Signatum escrita por MilaBravomila


Capítulo 31
Capítulo 30 - O frio Submundo


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpem a demora. estive enrolada semana passada.
o cap tah curto, mas espero que gostem :D
Boa leitura!



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Todo meu ser queimava de tanta energia. Era como se, de uma só vez, eu tivesse aprendido a dominar os elementos da natureza, a lutar como uma guerreira fantástica e indestrutível e a elevar meu espírito tão alto a ponto de alcançar o Pai. Naquele ínfimo instante, toda a dor de perder as asas e a imortalidade se foi. Mas então, atravessei o portal para o Submundo e me vi no lugar mais temido de todos.

Os barulhos lá de fora, as presenças de meus amigos e de Miguel desapareceram completamente. Estava escuro, frio, muito frio. Eu estava num imenso deserto de chão batido, no meio de uma noite interminável. Instintivamente tentei convocar minha Gladius, em vão. Eu já não tinha mais espada, nem sequer conseguia lembrar as palavras sagradas que a traziam até mim. Eu estava só.

De longe, ouvi os sons agourentos vindos de todas as partes e o cheiro desnorteante tomou conta de mim. Não era cheiro de morte e decomposição apenas, era cheiro de medo, angústia e tristeza. O ar entrava como ácido corroendo minhas vias aéreas, me fazendo quase cair. Fechei os olhos e me concentrei. No fundo, eu podia sentir as energias dos Arcanjos e graças aos dons de Rafael, eu sabia exatamente o que fazer para camufla-la.

Caminhei em frente, meio agachada, e logo avistei onde realmente eu estava. Havia uma espécie de abismo e eu estava na beirada. Lá embaixo eu via a imensidão do Submundo, um lugar sombrio, como uma grande cidade fantasma, exceto que estava repleta de almas condenadas.

Concentrei-me nos poderes de Gabriel e senti meu corpo ficar cada vez mais leve, como o ar. Fui deslizando, flutuando para baixo, para onde eu deveria ir, embora eu não fizesse idéia de onde estava o portal que eu deveria fechar. Alcancei o chão batido de terra gelada e voltei a me materializar, esgueirando-me por entre as fendas de pedras grandes. Apesar disso, eu não me atrevia a toca-las. Elas eram parte do relevo, mas eu via o brilho na superfície, como se... como se as pedras estivessem suando. Então eu levei a mão à boca quando me dei conta de que havia almas ali dentro, trancadas nas pedras infernais, presas sob o chão que eu pisava. Tudo no Submundo era feito disso, de almas e de sofrimento.

Respirei fundo mais uma vez na tentativa de me acalmar e foi quando eu ouvi barulhos, grunhidos e correntes arrastadas. Olhei por cima da enorme rocah e vi uma pequena fila de espectros acorrentados caminhando. Atrás deles, havia um homem deformado com um chicote. Ele açoitava os espectros o tempo inteiro, xingando-os, pronunciando um dialeto que eu não compreendia. Foi então que reparei que o chicote usado por ele era como a espada que Semjaza usou em mim. Aquelas almas estavam sendo torturadas aos poucos.

Depois que o comboio passou eu segui meu caminho, sempre me esgueirando por entre as pedras, sempre tentando passar despercebida. Em minha mente, eu só conseguia pensar em Lucius e o que poderia acontecer caso ele me encontrasse ou caso eu não completasse minha missão. Caminhei por horas sem encontrar nada. Cansada, ajoelhei entre duas grandes rochas para descansar. Eu sentia o corpo pesado e o enjoo não cessava por nada. Era como uma sensação de angústia permanente.

Esfreguei as mãos pelos braços tentando me esquentar um pouco. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, o Inferno não é um lugar quente, repleto de lava e labaredas de fogo. Pelo contrário. É como se cada gota de calor e felicidade fosse sugado de você e só restasse o pior, o frio, o desespero. Por isso Gabriel devia usar sua Gladius flamejante, o fogo afasta os espectros porque eles não sabem mais o que é o calor.

De repente, senti uma movimentação atrás de mim e virei, rápida como um raio, com os reflexos de Miguel. Um espectro enorme estava vindo em minha direção. Era corpulento e tinha o corpo coberto de erupções das quais pingavam uma secreção fedorenta. Mais que depressa, eu esquivei, facilmente, e arranquei de suas enormes mãos a espada enferrujada que portava. Cravei-a em cheio em seu peito e a criatura caiu aos meus pés.

Tudo foi muito simples e não durou mais que uma fração de segundo. Mesmo com apenas uma parcela ínfima da habilidade de Miguel, eu pude perceber tudo e saber exatamente o que e como fazer. Foi incrível. Rapidamente eu catei o manto negro que a criatura vestia por sobre a roupa esfarrapada. Mesmo fedorento, o capuz me ajudaria bastante na camuflagem.

Caminhei por mais um par de horas até que finalmente avistei meu objetivo. Há algumas centenas de metros eu vi crescer um castelo. Era magnífico em sua perfeição e imensidão. Com pedras polidas impecavelmente, o enorme objeto pairava no ar, com suas torres impecavelmente projetadas. Não havia base que o segurasse, ele simplesmente estava suspenso no ar, parado, firme. E encarando a mansão inacreditável eu me dei conta que ali devia ser o lugar, a morada da realeza Infernal, o lugar onde, provavelmente, o portal estaria localizado.

Havia milhares de sentinelas postados estrategicamente em torno de todo o lugar, mas meu olhar estrategista de Miguel bolou rapidamente a tática para que eu penetrasse na fortaleza, aproveitando-me das falhas de sua defesa. Então eu me esgueirei até onde pude e fui pelo lado menos protegido da instalação. Sem dificuldade, livrei-me de três sentinelas que impediam meu caminho e me desmaterializei mais uma vez.

