Meu Malvado Favorito escrita por mulleriana, Nina Guglielmelli


Capítulo 8
Enrolando mais ainda a corda no pescoço... É!




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- Espero que seja algo muito grave.

Emmett me encarava do sofá junto com Alice, que quase morria de tanto tédio. Bati a porta atrás de mim, afrouxando o nó da gravata ao ficar em pé na frente deles.

- Como foi com a nerd? – Ele sorriu, zombeteiro.

- Vamos falar de trabalho. – Rebati. Percebi que reprimiu um riso. – Qual é o problema?

- Quer que eu vá direto ao ponto? – Alice resmungou com a voz cansada. – Não querem pagar.

- O que? – Eu quase ri. – Isso é impossível. Acham que estamos brincando, por acaso?

- Ao que parece, não se importam muito com qualquer coisa que aconteça a ela. – Alice deu os ombros, jogando o corpo pra frente e apoiando os cotovelos nos joelhos. – Ligue você mesmo, se quiser.

Bufei, jogando o paletó e a gravata em cima do sofá.

- Tenho que fazer tudo por aqui? – Esbravejei.

- Você? Nós estávamos trabalhando aqui, enquanto saía com outra vagabunda.

- Cala a boca. – Rebati.

Peguei meu celular. Todos os nossos aparelhos foram alterados por Alice – que, caso ainda não tenha citado, sempre foi ótima com eletrônicos. Nossos números não seriam reconhecidos por quem recebia a ligação, mesmo que tivessem aparelhos especiais para isso. O único número que conseguimos foi o da agência de modelos onde Rosalie trabalhava.

Disquei e respirei bem fundo enquanto esperava; já estava acostumado com esse tipo de telefonema.

- Boa noite, eu falo da... – Uma voz masculina começou a falar.

- Fique quieto que eu vou falar agora, você entendeu? Fique bem quietinho, e escute. Nós estamos com Rosalie Hale.

- Ah, vocês de novo! – O homem suspirou. – Só um minuto.

Encarei Emmett e Alice enquanto uma musiquinha ridícula soava em meus ouvidos. Eles deram os ombros ao mesmo tempo, já sabiam o porquê de minha expressão confusa. O mesmo homem voltou ao telefone.

- Receio que não poderei fazer nada por você. Vou te transferir, certo?

- O que? Não, eu...

Novamente, a música. Aquilo estava acontecendo mesmo? Outra voz atendeu o telefone.

- Boa noite.

- Olha, estou sem tempo pra esse tipo de coisa, eu não estou de brincadeira. – Trinquei os dentes.

- É sobre Rosalie outra vez, não é? – Ele perguntou. – Já disse, não estou disposto a pagar 300.000 dólares para que a soltem.

- Quem é você? – Cerrei os olhos, como se ele pudesse ver.

- Sou Royce. Empresário dela. Se quiserem podemos negociar esse preço, mas estou um pouco sem tempo agora... Ah, oi, obrigado, deixe esses papéis aqui. – Ele falou com outra pessoa, um pouco longe do telefone. Massageei minha têmpora. - Então, bom, se você não se importa, poderia ligar outra hora?

- O que? Mas que diabos...

- Precisamos negociar o valor, é alto demais, e se quer saber a agência está em um ótimo ritmo sem as frescuras da Hale.

- Vamos matá-la. – Ameacei.

- Não vamos tomar medidas drásticas, não é? Você pode agüenta-la por mais alguns dias, vou conversar com os outros representantes da agência e lhe oferecer um valor plausível. Ela não tem família, e não podemos retirar o dinheiro de sua conta sem permissão. Já que a medida está em nossas mãos, terá que esperar. Espero não ser mais incomodado nessa semana, por favor. O valor será decidido e você poderá entrar em contato a partir do sábado; acredite, terá muito a perder se matá-la. Passar bem, senhor. E boa sorte com a garota.

Fiquei um bom tempo paralisado quando Royce finalizou a ligação. Após 10 anos com o mesmo serviço, pela primeira vez não soube o que fazer. Encarei Alice, que abriu um sorriso sarcástico.

