POV Jacob

  Eu não podia acreditar no que estava vendo. Quem era aquele cara abraçando a minha namorada? Andei em direção a eles e perguntei:

  _Posso saber o que está acontecendo aqui?

  Nessie se afastou do cara e me encarou, vendo a raiva nos meus olhos.

  _Jake – disse ela, vindo para o meu lado -, esse é o Riley. Se lembra que eu falei dele?

  Apenas assenti e segurei sua mão.

  _Muito prazer – disse Riley, esticando sua mão para me cumprimentar.

  Não retribuí o gesto, apenas olhei para a mão dele esticada e depois para seu rosto novamente.

  _Sou Jacob – falei. – O namorado da Renesmee.

  Riley recolheu sua mão, sem graça.

  _Bom – disse ele -, tenho que ir na secretária. Vejo você depois, Renesmee.

  Ela assentiu e ele foi embora.

  _Garoto abusado! – Murmurei, mas Nessie escutou.

  _Não acredito que ficou com ciúmes dele – disse ela, me encarando.

  _Claro que fiquei – admiti. – Não gostei nada do jeito que ele estava abraçando você.

  _Jake, foi só um abraço – falou. – Nada de mais. Ele me ajudou aquele dia, você se lembra?

  Olhei para Alec sentado no banco.

  _É, eu me lembro – falei, e Alec passou a mão no cabelo, sem graça.

  _Vou deixar vocês dois sozinhos – disse ele, se levantando e saindo depressa.

  _Não precisa se preocupar – disse ela, acariciando meu rosto. – Eu amo você. Ou o senhor ainda tem dúvidas disso?

  Beijei sua mão quando ela passou por minha boca.

  _Claro que não – falei. – Eu também amo você.

  Ela sorriu e me beijou, calmamente.

  Posso ter deixado passar agora, mas ainda não engoli esse tal de Riley.

  O sinal tocou e nós entramos na escola. Deixei Renesmee em sua sala e logo depois fui para a minha primeira aula: Matemática. Quando entrei na sala e vi quem estava ali, não consegui acreditar. Será que essa garota vai me seguir para qualquer lugar agora?

  Quando passei por ela, indo para o fundo, ela me cumprimentou, toda sorridente.

  _Oi, Jake!

  _Oi, Carol – falei, forçando um sorriso e indo para a minha mesa.

  Seus olhos me seguiram, mas eu não dei bola pra ela. Só posso dizer que foi um pouco incômodo seus olhos grudados em mim. O que ela estaria pensando? Não sei, nem quero saber. Eu quero distância de Caroline Adams, isso é tudo.

  _Formem duplas, por favor – disse a professora Nollan entrando na sala.

  _Jake... – Carol me chamou, mas eu fingi estar procurando alguém.

  _Ei, Clay! – Chamei o garoto ao meu lado, mas ele me mostrou que já havia formado sua dupla.

  Não me restou alternativas, senão me sentar com Carol. Ela se juntou a mim aqui atrás.

  _Não adianta fugir de mim – disse ela, com um sorrisinho. – Eu não mordo, Jake, sabe muito bem disso.

  _É, eu sei – falei. – Mesmo assim...

  _O que foi? – Ela perguntou. – A sua namorada ficou com ciúmes?

  _Não há nada para ela ter ciúmes – falei

  _Se você acha... – disse ela, abrindo seu caderno.

  _Tenho certeza – falei. – Afinal, o que você quer Carol?

  Ela riu, suspirando depois.

  _Jake, Jake... – disse ela. – Achei que já havia aprendido a desvendar as coisas. Acredite, não voltei para essa escola à toa. Só há uma coisa que eu quero e que eu sempre quis. Eu tive que ir embora, mas o meu desejo continuou o mesmo, e ficou mais forte a cada ano que passou.

  _E o que seria? – Perguntei. – O que você quer?

  _Você – disse ela sem rodeios, olhando bem nos meus olhos. Ela sorriu. – Lembra de quando éramos apaixonados um pelo outro, Jake? Eu fui a sua primeira namorada e você foi o meu primeiro também. Descobrimos tantas coisas juntos, tivemos nossa primeira experiência um com o outro...

  _Chega! – Falei. – Carol, passou tempo de mais. Você pode ter sido a minha primeira namorada, mas agora eu sou completamente apaixonado pela Renesmee.

  _Não é não – disse ela, como se soubesse do que estava falando. – O primeiro amor a gente nunca esquece, Jake.

