Meu Malvado Favorito escrita por mulleriana, Nina Guglielmelli


Capítulo 23
Isso não é exatamente uma DR... É? (2ª fase)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/153499/chapter/23

Eu adormeci, tranquilo como nunca. Caí no sono com Bella em meus braços, e eu não podia pedir por mais nada. Porém, quando abri os olhos novamente – e não sabia dizer quanto tempo havia se passado – estava sozinho.

Sentei na cama e olhei em volta do quarto, ainda um pouco grogue. Não era assim que eu imaginava que iria despertar, não depois de tudo o que fizemos e dissemos um ao outro. Eu poderia ter esperado até que voltasse, mas decidi levantar dali e procurá-la, simplesmente porque não aguentava mais tanto tempo distante um do outro. Peguei algumas roupas limpas em minha mala e tomei um merecido banho antes de descer.

A sala estava vazia – mas bagunçada, como sempre. Os outros ainda deviam estar dormindo. Eu me aproximei da cozinha e olhei lá dentro; nenhum sinal dela. Talvez estivesse no porão, já tomando o lugar de Renée?

Eu virei e comecei a andar na direção da porta fechada.

Foi quando um barulho já bastante conhecido me fez parar.

Ergui as mãos na altura do peito e dei meia-volta, bem devagar. Normalmente, milhares de coisas passam por sua cabeça ao ouvir um gatilho sendo preparado bem às suas costas, mas eu não tive tempo para isso. Talvez já soubesse o que ia acontecer.

Bella estava parada perto da porta, séria, apontando seu revólver para mim. Meus olhos se arregalaram por um segundo, mas eu consegui me conter. Respirei fundo, tentando não reagir exageradamente, e retribuí seu olhar.

- Bella? Bella, o que está fazendo? – Perguntei.

Ela era experiente o bastante para perceber que eu estava tremendo de medo.

- Não se mexa. – Ela ameaçou sem desviar o olhar do meu.

Eu comecei a chamar seu nome outra vez, dando um passo para frente.

- MANDEI NÃO SE MEXER!

- TÁ LEGAL, TÁ LEGAL! – Gritei de volta. – Olha, se foi alguma coisa ruim que eu fiz lá em cima... E eu realmente acho que não foi, mas...

Eu me joguei para trás do sofá bem a tempo; uma bala passou no ponto exato onde antes estava minha cabeça. Ajoelhei, colocando apenas a cabeça e as mãos para cima do encosto.

- Ok, ok! Vamos conversar, tá bem? Sem decisões precipitadas! – Pedi.

Ela bufou, mexendo as pernas no mesmo lugar, sem saber direito se continuava ali ou se aproximava.

- O que eu fiz? – Perguntei num grito agudo.

- O QUE VOCÊ FEZ? – Ela gritou de volta, e atirou outra vez; quase não consegui abaixar a tempo. – Você não fez nada! Fui eu que fiz! Como eu pude ser tão estúpida? - Ela soltou uma das mãos do revólver para dar um tapa em sua própria testa. – Eu não sei onde eu estava com a cabeça!

Ela me olhou com fúria durante um longo tempo, e tentou atirar outra vez.

- Pare com isso, Bella! – Gritei quando ergui a cabeça, ousando ficar em pé aos poucos. – Alguém vai ouvir! Você quer que Carlie acorde e veja isso?

Ela soltou um grunhido de raiva, e alguns fios de seu cabelo caíram sobre seu rosto.

- Abaixe a arma e vamos conversar como pessoas civilizadas. – Pedi devagar, estendendo as mãos em sua direção ainda atrás do sofá.

Ela não me obedeceu, porém pude ver claramente seus músculos relaxando um pouco conforme ela baixava a guarda.

- Bella... Amor... Qual é o problema? – Perguntei, dando a volta no móvel.

Quando ameacei chegar muito perto, ela esticou ainda mais a arma, voltando a tensão de antes. Eu dei um passo para trás e suspirei, completamente indefeso ali.