- Acredita, agora?

- Deveríamos descer lá e acabar com aquela garota. – Sugeri.

- Não sei, não. – Emmett completou, pensativo. – Se a agência vai ficar responsável, provavelmente vão oferecer uma quantia boa. O que ganharemos se a matarmos? Só uma bronca de Aro pelo tempo perdido.

- E vamos mantê-la aqui, até estarem dispostos a pagar alguma coisa? – Alice reclamou. – Estão brincando com a gente, qual é!

- Não temos escolha. – Joguei meu celular na mesinha de centro, passando a mão pelo cabelo logo em seguida. – Emmett está certo. Não vamos ganhar nada acabando com ela.

Ficamos em silêncio, cada um refletindo consigo mesmo qual seria a melhor opção. De fato, Rosalie não nos dava nenhum trabalho. E, se não tinham pressa para resgatá-la, também não se preocupariam em colocar a polícia ou qualquer coisa atrás dela.

- Papai! – A porta do quarto de Carlie se abriu, e ela veio em minha direção.

- O que ainda faz acordada? – Esbravejei.

Ela parou, tristonha.

- Não consegui dormir antes de lhe dar boa noite! – Ela fez um beicinho, que não me comoveu.

- Cai fora daqui. Estamos trabalhando!

Seu rosto mudou completamente em um segundo, passando da tristeza para a raiva. Carlie cruzou os braços e andou até mim, carregando, como sempre, sua boneca de pano. - Dá meu dinheiro, então.

- O que? – Virei, falando um pouco mais alto. – Que dinheiro, garota? Pirou?

- Eu já disse que precisava de grana!

- E não disse pra quê. – Retruquei.

- Não interessa. – Ela disse, e minhas sobrancelhas se ergueram. – Me dá logo!

Enfiei a mão no bolso da calça e tirei a carteira, lhe entregando 20 doláres.

- Ai de você se fizer merda! – Ameacei.

Carlie pegou as notas e deu um pulo no mesmo lugar, disparando para seu quarto em seguida. Emmett e Alice me encaravam, esperando alguma resposta para a conversa interrompida. Respirei fundo, pegando o celular outra vez.

- É isso. Vamos continuar com o plano. Vamos ligar para a agência somente no dia combinado e, se adiarem novamente, aí sim damos um jeito nela. – Procurei o número de Tanya nos contatos do telefone e, segurando o paletó na mão livre, comecei a andar em direção a porta.

- Onde você vai, idiota? – Alice perguntou, irritada.

- Preciso relaxar, está bem? Fiquem de olho na pirralha.

O final da frase saiu enquanto eu, do lado de fora de casa, já fechava a porta. “Oi, Edward! Finalmente me ligou.” Tanya disse do outro lado da linha, forçando uma voz sedutora. Ela não era a única opção para uma noite sem compromissos, mas era a mais fácil.

- Você sabe onde me encontrar. Tem 10 minutos.

Foram minhas únicas palavras antes de desligar e entrar no carro.


                                                                      (...)


 Passar a noite num motel desconhecido – e, melhor ainda, com uma garota que não queria nada além disso – era o melhor remédio para qualquer tipo de stress. Uma noite sem Carlie, sem cúmplices idiotas no trabalho e sem uma modelo metida dando problema era tudo o que precisava havia um bom tempo. Mas é claro que, mais cedo ou mais tarde, é necessário voltar para a realidade.

O horário de almoço passara em branco para mim, e não estava com fome. Pelo menos, não de comida. Eu não queria ir embora mas, sempre que tentava dar atenção à Tanya, recomeçava a pensar no que aquela maldita pirralha estava aprontando.

- Acho que já está na hora de ir. – Anunciei. Tanya fez um biquinho ridiculamente infantil.

Eu me coloquei de pé, andando completamente nu até minhas roupas, do outro lado do quarto. Vesti minha cueca e minha calça, mal percebendo a garota se aproximar e me virar de frente para ela, devagar.

- Por que precisa ir? – Perguntou.

