Signatum escrita por MilaBravomila


Capítulo 19
Capítulo 18 - Luz do medo, Luz do desejo


Notas iniciais do capítulo

Espero q gostem!

Boa leitura :)



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Ignorei a mão estendida de Jules e pulei para a pedra seguinte. Detestava quando alguém me tratava como uma garotinha frágil. Vi que ele revirou os olhos pela minha atitude, mas mantive a expressão firme e determinada, mesmo que aquele pulo tivesse doído pra cassete.

- Ali. – apontei para dentro do enorme buraco negro formado nas rochas de Qumran. Era uma das várias cavernas dentro das quais haviam sido encontrados os pergaminhos do Mar Morto, há dezenas de anos atrás, dentre os quais estavam as profecias de Enoque.

Naquele lugar, em especial, eu podia sentir uma energia muito forte, só não tinha decidido ainda se era boa ou ruim. Meu corpo ainda estremecia com o medo paralisante que senti há pouco. Ele surgiu de forma inexplicável e intensa quando me concentrei e ainda tinha seus efeitos sobre mim.

Jules foi na frente, iluminando o caminho com uma potente lanterna que trouxemos na bagagem. Eu o seguia de perto, com minha própria luz artificial. O silêncio denso e profundo era quebrado apenas por nossos passos ritmados contra o chão da caverna que parecia não ter fim. Cada vez mais, estávamos adentrando pela terra, com Jules examinando cada pedacinho de terra do lugar, até que finalmente parou.

Minha adrenalina estava alta e a sensação de medo parecia constante. Atrás de mim, o breu silencioso e traiçoeiro.

- Olha. – ele disse.

Quando apontei minha lanterna para a mesma direção da de Jules, vi a palavra Signatum escrita contra a pedra, numa caligrafia perfeita e impossivelmente conservada.

- Isso é... lacrado, certo? É o mesmo que você mandou tatuar em meus pulsos.

Jules confirmou, batendo de leve em sua lanterna, que piscava sem parar.

- Exceto por este símbolo. – ele disse, apontando para um pequeno desenho que estava um pouco abaixo da palavra Signatum. O desenho também estava em baixo relevo e perfeitamente intacto. Era impressionante como tinha resistido ao tempo e à erosão.

O símbolo era simples e se parecia com dois triângulos equiláteros, um em cima e outro embaixo. O triângulo de cima, era normal, e o triângulo de baixo, era invertido. Havia uma linha fina que ligava os triângulos e um círculo que envolvia tudo. O conjunto era simples e, pra mim, não significou absolutamente nada, mas Jules encarava o desenho pensativo, como se estivesse tentando decidir qual o significado dar a ele.

- E então? – perguntei - O que significa?

- Eu não sei ao certo... os triângulos significam o Céu e o Inferno, a Santíssima Trindade divina e seu oposto... mas a linha... a linha que liga essas dimensões... eu não sei, não faz sentido.

Novamente o silêncio se instaurou na caverna e senti mais uma vez a escuridão a nossa volta ameaçadora, ainda mis quando a lanterna dele se apagou, me deixando ainda mais ressabiada.

- Jules, porque a gente não copia esse desenho e tenta analisar depois? – sugeri de forma casual, jamais deixaria ele perceber que eu estava assustada.

Ele me encarou de forma divertida, eu diria, embora eu nunca tenha visto essa expressão em seu rosto.

- Não está com medo, está, Harper?

- Medo? – arqueei as sobrancelhas – Você tá brincando, né?

Ele sorriu de banda e eu me perguntei se tinha sido convincente o bastante.

- OK, vamos. Temos que contatar Miguel e os outros, de qualquer forma. – ele disse me mandando um olhar significativo.

Eu virei para tomar o caminho de volta e tudo foi muito rápido. A luz da lanterna mal iluminou a escuridão a minha frente e eu senti um enjoo absurdo, ao mesmo tempo em que ouvi o metal sagrado da Gladius de Jules cruzar o ar. O medo e a adrenalina subiram ao máximo e deixei a lanterna cair. O feixe de luz cruzou o ar e nesse ínfimo instante eu vi os rostos retorcidos na escuridão.

Ao atingir o chão com força, a lanterna se apagou, deixando-nos na mais completa escuridão.

...

O beijo de Miguel era suave e cauteloso. Ele beijou meus lábios, devagar, e os sugou de forma gentil, enquanto com as mãos me prendiam delicadamente junto a ele. Eu não fazia idéia do quanto o desejava, até sentir seu beijo. Com uma ousadia que não me pertencia, eu o abracei de volta, envolvendo meus braços ao redor de seu pescoço.

Miguel soltou um pequeno gemido e me puxou pra cima, fazendo eu cair por cima dele sobre a cama. O beijo ficou mais profundo e delicioso, me fazendo ofegar. Ele me abraçava contra si e eu senti todo seu corpo forte sob o meu. Era tentador, envolvente.

Num movimento rápido, ele girou e inverteu nossas posições, me deixando sentir o peso parcial de seu corpo, uma vez que com o braço ele sustentou a maior parte.

A língua dele me explorava profundamente, me deixando sem ar e eu senti como se tivesse sido beijada pela primeira vez. Era tão diferente de Lucius... havia urgência em Miguel e desejo, mas não era só isso, havia algo a mais, uma delicadeza e um respeito sem iguais. Era como se ele quisesse me dar o mundo... Pai, era incrível.