- Eu fui uma idiota! – Ela começou, falando consigo mesma. – Eu não acredito na loucura que cometi. Não acredito que larguei o FBI, traí meus parceiros, fui exonerada de um cargo que demorei anos pra conseguir e tudo por causa de... Argh! Idiota, idiota, idiota! – Ela xingava a si mesma, apertando os olhos fechados com força. – Eu pensei que tivesse aprendido! Você me veio com essas cantadas ridículas e uma menina bonitinha, e eu decidi virar uma fugitiva só pra te ajudar! O que eu estava pensando?

A história de Renée, na noite passada, me veio à mente quando ela mencionou Carlie. É óbvio que ela estava arrependida; apesar de isso doer em mim, eu entendia que ela havia agido por puro impulso, pelos sentimentos que a antiga Bella frágil e maternal teria. Seu trabalho sempre vinha em primeiro lugar, e ela demorou para perceber as consequências de abrir mão dele por nós. Agora que a realidade a atingiu em cheio, ela entrou em desespero.

- Tudo bem, tudo bem, eu entendo como você está confusa... – Comecei.

- O que você entende, seu idiota? – Ela esbravejou, atirando na direção dos meus pés.

Eu desviei bem a tempo, quase caindo, e arregalei os olhos para ela.

- VOCÊ É MALUCA! – Esbravejei.

- Eu sinto muito, Edward. – Ela continuou, furiosa, sem abaixar a arma. - Eu jurei há muito tempo não deixar meus sentimentos dominarem minha racionalidade. Foi só um momento de fraqueza.

Eu recuei instantaneamente; levar um tiro de verdade doeria menos do que aquilo, doeria menos do que saber que nossa “reconciliação” não significava nada para ela.

- Eu amo você. – Ela respondeu a pergunta muda que pairava no ar. – Mas não é assim que eu funciono. Eu sinto muito. Eu sou uma policial, antes de mais nada, e você é um bandido. Independente de quem você seja ou do que sinta por sua filha... E por mim... Você vai pagar pelos crimes que cometeu.

Cerrei os olhos e cruzei os braços no peito, tentando entender melhor os planos dela.

- Então, você acha mesmo que devolvendo um fugitivo, a polícia vai te aceitar de volta?

- Não custa tentar. – Rebateu.

Minha única reação foi rir, me aproximando sem medo dela.

- Certo, Bella, abaixe isso e vamos conversar direito. Você só está nervosa, linda.

Ela cerrou os olhos para mim, transformando-se quase numa estátua. Eu fiquei cara a cara com a boca do cano enquanto ela novamente preparava o gatilho, posicionando outra bala bem na minha mira. Minha expressão de quase preocupação com ela foi substituída por uma carranca séria. Dei um pequeno passo para trás e abri os braços, encarando-a.

- Vá em frente, então. – Disse calmamente.

Ela demorou um pouco, mas finalmente abaixou o revólver. É claro que sua expressão não era de derrota; ela ergueu o queixo, pensativa ao me encarar de cima a baixo. Colocou a mão para trás, mexendo em seu cinto, e esticou outro revólver um pouco menor para mim.

- De igual para igual. – Bella falou, firme, entregando-me.

- Você não espera que eu realmente... – Eu quase ri, segurando o revólver em minhas mãos de qualquer jeito.

Ela atirou outra vez, e eu, no ato de desviar, automaticamente mirei para ela, na defensiva.
Nós nos encaramos por um longo momento. Ela, mergulhada na raiva que estava de si mesma. Eu, na incredualidade de perceber que nossa primeira briga de verdade como casal envolvia tiros.

Eu não queria machucá-la, obviamente, e ela também não. Se não fosse tão impulsiva, poderíamos ter nos poupado de tal momento. Mas essas coisas acontecem quando você mantém um relacionamento com uma policial geniosa.

- Você sabe que eu não posso fazer isso, Bella. – Eu disse, mesmo que ainda segurasse uma arma apontada em sua direção.

- Então chega dessa resistência estúpida e vamos voltar para Seattle. – Ela disse, séria.

