Signatum escrita por MilaBravomila


Capítulo 38
Capítulo 37 - A porta celestial


Notas iniciais do capítulo

Gente, depois desse enooorme hiatus, estou de volta. Bom, o Nyah! andou em reparo e eu tbm! rs
Gostaria de agradecer a tds que me acompanham e pedir desculpas pela demora na atualização des cap, mas agora minha vida está mais tranquila e vou voltar ao ritmo normal, prometo. Essa semana ainda posto mais um cap.
Notícia boa #1 : fui fui aprovada no mestrado e sou oficialmente MESTRE >> este era o motivo por ter estada longe
Notícia boa #2 : Signatum está na reta final. Faltam pouquíssimos caps para o fim e quero dar um gás legal nesse final. espero que gostem do que estou planejando... rs
Bom, é isso. Boa leitura!!
>> Ah!, sugiro que relembrem o último cap, pois este tem vários POV's que continuam do ponto em que parei anteriormente



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O sol já estava baixo no horizonte. Eu não podia vê-lo, pois havia uma grossa e negra camada de nuvens encobrindo o firmamento, mas podia senti-lo. O tempo havia chegado ao fim. Ao meu lado, os Arcanjos Gabriel e Rafael empunhavam suas incríveis Gladius, cada qual com sua peculiaridade e com um poder imenso. Atrás de nós estava o pequeno contingente de anjos guerreiros, apenas uma ínfima parcela da legião de guerreiros celestiais que preferiram ficar, ignorar o chamado urgente que queimava na alma. Preferiram ficar por covardia, por descrença, por medo ou simplesmente por comodismo. Mas a verdade era única: há tempos os anjos sentiam que alguma coisa realmente grande estava para acontecer, mas éramos poucos os que faziam algo de concreto para tentar mudar a situação.

Muitos de meus irmãos acreditavam sermos superiores aos mortais, mas diante dessa prova eu percebo que somos, de fato, muito parecidos. Humanos, anjos, não importa, todos nós estamos sujeitos à provações, desafios e incertezas e todos nós temos o direito de escolher o que fazer. Eu e meus companheiros escolhemos cair e em poucas horas o destino dos que caíram comigo estaria selado, assim como o de todos os humanos.

Miguel ainda não havia retornado. Nenhum de nós o julgava, eu confiava em meu mestre cegamente, tinha absoluta certeza de que chegaria para o combate, pronto para nos liderar à vitória. Seria uma honra batalhar ao seu lado, mais uma vez. Em outro tempo, em outra época, eu não conseguiria compreender a atitude dele em abandonar tudo em busca de uma causa aparentemente perdida. Era muito triste o destino de Melanie, mas como ela mesma reconheceu, foi escolha dela aceitar o pacto. Antes, eu jamais poderia entender a atitude de Miguel, em largar tudo, transgredir as regras e lutar contra um futuro tão certo... mas isso era antes, antes de conhecer Harper. Agora eu compreendia as atitudes de meu mestre e orava sinceramente por sua vitória. Eu sabia o que ele estava sentindo, podia imaginar a angústia em seu peito. Depois de Harper, eu jamais seria o mesmo anjo outra vez.

Eu lutava pelos humanos, lutava para por em prática aquilo que me foi ensinado. Eu lutava para que as trevas não caíssem sobre a terra. Eu lutava para salvar aquelas pessoas e, principalmente, lutaria até o fim se fosse para proteger Harper de um destino tão cruel... nem que me custasse a vida.

- Como sabemos que os Príncipes virão até nós? – falou Calabriel, apertando sua Gladius firme na mão direita e olhando para frente, sem foco definido, como que esperando surgir alguma coisa de uma hora para outra. Suas palavras me trouxeram de volta à realidade.

- Eles virão. – Rafael respondeu em tom tranquilo.

- Eles querem revanche, guerreiro, em outras palavras, querem arrebentar a nossa cara linda assim como arrebentamos a deles no início dos tempos. Eles vêm até nós.

A voz de Gabriel era debochada, mas não conseguia camuflar a preocupação, pelo menos não tão bem.

O tempo passou arrastado e cada um de nós permaneceu quieto em seu canto. Alguns, como Rafael, meditavam, pedindo ao Senhor luz em nosso caminho; outros ainda treinavam uns últimos movimentos de batalha. Gabriel colocou um som alto e sentou de modo despojado em um dos bancos da igreja e a intervalos regulares, dava uma golada na garrafa de vodka que pegou de algum lugar desconhecido.

