Signatum escrita por MilaBravomila


Capítulo 22
Capítulo 21 - O fim do túnel


Notas iniciais do capítulo

Pessoas, mil perdões pela demora, mas tive um seminário fodááástico para apresentar ontem e acabei não postando por quase uma semana. Só pra constar, deu td certo! o/
Mais aih vai!
Boa leitura!



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Mesmo um pouco fraca por ter cedido parte de minha energia a Harper, eu pude sentir minhas pernas ainda mais bambas. A constatação de Miguel era sem dúvida, assustadora.

- Acho que devemos retornar às cavernas. Se haviam tantos demônios por ali, eu acredito que eles deviam estar guardando algum tipo de informação importante. – Miguel falou, pensativo.

- Bom, se eu fosse um demônio e descobrisse essa tal chave, eu não ficaria de plantão escondendo, eu faria ela desaparecer, assim só eu saberia a informação. – Harper falou, encarando Jules e Miguel.

- Ela tem razão – completei – Por que guardar, quando se pode destruir?

- Esse tipo de artefato não pode ser destruído tão facilmente. Tem muita força antiga envolvida em sua proteção. - Miguel respondeu – Mesmo que tenha sido um mortal que tenha escrito, foi a mando do Altíssimo, então, mesmo que os demônios quisessem, não conseguiriam destruí-lo.

- Por isso havia tantos deles por lá... – Jules refletiu.

Ao meu lado, Harper tremeu levemente e senti que as lembranças daqueles momentos de terror a assombraram.

- Vamos retornar às cavernas e descobrir o que tanto os seres inferiores estão tentando esconder.

Com a determinação de Miguel, nós passamos a nos preparar. O lugar devia estar realmente protegido, mas também, a possibilidade de encontrarmos a chave nos dava forças para seguir a missão, e, no fim da tarde, saímos do hotel e fomos em direção às margens do Mar Salgado, onde se encontravam as ruinas sagradas.

As cavernas eram sem dúvida, arrepiantes. Estávamos sobre um dos montes mais altos e o sol começava a se por no horizonte. Harper comentou que muitas pessoas estavam aqui da última vez que ela veio com Jules, mas a cidade estava um caos e as ruinas de Qunram estavam praticamente desertas, mesmo no fim do dia. A cada minuto que passava, mais e mais cataclismos ocorriam. Vários atentados terroristas começaram a acontecer pelo mundo e as pessoas estavam em pânico. Tudo era reflexo da influência dos seres infernais.

Não precisava nem ser um sensitivo beta pra perceber o quanto o lugar estava sombrio, repleto de expectros malignos ao redor, invisíveis, esperando apenas uma oportunidade para passarem a este plano. As cavernas pareciam túmulos que guardavam muito mais do que apenas segredos antigos.

- Não sei se acho uma boa idéia nos dividirmos. – Jules falou encarando as grutas abaixo, um verdadeiro complexo de cavernas sombrias. Eu sabia que ele falava isso por Harper, podia sentir o apresso que tinham um pelo outro e sabia que ele estava muito preocupado com ela. Entretanto, se nos dividíssemos, poderíamos achar a chave mais rapidamente.

- Bom, acho que não temos tempo a perder. – falei decidida, e completei – Talvez fosse mais sensato Miguel descer com Harper pelo lado leste e eu e você pelo oeste.

Jules se manteve sério. Eu sabia que ele queria proteger Harper, mas ambos concordávamos que Miguel era o melhor para isso, então, ele não discordou de minha sugestão. Eu senti que Miguel também não gostou muito, apesar de não ter discordado.

- Bom, vamos, então! – Harper tomou a iniciativa. Ela era forte. Mesmo ainda ferida, mantinha a adaga que restou bem apertada na mão.

Ela desceu pelo lado leste, na direção de uma população de cavernas. Jules olhou-a furtivamente e desceu na direção contrária, andando devagar para que eu o seguisse, mas quando me virei para segui-lo, Miguel surgiu na minha frente, impedindo minha passagem com o corpo.

Sua expressão era séria e compenetrada. Ele olhou fundo nos meus olhos com o dourado característico. Nesse ínfimo instante, tudo o que vivemos após ele ter me resgatado de Lucius, veio à tona, e senti as pernas bambas.

- Cuidado. – ele disse. Era como uma ordem.

Eu acenei, fascinada com a preocupação em seus olhar. Meu coração acelerou. Só a proximidade e o cheiro dele me inebriavam, me faziam esquecer de tudo.

Ele acariciou meu rosto com a ponta do dedo de forma tão sutil que me queimou por dentro e por fora. Então senti um calor brando e o brilho dourado de sua Gladius refletiu a luz da lua que surgia fraca no céu. Também convoquei a minha espada e sem mais, desci por onde Jules havia ido.

...

Miguel empunhava sua espada dourada e me seguia de perto. Andamos por quase uma hora, escalando e descendo os acidentes rochosos, indo cada vez mais pra longe do ponto de origem. Eu mantive a adaga apertada na mão que estava menos machucada. Era estranho não ter Jules ao meu lado, depois de tanto tempo lutando juntos, mas de fato, a segurança que Miguel me passava, só por estar perto de mim, era incrível.

- Harper, quando eles aparecerem, não se afaste de mim.

Olhei para o Arcanjo, que foi firme nas palavras, e antes que eu rebatesse, ele concluiu.