Ele foi diminuindo o ritmo, como que se despedindo aos poucos, e finalmente interrompemos o beijo. Com os olhos ainda fechados, eu tentava me recuperar. Senti ele apoiar a testa na minha e sua mão voltar a carinhar meu rosto de forma delicada.

Quando abri os olhos, vi o dourado mais absurdamente lindo, bem de perto. Era como se seus olhos tivessem luz própria. Ele estava ofegante e eu senti seu corpo pedindo mais, assim como o meu, mas Miguel se conteve. Estava esperando minha reação.

- Melanie, eu...

Não permiti que ele continuasse e o beijei mais uma vez. Em toda minha existência, não havia nada que eu tivesse vivido que se comparasse com a sensação de estar com ele e eu queria mais, queria mais de Miguel, muito mais.

...

Meu corpo excitado pressionava o dela com cuidado, mas todo o cuidado se perdeu quando ela me beijou de volta. Eu tentei me explicar, pedir desculpas, mas Melanie não permitiu e me beijou com intensidade. Era impossível o desejo que eu sentia por ela. Era tão absurdo que chegava a doer dentro de mim.

Apoiei meus braços na cama enquanto senti seu beijo, e deixei o peso do meu corpo cair sobre o dela. Melanie apertou seus braços ao redor de mim e senti um delicioso prazer quando as mãos pequenas dela desceram por toda a extensão minhas cortas tensionadas. Cada centímetro percorrido por ela era um espasmo de desejo em meu corpo.

Eu queria Melanie mais que tudo e não me controlei mais. Deixei minha boca sedenta deslizar para seu pescoço e senti o gosto maravilhoso de sua pele suave. Senti que ela tremeu sob mim e lentamente, girou a cabeça pro lado, deixando ainda mais pele exposta pra mim. Segui percorrendo o caminho sensível de seu corpo e minha boca sentiu a suavidade da pele do ombro e da clavícula, quando eu afastei delicadamente a alça da camiseta que vestia.

Minha mão deslizou para baixo, alisando a lateral de seu corpo, sentindo as curvas que me desnorteavam, e me perdi, até que ouvi ela chamar meu nome.

- Miguel...

Abri os olhos com sua voz suave e doce em meu ouvido. Ela estava com os olhos fechados e o cabelo levemente embolado, fazendo meu coração saltar de tão linda que era minha visão. Então ela abriu os olhos. A cor era um misto de verde com azul, era única. Ficamos nos encarando em silêncio por um tempo, bem de perto, esperando nossas respirações voltarem ao normal, embora meu desejo por ela não tenha diminuído.

- Foi Lucius quem feriu vice?

Sua pergunta veio doce enquanto ela voltou a acariciar minhas costas devagar, me fazendo arrepiar.

- Isso não importa mais. – fale num sussurro, tirando meu peso de cima do corpo dela me posicionando ao seu lado.

- Eu... estou tão arrependida pelo o que fiz... você não faz idéia do quanto...

Vi seus olhos brilhando e sabia que ela se referia a sua entrega a Lucius. Só de lembrar daquela cena, meu sangue ferveu. O pior era ver a tristeza em seu rosto, isso era o pior de tudo.

- Por favor, não se lembre disso. – eu falei, deixando minha mão acariciar seu rosto tristonho – Você não teve culpa do que aconteceu.

- Como não, Miguel? Como não tive culpa?

- Melanie – eu tentava explicar – o que você sente por ele é mais forte que você. Sua alma responde a ele, você entende?

- Eu sei, Miguel, mas isso não me torna mesmos culpada...

Ela respirou fundo e uma lágrima escorreu e eu a sequei rapidamente antes dela continuar:

- Sabe... eu estava fora de mim... eu não sei o que acontece quando ele está perto, eu... eu.. me perco, sei lá. É como se ele tivesse o total controle sobre mim, como se fosse um ímã irresistível, me atraindo.

- Eu sei... – falei escondendo a dor que suas palavras causavam em meu peito – Sua alma quer curar a dele.

- Eu tenho medo... medo de não resistir a ele novamente. – ela disse.

Nós nos encaramos. Ambos sabíamos que Lucius não tinha morrido. Quer dizer, ele tinha morrido, mas não definitivamente. A morte é apenas uma passagem e a alma dele voltou ao mundo a que pertence, mas muito brevemente, seria capaz de retornar a esse.

- Eu sei que não o destruí. – ela disse, olhando-me novamente – Naquele momento, eu sabia que podia, mas não o fiz. Algo em mim ainda tinha esperança de que... pudesse salvá-lo, não sei. Eu só sei que sinto que ele me chama, sinto que o verei novamente e tenho medo.

Eu a ouvia calado, tentando controlar o que sentia. Esse era o meu maior medo também e eu sabia que da próxima vez, Lucius poderia terminar o que começou, podia absorver a pureza da alma de Melanie, destruindo-a. meus músculos estavam tensos de tanta fúria.

- Eu não vou deixar. – eu disse a ela com firmeza – Não vou deixar ele fazer mal a você de novo, me entendeu?

Ela me encarou um pouco assustada e eu sabia que ela estava vendo a chama em meus olhos, a mesma chama determinada que eu mantinha quando encarava meus adversários, a mesma chama que me fez chefe dos Exércitos Celestiais e que fazia tantos tremerem. Logo ela relaxou, Melanie sabia que aquela raiva não era pra ela e sabia que eu faria tudo para protege-la.

Lentamente, vi um sorriso lindo se formar em seu rosto, que instantaneamente fez meus músculos relaxarem. Melanie me beijou os lábios rapidamente e disse:

- Obrigada.


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Notas finais do capítulo

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