Meu Malvado Favorito escrita por mulleriana, Nina Guglielmelli


Capítulo 3
Ok, cadê meu cigarro?




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Alice andava de um lado para o outro, aflita.

- Eu estou avisando. Não sei cuidar de criança, e não vou limpar nada que sair dela. Se estão pensando que só por ser mulher a responsabilidade será toda minha...

- Relaxa, ok? Nós vamos nos virar. – Emmett disse, sentado ao meu lado no sofá. – Não deve ser tão difícil assim. É uma criança. O que ela pode fazer de tão assustador?

Eu joguei o corpo para frente e apoiei os cotovelos nas coxas. Uma de minhas mãos carregava um cigarro, e a outra eu usei para apoiar o queixo, pensativo.

Nos deram um prazo de três dias para arrumar o quarto da menina. Emmett queria comprar alguns brinquedos e mais um monte de frescuras mas eu não deixei. Era só o que me faltava, ficar enchendo a pirralha de mordomia. Deixamos somente o essencial para ela. Quando não havia mais nada pra fazer começamos a pensar demais, e temer demais.

- Esse plano é ridículo. A menina ainda vai ouvir alguma coisa e dar com a língua nos dentes.

- Ela não vai ouvir nada se ficar sempre onde mandarmos. – Eu murmurei sem emoção. – Pare de se desesperar, Alice. E me traga aquela droga de café, porque eu já pedi antes.

Ela parou no mesmo instante, jogando o quadril para um lado só e rindo.

- Você pensa que eu sou o que, Masen?

Eu ergui os olhos para Alice, movendo meu olhar do vazio pela primeira vez. Franzi a testa e fiquei em pé, indo na direção dela. Não se mexeu, me olhando de maneira desafiadora.

- Você vai ser o que eu quiser que seja. – Disse lentamente, mantendo os olhos nos dela. – Pelo menos enquanto eu for mais experiente do que você nisso aqui. Eu mando e você obedece. E é assim que isso vai funcionar.

- Isso é uma ameaça? – Ela apertou os olhos.

- É um aviso prévio.

- Eu não sou como essas suas vagabundas que caem de boca quando você manda. E eu não devo nenhuma obediência a você. Presta atenção antes de se meter comigo. – Alice ergueu as sobrancelhas, começando a andar sem tirar os olhos de mim. Eu abri um meio sorriso.

- Se eu te quisesse na minha cama você já estaria lá faz tempo. – Disse, mas ela já estava entrando no quarto.

Ri baixinho, tragando e soltando a fumaça na direção contrária de Emmett. Só o vi pelo canto dos olhos, e acho que estava sorrindo.

(...)

Às 7 da noite, um carro comum parou na porta de nossa casa. Eu estava vendo pela janela, fumando o quarto cigarro do dia. Aquilo me acalmava. Emmett e Alice só apareceram na sala quando a campainha tocou. Respirei fundo e fui até o cinzeiro na mesinha de centro, apagando meu cigarro e o deixando lá antes de me aproximar da porta. Abri.

- Edward. – Felix cumprimentou com um aceno de cabeça, entrando sem cerimônias. Ele tinha um cheiro forte de perfume masculino.

Demetri veio logo depois, sem dizer nada. Eu fiquei parado ali, com a mão na maçaneta. Emmett e Alice cumprimentaram os dois, mas ninguém sentou. Então, uma mulher passou por mim e foi até eles. Heidi. Uma criança segurava sua mão e arrastava uma grande bagagem, olhando tudo a sua volta.

Fechei a porta atrás de mim e me virei para analisar a cena.

Meus olhos pararam diretamente na menina ao lado de Heidi. Carregava uma pequena boneca de pano próxima a sua mala. Ela me encarava, curiosa. Seus olhos eram grandes, expressivos, num tom de chocolate derretido. A pele era realmente muito branca, e perto dos olhos estavam algumas sardas – poucas, um número suficiente para contar nos dedos. Ainda assim, lhe davam um ar gracioso. Seu cabelo tinha um tom bronze que eu chamaria de ruivo, cheio de cachos que lhe chegavam até quase a cintura.

Demetri colocou a mão em seu ombro e ela o olhou, mas rapidamente voltou a me fitar.

