Meu Malvado Favorito escrita por mulleriana, Nina Guglielmelli


Capítulo 24
Quem falou em casamento? (2ª fase)




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Vou poupá-los dos detalhes que ocorreram naquelas 28 horas dentro de um carro. Como já disse anteriormente, viajar com uma criança sempre complica as coisas, principalmente se ela está imersa em adrenalina. Além da ansiedade de voltar para sua cidade natal e rever todos no orfanato, fomos obrigados a contar à ela tudo o que estava acontecendo, o que resultou numa menina extremamente animada com a ideia de ser considerada uma “fugitiva da polícia”. Alguns detalhes foram poupados, é claro, mas o que contamos foi suficiente para ela acreditar que era a nova rainha do mundo do crime. Decidi deixá-la nessa brincadeira; seria saudável até ela encontrar uma arma e começar a realmente levar a sério, mas quem seríamos nós para julgá-la?

Parávamos somente quando necessário, sempre com um disfarce diferente – nada muito elaborado, é claro, mas era exatamente isso que tornava o plano perfeito. Estávamos devidamente armados e preparados para qualquer surpresa. Revezamos o volante entre as quatro pessoas habilitadas no carro para que todos tivessem suas horas de descanso, mas eu particularmente não me sentia confortável o bastante para dormir num veículo em movimento – ainda mais com o perigo de estar sendo seguido. Em todo aquele tempo, a frase que mais ouvimos foi o “Já estamos chegando?” de Carlie. Eu estava honestamente perdendo a pouca paciência que tinha. Bella percebeu isso e apenas riu, segurando minha mão entre nossos bancos.

Estávamos, então, finalmente agindo como um casal de verdade. Era engraçado porque, se fossemos realmente um casal normal, estaríamos mais ou menos em nosso quinto encontro, controlando todos os lados de nosso relacionamento, e não atravessando o país e atirando em policiais para salvar minha filha. Não pensávamos num futuro, e nem poderíamos, mas ambos sabíamos que era tarde demais para cair fora. Eu agradeceria Carlie até o último instante da minha vida por nos unir daquela maneira.

Nós tivemos um intenso momento, ainda em Phoenix, compartilhando todos os detalhes de nossas vidas que os antigos disfarces nos impediram de dizer. Agora Bella sabia de tudo; como eu me envolvera com o crime, o perigo que Aro representava se eu fosse preso e Carlie voltasse para um orfanato, e até mesmo a aposta em que ela estivera envolvida. A garota simplesmente riu da minha cara, e respondeu que eu nunca teria conseguido se fosse somente por minhas cantadas mal formuladas.

Todos os detalhes de nossa fuga para Chicago ajudaram para que nada saísse errado. Eu ainda tinha a antiga casa dos meus pais em meu nome; mesmo tantos anos depois, mesmo com a personalidade fria que tinha, não conseguia vendê-la. Eu me sentia culpado, de certa forma, pelo que aconteceu a eles. Continuei pagando para manter o imóvel intacto – exceto, é claro, que deveria estar inabitável. Levando em conta que ela estava completamente abandonada, com uma pequena arrumação em seu interior poderíamos ficar por lá sem que desconfiassem de nada.

Preocupamo-nos primeiramente com uma pequena parada em um mercado qualquer, a fim de providenciar mantimentos e produtos de limpeza. Só chegamos a nosso destino por volta da hora do almoço, mas todos já estavam com o estômago cheio de salgadinhos. Assim como Bella dissera, eu estava realmente preocupado com a dieta de Carlie ultimamente, e assim que nos instalássemos providenciaria para que voltasse a ter refeições decentes.

Não preciso fazer nenhum comentário sobre o estado de uma casa fechada há mais de 10 anos. Como minha filha disse, parecia “mal-assombrada”. O jardim do lado de fora estava simplesmente nojento, mas não mexeríamos em nada, justamente para que ninguém desconfiasse que havia alguém ali dentro. Eu abri a porta com dificuldade, e logo uma sensação horrível me tomou quando andei em direção a tanta poeira acumulada. Apesar de tudo estar um caos, simplesmente estar ali já me trouxe uma nostalgia incontrolável. Eu paralisei em frente a lareira da enorme sala de estar, e demorei para perceber que Emmett e Alice já se apressavam, enchendo alguns baldes.

- Que nojo! Isso vai dar muito trabalho... – Carlie choramingou, cruzando os braços ainda na soleira da porta.

Eu fiquei a frente dela e agachei, arqueando as sobrancelhas numa expressão divertida.