- Eu não fiz tudo isso pra nada. Se eu for preso, eles vão pegar Carlie! Por favor, me entenda, eu sei o quanto seu trabalho era importante, mas nós chegamos até aqui e eu preciso manter minha filha a salvo. Por favor, Bella! – Implorei.

- Eu cometi um erro e percebi isso a tempo. Por mais que me doa, eu tenho que avaliar minhas prioridades. – Ela explicou.

Aquela frase foi a gota d’água. Por que eu estava relutando em revidar seus tiros? Porque eu a amava? Era minha garota ali, droga, ameaçando colocar uma bala na minha cabeça. Ela não era nem um pouco inocente e sabia muito bem o que fazia; além disso, por pior que seja para um cara admitir, ela era muito melhor do que eu nisso. Eu não precisava tratá-la como vítima.

Olhei diretamente para seus olhos e girei o tambor do revólver, somente para que o barulho deixasse a frase a seguir mais dramática:

- Pois eu também tenho as minhas.

Pela primeira vez, ela abriu um sorriso, mas parecia mais que ia explodir minha cabeça somente com a intensidade de seu olhar.

Ela se preparou outra vez, pronta para acertar uma bala diretamente em minha testa, mas eu fui mais rápido. Atirei em sua direção, em cheio, mas ela conseguiu desviar. Comecei a andar para frente, e ela recuou automaticamente, sem nunca afastar o olhar do meu. Em outra disparada, acabei acertando um abajur, numa pequena mesa no canto da sala.

“Mas o que diabos está acontecendo aí, seus idiotas?” Ouvimos a voz de Alice soar no andar de cima, e Jacob desceu as escadas correndo para verificar. Olhei na direção dele automaticamente e atirei perto do degrau onde estava, espantando-o. Ela aproveitou minha distração para fazer outra tentativa – falha, é claro.

O erro a deixou ainda mais nervosa; ela começou a disparar sem pausas, e eu me atirei outra vez para trás do sofá. Abaixado, me preparei para que ela se aproximasse por cima ou pelos lados, o que não aconteceu. Ajoelhei, alerta, e vi que ela estava parada, um pouco longe do móvel, colocando mais algumas balas para carregar seu revólver – ainda me olhando. Tentei aproveitar o momento e atirar, mas ela também era muito rápida.

Quando tentei ficar em pé novamente, ela foi esperta o bastante para aproveitar e disparar em minha direção. Me joguei de volta no chão, mas não a tempo de evitar que a bala passasse de raspão por meu braço.

- O que foi, amor? Já cansou? – Ela perguntou ao me ver sentado, segurando o local para tentar, inutilmente, diminuir a ardência.

Bella se aproximou, colocando a mão livre na cintura e deixando a que carregava o revólver relaxar ao lado do corpo. Ela ergueu o queixo e jogou o quadril para o lado, como sempre fazia quando seu ego estava muito alto. E esse simples gesto era fodidamente sexy.

Na atitude mais ridícula e infantil possível, eu estiquei uma perna para derrubá-la. O golpe deu certo; ela caiu em cima de mim assustada, e aquele breve segundo foi suficiente para que eu batesse em seu revólver e ele escorregasse pelo piso até o pé da escada.

Prendi minhas pernas em volta das dela e joguei minha arma longe, antes que ela conseguisse roubá-la. Ela olhou atrás da minha cabeça, furiosa, tentando se desvencilhar de mim.

Eu não sei exatamente onde pretendíamos ir com tudo aquilo. Quando dei por mim, ela estava sentada em minha barriga, tentando socar meu rosto enquanto eu segurava suas mãos longe de mim. Para meu azar, ela conseguiu acertar. Eu rolei no chão, segurando meu nariz com as mãos, e ela tentou fugir. Tão ágil quanto, a puxei de volta, deitando seu corpo no chão e prendendo seus braços acima da cabeça.

- É bom saber que pelo menos durante uma briga você consegue ter alguma autoridade. – Ela provocou.

