POV Renesmee

  Eu sei que não deveria, mas aquelas palavras de Riley me fizeram pensar tanto. Quer dizer que ele está apaixonado por mim desde aquele dia? Mas éramos completos estranhos. Ele poderia estar apaixonado por mim. Isso não devia estar acontecendo. Complicações em cima de complicações. Primeiro essa Carol e agora o Riley. Quando vou ter um tempo de paz?

  Coloquei a jarra de suco na geladeira, então bateram na porta. Quando abri vi que era o meu maravilhoso namorado. Sorri e o beijei. Jacob separou nossos lábios rápido de mais, o que me fez estranhar, e entrou.

  _O que houve? – Perguntei.

  Ele olhou para mim e suspirou, se sentando no sofá. Me sentei ao seu lado e olhei para ele.

  _Tenho que te contar uma coisa – disse ele -, mas não sei como fazer isso.

  _Não deve ser tão difícil assim – falei. – Não é nada grave, não é?

  Ele me olhou e encostou sua testa na minha.

  _Você sabe que eu te amo – disse ele. Assenti. – Eu não sei como eu fiz isso...

  _Jake – falei, o afastando um pouco -, você está me assustando.

  E ele realmente estava. O que ele tinha feito para deixá-lo assim?

  _Fala de uma vez – falei. – O que você fez?

  Ele respirou fundo.

  _Eu e a Carol nos beijamos.

  Por um momento fiquei sem reação, apenas com os olhos arregalados.

  _Vocês o quê? – Perguntei, como se não acreditasse.

  _Eu não consegui me controlar – ele tentou se explicar. – Ela foi chegando tão perto que...

  Me levantei bruscamente do sofá.

  _Não conseguiu se controlar? – Perguntei, perplexa. – Eu não posso acreditar que você tenha feito isso.

  _Me perdoa – pediu, se levantando também. – Nunca mais vai acontecer...

  _Será mesmo? – Perguntei. – Quantas vezes mais você não vai conseguir se controlar? Será que não consegue deixar seu passado de lado? Quer voltar a ser aquele cafajeste que você era?

  Vi as lágrimas descerem por seus olhos – e pelos meus também.

  _Sei que você está com raiva – disse ele -, mas eu prometo que...

  _Você não promete nada! – Gritei. – Sei que você disse que não sentia mais nada por aquela garota, mas eu posso sentir que você ficou balançado, Jake. Eu não sou burra. Eu sei que você ainda sente alguma coisa por ela.

  _Não – disse ele. – Foi um erro, eu sei, mas eu não sinto nada por ela.

  _Não tente enganar a si mesmo – falei, limpando algumas lágrimas. – Eu achei que depois da Bree e do Alec finalmente poderíamos viver em paz, mas agora eu vejo que os problemas apenas começaram. Essa garota voltou para testar você, e eu estou vendo que, pelo rumo que você está tomando, a sorte está do lado dela.

  _Para de falar isso – disse ele. – Eu amo você.

  Ele chegou perto, segurando meu rosto com sua mão.

  _Não encosta em mim – falei entre dentes, tirando sua mão e me afastando dele. – Vai embora daqui, Jacob.

  _O quê? – Ele perguntou, os olhos brilhando de lágrimas.

  _Vai embora! – Repeti, mais alto. – Eu não quero ver você na minha frente. Sai daqui, agora!

  Ele apenas continuou me olhando, então veio em minha direção, me prendendo com seus braços.

  _Não faz isso comigo – disse ele. – Eu amo você.

  _Você começou isso – falei. – Foi você que beijou aquela filha da mãe. Agora me solta!

  Dessa vez o empurrei, fazendo com que ele me soltasse.

  _Vai embora! – Repeti. – Por favor, Jacob. Vai embora.

  Ele abaixou a cabeça, mas assentiu, devagar. Limpou as lágrimas e se encaminhou para a porta. Quando ele saiu, a fechei rapidamente.

  _Nessie! – Disse ele, batendo na porta. – Por favor, meu amor. Me perdoa.

  _Não – falei. – É melhor você ir agora.

  Houve um silêncio, então escutei o barulho de seu carro saindo e indo embora. Assim que vi que ele realmente havia ido, me joguei no sofá e me permiti chorar o quanto pudesse.

  _Jane – falei, quando a minha amiga atendeu o telefone -, posso ir para a sua casa?

  _É claro – disse ela. – Mas o que houve? A sua voz está estranha.

  _Explico quando chegar aí – falei. – Pode chamar as meninas? 

  _Posso – disse ela. – Podemos fazer uma festa do pijama. Vamos juntas para a escola amanhã.

  _Tá bom – falei. – Até daqui a pouco.

  Quando desligamos o telefone, liguei para a minha mãe avisando que eu ia dormir na casa dos Volturi.

