando_ Robert vai gostar de saber que funcionou._

Jonathas veio pelo corredor, parecendo assustado, e, quando foi se aproximar, Natasha colou-se a ele, murmurando algo baixinho que Scorpius não pode ouvir. Logo depois, os dois estavam se agarrando no corredor, uma cena bem desagradável de se ver.

Scorpius estava vermelho de tanto rir, mas no meio daquela diversão ele não pode deixar de sentir pena da garota deitada no chão. Seus cabelos estavam duros, cheios de tentáculos prateados. Seu rosto estava desfigurado, parecendo queimado, e cheio de bolotas por causa do pus de bubotúbera. E sua roupa estava completamente chamuscada.

_AH MEU MERLIN, ROSE!_ Hugo Weasley se aproximou, juntamente com Lily Luna. _Vá chamar Albus, Lily!_

Lily correu pelo corredor enquanto Hugo olhava desconsolado pra irmã, que ainda não acordara. Lily voltou em pouquíssimo tempo arrastando Albus pelo braço. Quando enxergou a prima, seus olhos verdes se arregalaram e ele correu até ela, caindo de joelhos ao seu lado.

_ROSE!_chamou ele, desesperado._ROSE!_ sem conseguir resposta, pegou-a no colo e correu com ela para a enfermaria, deixando um rastro de risadas por onde passavam.

Scorpius não queria segui-los. Mas achou que Albus o mataria se não o fizesse, e, por isso, foi até a enfermaria logo atrás. Chegando lá, viu Madame Pomfrey pálida como uma parede de hospital, olhando para a garota sem saber o que fazer. Foram colocados pra fora para dar à enfermeira mais privacidade, e, voltando para a sala, Albus perguntou-lhe:

_Quem poderia fazer uma coisa dessas pra Rose?_

_Natasha Lewis e Robert Lewis._

Ao contrário do que ele esperada, o semblante de Albus rapidamente se tingiu de irritação.

_Não vai começar com isso de novo, não é, Scorpius! Porque tudo o que acontece aqui é culpa dos dois? Sei que você está irritado com o Robert por ele ter tirado sua namorada de você, mas pare de culpá-los por tudo!_

_Então você não vai me ajudar a tirá-los daqui?_

_Não acredito que você estava tramando um plano de vingança, Scorpius! Deixe-os em paz! Se eu souber que você pretende fazer qualquer coisa desse tipo novamente, não hesitarei em ir à McGonagall._

_Achei que você era meu amigo!_

_E sou!_disse ele, sua expressão se suavizando um pouco._Mas armar pra quem não tem culpa de nada não vai te levar à lugar nenhum. Agora vamos._

Scorpius suspirou, frustrado, depois que eles se sentaram pra assistir a Sr. Fox dar sua aula de transfiguração. Albus, a única pessoa na qual confiava para lhe ajudar a se vingar dos irmãos ameaçara dedurá-lo... Mas ele não conseguiria fazer tudo sozinho. Sua mente começou a maquinar, procurando as pessoas para qual pediria ajuda, mas nenhuma delas era suficientemente confiável. E nenhuma delas odiava tanto os irmãos quanto ele—Scorpius achava que era o único que não se encantava por eles até que a solução veio à sua cabeça, clara como água.

Era uma ideia louca praticamente suicida, mas era sua última alternativa...

Decidiu-se, então, e naquela mesma noite, saiu do dormitório—usando a capa que pegara emprestada de Albus—com  uma missão praticamente suicida: invadir a enfermaria e convencer Rose Weasley a ajudá-lo com seu plano.

Entrando na enfermaria, encontrou Rose olhando para o nada, sua expressão vaga. O rosto estava completamente manchado, e vários tumores ainda se mantinham resistentes à mágica. Seus olhos estavam distantes, e não parecia nem de longe a Weasley que ele conhecia.

Suspirando fundo,tomando coragem para o que ia fazer, ele deixou a capa cair ao seus pés.

_MALFOY!_berrou ela, assustada, e depois, baixando o tom._O que você está fazendo aqui?_

_Pois é. Eu não gostaria de estar aqui, mas..._

_Então porque está aqui?_ interpelou ela, rudemente.

_Porque não tenho opção. Nem Albus quis me ajudar. E você é a única pessoa que me resta._

_Eu nunca ajudaria você!_

_Mas..._

_SE VOCÊ VEIO RIR DA MINHA CARA, TIRE SEU CAVALO DA CHUVA, EU NÃO VOU ACEITAR ISSO, TUDO BEM?_

Ele olhou assustado para os lados.

_Fala baixo._ele suspirou._Por favor, Weasley, pelo menos escute o que eu tenho a te dizer!_

_Tudo bem! Além do mais, isso está decididamente divertido._

_Ok. Você sabe quem te deixou desse jeito?_

_Não._

_Pois é. Foi Natasha Lewis._

_E que provas você tem disso?_

_A ouviela sibilando algumas ameaças pra você, que estava inconsciente. E não se estranhe se te chamarem de chifruda, amanhã. Ela agarrou Jonathas no meio do corredor. Os dois estavam se agarrando nojentamente, não era nada muito agradável de olhar._

Ele viu os olhos da Weasley se arregalarem, e percebeu que meia batalha já estava vencida.

_E como sei se isso é verdade?_

_Faz o seguinte, Weasley. Eu saio daqui, você finge que não me viu, e amanhã eu vou te procurar de novo pra conseguir uma resposta._

Ele voltou pra onde deixara sua capa, com um movimento fluido, saiu da enfermaria. Não antes de ver como que a raiva rapidamente se esvaíra dos olhos dela, deixando apenas uma melancolia que ele não pode identificar.