- Discutir a relação com você é mais perigoso do que eu pensava. Você está de TPM? – Rebati, irônico.

- Não, você já estaria morto. – Bella ergueu as sobrancelhas.

- Ah, então sua competência depende dos seus hormônios?

Arrependi-me de soltar tal frase quando ela, numa injeção de fúria e sem nenhum outro meio de revidar, ergueu a cabeça e bateu a testa na minha. Soltei suas mãos e apertei minha própria testa, deitando ao lado dela. Quando abri os olhos, ela estava em pé ao meu lado, segurando os dois revólveres em minha direção.

- Desista. – Ordenou, me olhando de cima.

- O que aconteceu com o “de igual para igual”? – Perguntei, já um pouco ofegante.

- Você é baixo. – Ela sorriu ao dizer aquilo. Percebi um tom de brincadeira em sua voz.

- Toda essa violência é apenas uma maneira de descontar sua raiva em mim, ao invés de se abrir comigo em uma conversa franca, confrontando seus próprios sentimentos? – Perguntei, ainda deitado, e então ri ao me sentar. – Que tipo de mulher é você?

- Você quer uma conversa franca? – Perguntou, sarcástica, balançando uma arma em cada mão como se fosse algo absolutamente normal para se carregar. – Muito bem, nós podemos falar sobre como você é insuportável, nojento, egoísta, prepotente, machista...

- Bonito! – Completei.

- Um péssimo cozinheiro, não penteia (ou lava) o cabelo, ruim de mira, deixa tudo espalhado por onde passa...

- Bom de cama... – Dei os ombros.

- E não sobreviveria um dia tendo um trabalho como o meu. Pra começar... Você é lerdo.

Ao dizer a última frase, ela disparou contra a minha perna, e somente por um milagre eu tive o reflexo rápido de desviá-la. Bella sorriu, me encarando.

- Vamos para Seattle, Edward. – Disse, tentando soar como uma ordem. - Estamos falando do meu trabalho, eu só precisaria...

- Bella! – Bufei, me colocando de pé rapidamente. – Você ajudou três presos a fugirem. Não vão te aceitar de volta apenas porque você os devolveu!

Quando comecei a pensar que a briga tinha se acalmado, ela me deu uma rasteira, me derrubando outra vez.

- Eu posso proteger a Carlie. – Disse, séria, voltando a apontar as duas armas para mim.

- Podemos conversar como pessoas normais, ou você sente necessidade de se sentir superior a mim o tempo todo? – Perguntei, irritado.

Ela abaixou ambas as armas devagar, recuando. Eu levantei com um suspiro, e cruzei os braços ao encará-la.

- Bella... – Me aproximei com cautela, segurando carinhosamente seus ombros. – Você tomou sua decisão e infelizmente não pode voltar atrás. Mas eu estou com você. Estamos juntos nessa. – Expliquei quase em um murmúrio.

Ela retribuiu meu olhar com uma expressão estranha, um pouco antes de algumas lágrimas começarem a descer por suas bochechas. Eu tentei abraçá-la, mas ela me empurrou e jogou um revólver novamente para minha mão. Eu o peguei e encarei, sem saber o porquê de tal ato.

- Eu não posso. – Ela chorou, apontando sua pistola para mim. – Vamos! Revide! Eu não sou nenhuma covarde. Estou te dando a chance, revide!

Eu deixei a arma escorregar de minha mão devagar, até cair e atingir o chão. Suspirei e soltei a frase com calma.

- Eu sei sobre o seu bebê.

Ela apertou os dedos com ainda mais força em volta do cabo, me encarando com os lábios entreabertos e os olhos mergulhados em lágrimas. Após um tempo que pareceu eterno, ela abaixou a cabeça e jogou o revólver no chão, escondendo o rosto nas mãos.

Eu corri em sua direção e a abracei. Assim que sentiu meus braços, seus joelhos fraquejaram, e eu me encarreguei de sustentá-la enquanto ela abraçava meu pescoço e fungava em meu ombro.