- Esta é Carlie. – Disse num tom monótono. Em seguida, ergueu a mão rapidamente em minha direção. – Este é Edward, seu pai. – Me concentrei para não fazer uma careta.

A menina segurou a mão da boneca e a trouxe consigo quando correu em minha direção. Foi rápido demais; quando dei por mim, ela estava colada a mim, abraçando minhas pernas e apoiando o rosto em minha barriga. Meus olhos se esbugalharam, e minhas mãos continuaram caídas nas laterais do meu corpo. Ninguém ali ia fazer nada? Mas que merda, o que aquela pirralha pensava estar fazendo? Eu queria afastá-la, mas estava simplesmente congelado.

Ergui o queixo, puxando o ar com dificuldade. Ela simplesmente me soltou e olhou para cima, sorrindo. Faltavam-lhe alguns dentes. Porra, será que ela era tão chata que apanhava no orfanato?

- Esses são seus tios, Emmett e Alice. – Demetri apontou.

Alice ficou imóvel, com os braços cruzados no peito, parecendo enojada. Emmett ergueu a mão e lhe lançou um sorriso tímido. Carlie virou para eles, sorrindo mais e acenando em resposta.

O silêncio que veio a seguir foi realmente constrangedor. A menina estava muito perto de mim e, mesmo que não me tocasse, eu só queria que ela voltasse para perto de onde estava antes.

- Então, querida... – Heidi colocou as mãos nos joelhos e abaixou um pouco. O movimento fez seus seios se comprimirem no decote. – Que tal conhecer seu quarto? – Ela ofereceu.

Carlie assentiu, abraçando mais a boneca. Ambas olharam para nós.

- Ah, é... Por aqui. – Emmett disse, apontando para o corredor e as guiando.

Heidi o seguiu puxando a mala de Carlie, que ia logo atrás ainda em silêncio. Eu não sei se devia estar aliviado por ela não estar puxando papo comigo ou preocupado por aqueles idiotas terem me arrumado uma criança muda. Respirei fundo quando ela saiu.

Demetri mostrou a cozinha com a cabeça, pedindo que eu o acompanhasse.

- Carlie tem 8 anos. – Falou quando estávamos bem longe dela. - Veio de um orfanato de Chicago. É um pouco falante demais, mas não acho que vá ser um problema.

- Falante? – Ergui uma sobrancelha.

- Só estava nervosa por te conhecer. Acho que gostou de você.

Gemi e virei os olhos, passando as mãos pelo rosto demoradamente.

- Eu também não gosto disso, Edward, mas são ordens de Aro. – Ele suspirou, olhando em volta com certo desdém. – Quando vão agir?

- Na próxima semana.

- Ótimo! – Ele sorriu um pouco. – Vou avisar a ele, talvez até pessoalmente. Ela já foi matriculada na escola. Enviaremos um dinheiro a sua conta periodicamente para gastos básicos, qualquer despesa extra terá que sair de seu bolso. – Ele foi em direção a porta, mas parou. – E... Edward? Faça isso dar certo, está bem?

- Eu já disse. – Respondi, apoiado na bancada, mal o olhando. – Não vamos falhar.

Ouvi quando Demetri se afastou. Respirei algumas vezes, me virando para voltar à sala. Heidi estava na porta, bloqueando a passagem.

- Oi! – Ela sorriu, dando alguns passos em minha direção.

Eu fui para trás, automaticamente.

- Olá, Heidi. – Suspirei.

- Já faz algum tempo, não é? – Ela perguntou quando minhas costas bateram na parede e tivemos que parar. Apoiou as mãos espalmadas em meu peito. – Você não me ligou.

- Não? Ah, desculpe, minha linda... Eu fiquei muito ocupado, e acabei esquecendo. – Abri um sorriso torto, dando a mesma desculpa que todas caíam. – Mas eu não me esqueci de você. – Completei, colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. – Foi muito bom.

Ela sorriu com malícia. Aproximou o rosto do meu para trocarmos um beijo rápido e intenso, que eu finalizei com uma pequena mordida em seu lábio inferior. Heidi me olhou outra vez antes de me dar um selinho e retribuir a mordida. Ela se virou em silêncio, e eu analisei sua bunda durante o pouco tempo que levou para sair da cozinha.

(...)

