Signatum escrita por MilaBravomila


Capítulo 26
Capítulo 25 - Rumo a Dudael, o deserto de escolhas


Notas iniciais do capítulo

Gente, mto obrigada a tdos q me deixam review!!! É mto importante saber o q acham da fic!
:D
Ah!, mais duas pessoas leram e recomendaram Salvation!! não no Nyah!, mas pelo face.. ai gente, taum taum feliz!
>> pra qm naum leu, vale a pena! Garanto!
bjus e boa leitura!



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Eu nem senti o tempo passar. Depois que Harper dormiu, eu segui com a recuperação do corpo e do espírito. Senti que ela estava um pouco abalada e sorri. Ela era tão forte e espontânea que eu a admirava cada dia mais e queria mantê-la segura, por mais que não conseguisse nem proteger a mim mesma!

Senti a paz e a tranquilidade da aura de Rafael, meu mestre, e abri os olhos.

- Você sempre foi uma das melhores em tranquilizar as almas dos aflitos. – ele disse com sua voz pacífica, me fazendo ruborizar.

- Obrigada, senhor.

- Deixe-a descansar, seu corpo vai se recuperar sozinho a partir de agora. – ele disse olhando para o corpo esguio de cabelos sedosos.

Obedeci imediatamente e levantei da cama sem acordá-la. Era bom não precisar dormir como Harper porque tínhamos a tranquilidade da noite para pensar e refletir sobre os próximos passos.

Rafael vestia um casaco branco com calças escuras e mantinha os cabelos a altura dos ombros, como em casa. Os olhos eram um mar dourado e límpido e emanavam serenidade. Ele sempre fora bom e justo com seus discípulos e eu me espelhava sempre nele em minha conduta de vida. Não importava a adversidade ou a situação, Rafael sempre foi justo e compreensivo com todos. Tinha a personalidade serena, muito diferente da intensidade de Miguel ou do sarcasmo de Gabriel.

- Vem comigo. – ele disse e eu o acompanhei de volta ao andar de cima. Eu podia ouvir Miguel e Gabriel conversando ao longe, mas os deixamos no andar inferior.

Chegamos na grande varanda e Jules ainda estava lá. Assim que nos viu, rapidamente se apressou em sair, nos deixando a sós no terraço. Fazia uma noite tão bela e quente... As estrelas distantes piscavam tímidas, como se também pressentissem a tensão no ar. A água azul tremulava lentamente com o vento morno que passava entre nós.

Rafael se aproximou da beirada da varanda e apoiou os braços no parapeito de mármore e eu o segui.

- Sabe, eu sempre gostei de vir aqui. – ele falou olhando para um ponto distante na cidade brilhante lá embaixo – Os humanos foram muito abençoados. As belezas que eles têm aqui são singulares, nem no paraíso existem.

O vento soprou um pouco mais forte e nos acariciou docemente trazendo um aroma fresco. Coloquei meu longo cabelo pro lado e acenei, concordando com ele.

O silêncio pacífico e agradável nos envolveu e eu estava muito agraciada por estar em sua companhia. Era como se apenas a presença de Rafael fosse suficiente para afastar qualquer inquietude... e era, até ele começar a falar suavemente.

- Melanie... vai chegar o tempo em que você vai ter que fazer uma escolha muito importante.

- Escolha? – perguntei desanimada – Eu acho que não sou boa com escolhas...

Relembrei dos momentos que passei com Lucius, da minha entrega e vergonha.

- Por que diz isso?

- Eu... eu fiz uma escolha muito, muito errada quando cheguei aqui e... e as consequências dela ainda me pesam demais.

Baixei a cabeça e admirei tristemente a água calma e azulada, sentindo um peso enorme no coração.

- Não é sempre que acertamos em nossas decisões, Melanie, mas é o que fazemos depois que verdadeiramente importa.  Você pode simplesmente ignorar e se acomodar, ou pode fazer algo a respeito.

