Signatum escrita por MilaBravomila


Capítulo 12
Capítulo 11 - O treino


Notas iniciais do capítulo

gente, achei esse cap fofo. Kero saber o que vcs vão achar!!

bjs



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Mostrei a Melanie os movimentos básicos, reforçando o que Jules havia mostrado a ela há alguns dias, mas meu foco eram os posicionamentos de defesa. Eu sabia que ela relutava em atacar alguém, mesmo sendo um demônio, e que esse era o motivo dela ser limitada como guerreira. Sua alma pura a impedia de ferir alguém e isso era uma preocupação crescente em mim.

Ela era meio desajeitada com a Gladius, mas tinha dedicação, e eu tinha paciência. Foram algumas horas exaustivas repetindo sempre e sempre os mesmos movimentos, até que ela os reproduzisse com perfeição.

No fim do dia, todos estavam levemente cansados com os treinamentos. Nossa condição temporária humana não permitia que estendêssemos demais os esforços físicos, embora fôssemos muito mais fortes e resistentes que um humano, éramos susceptíveis a algumas coisas.

- Vamos parar um pouco. – eu disse a Melanie, quando percebi que os outros estavam se retirando – Você precisa descansar.

Ela estava levemente suada e respirava um pouco ofegante. Mesmo assim,  franziu as sobrancelhas e disse:

- Parar? Eu não posso parar agora. Temos que continuar, por favor.

Eu a encarei um pouco surpreso. Por mim não havia realmente nenhum impedimento físico, mas estava preocupado com ela.

- Tem certeza? – perguntei virando em sua direção.

- Sim. – ela afirmou.

- OK... quer tentar atacar? Eu acho que seus movimentos de defesa estão muito bons e tenho certeza que vai se sair bem caso encontremos mais seres inferiores pela frente.

Ela sorriu e se animou e eu não pude deixar de admirar sua beleza. Forcei a mim mesmo para deixar isso de lado e me focar no treinamento, convoquei minha Gladius e falei:

- Bom, então eu vou te atacar frontalmente. Quero que você não apenas se defenda, mas que revide meu ataque. Eu vou deixar uma brecha em minha defesa. Quero que você descubra qual é e ataque, me entendeu?

Ela sacudiu a cabeça em afirmação e se posicionou. Então eu a ataquei. Ela prontamente se defendeu e me estudou. Percebi quando  viu minha guarda aberta pela esquerda, mas quando foi me atacar, veio da forma errada com a Gladius. Facilmente eu desviei e recompus minha posição.

Investi mais uma vez, e deixei o lado direito exposto, mas Melanie insistia em alongar os movimentos de ataque e isso me dava tempo para me recompor.

- Espera. – eu disse, interrompendo-a – Eu acho que você precisa treinar um pouco mais sozinha. Vem cá.

Estiquei o braço e ela se juntou a mim, prostrando-se ao meu lado. Convoquei minha Gladius e comecei a fazer movimentos circulares bem detalhados e repetitivos, enquanto explicava.

- Você tem que sentir a sua Gladius como se ela fosse uma extensão de seu próprio corpo, Melanie. Sinta a espada com você.

Eu repetia movimentos em forma de “8” na vertical e na horizontal e indiquei que ela fizesse o mesmo.

- Sempre que voltar de um movimento em curva, aproveite a velocidade que sua espada adquire e coloque força. – continuei enquanto ambos repetíamos os movimentos – Antecipe o trajeto da Gladius e a faça atingir o ponto que você deseja.

Fomos repetindo os movimentos e eu ía corrigindo cada coisa que ela fazia de errado, mas era difícil pra Melanie, porque ela não estava familiarizada com a arma e isso fazia seus ataques não serem eficientes. Então eu parei ao seu lado e ela interrompeu a sequencia.

- O que, o que fiz de errado? – ela perguntou.

- Me dá sua Gladius. – falei, esticando minha mão livre.

Ela não hesitou nem por um segundo e me entregou a espada. Era tão fina e delicada e extremamente leve. Era exatamente como a dona, linda e suave. Ela me olhava sem entender e eu dei um passo em sua direção, ficando bem próximo a ela.

- Toma. – eu disse, oferecendo-lhe minha própria espada.

Melanie se sobressaltou e me encarou confusa.

- E-eu não posso...

- É uma ordem, guerreira. – eu disse autoritário, interrompendo-a.

Ela me encarou séria olhou pra baixo. Senti sua mão macia envolver a minha e tomar minha fiel companheira de mim. Imediatamente, seu braço deu um solavanco pra baixo, com o peso de minha Gladius, e Melanie teve que segurá-la com ambas as mãos.

- Minha nossa! – ela exclamou – É... incrivelmente pesada e.. e linda.