- Sei que você é boa lutadora, mas está debilitada. Então, não tente bancar a heroína, OK?

Eu parei e o encarei. Queria esticar o dedo do meio pra ele e dizer umas poucas e boas por ele me tratar como uma garotinha mimada, e nem me importava o fato dele ser um anjo. Mas na realidade... eu estava realmente ferida e só de pensar naqueles momentos, em que tudo estava escuro e eu só ouvia os sons de Jules lutando para me salvar, me faziam tremer.

- OK, General, mas devo avisar que se um deles se meter comigo de novo, eu não vou deixar barato. – respondi com firmeza.

Miguel acenou e seguiu a minha frente, abrindo caminho, até que entramos em uma das cavernas, uma das grandes, uma das que eu e Jules não havíamos explorado anteriormente. Rapidamente acendi minha lanterna, mas Miguel, pelo visto, não precisaria de uma. Andamos cada vez mais para dentro da toca sombria e abafada e somente o som de nossos passos eram ouvidos.

Então eu senti uma coisa estranha, uma sensação leve de desconforto e enjoo. Parei.

- Miguel...

Senti o arcanjo tensionar os músculos e se aproximar de mim; ele entendera o recado.

- Vamos continuar. – ele murmurou.

Segui de perto os passos de Miguel, que estava em alerta. Com a luz fraca da lanterna miserável que escolhi, comecei a ver pequenos símbolos na parede, bem do lado direito.

- Olha! – apontei pra ele.

Parece que tínhamos dado sorte. Eu não tinha visto isso com Jules da outra vez. Se tudo desse certo, talvez pudéssemos encontrar a chave e sair de lá antes de topar com os carinhas do mal.

Miguel seguiu a luz do feixe da lanterna e passou a mão que não segurava a Gladius sobre os símbolos.

- É um dialeto muito antigo, mais antigo que a própria existência do homem...

Ele dizia isso fascinado, como aquelas pessoas que relembram fatos há muito passados.

- É impressionante...

Miguel acariciava os símbolos que nos guiavam para cada vez mais fundo da caverna. Eram como uma trilha que nos levavam ao pote de ouro... ou à boca do lobo...

Senti mais uma onda de enjoo, dessa vez muito mais forte, e a luz da lanterna começou a piscar.

- Miguel... – avisei, um pouco aflita, eu já sabia no que ía dar.

Tudo aconteceu rápido demais. Senti como uma pontada no estômago, uma dor misturada com medo e repugnância, tudo junto, de forma avassaladora. Foi tão forte, que me curvei pra frente. Tanto a adaga quanto a lanterna, se perderam e o único feixe de luz saiu rolando para longe, onde bateu em uma pedra.

Nessa hora, ela refletiu dezenas de pares de olhos vermelhos e famintos, que estavam escondidos na penumbra da caverna. Em fração de segundos, os grunhidos começaram e as formas negras de odor fétido investiram contra nós, ao mesmo tempo.

Miguel se pôs na minha frente, me espremendo contra a parede. Eu me sentia mal, tão mal quanto nunca me senti antes. Não conseguia nem pensar direito. Então eu vi a coisa mais incrível de todas. O arcanjo parado a minha frente pareceu brilhar. Os grunhidos famintos e fantasmagóricos ao nosso redor estavam tão altos que pareciam um zumbido, agulhas em minha cabeça. Mas Miguel estava impassível, estático, e tinha aquele brilho dourado e misterioso.

Lentamente, os grunhidos foram diminuindo e minha náusea foi melhorando. Só então eu percebi o que estava acontecendo. Miguel não estava brilhando, o que brilhava era a Gladius dourada dele, que cortava o ar numa velocidade impressionante, dilacerando simultaneamente os demônios a nossa volta. Eu nem respirei diante da cena incrível. Ele parecia estar estático a minha frente, mas seria impossível, até mesmo para um anjo, não se mexer um milímetro enquanto despedaçava dezenas de demônios em um espaço tão ínfimo. Provavelmente Miguel se movia tão rapidamente que, aos meus olhos, ele estava parado.

Então acabou. Ouvi apenas o som pesado do último corpo caindo no chão. Era o último de uma pilha de dezenas que faziam um halo a nossa volta. Miguel permaneceu estático, como se nada tivesse acontecido. Naquele momento eu me recordei de quando o vi enfrentar Jules, Calabriel e os outros e vencê-los sem muito esforço. Sem dúvidas, Miguel era o maior guerreiro dos céus...

- Você está bem? – ele me perguntou preocupado e eu vi a compaixão em seus olhos dourados. Era impressionante, um guerreiro de sua estirpe sendo tão humano... ele não fazia o menor sentido pra mim.

- Sim. – respondi recobrando o fôlego – Eram muitos... eu me senti... senti muito enjoo.

- Eu imaginei. Você sente a presença deles e sente de maneira proporcional a quantidade. Eram muitos e sabia que afetaria você.

Saímos dali, deixando para trás o cheiro horrível dos corpos mutilados. Eram formas estranhas e não passavam de um monte de lixo negro no chão da caverna. Seguimos o rastro dos símbolos de Enoque até que chegamos ao fim do túnel, literalmente e, ao contrário do que pensei, não havia nada ali, apenas uma parede vazia.


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Notas finais do capítulo

Bom, como fiquei bastante tempo off, vou tentar compensar postando outro cap ainda hj. estou apenas revisando para colocá-lo online.
Espero q tenham gostado desse.
Reviews??