  _Isso pode ser verdade – falei, engolindo em seco -, mas quando esse amor se vai, entra outro no lugar, até mais forte e mais intenso. Assim é o meu amor e de Renesmee. Eu a amo, Carol. Não importa se quando você foi embora eu ainda era louco por você, mas o tempo passou e eu conheci a pessoa mais maravilhosa desse mundo.

  Ela apenas sorriu.

  _Com o tempo você vai ver que ainda me ama, Jake – disse ela. – Deixa só a nossa velha chama voltar a acender. Aposto que isso não vai demorar muito.

  Eu ri, a ignorando totalmente.

  _Copie as fórmulas – falei, mostrando o quadro. – E me deixe em paz.

  Ela se voltou para o seu caderno, sorrindo.

  Pois é. Essa garota ainda ia me tentar muito.

  Não estava muito afim de assistir a próxima aula, então fui para as arquibancadas. Estava deserto lá ainda. Me sentei, colocando a mochila ao meu lado. Olhando para aquele campo enorme, me lembrei da nossa vitória no último jogo. Tantas emoções, alegrias. Ver Renesmee no meio de todo mundo, torcendo por mim, havia me dado as forças de que eu precisava para fazer aquela bola passar pelo aro.

  Falando na minha princesa, eu queria que ela estivesse comigo aqui. Ia lhe mandar um torpedo, mas me lembrei que agora ela tinha teste de Biologia. Então fiquei ali, sozinho, de olhos fechados.

  Ouvi os passos de alguém se aproximando, então abri um pouco os olhos. Felizmente era Quil. Ele se sentou ao meu lado e olhou para o nada.

  _O que foi? – Perguntei.

  Ele passou a mão no cabelo e deu uma risada, como se estivesse se lembrando de alguma coisa engraçada.

  _Ah, Jake... – disse ele. – Por que tudo tem que ser tão complicado?

  _Nem me fale – eu disse. – Já viu que a Carol voltou?

  _Vi sim – disse ele. – Como você está?

  _Normal – falei.

  _Ela não balançou você?

  _Não – falei com um sorriso. – Na verdade, não sei ainda. Eu me sinto estranho toda vez que ela chega perto. Mas aí eu me lembro de Renesmee e tudo volta ao normal. Você sabe que eu sou apaixonado por ela. – Quil assentiu. – Mas fala aí, o que aconteceu com você?

  Ele suspirou.

  _Você sabe que a Leah está me dando muita força – disse ele. – Ela está sempre lá, me ajudando a me controlar para não fazer uma besteira. Ela quer o melhor para mim. – Ele sorriu daquele jeito de novo.

  _E... – o estimulei a continuar.

  _E eu acho que estou me apaixonando por ela – disse ele de uma vez. – Isso se eu já não estiver.

  _Mas ela é sua prima – falei.

  _Eu sei – disse Quil, passando a mão nos cabelos novamente. – E ainda tem aquela implicância dos nossos pais. Caramba, Jacob! As coisas não podiam ser mais fáceis? Essa coisa de vida deveria vir pelo menos com um manual de instruções.

  Eu ri.

  _Infelizmente não vem – eu disse, dando um tapinha nas suas costas. – Nós é que temos que nos virar. Mas é cada coisa que acontece...

  _Tipo a Bree – disse ele.

  _É – concordei. – Tipo a Bree, aquela maluca. Ainda bem que já está presa. Por causa dessa psicopata, Renesmee poderia não estar mais aqui. Mas felizmente Deus nos ajudou, deu a ela uma segunda chance.

  Quil concordou, e ficamos em silêncio por um tempo.

  _Não sei o que vou fazer – ele disse por fim. – Eu amo a Leah, não tenho dúvidas disso. Mas eu não sei se ela sente o mesmo, não sei se ela aceitaria lutar contra todas as barreiras para ficar comigo.

  _Só tem uma forma de saber – eu disse.

  _Como? – Ele perguntou.

  _Fala pra ela.

  Quil pareceu pensar um pouco no assunto, e enfim respondeu.

  _É isso mesmo o que vou fazer.

  Finalmente a hora do intervalo havia chegado. Assim que vi Nessie no refeitório, a agarrei, tomando sua boca com a minha no mesmo momento.

  _Isso tudo é saudade? – Ela perguntou com um sorriso quando separou nossos lábios.

  _Muita saudade – falei. – É difícil ficar 3 horas sem te ver, sabia?