- Trabalho. – O rosto de Bella veio à minha mente, sem nenhum motivo aparente.

- Ah! – Tanya resmungou, descendo as mãos por meu peito até alcançarem a calça. Ela abriu o zíper da mesma e deslizou a mão direita para dentro da cueca. – Aposto que ficar aqui comigo será bem mais divertido...

Encarei-a com uma expressão neutra enquanto sua mão acariciava o local. Vendo que não obteria nenhum resultado, lançou um sorriso significativo para mim e retirou a mão, ajoelhando-se no chão a minha frente. Começou a abaixar minha calça, mas eu a impedi.

- Eu estou falando sério. – Afastei sua cabeça, dando meia-volta e recolocando a calça. – Tenho que trabalhar, se você entende o que é isso.

Eu normalmente tinha um pavio muito curto com Tanya. Olhei em cima da pequena mesa, em busca de minha camisa. Virei novamente, e ela estava a usando.

- Dê-me isso, Tanya.

A garota sorriu, dando um quase pulo no mesmo lugar. - Você quer? – Olhou para todo o seu corpo, não se referindo somente a peça que vestia.

- Acha que estou brincando? Cresça. – Retruquei, quase num grito.

Ela ficou séria de repente. Tirou a camisa e jogou no chão, birrenta. Respirei fundo, abaixei e peguei a peça, vestindo-a sem olhar para o rosto de Tanya. Lidar com Carlie estava começando a me deixar mais maleável com atitudes infantis, da parte de todos à minha volta. Vesti o paletó, calcei os sapatos e coloquei uma boa quantia de dinheiro em cima da mesa, para que ela pudesse pagar pelo quarto quando saísse.

- Quero um beijo de despedida! – Choramingou.

- Foda-se.


(...)

Quando eu tinha 10 anos, meus pais me arrumaram um cachorro. Era um vira-lata enorme. Ele corria até mim sempre que chegava em casa, me derrubava e lambia todo o meu rosto. Era divertido.

Agora, a única coisa que eu tinha era aquela pirralha filha de uma puta, correndo até mim e abraçando minhas pernas toda vez que olhava pra minha cara.

- Pai, você não vai acreditar! – Ela disse, me puxando na direção de seu quarto.

Eu estava cansado demais para empurrá-la ou retrucar. Ainda bem.

Bella estava lá. Uma mesinha vinda sei lá de onde estava posta perto da cama e, em uma das cadeiras feitas especialmente para anões, a garota estava sentada. Sorriu um pouco quando me viu, mas me pareceu que estava forçando. Os óculos ridículos estavam de volta em seu rosto.

Carlie puxou outra cadeira, mostrando que eu deveria sentar. Foi uma tarefa um pouco difícil, mas eu me encaixei ali, torcendo para não quebrar.

- Eu queria fazer surpresa. – A menina anunciou, sentando no meio de nós dois. Só então reparei o aparelho de chá em cima da mesa, com diversos pães e bolos.

- Foi um dinheiro bem gasto. Estou com fome. – Assumi, esticando um pouco a mão para pegar uma fatia de bolo.

Levei à boca, mordi, e a comida continuou intacta. Carlie riu alto, e Bella somente sorriu, reprimindo uma gargalhada.

- É de plástico! – Minha “filha” anunciou, ainda rindo.

Encarei toda aquela comida, perplexo. - Você gasto 20 doláres em comida de mentira?

- Sim, ué.

- POR QUÊ? – Não foi exatamente um grito como queria, pelo menos não até o final, por causa do olhar confuso que Bella me lançou.

- É só um brinquedo. – A nerd falou; a boneca de Carlie estava em seu colo.

- É para a hora do chá! Claire e eu sempre tomávamos. – Ela pigarreou, e então pegou o bule, estendendo para Bella. – Gostaria de mais, senhorita Swan?

- Mas é claro! – A nerd sorriu. – Está delicioso!

A menina virou o bule, servindo chá na xícara de Bella, mas nada saiu. Puta merda. Mas, não é que a florista era boa com crianças? Ela fingiu beber alguns goles, e soltou um “hm” de satisfação.

