Signatum escrita por MilaBravomila


Capítulo 23
Capítulo 22 - A espada negra


Notas iniciais do capítulo

Como prometido... rs
Ah! Antes de mais nada... os créditos da capa são da minha leitora Ju, que mto gentilmente me cedeu seu tempo e paciência :D
Ju, este cap é pra vc!



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- Mas... não tem nada! – falei encarando a rocha praticamente lisa que terminava no fundo da caverna.

Miguel esquadrinhou cada centímetro da parede, alisando a superfície rochosa, mas nada, nenhum símbolo, nenhuma informação.

- O que significa isso? Os símbolos que nos guiaram até aqui... eles continham o que, Miguel? – perguntei, encarando o arcanjo confuso a minha frente.

- Bom... não era nada específico. Os símbolos eram iguais, na realidade. Não eram palavras que faziam sentido, mas um único signo que representa a vida, mas de uma forma abstrata.

Eu o encarei, totalmente perdida.

- Como assim a vida? – indaguei.

Miguel me encarou por alguns segundos antes de responder.

- Os símbolos representam a Luz Interior, o sublime suspiro do Criador que dá vida a todos, a força motriz do espírito.

Ficamos em silêncio, tentando entender a informação. Então, eu tive uma sensação, a mesma sensação que senti quando soube o que Melanie tinha que fazer para ajudar a garotinha possuída.

- Miguel... e se... a chave for a alma?

Ele me encarou e vi a percepção escrita neles.

- Somente sensitivos alfa tem o poder de controlar a Luz Interior e doá-lo a outro ser. – ele falou.

Então eu lembrei das coisas que Melanie podia fazer. Ela pode salvar a menina e podia matar demônios, apenas por transferir um pouco do amor de sua alma pura aos outros. Ela era uma sensitiva alfa e, com isso, tinha o poder de controlar a Luz Interior. Pelo o que vi nos olhos do arcanjo, ele também já tinha pensado nisso e, pela primeira vez, enxerguei uma preocupação profunda nos olhos confiantes de Miguel. Agora ele sabia que podia perdê-la.

- É por isso que Lucius a quer tanto? Será que é por isso que ele veio atrás dela?

Miguel não me respondeu de imediato.

- Eu não sei... ele a quer pra ele, pra amenizar o sofrimento de sue próprio espírito com a pureza dela... mas talvez... as coisas não tenham sido assim tão casuais...

Mais uma vez o silêncio caiu entre nós. Era um alívio estranho ter finalmente descoberto qual é a chave, mas era bem ruim saber que Melanie corria um perigo tão iminente. Era cada vez mais óbvio que os seres infernais fariam de tudo para pegá-la, talvez, não apenas Lucius a desejasse.

Foi então que eu senti algo estranho dentro de mim, mais uma vez. Não tinha nada a ver com as náuseas que os seres infernais causavam, era bem diferente disso, mas era uma sensação estranha, quente e incômoda.

- Miguel... eu estou sentindo uma presença estranha, mas que não consigo...

Interrompi a fala assim que olhei para o Arcanjo. Ele estava parado, com os olhos desfocados, como se estivesse em transe.

- Miguel? – perguntei me aproximando dele.

De repente, como num passe de mágica, ele voltou ao normal, mas me encarou de uma forma que fez meus ossos gelarem, tamanha a preocupação que vi em seu olhar.

- Meus irmãos estão aqui. – ele disse.

- Quem?

- Gabriel e Rafael, eles estão aqui.

...

Jules e eu caminhávamos próximos, cada um de nós empunhando sua Gladius. Por quase uma hora, vasculhamos as redondezas e não encontramos nada. Eu podia sentir a maresia trazida pelo vento e, junto com ela, uma sensação de insegurança. Procurei me focar em todo o treinamento que Miguel me deu, sempre com os golpes básicos em mente para me defender, caso fosse preciso.

Jules indicou algumas grutas que ele e Harper haviam explorado da primeira vez que vieram e então entramos em uma caverna pequena, estreita e afastada das outras. Jules, por ser maior, teve que se curvar ligeiramente para poder caminhar lá dentro. Em uma das mãos carregávamos as luzes, que Harper chamou de lanterna, e na outra, a Gladius, bem apertada. Caminhamos devagar, explorando, observando, mas a cada passo, sentíamos que nós é que éramos os observados.

A sensação era de mil olhos, focados em nossos movimentos, esperando o momento certo para atacar, provavelmente quando estivéssemos bem fundo na gruta escura. Então a caverna começou a ficar tão pequena, que se tornou impossível continuarmos. Não podíamos nos arrastar até o fundo, Jules e eu já estávamos praticamente ajoelhados.

- Vamos voltar. – ele disse – Não dá pra seguir por aqui.

Iniciamos o retorno e alcançamos a metade do caminho de volta quando, de repente, a temperatura caiu a ponto de congelar os ossos. Jules passou minha frente, me protegendo com corpo contra o que quer que fosse. Um silêncio mortal se instaurou, somente nossas respirações eram ouvidas. Eu sentia a fumaça sair da boca, devido ao frio intenso, e meus músculos tremeram involuntariamente.