  Cheguei lá às 17h. Claire e Leah não haviam chegado ainda. Alec estava na sala vendo um jogo de futebol.

  _Oi, Alec – falei.

  _Oi, Nessie – disse ele, sorrindo, então voltou sua atenção para o jogo.

  Entramos no quarto de Jane e ela me jogou a pergunta.

  _Tem que me contar agora o que está acontecendo – disse ela.

  _Vamos esperar as meninas – falei. – Assim só preciso repetir uma vez.

  Ela assentiu, então começamos a conversar sobre outra coisa.

  Meia hora depois, Claire e Leah chegaram.

  _Vou lá abrir a porta para elas – disse Jane, saindo do quarto.

  Fui até a sua janela. Não tinha nenhuma vista. Ela era de frente para uma janela da casa ao lado. Lá embaixo havia um gramado lindo, com flores coloridas e bonitas. Permaneci olhando para baixo, enquanto pensava sobre o que houve hoje.

  _Nessie?

  Olhei para a janela em frente, então me deparei com o enorme sorriso de Riley.

  _O que faz aí? – Perguntei.

  _Eu moro aqui – disse ele. – Essa é a casa da minha mãe.

  _Sério? – Falei. – Nossa, eu não podia imaginar.

  _E você? – Disse ele. – O que faz aí?

  _Aqui é a casa da minha amiga – falei. – Vamos fazer uma festa do pijama.

  Ele riu.

  _Parece divertido – disse ele, então alguém o chamou. – Tenho que ir. Depois a gente se fala.

  _Tá bom – falei.

  _Ah, e não se esqueça sobre o que eu te disse hoje. – Dei um meio sorrio e abaixei meu rosto, com certeza corando. Ele riu e saiu da janela.

  _O que está fazendo aí? – Jane perguntou, entrando no quarto.

  _Eu só estava... – comecei a fala. – Nada. Não estava fazendo nada.

  Leah e Claire entraram e Jane fechou a porta.

  _Pronto – disse ela, pulando na cama. – Agora você pode contar o que tá rolando.

  Quando terminei de falar, elas ficaram de boca aberta.

  _Não tô acreditando nisso – disse Claire. – Como ele pôde fazer uma coisa dessa?

  _É o que eu me pergunto – falei, já com lágrimas nos olhos.

  _Oh, amiga! – Disse Leah, me puxando para um abraço, que acabou sendo um abraço coletivo.

  _A Carol não está de brincadeira – disse Jane. – Ela está determinada a reconquistar o Jake.

  _E você vai perdoá-lo? – Claire perguntou.

  Suspirei.

  _Não sei – falei. – Eu o amo tanto, mas o que ele fez... Eu não sei se consigo suportar. Enquanto essa Carol estiver aqui, ele vai ficar sempre tentado e com certeza isso vai acabar acontecendo novamente.

  _Eu acho que ela não vai embora tão cedo – disse Jane.

  _Também acho – Leah concordou. – Uma coisa é certa: se você ainda quer o Jacob, é melhor dar um jeito de desculpá-lo e fazer com que isso nunca mais aconteça, senão a Carol vai sair vitoriosa dessa história.

  Fechei os olhos e suspirei, deitando no colo das minhas amigas novamente.

  _Por que ele foi fazer isso? – Perguntei, recomeçando a chorar.

  Já eram 20h da noite. O drama já havia passado e estávamos tentando aproveitar esse tempo juntas.

  Tá bom, elas achavam que o drama tinha passado. Eu ainda estava muito triste por dentro, por isso às vezes perdia alguma coisa que elas dissessem, por estar pensando de mais naquele assunto.

  _Nessie, você está bem? – Jane perguntou.

  _Estou – falei, tentando sorrir. – Gente, vou lá fora um pouquinho pra tentar pegar um ar.

  _Quer que a gente vá com você? – Claire perguntou.

  _Não – falei. – Quero ficar sozinha.

  _Tudo bem – elas disseram juntas.

  Desci e saí da casa, passando pelo lado e indo para trás dela, onde me encostei na parede e sentei na grama. Apoiei minha testa nos joelhos, mas não chorei, apenas tentei colocar meus pensamentos em ordem.

  _É pedir de mais se eu perguntar o porquê de você estar assim?

  Olhei para cima e vi Riley.

  _É sim – falei.

  Ele assentiu.

  _Posso me sentar com você? – Perguntou.

  _Riley, é melhor...

  Mas ele já estava se sentando antes da minha resposta.

  _Você está triste – disse ele. – Não gosto de te ver assim. – Não falei nada, apenas olhei para lugar nenhum. – É com o Jacob?

  _Por favor... – falei. – Eu realmente não quero falar sobre isso.