Carlie serviu a si mesma e depois a mim, bebendo também. Não planejava participar daquela brincadeira ridícula mas, devido ao olhar esperançoso de Bella, precisei entrar na dança.

- Então, quais são as novidades? É verdade que a senhorita Bennett está noiva? – Carlie perguntou com uma voz estranha, como se algum espírito estivesse nela para passar uma mensagem.

Eu continuei com o nariz enfiado na xícara, fingindo beber um líquido interminável.

- É verdade, sim, senhorita Cullen! Não é maravilhoso? – Bella riu, pegando um pedaço de bolo e fingindo morder, mastigando-o em seguida.

Uma música aguda veio do nada, e Bella olhou para baixo, pegando seu celular do bolso.

- Só um minuto. – Pediu, e então saiu do quarto, fechando a porta.

Carlie pulou em sua cadeira. - Não foi uma ótima surpresa? – Ela sorriu.

- O que diabos estava pensando? – Retruquei um pouco baixo. – Por que a chamou?

- Ué, você não saiu com ela ontem? Pensei que estava tentando conquistá-la.

- Eu... Estou. – Era certo falar disso com minha “filha” de 5 anos? Ou 8, tanto faz. – E você pensou o que, que convidá-la para tomar chá faria ela ficar a fim de mim?

- Todo cuidado é pouco! – Deu os ombros.

Eu ri alto. - É claro, pirralha. Você entende de relacionamentos.

Comecei a beber chá, e só então lembrei que não havia nada. Fiz uma careta, recolocando a xícara na mesa.

- Eu posso ajudá-lo. – Ofereceu.

- Ah, essa é boa! – Ri, irônico.

A menina cruzou os braços, orgulhosa. Cerrei os olhos, diminuindo o sorriso que se formava em meu rosto.

- O que vai querer em troca? – Perguntei, receoso.

- Ora! É isso que pensa de mim? Eu só quero vê-lo feliz, papai...

- Não, é sério.

- Eu sei que é. Escute. – Ela virou um pouco o corpo, pensativa. – Primeiro de tudo, vai me deixar escolher uma nova decoração pra essa casa. Depois, vamos ao parque de diversões. Aquele novo, é pequeno mas parece legal. E então, eu quero um cachorro.

- NEM FUDENDO! O que você está pensando da vida? Que é tudo muito fácil, assim? – Esbravejei. – Eu te dou a chance de escolher uma única coisa, e mais nada.

- Ótimo. – Carlie fez menção de se levantar, pegando sua boneca no colo. – Se me permite, vou ter uma pequena conversa com Bella...

- Ora, sente aí, sua raposa! – Puxei a menina com certa força, que fez uma careta ao bater a bunda na pequena cadeira. – Eu aceito... Eu aceito, ok? Mas é bom que funcione!

- Vai funcionar. Uma vez, lá no orfanato...

- Tá, tá, tá, me poupe disso. Temos um acordo? – Perguntei.

- Temos um acordo. – Carlie exclamou, e então cuspiu na palma de sua mão.

- Sem trapaças ou enganações. Você me ajuda, e só depois que eu conseguir o que quero, pago minha parte. – Ergui uma sobrancelha, me aproximando dela.

- Quero um adiantamento. – Exigiu.

- Nem pensar. O trato é esse. Você me dá o que prometeu, e eu lhe retribuo. Bem-vinda ao mundo dos negócios, filha! – Sorri abertamente. – O que me diz?

Ela suspirou e, quando percebi que baixara a guarda, imitei seu gesto de cuspir.

- Temos um acordo. – Repetiu.

Apertamos as mãos.


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Notas finais do capítulo

Nina aqui! Demorou mais saíu! Mais um capítulo e quem diria né? Ninguém se importa com a Rosalie, acho que por essa ninguém esperava HUAHUAHUAHUA. Meu...essa Carlie é uma menina muito esperta não? Será que ela vai mesmo conseguir ajudar o Edward? Hum...veremos!
Obrigada pelo carinho de todos *-*
Beijos e até o próximo capítulo o/