Então ouvimos um som baixo e contínuo e senti o cheiro da morte. O grunhido foi aumentando, se aproximando de nós, e a temperatura caía vertiginosamente. Mas não havia nada, não havia demônios a nossa volta, apesar de estarmos sendo espreitados. Era aquela presença maligna, que tomou conta de tudo.

- Jules, o que está havendo? – perguntei baixo, olhando a minha volta com a Gladius pronta para o ataque.

Ele também olhava para todos os lados e, a essa altura, nossas lanternas estavam no chão, pois segurávamos as espadas sagradas com toda a força de nossos braços, apontando-as para frente.

- Quem está aí? – ele gritou.

Suas palavras ecoaram por toda a gruta e o eco foi fantasmagórico. Não houve resposta.

Jules deu um pequeno passo a frente, na tentativa de iniciar o caminho de volta para a entrada da caverna, e foi aí que ele surgiu. Um vulto enorme apareceu diante de nós. Era como se ele estivesse concentrando toda escuridão e a densidade em um ponto, como se aquela figura bizarra estivesse tomando forma aos poucos.

Jules prontamente me bloqueou, encarando o ser a menos de dois metros de distância. Não havia escapatória, estávamos encerrados ali naquele espaço frio e sombrio enquanto a criatura tomava forma. Até que foi possível identificar um corpo grande e musculoso, como eu nunca vi na vida. Da cabeça, saíam projeções como chifres, que entortavam para trás, junto à cabeça.

Era enorme e a maldade que emanava daquilo, não tinha precedente. Não pude ver suas feições infernais com definição, mas enxergava o brilho vermelho nos olhos da criatura, que portava uma coisa na mão que me parecia uma espada enorme, larga e corroída.

Sem esperar mais, Jules avançou, partindo ao meio a criatura. Mas então percebemos que não era de verdade. Não havia um corpo físico. A Gladius de Jules cortou o ar e a densa escuridão que dava forma ao demônio, rapidamente se refez.

Logo após o ataque, a criatura esticou um dos braços enormes, o que não segurava a espada, e somente apontou a mãos aberta na direção do guerreiro, que voou longe, na direção contrária a que eu estava. A força do impacto de Jules contra a parede da caverna foi tão grande, que estremeceu tudo a nossa volta e senti a terra caindo sobre mim.

- JULES! – gritei em sua direção. Estava tão escuro, que eu já não podia mais vê-lo, não sabia se estava bem.

Era só eu e o expectro a minha frente, que me encarava friamente.

Estiquei os braços trêmulos pelo frio, apontando minha Gladius na direção do peito da criatura, que soltou um som horrendo. Era como uma gargalhada, repleta de agonia. Parecia que era dolorido para ele rir de mim.

- Melanie...

A voz demoníaca saiu dele, me paralisando tamanha crueldade havia nela.

- Quem é você, demônio? – perguntei firme, ainda tentando enxergar se Jules estava bem.

- Ego princeps exercitus inferum. Tu clavis. * – a criatura disse em tom infernal.

Antes que eu pudesse reagir, o demônio partiu pra cima de mim. Ele levantou a enorme espada acima da cabeça e baixou com tudo como se fosse me cortar ao meio. Instintivamente, levantei minha Gladius de maneira defensiva para impedir seu ataque, mas a criatura não era carnal e meus esforços de nada valeram. A espada dele desceu com velocidade total e me cortou ao meio, da cabeça ao peito.

Não sofri nenhum dano físico, pois ele era apenas um expectro, mas cai ao chão com seu ataque. Aquilo foi a pior dor que já senti na vida. Sua espada não cortava minha carne, cortava minha alma. Eu senti uma dor lacerante e gritei, caída no chão da caverna. Senti como um corte profundo e indescritível, uma dor absurda que quase me fez desmaiar.

A Gladius caiu longe do meu alcance, mas de qualquer maneira, ela em nada me adiantaria, e quando olhei pra cima, vi a criatura investir mais uma vez. Eu chorei em desespero, minha alma queimava ainda com seu ataque e senti uma agonia aterrorizante.

Ele me atingiu mais uma vez, cravando a espada etérea em meu estômago e eu perdi o ar com a nova onda de dor. Era lacerante e eu desejei morrer, morrer pra sempre, morrer para que a dor fosse embora. Eu não senti nada dele senão o prazer por ver minha agonia e eu só queria que acabasse.

Pela terceira vez, o demônio levantou sua espada e investiu. Eu sabia que mais um golpe daquele e eu não resistira à dor. A lâmina negra desceu em alta velocidade contra meu rosto. Eu estava caída no chão, paralisada em agonia, esperando pelo golpe fatal. Mas, no último segundo, a milímetros de sua arma infernal me atingir, eu vi um reflexo dourado cruzar o ar e cortar a criatura ao meio.

Com um grito horrendo, o demônio se desfez e sumiu.

A consciência estava me deixando e eu sentia que minha alma sangrava. Olhei para meu salvador. Havia duas figuras paradas diante de mim, ambos empunhando suas Gladius douradas como ouro e com olhos da mesma cor. Eram grandes, imponentes e divinos.

Eu não sabia quem eram, mas também, pouco importava, pois em pouco tempo eu mergulhei no universo escuro da inconsciência.


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Notas finais do capítulo

* Eu sou o príncipe do exercito do submundo. E você é a chave.
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