Signatum escrita por MilaBravomila


Capítulo 44
Capítulo 43 - Vitória amarga


Notas iniciais do capítulo

Como prometido...
Boa leitura!



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A batalha se desenvolvia violenta e cruel. Senti imediatamente a presença de Uriel e Melanie e, mesmo com três demônios sobre mim, consegui ver que ela estava em segurança. Ela era a única que conseguia desviar minha atenção da luta.

Semjaza cortou profundamente meu braço quando eu hesitei. No instante que eu vi aquela torre despencar na direção de Melanie, meu instinto de protegê-la superou o da guerra dentro de mim. Nesse momento, senti a lâmina da espada negra rasgando minha carne.

Gabriel estava lá para protegê-la e, assim, pude voltar minha atenção a meus adversários e também à dor no braço causada pelo corte profundo.

- O que foi, Miguel, se distraiu? – Semjaza perguntou, pondo-se a admirar o sangue quente que escorria de mim e manchava a roupa e o solo.

O olhar dele rapidamente se virou na direção onde Melanie estava e um sorriso perverso tomou conta de sua face. Mammon e Belzebul ainda se recuperavam do último golpe que eu havia lhes dado.

- Ou está se lembrando da vez que fudeu com ela no meio do deserto? – Semjaza continuou – Assisti de camarote a sua performance patética. Se fosse eu, teria partido ela ao meio.

Com o sangue fervendo, avancei com tudo contra ele. Semjaza tocou onde não devia.

Numa sequência de golpes perfeitamente executados, espanquei o demônio, sendo capaz de desfigurar seu rosto em segundos. Semjaza urrava de dor, enquanto eu descarregava minha fúria em seu corpo. Senti o cheiro podre de seu sangue em minhas mãos e só parei de acertá-lo porque a onda avassaladora de Mammon veio em minha direção.

A energia do demônio veio deslizando no ar diretamente até mim. Mammon era o senhor da morte e mesmo que sua energia não fosse fatal pra mim, iria me debilitar imensamente.

Bati as asas agilmente e subi até escapar da onda de energia. Belzebul, no entanto, já previa meu movimento, e estava em meu aguardo. Abrindo a bocarra de inseto, cuspiu uma grande quantidade de veneno em minha direção. Desviei preciso e após a evasiva, consegui parar ao seu lado. Senti o peso e o calor da minha fiel Gladius materializada em minha mão. Com ela, cruzei o corpo do demônio em um movimento rápido demais para Belzebul, que não teve tempo de desviar.

Seu corpo de quimera foi partido ao meio na diagonal. Ele estava acabado.

No mesmo instante, a atenção de todos se voltou para um ponto distante no céu, onde uma luta fantástica se desencadeava. Duas energias gigantes e praticamente equivalentes se chocavam. Rafael enfrentava Bohr, o demônio das pestes.

A figura decrépita de Bohr estava com os braços estendidos e as mãos entrelaçadas às de Rafael, o Arcanjo da cura. Um halo de energia formou-se ao redor dos dois e o vento mudou de direção e intensidade, formando o princípio de um furacão.

Eu queria ajudar meu irmão, mas sabia que aquela batalha era dele e confiava plenamente em Rafael. No mesmo instante, senti a energia de Uriel que, desde o momento em que chegou, estava recluso. Agora eu entendia o motivo. Ele estava canalizando energias para sua Gladius, aproveitando-se da proximidade com os humanos para energizar sua própria essência. Antes que os demônios percebessem, o feixe de luz da Gladius de Uriel desceu na direção do senhor da morte e, em poucos segundos, Mammon havia desaparecido.

Semjaza berrou mais uma vez, mas nessa hora não foi de dor e sim de ódio. Dois de seus aliados estavam exterminados e Gabriel havia neutralizado Aziel; eles estavam em desvantagem.

- Acho que essa batalha não foi um grande desafio, no final das contas. – eu falei olhando fundo em seus olhos furiosos. Esta luta estava ganha.

Semjaza levantou sua espada negra e começou a proferir uma sequência de palavras antigas, num sussurro que eu não podia entender. Imediatamente, fios negros surgiram da ponta do objeto, e começaram a se espalhar, tremulando, cobrindo todo o ambiente com escuridão.

Bati as asas com força, na intenção de alcança-lo para interromper seu ataque, mas foi tarde, a escuridão caiu sobre todos nós. Na escuridão total, apenas minha Gladius brilhava, mas eu não via nem meu próprio corpo. Senti meus movimentos ficarem mais lentos. Eu não tinha o poder para aplacar a escuridão de Semjaza, apenas um de meus irmãos o tinha. Nesse momento, o calor tomou contado ambiente e pude ver um ponto brilhante.

A Gladius flamejante de Gabriel brilhava no máximo de seu poder e num movimento certeiro de meu irmão, ele cortou os fios da escuridão que nos cercavam. Os fios negros voltaram ligeiros e serpenteantes para a espada negra que Semjaza segurava e conforme os fios sumiam, eu voltava a enxergar o mundo a minha volta.

Minha visão acompanhou o trajeto dos fios negros até a espada que, pro meu horror, estava num ponto diferente de antes. Semjaza já não estava a minha frente, ele estava lá embaixo, a metros de distância, agarrando Melanie por trás e com a espada negra, que ainda absorvia as sombras, em seu pescoço. Pela primeira vez em minha existência, eu não soube o que fazer em uma batalha.

...

As asas de Gabriel me protegeram da explosão.

- Obrigada. – eu falei quase que sem ar.

- Não me agradeça ainda... tenho que acabar com aquele ali e depois te tirar daqui antes que Miguel surte de vez.

Então Gabriel alçou voo e, com a espada de cristal, estilhaçou o corpo congelado de Aziel, que nada pode fazer. Graças a Deus, menos um príncipe.