Eu o encarei e de alguma forma eu sabia que ele sabia exatamente o que eu tinha feito. É claro que Miguel jamais diria nada, mas Rafael não precisa ouvir palavras para saber de certas coisas, ele ouvia a alma.

- O que eu quero dizer é que não importa se você errou, o que importa é o que você faz com seu erro. Além disso – ele acrescentou, virando-se apara mim – eu sei quem é você, conheço sua pureza e força interior e esse é o seu maior poder. Você ainda vai ter que fazer muitas escolhas Melanie e nenhuma delas vai ser fácil ou tranquila, mas tenha sempre em mente os ensinamentos de nosso Pai, tenha sempre o amor e a justiça dentro de você e fará o que é certo.

- Por que me diz isso, senhor? – perguntei sem entender o real conteúdo de suas palavras.

- Rafael. – ele corrigiu.

- Desculpe... Rafael. – eu falei seu nome ainda desconfortável, exatamente como aconteceu com Miguel – Por que me diz essas palavras?

Ele pensou um pouco antes de responder, como se ponderasse as palavras.

- Por que as vezes o mais difícil não é fazer uma escolha que te magoe, mas fazer uma escolha que magoe alguém a quem você ama... e é nessa hora que devemos ser fortes e ter em mente o que queremos de verdade.

Ele me encarou profundamente e eu sabia que suas palavras seriam importantes pra mim no futuro, eu só não imaginava que fosse tão cedo...

...

Eu já estava cansado do sarcasmo de Gabriel. Às vezes, eu queria arrancar a língua dele fora, mas isso não me era permitido, infelizmente. Na verdade, eu estava preocupado com nosso passo seguinte, que não seria fácil. Se estivéssemos em outro plano, eu poderia recorrer à minha legião de guerreiros para essa missão, mas eu tinha caído em Abyssi e não podia forçar nenhum deles a fazer o mesmo. Teríamos que enfrentar o que estava por vir com ou sem exército. Mas o que mais me preocupava era o que poderia acontecer com Melanie se não fossemos capazes de vencer.

- Ok, Miguel, eu desisto.

Eu encarei meu irmão que, entediado pela minha falta de resposta, virou com tudo o copo de whisky que tinha preparado. Pra minha sorte e pro azar dele, o álcool não nos afetava.

- Vai lá atrás dela, vai. Você é uma péssima companhia quando está pensando em mulher.

Franzi o cenho.

- Não adianta tentar disfarçar que eu vejo na sua cara o que você sente por ela, então, me faz um favor, vai lá pra cima e fecha a porta pra não me incomodar aqui embaixo, OK? Já é deprimente demais ter que me conformar com a presença de você e Rafael juntos e não preciso ainda ter que ouvir os gemidos dela com você.

- Gabriel, ainda não existem palavras que definam o que você é, sabia? – eu disse me virando para sair do lugar.

Ouvi quando ele entornou mais whisky para dentro do copo.

- Incomparável, pode me chamar assim que eu não me importo. – ele acrescentou ao longe.

Sai depressa de perto dele e voltei para o hall principal. Passando pelo quarto grande, onde Jules vigiava o sono de Harper, virei para a esquerda e subi a escada larga de mármore que dava ao segundo patamar do extravagante quarto que Gabriel nos escolheu. Ainda rodavam em minha cabeça as palavras do depravado e senti meu peito queimar. Lembrei da imagem que presenciei entre Lucius e Melanie e, por um ínfimo instante, me imaginei no lugar dele.

- Droga! – xinguei.

Parei ofegante entre os dois andares. Minha mente estava uma bagunça e eu não sabia o que estava sentindo. Era totalmente inconveniente ter esse tipo de desejo por ela ainda mais numa situação dessas, com a humanidade inteira correndo perigo.

Eu nunca imaginei que ficaria tão desnorteado assim. Eu comandava legiões de soldados com facilidade, mas não controlava o que sentia por Melanie e eu sabia que isso em algum momento traria consequências catastróficas.