- Então você vai me ajudar, certo, Chocolate? – Perguntei.

Ela simplesmente sorriu. Eu peguei uma vassoura encostada na parede ao meu lado e joguei para Bella, que a segurou no ar.

(...)

Um detalhe interessante sobre ter Carlie em minha vida é que tudo fica mais divertido com ela por perto. Mesmo uma tarefa tediosa e exaustiva como transformar uma casa jogada às moscas em algo habitável foi extremamente prazerosa. Como eu já previa, nós formávamos um ótimo grupo. Arregaçamos as mangas e tiramos cada grão de poeira que víamos pelos cantos. Não foi rápido, mas o resultado valeu a pena. Eu finalmente conseguia identificar minha antiga casa outra vez.

Todos logo se acomodaram quando terminamos tudo, já tarde da noite. O lugar era enorme e de certa forma luxuoso; os móveis confortáveis tornavam o ócio muito convidativo. Eu peguei uma garrafa de cerveja que comprara e me joguei em um dos sofás – velhos hábitos nunca mudam, e eu merecia tal recompensa -, encarando a lareira apagada. Nós não tínhamos televisão, já que meu pai acreditava que a programação comia nosso cérebro e qualquer informação útil poderia ser perfeitamente encontrada nos jornais. Aquilo não agradou muito meus amigos, que me acompanharam naquele sofá com mais cerveja e uma expressão entediada em seus rostos.

Sentado entre os dois, soltei um suspiro tranquilo antes de colocar para dentro o último gole gelado. Eles imitaram meu gesto, bebendo ao mesmo tempo. Alice deixou o corpo preguiçoso escorregar pelo sofá e nos olhou com a testa franzida.

- O que faremos a partir daqui? – Perguntou, quase indo ao chão.

- Você não acha mesmo que tivemos todo esse trabalho pra cair fora, acha? – Emmett rebateu. – Esse lugar é incrível!

- Eu só não pretendo passar o resto da vida aqui! Nem temos dinheiro pra isso! – Ela bufou.

- Caius nos mandava dinheiro para cuidarmos de Carlie. Não gastamos muito com ela, não é?
Ambos me olharam. Eu fiquei em silêncio, brincando com a boca da garrafa em meus lábios fechados.

- Eu não sei o que vamos fazer, Alice. – Respondi a sua pergunta ainda sem encará-los. – Eu não estou simplesmente fugindo como um idiota. Quanto mais longe do FBI, mais perto de Aro. Jasper vai precisar de nós quando descobrirem seu paradeiro e, mesmo como uma traidora, Bella ainda é uma das melhores agentes.

- Você não tem porque procurar essa vingancinha, ele não ameaçou Carlie de nada, no máximo ela voltaria para o orfanato. – Alice disse.

- E é exatamente isso que não vai acontecer! – Esbravejei. – Eu não sei como vai ser nossa vida daqui pra frente, mas não posso começar a pensar nisso agora, não enquanto eles tiverem a chance de pegá-la. Você acha que eles são idiotas? Acha que não sabem que estou temendo por ela, que estamos andando com uma policial e que vamos dar qualquer informação que o FBI pedir? Nós não trabalhamos mais para eles, não a partir do momento em que Santiago resolveu brincar com meu “ponto fraco”.

Como se a palavra a tivesse chamado, Carlie desceu a escada correndo, já vestindo seu pijama, e todo o clima sério do ambiente mudou. Eu deixei a garrafa vazia em cima da mesa de centro, abrindo os braços para que pulasse em meu colo.

- Papai, papai, papai, eu posso ficar com seu antigo quarto? – Ela fez um bico, segurando em meu pescoço. – Eu sei que é o seu porque a Bella encontrou um monte de desenho de umas bandas estranhas nas gavetas, e os outros dois quartos não tem nada, e tinham uns lençóis brancos que parecia de hospital. Agora não tem mais, porque a Bella trocou, mas eu sei que parecia de hospital porque uma vez a Claire...

- Ei, uma coisa de cada vez! – Eu ri junto com os outros, parando-a. – Você pode dormir onde quiser, Chocolate.

- Até no quarto com a cama grandona? – Ela abriu os bracinhos para dar ênfase ao que dizia.

- Não, esse já é meu! – Brinquei.

- Cabe nós dois lá! – Ela resmungou.

- Acho que seu pai vai levar outra pessoa pra lá... – Emmett assobiou, levantando e levando as três garrafas vazias para a cozinha.

Carlie olhou para ele e então voltou para mim; ela era esperta o bastante para entender o que aquilo significava.

