Signatum escrita por MilaBravomila


Capítulo 30
Capítulo 29 - A morte de um anjo


Notas iniciais do capítulo

Geeente olha minha cara de felicidade :D
Desculpem mais uma vez invadir o espaço de Signatum para falar de outra fic, mas não posso deixar de comentar que Salvation (minha fic anterior) recebeu mais uma indicação!!! Jah são DEZ!!!! o/o/o/o/o/o/o/o/o/o/
Foi JSousa quem me brindou com esta alegria e, portanto, gostaria de agradecer, dedicando este cap de Signatum a ela.
A tds que sempre me deixam suas palavras de carinho: Obrigada!
Boa leitura!



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Senti meu corpo bater na pilastra enorme de pedras desgastadas. Quando abri os olhos, vi as costas de Miguel a minha frente. Ele mantinha os braços abertos, como se estivesse me protegendo com o corpo, mas não havia ninguém ali, apenas Rafael, Gabriel, Jules e Harper, que olhavam diretamente para ele. Mesmo sem ver seu rosto, senti uma fúria incontrolável e avassaladora partindo de Miguel.

- Pra tocar nela, terão de me matar. – Miguel falou em uma profunda e irreconhecível voz. Era assustador o tamanho da ameaça contida em suas palavras.

Então entendi do que se tratava. Ele já tinha percebido que eu era a única pessoa que poderia ir até o Inferno, mas, pra isso, eu teria que abdicar de minhas asas. Meu coração se apertou. Ver como ele me defendia só fez tudo ficar pior.

- Miguel, se acalme. – Rafael deu um passo a frente, com a mão que não portava a Gladius estendida em sinal de paz.

Miguel, no entanto, apertou tanto sua própria espada na mão que senti que foi por um milagre que Rafael ainda estava vivo. Ele também percebeu o perigo e voltou atrás, mas prosseguiu com as palavras:

- Miguel, ninguém vai forçar Melanie a fazer nada, você sabe disso.

As palavras sempre calmas de Rafael, não estavam surtindo efeito sobre a tensão que se formou.

- Ela não vai fazer. – Miguel determinou, em tom firme, ainda sombrio.

- Bom, meu irmão, a decisão não é sua.

Gabriel falou as palavras em seu usual tom sarcástico, mas vi claramente sua mão apertando a Gladius flamejante. Ele sabia que viria retaliação. Mas antes que algo ruim pudesse acontecer, eu me antecipei e estiquei a mão, segurando Miguel delicadamente pelo braço tensionado que segurava a Gladius e mirava o peito do irmão.

- Miguel... – comecei em tom tranquilo, ou o mais tranquilo possível.

Ele tremeu levemente com meu toque, mas não se virou ou me respondeu, apenas continuava a encarar os outros e ainda sentia a raiva emanar de seu ser.

- Miguel... – continuei, fazendo uma leve pressão para que se virasse.

Relutante, ele se virou em minha direção e eu o encarei profundamente. Então era isso. Rafael já tinha visto que esse momento chegaria, por isso aquelas palavras no hotel. Agora eu entendia o conteúdo de nossa conversa. Ele tinha razão. Eu não me importaria em perder minha essência angelical pelos humanos, mas saber que isso magoaria Miguel, me destruía por dentro.

- Não me diz que você está pensando na possibilidade de sacrificar sua vida. – ele falou pra mim e havia tanto medo em seus olhos que minha alma chorou.

Imediatamente eu me lembrei da primeira vez que estivemos juntos, quando ele me disse que eu era a única pessoa no mundo que o deixava com medo e, no fundo, eu senti o mesmo por ele. Sentia que era fácil arriscar minha vida em detrimento da dele. Era isso que era o amor, afinal.

Sorri. Não foi um sorriso triste, pelo contrário. Em toda minha curta existência, jamais senti algo tão sublime quanto a percepção do que sentia por Miguel. Estava ali, há muito tempo, mas era incrivelmente bom, finalmente, entender.

Com um passo curto, aproximei-me dele quase que em um abraço. Levantei os pés timidamente e beijei seus lábios sutilmente. Não me importei com mais ninguém, apenas fiz.

- Eu te amo. – sussurrei baixinho antes de retomar minha posição.

- Não...

Ele disse em um lamento, num suspiro, negando minha decisão, que já estava tomada.

- Eu vim aqui com um propósito. – comecei, falando para todos, mas olhando para o verde infinito de seus olhos brilhantes – Eu sei que não vai ser fácil e que... existe uma grande chance de eu não conseguir cumprir minha tarefa... mas eu vou tentar, porque é isso o que devo fazer. Eu sei que você vai respeitar minha decisão, mesmo não concordando com ela.

Miguel parecia atônito e me olhava sem piscar. Ele me respeitaria, sempre, mas eu podia sentir claramente a dor em seu coração. Ainda assim, sorri pra ele, confiante, e apertei seu braço mais uma vez antes de virar para Rafael.