Depois de uma prece rápida, continuei a caminhada e fui até o piso superior. As grandes portas de correr estavam totalmente abertas e pude ver os cabelos claros dela e de Rafael balançarem ao vento. Ele me olhou devagar, sentindo minha aproximação muito antes de Melanie, que parecia um tanto quanto confusa.

Meu coração acelerou levemente, mas tentei ignorá-lo.

- Eu vou aprontar os detalhes de nossa partida, peço que me deem licença.

E dizendo isso, Rafael passou por mim e voltou pelo caminho de onde vim. Agradeci-o mentalmente por isso e me repreendi por relembrar mais uma vez as palavras de Gabriel – e do quanto elas me agradavam.

- Vejo que está preocupada. – falei me aproximando com cuidado – Normalmente Rafael não nos deixa assim.

- Não, de fato, ele sempre me tranquiliza bastante... mas nossa conversa foi um pouco enigmática pra mim, só isso.

Sua voz, sempre suave, era como música ao se juntar ao vento morno e adocicado.

- Está bem? – perguntei quando cheguei até ela e me referia a como ela estava absorvendo todas as informações.

- Sim, eu acho. – ela respondeu sorrindo.

Então não dissemos mais nada apenas permanecemos observando a cidade ao longe. Em pouquíssimas horas, o sol iria nascer e então poderíamos rumar até Dudael. Por mais que estivesse comtemplando a paisagem, meu corpo era completamente consciente da presença de Melanie ao meu lado.

...

Assim que os primeiros raios da manhã surgiram, nós nos preparamos para partir. Harper já estava completamente recuperada do incidente nas ruinas, assim como Jules e eu. O céu alaranjado já dava lugar ao azul claro quando Rafael e Gabriel se juntaram a nós na varanda.

- É uma pena que não podemos aproveitar mais desse lugar. – Gabriel lamentou, tomando todo o líquido castanho que trazia consigo em um copo.

- Pensei que a bebida era um pecado. – Harper falou irônica encarando Gabriel, que se apressou em responder.

- Pecado é não beber, minha jovem.

- OK, vamos nos preparar. – Rafael interveio.

- E como vamos pra esse lugar, Dudael, vocês vão voando por acaso?

- Mais ou menos. – Miguel respondeu a Harper, que arregalou os olhos confusa.

Então os três Arcanjos se posicionaram como em um triângulo.

- Melanie vem comigo. – Gabriel se apressou em dizer, sorrindo daquele seu jeito debochado e me puxando pra si.

Nem deu tempo de eu reagir, apenas olhei rápido para Miguel, que se manteve no lugar e estreitou os olhos pro irmão.

Eu não entendia o que estava acontecendo, mas senti o corpo de Gabriel me envolver. Seus braços não eram nem de longe tão fortes quanto os de Miguel e ele exalava um cheiro engraçado, que vinha daquela coisa que tinha bebido, mas suas feições eram extremamente perfeitas e belas. Seu corpo esguio e quente me apertou gentilmente de forma que fiquei de costas para o interior do triângulo formado pelos Arcanjos e de frente pra ele. A pouquíssimos centímetros de seu rosto. Apenas vi de relance Miguel abraçar Harper e Rafael a Jules, mas eles não os mantinham tão próximos quanto eu estava de Gabriel.

Os três disseram juntos uma profusão de palavras antigas, em um idioma que nem mesmo eu reconhecia, e minutos depois eu senti meu corpo ficar leve, cada vez mais leve, e lembrei da sensação de quando viajei nas sombras com Lucius. Aos poucos, o quarto e a piscina ao nosso redor começaram a desaparecer, ficando cada vez mais difusos. Os sons cessaram e o silêncio foi absoluto, tão profundo que chegava a incomodar. Tudo a nossa volta era um borrão e eu me senti como que passeando através do tempo e dos lugares, passando a uma velocidade incrível por todos os lugares da Terra, até que não vi mais nada além de luz.


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Notas finais do capítulo

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