- Ah, não! – Reclamou. – Papai, por quê? – Ela prolongou a pergunta, visivelmente chateada. – Por que a Bella vai dormir com você e eu não?

- É, Edward! – Alice provocou. – Explique a ela porquê!

Eu estiquei uma mão para pegar uma almofada, jogando-a em seu rosto. Ela levantou e foi atrás de Emmett, gargalhando, não antes de jogá-la de volta em minha cabeça.

- Porque, Carlie, ela é minha... Namorada... E é isso que namorados fazem, eles ficam juntos. – Expliquei, devolvendo a almofada em seu lugar. – Além do mais, eu pensei que você estivesse torcendo pra isso acontecer.

- Não se você for me deixar de lado!

Eu não pude evitar tombar a cabeça para trás e rir, apertando-a mais perto de mim. - Eu nunca vou te deixar de lado, Carlie! – Respondi, ainda rindo. – Você vai ser sempre a mulher mais importante do mundo pra mim! – Sorri.

- Mas e quando vocês casarem, e morarem juntos, e tiverem um monte de bebês? – Ela choramingou.

Meu sorriso diminuiu conforme ela prosseguia com aquela frase. A menção dos “bebês” me fez engolir em seco. Após algum tempo maquinando a imagem, me pareceu perfeita, mas num primeiro momento o susto foi rebatido com o típico medo de compromisso masculino.

- Nós estarmos juntos agora não significa que vamos casar... – Murmurei.

- Mas, se você gosta dela, e ela gosta de você, vocês tem que casar!

- Você acabou de dizer que tem medo disso! – Franzi a testa.

- Ai, você não entende nada! – Ela deu um tapa em sua própria testa, cruzando os braços no peito. – Pai, eu já tenho 8 anos. Eu estou crescendo e preciso de uma influência materna. – Não dá pra explicar como eu odiava quando ela começava a falar palavras difíceis demais para seu tamanho, como um robozinho. – Ou você quer que eu fique como a tia Alice? – Perguntou.

- Não mesmo! – Ri alto, e então fiquei mais sério, suspirando. - Eu entendo que você goste da Bella, e sei que ela adoraria ser sua mãe também, mas isso não significa que vamos estar sempre juntos. – Ergui as sobrancelhas calmamente.

- Mas vocês estão agora!

- E você estava justamente reclamando disso! – Rebati.

- Eu só... Só... Só... – Ela olhou para baixo, mexendo em minha camiseta distraidamente.

- Só está com ciúmes. – Ri.

- Não é verdade! – Ela gritou.

- Ah, é, sim! E você sabe que não tem nenhum motivo pra isso, Carlie, só por que não vai dormir comigo hoje? Você nunca pediu pra dormir comigo, da onde saiu essa carência toda? – Franzi a testa. – Quando foi a última vez que eu deixei de brincar com você pra ficar com a Bella?

Ela aumentou seu bico, ainda sem me olhar. - Acho que você nunca fez isso... – Murmurou.

- Pois então, mocinha. Não tem porque toda essa manha.

Eu a deixei sentada no sofá enquanto levantava e me espreguiçava. Pude ouvir a risada alta de Emmett e Alice conversando na cozinha.

- Vamos, hora de dormir. – Disse ao colocar minha filha em minhas costas. Ela se segurou, rindo.

- Vai ler pra mim? – Perguntou enquanto subíamos as escadas.

- É claro que sim. O que você trouxe?

Ela começou a citar uma lista interminável de título infantis, que eu realmente não prestei atenção, ainda pensando na conversa que tivemos sobre “deixá-la de lado”. Ela sempre me ajudou, criando planos mirabolantes para que eu me desse bem com Bella; nunca imaginaria que nossa relação a chateasse. Talvez na época só estivesse tentando se livrar do pai ruim que tinha.

- E eu queria ler O Pequeno Príncipe enquanto você estava longe, mas não consegui, porque me lembrava você e doía de saudade...

Aquelas palavras me apertaram o peito. Além de também lembrar da saudade que sentia na prisão, me veio a mente a noite em que li um capítulo de tal livro para ela. Li sobre o príncipe e sua amiga, uma flor, que somente se aproveitava de seus cuidados, o desprezava, não admitia amá-lo. A interpretação das palavras me atingiu em cheio, e nem mesmo Carlie, com toda sua esperteza, as compreendeu como eu.