- Eu... gostaria que você o fizesse. – falei olhando para meu mestre.

Rafael acenou lentamente, sem deixar de me encarar. Seu semblante era firme, mas eu vi traços de uma dor camuflada em seu ser. Virei para Miguel, agora ao meu lado, e acrescentei:

- ... e gostaria que você estivesse comigo.

Ele piscou forte e continuou a me encarar.

- Não existe jeito de eu fazer você mudar de idéia? – ele perguntou, mas não havia esperança em seu olhar.

- Não. – respondi.

- Então estarei ao seu lado em sua decisão.

Senti um alívio enorme ao ouvir suas palavras e sorri. Sem esperar mais, eu o abracei, no ímpeto por agradecê-lo.

- Obrigada. – falei em seu ouvido.

Miguel correspondeu ao abraço de forma gentil, me aconchegando com carinho em seus braços enormes. Sua Gladius já não podia mais ser vista. Com uma das mãos, ele colocou meu cabelo para trás da orelha enquanto permanecia me abraçando firme.

- Eu te amo. – eu o ouvi dizer baixinho, como se fosse pra ele mesmo, e senti um nó na garganta.

- Melanie...

Rafael estava atrás de mim, portando sua espada translúcida de cerne dourado, e eu me soltei aos pouco do calor tão familiar e protetor que me envolvia.

Harper, Jules e Gabriel se aproximaram. Os anjos nada disseram, mas vi preocupação em Jules e algo indecifrável nos olhos claríssimos de Gabriel. Harper veio em minha direção e soltei Miguel para abraça-la. Foi rápido, mas me fez sorrir. Ela sempre foi tão forte e reservada... sentir que ela se afeiçoava a mim era muito gratificante.

- Boa sorte. – ela disse enquanto me soltava.

- Obrigada.

Virei para Miguel e respirei fundo.

- Pronta? – Rafael perguntou em minha direção.

Acenei que sim e estendi as mãos para que Miguel as segurasse. Ele estava na minha frente e as segurou com força, mas então, ao invés de apenas me segurar, ele me puxou para mais perto, me abraçando pelo pescoço. Rodeei-o com os braços, apertando seu corpo contra o meu. Estava com medo e tê-lo ao meu lado me fazia sentir melhor.

- Vou estar com você, não importa o que aconteça. – ele disse, colocando meu longo cabelo de lado.

Eu acenei apenas, o nó em minha garganta não me permitiu responder. Ouvi a voz de Rafael em minhas costas:

- Materialize suas asas.

Eu o fiz e fechei os olhos bem apertados, sentindo apenas Miguel comigo e não tive mais medo. Então ouvi o som de algo cortando o ar. Por um ínfimo segundo era como se eu estivesse sozinha no universo. Como se não houvesse dor, sons, luzes, cores. E depois... veio a dor. Uma dor lacerante e infinita tomou conta de mim.

Eu queria me mexer, queria gritar, correr, chorar, mas os braços firmes de alguém me mantinham no lugar. Eu não sei quanto tempo se passou, mas pra mim, foi como uma eternidade... uma eternidade agoniante. No meio desse turbilhão negro, ouvia de longe murmúrios, vozes, e duas delas me chamavam a atenção. A primeira me parecia familiar e me acalmava. Quando foquei nela ouvi “Não vou te deixar.”, repetido várias e várias vezes. A segunda voz, me tomou as atenções por um tempo e quando percebi o que falava, tremi por dentro. Ela dizia “Eu estou te esperando”.

Então senti uma segunda rodada de agonia, justo quando as coisas pareciam começar a se acalmar. A dor, nem de longe se pareceu com a primeira, mas sentia latejar minhas costas e um cheiro forte de carne queimada. Nessa hora, consegui gritar e foi como se tivesse acabado de voltar à realidade, minha negra realidade.

O cheiro se intensificou e minhas costas ardiam como se estivessem em brasas, mas rapidamente, senti um alívio tremendo, instantâneo, que me permitiu, ao menos, desmaiar.

...

Meus olhos não acreditavam no que viam. Miguel apertava Melanie contra si e vi suas imensas e brancas asas se materializaram. Eram lindas, realmente, e de um branco impossível. Mas então, Rafael apontou sua espada quase transparente e as cortou pela base. Foi tão rápido que se piscasse, eu teria perdido... sinceramente, preferia tê-lo feito. Senti um baque no peito tão forte que Jules teve me segurar para que eu não caísse no chão do deserto.

- O-o que foi isso? – perguntei a ele, trêmula, sem ar.

Jules me respondeu.

- Você sentiu a morte de um anjo, Harper.

Sua voz era dor pura e eu percebi que todos estavam sofrendo, inclusive Gabriel, mesmo que tentasse disfarçar. Era extremamente triste assistir aquilo, ver Melanie perder suas asas e sua essência angelical foi de longe, a coisa mais triste que já vi na vida. O lindo par de asas brancas desapareceu assim que deixou sua dona.