  Ela balançou a cabeça negativamente, com um sorriso.

  _Eu te amo – falei, tirando uma mecha de cabelo do seu rosto.

  _Também te amo – disse ela, me dando um selinho. – Mas agora estou com fome. Será que podemos pegar nossos lanches?

  Eu ri e fiz que sim com a cabeça.

POV Renesmee

  Ainda bem que ficou tudo esclarecido depois daquele ataque de ciúmes do Jacob, mas eu podia sentir que ele não confiava no Riley. Da mesma forma que eu não confiava naquela tal de Carol. Ainda não conseguia esquecer tudo o que Jake me disse ontem, sobre o amor que ele sentia por ela. Ele disse que havia passado, mas será mesmo? Eu tenho que confiar no meu namorado, só isso. Se Jacob disse que não queria mais nada com aquela loira enjoada, é porque ele não quer. Tenho certeza de que ele me ama, e espero que isso seja suficiente.

  Na hora de ir embora, Jake se despediu de mim no estacionamento.

  _Vou ter que ficar – disse ele, ficando de frente para mim enquanto me mantinha encostada no seu carro. – O Treinador Smith disse que temos que treinar para o próximo jogo. Eu juro que quando sair daqui vou direto para a sua casa.

  _Tudo bem – falei. Ele pegou minha mão e a beijou.

  A colocando ao lado do meu corpo, segurou meu rosto e colou seus lábios nos meus, num beijo carinhoso, cheio de amor que só Jacob sabia dar. Depois deu um beijo na minha testa e se afastou.

  _Até mais tarde – disse, andando de costas.

  _Até mais tarde – falei. Ele se virou e foi em direção ao campo.

  Já estava indo embora quando Claire me chamou.

  _Vem, Nessie! Te dou uma carona.

  _Não, obrigada – recusei. – Vou andando hoje. Preciso pensar um pouco.

  _Entendo – disse ela. – Então até depois.

  Acenei e ela foi embora com as meninas.

  Comecei a andar na direção para casa, então alguém me alcançou e começou a andar do meu lado.

  _Não acha que vai cansar? – Perguntou Riley.

  _Não – falei, com um meio sorriso. – Quero ir a pé para pensar um pouco.

  _Isso quer dizer que não quer companhia – disse ele.

  _Não – falei. – Ir conversando também é bom.

  Ele sorriu e andamos em silêncio por um tempo.

  _Então – falei -, por que decidiu vir morar com a sua mãe?

  _Eu te falei que gostava daqui – disse ele -, e estava cansado de casa. Na primeira oportunidade, me despedi do meu pai e vim embora. Minha mãe me recebeu de braços abertos.

  _Ela deve amar muito você – falei. – Por que só decidiu vir morar com ela agora?

  Ele hesitou por um momento.

  _Tinha um motivo – disse, olhando para mim.

  Pude sentir minhas bochechas corarem. Ele não poderia estar falando disso. Poderia? Ah, droga!

  _Riley – falei -, acho muito legal você vir morar com a sua mãe e estar estudando na minha escola, mas por favor não tenha nenhuma...

  _Esperança? – Ele tentou adivinhar.

  _Exatamente – falei. – Não quero que se machuque.

  Ele riu, meio sem emoção.

  _Está pedindo para um soldado desistir antes mesmo de entrar na guerra? – Disse ele.

  _Por isso que estou pedindo – falei. – Por você não ter entrado ainda. Eu amo o meu namorado.

  _Você não me conheceu direito ainda – disse ele. Então segurou meu braço de leve, me fazendo parar e olhar para ele. – Renesmee, desde aquele dia que eu salvei você do seu namorado tarado – ele deu uma risadinha -, eu não consegui parar de pensar em você. Seu sorriso, seus olhos... – ele acariciou meu rosto. – Sua boca.

  _Riley. – Falei, tirando sua mão.

  _Foi amor a primeira vista – ele continuou. – Depois que te deixei em casa, eu soube que precisava vir morar com a minha mãe o mais depressa possível, pois precisava te ver novamente, falar com você. E já que aquele seu namorado idiota não tinha mais chances, talvez eu tivesse. Mas aí eu chego aqui e você já tem outro.

  _Eu sempre amei o Jacob – falei. – Mesmo antes do Alec, nós namoramos. Ficamos separados um tempo, mas depois voltamos. Riley, por favor. Não tente estragar essa amizade que temos desde aquele dia.