Melanie olhava para a Gladius admirada e eu senti um misto de várias sensações. Nunca um outro anjo havia tocado nela, com ou sem minha permissão. Mas vendo o olhar de Melanie e a necessidade que eu tinha em saber que ela ficaria bem, não pude pensar em outra coisa.

Então depositei a espada prateada de Melanie no chão e andei até ela, que ainda se esforçava em segurar a Gladius dourada nas mãos. Dei a volta e me posicionei atrás de Melanie, que ficou parada, esperando o meu comando. Olhei de perto seu cabelo longo e lindo, que caía em ondas grandes por suas costas. Os ombros pequenos subiam e desciam com sua respiração ofegante.

Devagar me aproximei mais até sentir o corpo dela colar ao meu. Abracei-a gentilmente e minhas mãos percorreram seus braços tensionados, que estavam esticados a frente e faziam força para sustentar a Gladius. Minhas mãos deslizaram por todo seu braço até as mãos e ajudei-a a segurar a Gladius.

O corpo dela se encaixou perfeitamente em mim e nossas respirações estavam igualadas, apressadas. Não sei se ela conseguiu sentir meu coração acelerado, mas ele batia muito forte em meu peito. Por um instante, o cheiro dela me fez esquecer de tudo, do treinamento, dos demônios, de mim. Por este incrível espaço de tempo eu quis Melanie de uma forma avassaladora e inexplicável.

Quando minha voz saiu, não estava tão firme quanto de costume.

- Repete o movimento de antes – eu disse em tom baixo, ao seu ouvido – Eu vou ajudar você, mas quero que sinta o peso da Gladius em suas mãos, quero que a sinta como uma extensão de seus próprios braços, entendeu?

Ela acenou, mas não disse nada, e começamos a realizar os movimentos em forma de “8”. Aos poucos, senti que ela começou a pegar confiança e a guiar os movimentos, ao invés de apenas segui-los.

- Você sente o peso? Sente como pode prever a trajetória quando está subindo ou descendo? – perguntei.

- Sim.

- Ótimo, então agora eu vou soltar você aos poucos e quero que continue. Sinta o peso da espada, preveja os movimentos.

Segundos depois eu soltei as mãos dela, que continuaram a fazer os movimentos circulares. Então eu me afastei e senti claramente que meu corpo reclamou por isso. Senti que poderia ficar daquele jeito por muito tempo com ela.

Então Melanie foi aprimorando os movimentos e acrescentando outros, até que eu peguei a espada dela do chão e começamos a duelar devagar, apenas sincronizando nossos passos. Cada tentativa minha de atingi-la, foi em vão, ela conseguiu se defender muito bem. Quando pedi que me atacasse, ela vacilou no início, mas logo depois, conseguiu enxergar as brechas que eu deixava e encaixar bons golpes. Estava muito melhor, mais rápida e ágil. Sorri satisfeito e ela também.

Em determinado momento ela me atacou pelo lado, e foi bastante rápida. Teria me atingido, se eu não tivesse feito a evasiva correta. Rapidamente eu girei o corpo e com o movimento certo, desarmei-a. Como havíamos treinado, ela ainda assim tentou me atingir apenas com seus punhos, mas Melanie não tinha a força e a habilidade suficiente pra isso. Deixei a Gladius cair de minha mão propositalmente e encaixei uma chave de braço, que a imobilizou na hora.

Ela estava ofegante e eu estava muito satisfeito com o resultado.

- Eu não acredito! – ela disse com raiva de si mesma – Eu achei que tinha conseguido!

Eu ri alto e afrouxei meu aperto, sem, no entanto, soltá-la.

- Me diz que eu cheguei perto, por favor! – Ela disse voltando o rosto em minha direção e vi seus olhos muito próximos aos meus.

Eu esqueci de responder. Mais uma vez, estava me perdendo na perfeição de seus traços. Melanie me fazia sentir coisas que mais ninguém conseguia. Vi o rosto dela corar levemente e me senti feliz ao ver que ela encarava meus olhos profundamente. Senti uma vontade enorme de saber se ela se perdia em meus olhos tanto quanto eu me perdia nos dela.

Minha mente estava uma bagunça, eu já não sabia o que pensar, apenas sentia o corpo dela junto ao meu e via seu rosto lindo de perto. Instintivamente, meus olhos desviaram para sua boca. Era de um tom rosa perfeito e possuía lábios fartos, embora não fossem exagerados. Minha própria boca salivou com o desejo de beijá-la.

Mas então, o corpo dela ficou rígido de repente, como se tivesse tomado um susto. Os olhos que antes me encaravam intensamente estavam perdidos e aflitos.

- Lucius... – foi o som que ouvi sair de sua boca perfeita, que poucos instantes antes, eu queria beijar.


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Notas finais do capítulo

reviews???