Recebi mais algumas recomendações de Demetri e Felix, antes que eles partissem junto com Heidi. Tranquei a porta e me virei, encontrando Carlie no sofá, ainda com os olhos concentrados diretamente em mim. Fiquei imóvel e olhei em volta, sem graça.

- Você fede a cigarro. – Ela falou pela primeira vez, mas era somente um comentário inocente. – E cerveja.

Permanecemos em silêncio. Dei um pigarro, colocando as mãos nos bolsos e parando a sua frente. Não pensei em nada para dizer, e muito menos queria conversar com ela. Nós dois olhamos para a pequena escada quando Emmett e Alice voltaram do porão.

- Estávamos ajeitando as coisas por lá. – Ele disse, olhou de relance para Carlie. Ela abraçou mais sua boneca, balançando as pernas que não alcançavam o chão.

Alice parou ao meu lado, encarando a menina.

- E aí, está com fome? – Ela perguntou, cruzando os braços.

Carlie pensou um pouco e então fez que não com a cabeça. Alice deu os ombros.

- A casa é sua. – A baixinha completou, fazendo a menina sorrir. – Pode fazer o que quiser. Menos... Descer para o porão.

- Por quê? – Questionou, quase gritando de curiosidade.

- Não interessa a razão. – Retruquei, irritado. Mas que pirralha intrometida! – É uma ordem, só obedeça.

Emmett me lançou um olhar de reprovação, parado atrás do sofá. Não mudei meu semblante. Ele tocou o ombro da menina por cima do encosto, olhando-a com simpatia. Grande idiota de coração mole.

- Arrume seu quarto com as suas coisas. É seu. – Ele disse, sorrindo um pouco. Carlie praticamente pulou do sofá.

- Vá pra cama quando acabar. – Eu completei.

Ela olhou para trás uma única vez antes de continuar andando. Entrou e fechou a porta.
Alice socou meu ombro e, merda, ela era forte!

- O que pensa que está fazendo? – Perguntou.

- O que? – Franzi a testa.

- Você é o pai dela, esqueceu? Não pode tratá-la como um estorvo.

- Ah! Tenho uma novidade pra você: Ela é!

- Acha que estou animada com essa maluquice? – Bufou, andando até o sofá e se jogando nele.

Nós três ficamos em silêncio por algum tempo, até que Emmett o quebrou.

- Ela está certa. – Deu os ombros. – Pelo menos... Tente, cara!

- O que espera que eu faça? – Perguntei, começando a me irritar.

- Ela veio aqui esperando um pai!

Olhei para Alice, buscando por ajuda. Ela mostrou a porta do quarto com a cabeça. Respirei fundo e fechei meus olhos, abrindo-os novamente enquanto ia na direção da porta fechada. Merda, merda, merda!

Tomei coragem e a abri. Carlie estava ajoelhada a frente de sua mala, mexendo na mesma. Já usava um pijama. Ela ergueu a cabeça e, ao ver que era eu, uma expressão estranha formou-se em seu rosto. Entrei e fechei a porta atrás de mim.

- Eu... – Suspirei. – Vim lhe desejar boa noite. – Cruzei os braços.

Ela pegou um livro de suas coisas e subiu na cama. Entrou embaixo do edredom, ainda sentada. Assentiu. - Boa noite... – Disse.

- Amanhã poderá se acomodar melhor. Deve estar cansada da viagem. – Fiz um tremendo esforço para fingir que me importava. – Se precisar de algo... Eu durmo no quarto ao lado.

Carlie sorriu. Eu tentei sorrir de volta, mas deve ter ficado mais parecido com uma careta.

- Espere! – Ela disse quando eu ameaçava ir embora. – Precisa ler uma história pra mim.

- O que? – Voltei a ficar de frente para ela com a mão na maçaneta.

Ela esticou o livro para mostrá-lo.

- Eu nunca durmo sem uma história!

Meus olhos passaram do livro para seu rosto, e refizeram o mesmo caminho várias vezes.

- Você sabe ler. Se vira.

Apaguei a luz antes de sair.


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Notas finais do capítulo

Hello dears! Nina aqui com mais um capítulo dessa nova fic. Tadinha dessa menina não? E eu adoro o Edward dessa fic, ai ai...tão malvado AUHAHUAHUAHUAHU. Malvado e conquistador, um perigo isso hem?Espero que estejam gostando!Beijos e até o próximo ;)