Deixei que deitasse em minha antiga cama e fosse para baixo do cobertor. Logo seu cachorro entrou no quarto também, é claro. Deitou aos pés da menina, perto de onde eu estava sentado, com o livro nas mãos, que ela permitiu que eu continuasse a narrar.

“Creio que ele aproveitou, para evadir-se, pássaros selvagens que emigravam. Na manhã da partida pôs o planeta em ordem. Revolveu cuidadosamente seus dois vulcões em atividade. Pois possuía dois vulcões. E era muito cômodo para esquentar o almoço. Possuía também um vulcão extinto. Mas, como ele dizia: Quem é que pode garantir?, revolveu também o extinto. Se eles são bem revolvidos, os vulcões queimam lentamente, regularmente, sem erupções. As erupções vulcânicas são como fagulhas de lareira. Na terra, nós somos muito pequenos para revolver os vulcões. Por isso é que nos causam tanto dano.
O principezinho arrancou também, não sem um pouco de melancolia, os últimos rebentos de baobá. Ele julgava nunca mais voltar. Mas todos esses trabalhos familiares lhe pareceram, naquela manhã, extremamente doces. E, quando regou pela última vez a flor, e se dispunha a colocá-la sob a redoma, percebeu que estava com vontade de chorar.
- Adeus, disse ele à flor.
Mas a flor não respondeu.
- Adeus, repetia ele.
A flor tossiu. Mas não era por causa do resfriado.
- Eu fui uma tola, disse por fim. Peço-te perdão. Trata de ser feliz.
A ausência de censuras o surpreendeu. Ficou parado, inteiramente sem jeito, com a redoma no ar. Não podia compreender essa calma doçura.
- É claro que eu te amo, disse-lhe a flor. Foi por minha culpa que não soubeste de nada. Isso não tem importância. Foi tão tolo quanto eu. Trata de ser feliz... Mas pode deixar em paz a redoma. Não preciso mais dela.
- Mas o vento...
- Não estou tão resfriada... O ar fresco da noite me fará bem. Sou uma flor.
- Mas os bichos...
- É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas! Do contrário, quem virá visitar-me? Tu estarás longe... Quanto aos bichos grandes, não tenho medo deles. Eu tenho as minhas garras.
E ela mostrava ingenuamente seus quatro espinhos. Em seguida acrescentou:
- Não demores assim, que é exasperante. Tu decidiste partir. Vai-te embora!
Pois ela não queria que ele a visse chorar. Era uma flor muito orgulhosa...”

Eu ergui a cabeça para Carlie com um sorriso fraco, pronto para comentar sobre a triste separação dos dois amigos. Mas ela já dormia.

De pé novamente, deixei o livro em cima do criado-mudo e beijei sua testa. Jacob me acompanhou com o olhar enquanto eu saía do quarto e fechava a porta, em direção ao antigo quarto de meus pais. Entrei, fechei a porta e olhei em volta do local vazio, já me perguntando onde Bella estaria.

Com mais um passo a frente, pude vê-la dentro do banheiro, escovando os dentes e usando uma camiseta cinza puída, com a qual provavelmente dormiria. Ela ergueu a cabeça e me olhou pelo espelho, lavando a boca antes de desligar a torneira e virar para mim.

- Carlie me pediu para ir ao orfanato amanhã. Você acha uma boa ideia? Vamos precisar de um belo disfarce. – Ela disse, pensativa, andando devagar até perto de mim.

- Ela vai ficar muito feliz se formos. Eu corro o risco.

Bella enroscou os braços em meu pescoço e tomou impulso, colocando as pernas ao redor do meu quadril com facilidade. Eu olhei para baixo, analisando suas coxas num shorts pequeno demais.

- Eu adoro isso, sabia? Você é um ótimo pai pra ela. – Sorriu.

Ela segurou firme em mim, olhando em meus olhos. Eu sustentei seu corpo próximo ao meu com os braços em sua cintura, quase nem percebendo seu pouco peso. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela se aproximou e me beijou, com tanta intensidade como se não fizéssemos isso há dias. Se antes eu precisava cair aos seus pés para tentar conquistá-la, agora a simples menção de fazer algo por minha filha já a derretia. Quem dera eu soubesse que havia uma fórmula tão simples assim!

Quando ela percebeu que eu retribuí seu beijo imediatamente, alcançou a barra da minha camiseta e a retirou, deixando a peça jogada em algum lugar. Eu a carreguei até a cama e deitei meu corpo sob o dela, cheio de pressa para tirar sua camiseta por cima da cabeça; assim o fiz, demorando meus olhos em seus seios antes de beijar-lhe o pescoço. Quando meus lábios alcançaram sua clavícula, ela me afastou com as mãos em meus ombros e me olhou, preocupada.