Ouvimos as três badaladas oriunda do sino principal, programado para tocar a cada hora percorrida. Eram três da madrugada, pontualmente. Exatamente três dias do combinado. Como num passe de mágica, logo após os sinos se calarem, uma rajada de vento invadiu a igreja, fazendo as portas e janelas se abrirem com força. Foi tão forte, que os lustres que pendiam do teto balançaram ferozmente, derrubando algumas lâmpadas no chão. Os bancos mais próximos às portas foram arrastados com o vendaval repentino e as velas do altar se apagaram. O tecido braço que cobria o altar principal voou, derrubando alguns artefatos de prata no chão e fazendo um estrondo ainda maior. O pano branco ficou agarrado na grande cruz de madeira que ficava atrás do altar. Ironicamente, o pano ficou grudado sobre a face da imagem de Cristo. Era como uma venda, como se ele não quisesse ver o que viria a seguir.

...

- Miguel, meu amado e corajoso irmão, que bom nos reencontrarmos depois de tanto tempo.

A voz suave do Quinto Arcanjo ressoava como sinos em minha mente. Eu sorri.

- Eu tenho tanto a dizer, tantas perguntas, tantas coisas... – falei também em mente para o sorridente irmão que se aproximava – Queria que esse encontro fosse em outras circunstâncias, meu amado irmão.

- Era o meu desejo, igualmente. – ele respondeu.

- Sabe por que estou aqui, não sabe?

O Espírito Santo fez um sinal com a cabeça e sua feição ficou um pouco mais triste.

- Você é minha última esperança meu irmão, não tenho mais a quem recorrer.

- Miguel, eu compreendo sua angústia e seus atos desesperados, tenha certeza de que nosso Pai também se compadece de sua dor, mas o que deve ser, será.

Senti um nó na garganta como nunca em minha vida, mesmo assim, tive que tentar persuadi-lo.

- Meu irmão, amo Melanie mais que a mim mesmo. Por favor, não permita que eu a perca! Por toda a eternidade, servi ao Pai, sempre fui justo e correto. Ele me ensinou a amar a tudo e a todos como iguais, mas ainda me faltava uma coisa... foi ela quem me ensinou o amor na forma mais pura e tangível... ela se sacrificou por todos nós, não precisa ser assim...

Minhas palavras soavam desesperadas, exatamente como meu estado de espírito. Para qualquer ouvinte, eu não parecia um Arcanjo falando e sim, um homem angustiado, prestes a perder o que tinha de mais valioso em sua vida. Era exatamente o que eu era naquele exato momento.

O Espírito Santo estendeu a mão direita e senti sua energia iluminada acariciar meu rosto com delicadeza. Em sua face, havia amor, compreensão e dó.

- Miguel, meu querido irmão, seu amor é puro, assim como suas intensões. Eu queria poder ajuda-lo, mas nada está em minhas humildes mãos. Tudo compete ao Criador. Mas posso afirmar com toda a certeza de meu espírito que no fim, tudo será resolvido. Eu tenho fé nos homens e fé no amor que você e Melanie sentem um pelo outro. Esse amor é a chave mais poderosa de todas, é a que salva e a que mata. Não perca as esperanças, meu irmão, tenha fé até o último momento, acredite em nosso Pai, Ele sabe o que faz. Por mais tortuosos sejam os caminhos e as provações, a fé, o amor e a luz sempre prevalecerão. Ele confia nos homens e nós também devemos fazê-lo.

- Como assim, meu irmão? Não somos nós quem os salvaremos? Eu não compreendo!

O Espírito Santo sorriu mais uma vez e a luz de seu amor irradiou tão fortemente, que me cegou os olhos. Suas últimas palavras soaram em minha mente e meu coração:

“Você e Melanie são a chave para que os humanos salvem a si mesmos e a todos nós.”

Senti a água em meus pulmões e nadei para cima o mais rápido que pude. Tossindo, apoiei-me à margem do rio. Dentro de mim havia dois sentimentos contrastantes e verdadeiros, queimando minha alma: o primeiro era a decepção, pois não havia nada mais que eu pudesse fazer por Melanie, a minha única esperança tinha acabado de se esvair. O segundo porém, era tão forte que explodia em meu peito, queimava como brasa. Esse sentimento me faria lutar até o fim, me faria seguir em frente. Era a fé.

Vesti-me mais que depressa e voei. Tinha que retornar, buscar Melanie e voltar para o lado de meus companheiros, para meus irmãos, que enfrentariam uma batalha como nunca antes vista e eu devia estar lá ao lado deles e esperar tudo se resolver. Eu não sabia como, mas minha fé cega e sem limites me dizia que tudo iria acabar bem.