  _Tudo bem – disse ele. – Mas escute: não importa o que o Jacob tenha feito para te deixar assim. Ele não podia ter feito isso. Ele não pode fazer nada para magoar você.

  _Riley, por que insiste tanto? – Perguntei. – Esquece o Jacob, esquece o porquê de eu estar assim. Eu só quero paz, será que posso?

  _Claro que pode – disse ele. – Eu já vou indo.

  _Não – falei, segurando seu braço quando ele ia se levantar. – Pode ficar, mas só não fale dele.

  _Tá bom – disse Riley. – Sobre o que vamos falar então?

  _Vamos só ficar em silêncio – falei. – Quero organizar um monte de coisas na minha cabeça.

  Ele assentiu, então ficamos em silêncio. Pude sentir quando Riley passou seu braço por trás de mim, então me encostei em seu ombro. Sei que não deveria estar fazendo isso, mas estava acontecendo naturalmente. Fechei meus olhos e deixei que meus pensamentos voassem para longe, talvez até meu senso tenha ido junto com ele.

  Eu podia ouvir a respiração de Riley em meu ouvido. Estava tão calma e pesada ao mesmo tempo. Eu sabia que ele estava olhando para mim, mas não me atrevi a olhar para ele.

  _Riley... – sussurrei seu nome.

  _Sim? – Ele sussurrou em resposta.

  Hesitei por um momento. Eu queria mesmo aquilo? Não tinha certeza, mas eu ia fazer o que eu estava determinada a fazer.

  _Me beije.

  Abri meus olhos devagar, e encontrei seus olhos me encarando com uma certa perplexidade.

  Ele segurou meu rosto com a sua mão, e fomos aproximando mais nossos rostos, nossos lábios. Então eles finalmente se tocaram, se encontrando pela primeira vez. Seu gosto era novo, diferente, mas era bom. Nossos lábios se moveram juntos, de uma forma admirável e inocente. Riley era bom, assim como seu beijo. Eu não queria – e não podia – separar nossos lábios. Coloquei minha mão em sua nuca, me entregando mais ao beijo. Sua língua pediu passagem e eu cedi, deixando que ela se enrolasse a minha com uma facilidade incrível. Era tão fácil me deixar levar por aquele beijo, por aquele momento. Mas o que eu realmente sentia por Riley? Não chegava nem perto do que eu sentia por Jacob.

  Devagar, separamos nossos lábios, então Riley me olhou nos olhos.

  _Por que fez isso? – Ele perguntou.

  Segurei sua mão em meu rosto e respondi com sinceridade.

  _Eu não sei. Eu realmente não sei.

  _Está chateada com ele – disse Riley. – Não ache que vai conseguir esquecer os problemas beijando outro cara.

  _Eu não...

  _Nessie, eu amo você, mas só vou voltar a te beijar novamente quando você realmente me querer. Não quero servir de borracha, uma coisa que você só precisa quando quer apagar alguma coisa.

  _Riley, essa não foi a minha intenção – falei.

  _Eu sei – disse ele. – Mas fazer isso quando você não tem certeza pode me magoar muito, Nessie. Eu prefiro nunca ter você por uma coisa verdadeira que você sinta, do que te ter e depois ser deixado porque você resolveu seus problemas com o outro.

  _Sinto muito, Riley – falei. – Eu não quero magoar você.

  _Resolva essa confusão que está na sua cabeça – disse ele. – Se você não me quiser e ser verdadeira, não vai me magoar. Vou ficar chateado, claro, mas vou saber que você foi sincera. Por enquanto eu sei que você está confusa. Não sei o que o Jacob fez, mas com certeza esse beijo não vai solucionar nem ajudar em nada.

  _Eu sei – falei. – Obrigada por compreender.

  Ele sorriu.

  _Vou entrar – falei, me levantando. – Até amanhã.

  _Até amanhã – disse ele, se levantando também.

  Quando eu já estava indo em direção a parte da frente da casa, Riley disse:

  _Mas isso não quer dizer que eu não tenha gostado. Eu amei beijar você, Renesmee.

  Pude sentir que fiquei vermelha. Entrei na casa e subi para o quarto. Não tive coragem de contar o que aconteceu.

  Quando todas já estavam dormindo, eu ainda fiquei pensando.

  O que eu ia fazer quando me encontrasse com Jacob amanhã? E pior: o que eu iria fazer se eu me encontrasse com os dois ao mesmo tempo?

  De uma coisa eu tinha certeza: Jake e eu estávamos empatados agora. Não que eu tenha feito o que fiz por vingança, e apesar de tudo eu não me sentia bem. Eu só queria saber o que vou fazer realmente: perdoar Jake ou entregá-lo de bandeja para Carol? Ambas as opções não eram fáceis de fazer.