Então, tudo ficou escuro de repente. Senti meu corpo mais lento e estranho, como se eu estivesse em câmera lenta. Então senti um braço forte e gelado me envolver com brutalidade e me enforcar. Senti um medo descomunal e o sangue congelou em minhas veias. Era ele. Eu não precisava ver para saber que era Semjaza. Uma vez, eu senti o poder de sua espada cortando minha alma e aquela presença se tornou reconhecível.

A luz da Gladius flamejante brilhou e fez a escuridão se dissipar, enquanto sentia o fio da lâmina em minha garganta e o corpo do demônio colado ao meu de uma forma íntima. Quando finalmente meus olhos conseguiram enxergar o ambiente, vi os olhos arregalados de Gabriel e, mais atrás, os de Uriel, igualmente atormentados. Por um segundo imaginei que não devia mesmo estar ali.

Semjaza riu e olhou para o alto, onde se encontrava Miguel. Nessa hora, meu coração partiu. Ele, em toda sua majestade, desceu flutuando lentamente, até alcançar seus irmãos. Atrás de nós, há metros de distância, Rafael dava um fim em Bohr.

- Acho que só sobrou você, Semjaza, que tal sair correndo de volta pro papai? – Gabriel falou sorrindo na direção do monstro.

Ele riu e eu senti o ronco profundo de suas risadas em meu próprio corpo.

- Você acha mesmo que eu estou sozinho, Arcanjo? Não seja ridículo. – Semjaza riu – Com ela eu jamais estarei só.

Dizendo isso, o demônio raspou de leve sua lâmina negra na lateral do meu pescoço e senti um ardor alucinante. O sangue morno escorreu em mim rapidamente, passando por meu corpo pingando no chão.

- Você quer, Miguel? – Semjaza perguntou escarnecendo.

Miguel me encarava calado, com seus olhos dourados e intensos. Eu via a agonia ali. Então senti a respiração de Semjaza em meu pescoço e sua língua áspera passeou sobre a ferida, fazendo arder ainda mais. Ele encarava Miguel diretamente enquanto me lambia e me apertava mais contra seu corpo.

A tensão de Miguel me atingiu e vi seus músculos saltarem. A Gladius tremia em sua mão, tamanha força ele fazia ao apertá-la.

- A sua morte vai ser lenta e muito dolorosa. – as palavras saíram da boca de Miguel. Suas palavras eram mortais, como o ódio que eu senti emanar dele. Era tão forte que me assustou.

Semjaza bufou em meu pescoço e inspirou profunda e lentamente meus cabelos, enquanto sua mão apertou meu quadril com força.

- Lucius vai se divertir muito com esse corpo e quem sabe eu também não vou...

Miguel de transformou em um raio dourado e senti a lâmina de Semjaza ainda mais afiada em meu pescoço. Quando dei por mim, Miguel estava na minha frente, sua Gladius quase tocando o rosto do demônio, seus olhos incandescentes.

- Me toca e você não vai ter tempo nem pra despedida. – Semjaza falou olhando a lâmina dourada a milímetros de sua face.

Miguel hesitou.

- Mate-o Miguel! Eu já estou condenada! Acaba logo com isso! – eu gritei o mais alto que pude não me importando com a dor do corte que a espada negra fazia em minha garganta e nem com o sangue que escorria para o chão.

Miguel me encarava de perto e eu sabia que ele não faria nada que pudesse me machucar. Mas ele precisava entender que eu não era importante, que meu destino já tinha sido traçado. Tentei novamente, sentindo os olhos marejados.

- Miguel, eu vim aqui com um propósito... por favor... faça valer a pena.

- Cala boca! – Semjaza esbravejou.

Nesse momento, tudo foi tão rápido que mal pude perceber o que aconteceu. Semjaza abriu sua guarda por um único instante e foi o que Miguel precisou. Girando o pulso de forma inacreditável, a Gladius sagrada que estava apontada para o rosto da criatura, afastou a espada negra do meu pescoço e voltou em grande velocidade, acertando Semjaza no pescoço, na ínfima brecha que ele deixou.

Com um grito de horror, o demônio me liberou de seu aperto e levou as mãos até o ferimento. Senti os braços firmes e gentis do meu Arcanjo me levarem para perto de seus irmãos, em segurança.

Miguel me apertou em um abraço firme e seus braços me envolviam totalmente. Seu semblante estava sério e ele tinha uma ferida que não parava de sangrar no braço, mas nada daquilo importava, éramos apenas nós e o alívio da vitória... pena que não durou muito.

Do outro lado, Semjaza ria, mesmo engasgando com o próprio sangue. Seu corpo jogado no chão mostrava a garganta dilacerada de onde jorrava o sangue negro e fétido. Mesmo assim, ele foi capaz de manter seu olhar fixo em Miguel.

- Eu disse que não estava só...

Semjaza fez um último esforço e apontou para o chão um pouco a frente antes de morrer. Meu olhar acompanhou a direção de seu dedo e eu compreendi suas palavras. Durante a escuridão que ele promoveu, Semjaza traçou no chão o círculo sagrado com o símbolo completo do portal. No calor da batalha, nenhum de nós percebeu que pisava sobre uma porta, uma porta que estava fechada até meu sangue cair em cima. Os símbolos antigos estavam respingados com meu sangue alfa.

No mesmo instante, uma coluna de ar surgiu do círculo, levantando poeira e terra por todos os lados. Quando redemoinho cessou havia três figuras sobre o portal: Lilith, Lucius e Lúcifer.


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Notas finais do capítulo

antes que me perguntem, a resposta é SIM, Harper e Jules vão aparecer no próx cap, não me esqueci deles! rs
Reviews???