...

- Sinto muito, guerreiro. Sei que estão apenas cumprindo o seu papel, mas infelizmente, não são bem vindos em minha casa.

A voz de Uriel ressoou por todo o lugar. Alta, grave e tranquila. Quando cheguei na frente de seu palácio, havia uma centena de anjos guerreiros, armados com suas reluzentes Gladius e vestidos com as brilhosas armaduras. Não eram os mesmos que enfrentaram Miguel, eu supunha, mas estavam determinados a encarar Uriel para chegarem até mim e eu não sabia até onde as habilidades dele iriam.

- Senhor, temos ordens expressas de capturar e neutralizar a mortal que está em nossos domínios.

- Sim, guerreiro, eu sei. – Uriel respondeu ainda calmo – Mas vejam, eu fiz uma promessa ao meu irmão em proteger a mortal, e a cumprirei.

Os guerreiros se entreolharam e buscaram a aprovação do líder, que estava pensativo. Eu via claramente que ele não queria ter de atacar um Arcanjo, mas suas ordens eram expressas. Com um breve aceno, os guerreiros avançaram.

- Não! – eu gritei, correndo na direção da briga. Não poderia deixar que machucassem Uriel por minha causa.

O Arcanjo, entretanto, materializou sua Gladius. Era uma espada aparentemente normal. Eu diria até que não era feita de nenhum metal sagrado. Parecia quase uma espada velha e carcomida pelo tempo, em metal que lembrava o bronze simples. Era como uma espada velha dos antigos gladiadores. Foi quando o sol refletiu sua luz no objeto que eu reparei. Aquela não era uma simples espada velha. Era como se o metal fosse uma película fina e dentro dela houvesse uma outra dimensão. Foi rápido, mas eu reparei que dentro da espada de Uriel se passava um filme. Era o filme da vida humana. A Gladius do Arcanjo simplesmente era uma espécie de janela através da qual podia-se observar a vida dos humanos na Terra. De um jeito totalmente único eu percebi que era como se ele estivesse observando a todos ao mesmo tempo, através de sua arma. Da mesma forma, era como se cada um dos humanos refletidos nela, dessem um pouco de sua força e vitalidade para a espada do supremo Anjo da Guarda.

Com um movimento rápido, Uriel cortou o ar e foi como se o deslocamento de vento se propagasse e ampliasse sua força de forma descomunal. O golpe invisível atingiu a primeira linha de guerreiros que vinha a toda velocidade e eles foram arremessados à muitos metros de distância.

- Melanie, entre agora! – a voz de Uriel chegou aos meus ouvidos e foi como se me controlasse.

Imediatamente, dei meia volta e corri o mais rápido possível, deixando o Arcanjo enfrentar os guerreiros de Miguel. O som de espadas e gritos bravos foi fiando para trás, na medida em que eu adentrava sua residência de inúmeros cômodos. Era como um semi-labirinto.

Cheguei até uma enorme sala onde haviam muitos objetos diferentes, entulhados, mas de um modo estranhamente organizado. Me parecia um museu, cheio de esculturas antigas, pedaços de coisas que eu não saberia dizer o que eram. Havia tanta coisa, que eu tinha que pular e agachar para desvias dos objetos. No fundo da sala, encontrei uma espécie de pedra quebrada e foi atrás dela que me escondi.

Apoiei as costas no objeto morno e tentei controlar a respiração. Eu não sabia o motivo de ter agido daquela forma. Era como se o comando de Uriel fosse uma ordem imediata e urgente que eu tinha que cumprir. Minha intuição dizia que por ele ser o Anjo da Guarda supremo tinha um poder imenso sobre os mortais... e eu era um deles agora.

O barulho aumentou. Eles estavam se aproximando do local onde eu estava. Se eles me capturassem, tudo estaria perdido, todo o esforço de Miguel teria sido em vão e eu não teria a chance de saber a resposta do Espírito Santo.

Então vi uma sombra e ouvi um grande estrondo. Quando olhei na direção certa, vi um dos anjos guerreiros caído, inconsciente. Na entrada da sala estava a figura imponente e incrível de Miguel.

Sorrindo, apoiei-me na pedra para levantar e ir em sua direção. Nesse momento senti algo em minha mão. Meus dedos passearam por um desenho em alto relevo existente na pedra. Era um triângulo com uma linha e um círculo. Deus... era a metade de cima do portal... aquela era a porta celestial.


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Notas finais do capítulo

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