- Você devia verificar a Carlie. – Pediu, um pouco ofegante. – Ver se já está dormindo.

- Ah, Bella! – Reclamei, um pouco irritado por ela ter me parado. – É claro que está, eu coloquei ela na cama, pare com isso!

- Edward, eu não quero que ela nos pegue!

- Grande coisa! Não seria nenhuma novidade, ela já me viu com a...

Parei imediatamente quando percebi o que estava dizendo. Ela ergueu as sobrancelhas e cruzou os braços entre nossos peitos.

- Viu você o quê com quem? – Perguntou, irônica.

Nessas situações, só podia existir uma coisa pior do que o silêncio: Gaguejar.

Ela continuou com a mesma expressão séria enquanto eu tentava debilmente me explicar.

- Não, espera. – Bella me cortou, forçando meu corpo para trás até que nós dois ficássemos sentados. – Você adotou Carlie há 6 meses.

Assenti, me forçando a ignorar a garota semi-nua e seu sutiã preto a pouquíssimos metros de distância. “Olhe para seu rosto, olhe para seu rosto, olhe para seu rosto.” Repeti como um mantra em minha mente.

- Nós nos conhecemos há 6 meses. – Ela completou.

Eu franzi a testa numa careta confusa, tentando juntar aquelas informações, mas nada de relevante veio.

- Sei. E isso tem a ver com o assunto por quê...?

Ela deu um tapa em minha cabeça, cada vez mais irritada. Eu coloquei a mão no local, olhando para ela com uma expressão exagerada de dor.

- Você ficava levando essas vadias pra sua casa depois que saíamos pra jantar! – Esbravejou.

- Epa, epa, epa! Na minha casa foi só uma vez! – Apontei para seu rosto.

- EDWARD!

- Em minha defesa, não há nenhuma lei que impeça duas pessoas que estão “saindo para jantar” terem outros relacionamentos. E, sim, a Carlie abriu a porta, mas foi um acidente, e não estávamos fazendo nada demais! – Rebati, tentando não transformar aquilo em uma briga.

- Quem é ela? – Bella perguntou com os olhos cerrados.

- Eu nem falo mais com ela, por que isso importa?

- Edward Masen, eu quero o nome completo dela, agora! – Ela se jogou para frente, e eu fui para trás automaticamente, arregalando os olhos.

- Bella, você realmente levaria muito tempo para ir atrás de todas as mulheres com quem eu fiquei enquanto saíamos!

Ela esperou um pouco, os braços ainda cruzados a frente do peito, as sobrancelhas arqueadas em descrença.

- O quê? – Ela murmurou.

Permitam-me compartilhar um pouco da minha experiência. “O quê” no vocabulário feminino significa “eu entendi muito bem o que você disse, mas estou te dando a chance de reformular a frase antes que as coisas fiquem complicadas demais para o seu lado”. No vocabulário de Bella, está mais para “você já viu meu novo revólver calibre 38?”

- Edward? – Ela tombou a cabeça para o lado, ainda mais séria, se isso fosse possível.

Diante do meu silêncio, ela espalmou uma mão em meu peito e fez com que eu deitasse outra vez. Sentada em minha barriga, aproximou nossos rostos, e naquela posição eu precisei fazer uma força absurda para, novamente, manter os olhos nos dela.

- Mais alguma coisa para dizer em sua defesa? – Sussurrou. – Antes que eu arranque a força o nome e CPF delas?

- Eu amo você. – Rebati com um sorriso.

Ela ficou ereta sentada em cima de mim, ainda me olhando com a mesma expressão. Pareceu pensar um pouco, e então abruptamente me puxou deitado por cima dela, não sem antes soltar uma breve ameaça:

- Você está fodido amanhã cedo.


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Notas finais do capítulo

Oie, Carol aqui! Sábado de manhã e eu já to de pé faz tempo, resolvi pegar uns minutinhos e vir postar logo. Acho que esse capítulo não tem tantas emoções como vocês esperavam, principalmente comparado com os anteriores, mas ele foi crucial de muitas maneiras, principalmente porque consegui focar alguns pontos importantes do relacionamento do Edward tanto com a Bella quanto com a Carlie. Ainda tem algumas coisas pra acontecer em Chicago, já que essa é a cidade natal do Edward e de sua filha, e eu estou ansiosa pra mostrar isso pra vocês! Espero que tenham gostado e até o próximo capítulo ^^