  _Me desculpe – disse ele -, mas é tarde de mais. Eu já estou apaixonado por você. E se você pudesse...

  _Não posso – o cortei. – Meu coração já tem dono, Riley. Eu sinto muito, muito mesmo.

  Ele suspirou, dando uma risadinha nervosa.

  _Tenho que ir embora – falei, já me virando.

  _Tudo bem – disse ele. – Mas eu não vou desistir. Não até você me conhecer de verdade, Nessie. Depois... Bom, se depois, mesmo assim, você não sentir nada por mim, eu desisto. Mas não antes disso.

  Respirei fundo. Riley era um cara tão gentil, bondoso, lindo... Eu não queria magoá-lo, machucá-lo como eu sabia que ia acabar acontecendo.

  Sem dizer nada, apenas lhe dei um sorriso e continuei seguindo. Espero que ele não tenha entendido como um sinal para ter esperanças.

POV Jacob

  Depois de fazermos vários exercícios e treinarmos pra valer, o treinador nos liberou. Graças a Deus! Fui para o vestiário e tomei um banho. Acho que fui o mais lento de todos, pois quando saí do banheiro, só com a toalha amarrada na cintura, não havia mais ninguém ali. Fui até minha mochila e peguei minhas roupas para me trocar. Já havia colocado a cueca e a calça, quando sinto uma mão passando por minhas costas. Me viro e dou de cara com Carol.

  _O que está fazendo aqui? – Perguntei.

  _De olho em você – disse ela com um sorriso. – Continua com aquele corpo dos deuses, hein Jake. Deu uma melhoradinha aqui e outra ali, e está perfeito. – Ela olhou para o meu peito nu e mordeu o lábio.

  _Vai embora daqui, Carol – falei, a empurrando para a saída.

  Mas conseguiu se esquivar de mim.

  _Caramba, Jake! – Disse ela, passando a mão no meu peito. – Eu só queria relembrar nossos momentos de amor. Você se lembra deles?

  Por um momento fiquei hipnotizado por seus olhos azuis fixos nos meus, mas depois caí em mim, tirando sua mão do meu peito e indo para o outro lado do vestiário.

  _Eu ainda amo você, Jake – disse ela, vindo na minha direção. – Te ver depois de dois anos só me fez ficar mais apaixonada por você ainda. Tenho certeza de que você se lembra qual é o gosto do meu beijo, a maciez do meu corpo... – ela ficou bem na minha frente, pousando sua mão no meu peito. – De como meu coração acelerava quando você me beijava. Eu queria tanto sentir isso de novo, Jake. Aposto que você também quer.

  Senti minha barriga formigar, e mais uma fez fiquei preso por aqueles olhos azuis. Carol se equilibrou nas pontas dos pés e mecanicamente eu inclinei minha cabeça para frente. Ela colocou uma mão na minha nuca, puxando mais a minha cabeça para baixo, então nossos lábios se encontraram, seu corpo se encostando mais ao meu quando passei meu braço por sua cintura e a puxei para mais perto. Segurei seu rosto, enquanto minha língua pedia passagem, e ela cedeu. Nossas línguas se enroscaram, e foi como se dois velhos amantes tivessem se encontrado novamente.

  Mas então eu caí em mim. Mas que droga eu estava fazendo?

  Segurei Carol pelos ombros e afastei. Ela tinha uma interrogação no olhar.

  _Isso não devia ter acontecido – falei.

  _Devia sim – disse ela. – Porque você me queria assim como eu queria você. Não negue, Jacob. Eu ainda mexo com você.

  _Não! – Falei. – Agora vá embora. Você não deveria estar aqui. E presta atenção: isso nunca aconteceu, tá bom?

  Ela riu.

  _Tá com medo da namoradinha descobrir? – Disse ela.

  Respirei fundo.

  _Se a Nessie souber desse beijo... Carol, só me escuta. Eu não quero que ninguém saiba sobre isso.

  Peguei minha camisa em cima do banco e a vesti. Peguei minha mochila e a coloquei nas costas, e me virando para Carol falei:

  _Isso nunca mais vai se repetir.

  _Será mesmo?! – Disse ela, com um sorriso.

  Revirei os olhos e saí do vestiário. Fui para o estacionamento da escola, entrei no meu carro e dirigi para a casa de Renesmee o mais depressa que pude.

  Não podia nem imaginar com que cara eu iria olhar para ela agora.