O corpo dela parecia inerte. Eu não podia ver sua expressão, pois Miguel a apertava contra si e seu rosto delicado ficou voltado para o pescoço do Arcanjo, que não parava de sussurrar algo incompreensível para ela, que parecia rígida, morta em seus braços.

Então, Gabriel se aproximou e esticou os braços, que carregavam a Gladius flamejante. Com cuidado, ele passou sobre o lugar onde as asas de Melanie estavam. Só então eu pude ver um vermelho vivo na carne dela e senti o cheiro que emanava ao contato com a espada de fogo. Gabriel estava cauterizando sua ferida e assisti, boquiaberta, a pele das costas de Melanie soltar uma fumaça discreta e o vermelho desaparecer aos poucos.

Ela gritou, finalmente dando sinal de vida, e Rafael correu para seu lado. Senti aquela energia quente que me curou uma vez, correr do corpo dele para o dela, enquanto Miguel a apertava contra si e Gabriel acabava de fechar suas feridas. Por um segundo, vi os três arcanjos empenhados em mantê-la viva e senti o desespero deles. Mesmo não sendo mais um anjo, Melanie continuava sendo muito abençoada.

A Gladius de Gabriel mudou de cor de repente e vi as labaredas flamejantes resfriarem tanto que viraram gelo. O metal sagrado de sua espada estava tão gelado que o ar ao redor estava quase congelando. Observei fascinada ele voltar a tocar a pele ardente dela, agora com o frescor do gelo, anestesiando, amenizando sua dor. Então, Melanie desmaiou.

- Ela está bem? O que aconteceu? – perguntei aflita, tentando ficar de pé.

Antes que alguém me respondesse, Melanie se mexeu. Sua blusa, rasgada nas costas, em um “V” invertido, onde suas asas foram arrancadas, e onde agora jazia uma fina cicatriz, completamente curada.

- Melanie? – Miguel perguntou aflito para a moça.

- Miguel? – a voz dela saiu fraca, mas audível.

Ele sorriu e olhou para os irmãos, que assistiam à cena.

Ao nosso redor, senti o ar esfriar cada vez mais e o cheiro de carniça e morte ficar mais forte. Os agouros recomeçaram, desta vez, mais fortes e audíveis.

- Não temos muito tempo, os sentinelas já perceberam a presença dos seres da luz. – Gabriel falou olhando ao redor e sua Gladius voltou a ser lava e fogo.

Melanie olhou ao redor e encarou Miguel por alguns segundos antes de dizer:

- Estou pronta.

- Bom, vamos transferir parte de nossa energia pra você, assim terá mais chances lá embaixo. – Rafael disse, se aproximando da moça – Mas terá que entrar rápido.

Melanie acenou uma vez e eu duvidava que estivesse cem por cento recuperada.

Então os três Arcanjos refizeram a estrutura triangular, como quando nos trouxeram ao deserto. Os três portavam suas espadas.

- Assim que fizermos isso, você entra, e nós... nos preparamos.

Rafael falou para ela e olhou para Jules e eu. Então, uma luz dourada partiu da ponta de cada uma das Gladius maravilhosas e atingiram Melanie em cheio, que estava no centro do triângulo. Os três pronunciavam palavras ritmadas e idênticas, numa língua que certamente era muito antiga. Foi incrível, Melanie recebeu dos três uma essência tão poderosa que parecia iluminar todo o deserto com energia pura, nunca vi nada parecido.

No mesmo instante, senti a terra abaixo de nós começar a tremer violentamente e os grunhidos se tronaram gritos de horror, e estavam perto de nós, ao nosso redor. A noite parecia ainda mais escura e densa e o frio era descomunal.

Jules estava ao meu lado, apertando sua Gladius, olhando para todos os lados.

- Se prepara! – ele me disse,

Eu apertei bem os punhos, envolvendo as adagas com os dedos. De relance, Vi Melanie olhar profundamente para Miguel antes de ir na direção do arco negro e atravessá-lo. Depois, tudo foi caos.


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Notas finais do capítulo

Reviews???
>> IMPORTANTE: DURANTE AS ATUALIZAÇÕES DE SIGNATUM, EU ACABEI PULANDO UM CAP, O 26, QUANDO ELES CHEGAM AO ACAMPAMENTO BEDUÍNO. NÃO É UM CAP GRANDE, MAS ACONTECE ALGO IMPORTANTE NELE QUE VAI AFETAR O FUTURO DA HISTÓRIA, ENTÃO, QUEM PUDER, DÁ UMA LIDINHA... ATT PQ VAI VAZER MUITO MAIS SENTIDO COM O PROXIMO CAP, MIL E UMA NOITES.
BJS E DESCULPEM :D