Penetrei o majestoso castelo por uma entrada lateral e me surpreendi ainda mais com o interior da construção. Era como um sonho de tão lindo, totalmente a parte da realidade do Submundo. As paredes, assim como o teto e o chão, eram feitas do mesmo material que o exterior, como um lustroso e perfeito mármore negro que seguia liso, sem imperfeições ou ranhuras, sem nem mesmo conexões entre as pedras. Era como se todo o castelo fosse feito de uma peça única de pura beleza negra.

O lugar estava vazio, deserto como um cemitério. Andei um bocado, sem encontrar nada de especial, apenas cômodos e mais cômodos vazios, em diversos patamares. Mas percebi que a cada andar que eu subia, mais frio ficava. Era como se eu estivesse indo de encontro ao centro de todo o Inferno... era com a calmaria que antecede as tempestades.

Eu estava certa.

Cheguei diante de um belo portal. Duas portas magníficas forjadas em um material metálico que eu não saberia dizer qual é, estavam impedindo minha passagem. Pelos meus cálculos, eu já devia estar em um dos últimos andares do castelo e até aquele momento eu não tinha encontrado com nenhuma criatura. Mas meu sexto sentido dizia que dentro daquela sala seria diferente. Eu sentia alguma coisa lá dentro, algo muito poderoso, além de qualquer outra coisa que já senti. Poderia ser uma grande armadilha, como também podia ser a resposta de todas as minhas perguntas. Se ali, atrás daquelas imensas portas estivesse o portal, finalmente eu poderia fechá-lo e acabar com o que estava acontecendo na Terra, acabar de vez com todo o sofrimento humano. Aquele era meu objetivo, era por isso que eu tinha caído e abdicado minhas asas e eu não podia para agora.

Dei um passo a frente e estendi a mão. Antes que eu tocasse nas portas, elas se abriram, fazendo um som discreto como um ranger longo o suave. Um silêncio profundo caiu ao meu redor. Era como se tudo estivesse suspenso, parado no ar.

Eu vi um imenso salão. Era o salaão principal do castelo do Inferno e era muito amplo e belo, com pilastras enormes que sustentavam o teto e estátuas de anjos belíssimos por todo o lugar. Havia tochas espalhadas uniformemente, como que formando um caminho que guiava ao centro do salão. Havia fogo nas tochas, mas era diferente, era um fogo azul, frio.

Espalhados de cada lado do caminho de tochas tinham cinco criaturas e todos me encararam, nada surpresos com minha chegada. Reconheci um deles imediatamente. Era Semjaza e aqueles deviam ser os outros príncipes do Inferno. O olhar em seus rostos deformados era de ódio puro. Cada um deles emanava um poder imenso e uma fúria enlouquecedora, como leões enjaulados.

Mas não foram eles quem me chamaram a atenção. Bem no centro do salão, onde o caminho de tochas terminava, havia um enorme e imponente trono. Do lado esquerdo estava uma mulher de longos cabelos negros e de olhos tão verdes que se destacavam na monocromia do lugar. Ela usava um vestido de seda preto e eu não saberia dizer onde seu cabelo terminava e o vestido começava. Seus traços eram perfeitos e seu corpo parecia o molde perfeito para uma mulher. Sua beleza era felina, fatal.

Do lado direito do trono estava o par de olhos que me tirou o sono por diversas noites e que fazia minha respiração parar involuntariamente. Com seu charme natural que me atingia com um baque, Lucius sustentava um belo e sedutor sorriso de satisfação.

Mas foi a terceira figura que me prendeu todas as atenções. Estava sentado no trono, com a perna cruzada formalmente e os braços sobre os apoios do luxuoso assento. A expressão era de tranquilidade e alegria, embora fosse uma alegria fria. O cabelo castanho perfeitamente alinhado no rosto mais perfeito que eu já vi na vida. Seus olhos sagazes eram uma mistura entre o velho e o novo, o misterioso e o conhecido. O corpo, mesmo sentado, era formidável, ainda que envolto nas roupas finas que o encobriam. Ele sustentava um par de asas enormes, negras como a de um morcego, mas majestosas.

Encarando-me a distância estava o Rei dos Reis do Submundo, Lúcifer.


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Notas finais do capítulo

Bom, eu ateh continuei, mas como ía ficar extra-large, eu preferia parar por aki msm e deixar o suspense pro próximo! rs
Ah! eu sinceramente fiquei um pouquinho chateada pq quase não recebi reviews no cap passado. Isso me desmotivou um pouco e, aliado a minha agenda da semana passada, eu só escrevi mais hj msm. Bom, então, pessoas q acompanham a fic, estejam gostando ou não - o que eu acho meio estranho alguém chegar att o cap 30 sem estar de fato gostando...rs - quero pedir q POR FAVOR, me deixem reviews!
É só através deles que eu tenho um retorno de vcs pra saber como devo continuar! Eu não me importo, de verdade, que me deixem críticas, tdas as palavras q venham de vcs são mto bem vindas e necessárias!
E bem, eu estive pensando em copiar uma escritora aqui do Nyah! (com a permissão dela!!!), de uma das fics que eu acompanho, e começar a fazer um esquema de bonificação por review deixado. Estou tentando implementar a idéia e de repente a partir do proximo cap, q estará cheio de surpresas, eu já faça funcionar. Serão bônus extras que as pessoas q deixarem reviews ganharão, como fotos dos personagens e caps extras. Vamos ver se assim vcs me correspondem! rs
Bom, eh isso...
Reviews???