- Eu sinto muito, Edward. – Ela se desculpou com a voz embargada.

Eu a puxei devagar até o sofá, próximo de nós. Sentei ao seu lado e afastei o cabelo de seu rosto, erguendo seu queixo delicadamente para que ela olhasse para mim.

- Foi Renée? – Sussurrou.

- Ela... Soltou. – Respondi ao segurar suas mãos.

Ela riu baixinho, deitando a cabeça em meu ombro por alguns segundos antes de voltar a me olhar.

- Eu conheço bem minha mãe. – Explicou, e então soltou um suspiro pesado, deixando seus ombros caírem.

- Eu entendo o que você está sentindo. – Comecei. – Eu entendo tudo o que você precisou superar. Mas... Não precisa ser assim. – Franzi a testa, procurando as palavras certas. – Eu amo você, Isabella. Se você quer uma família, eu posso, eu quero te dar isso. A Carlie é louca por você, e eu também, e ter abandonado o que lhe era mais precioso por mim prova que meu sentimento é correspondido.

Ela sorriu um pouco enquanto eu falava; esperou que eu terminasse para se aproximar e me dar um beijo casto. Eu sorri um pouco sem jeito, olhando para nossas mãos unidas.

- Você não sabe como é... Eu o amava. – Ela disse, pensativa. – Eu amava meu bebê desde que ele estava bem pequenininho dentro de mim.

- Não precisamos falar sobre isso. – Cortei.

- Não, eu quero. – Ela rebateu, secando o canto do olho. Assenti e a encarei, esperando. – Eu me apaixonei por aquela criança antes mesmo de ver o rosto dela. Eu não me importava se o pai dela não a queria; eu queria e eu a amava, e ela seria a prioridade na minha vida. Você acha que dói só de pensar em perder a Carlie, mas descobrir que nunca irá conhecer aquela pessoinha que estava crescendo dentro de você também não é nada fácil.

Seus lábios tremeram quando ela recomeçou a chorar, mas, para minha surpresa, ela riu.

- Quer saber de uma coisa? Eu fiquei caidinha por você desde a primeira vez que você apareceu na minha frente, Masen. Você e aquela menina... Ah! Eu olhei pra você e aquela coisinha linda, e eu consegui me ver ali, entre vocês. Eu sei que parece idiota, mas...

- Não. – Eu ri baixinho. – Não é.

Ela sorriu.

- Meu disfarce foi a única coisa que me impediu de gritar “Sim!” na primeira vez em que você me chamou pra sair. Alguma hora eu precisava ceder. – Deu os ombros.

- Ainda bem que cedeu... – Respondi praticamente para mim mesmo.

Ela passou um longo tempo acariciando meus dedos, analisando-os. Sem erguer a cabeça para me olhar, declarou:

- Estamos juntos nessa.

- É claro que sim. – Respondi. – Nós vamos dar um jeito. Vamos pegar Aro e ficar em paz. É só você não... Tentar me matar outra vez.

Ela riu, mostrando outra vez aquelas lindas órbitas cor de chocolate. Era estranho como ela parecia incrivelmente frágil ali, completamente diferente da mulher que tentou atirar em mim e me bater poucos minutos atrás.

- Sou mesmo muito ruim de mira? – Perguntei com uma careta.

Ela franziu o nariz e assentiu, rindo outra vez.

- Argh, tudo bem... Eu tenho tempo para aprender com a melhor!

Bella sorriu com a declaração, envolvendo meu pescoço com os braços ao me beijar. Eu me entreguei ao sabor conhecido, já sentindo falta dele.

A pergunta é: Alguma hora conseguiríamos fazer isso sem que Carlie descobrisse?

- Eca! – A menina gritou, parada no pé da escada com sua boneca nos braços.

Bella se afastou de mim, esticou a perna e chutou discretamente os revólveres para baixo do sofá, enquanto Carlie nos olhava com tanto nojo como se estivéssemos comendo o cérebro um do outro.

- Já acordou? – Perguntei, divertido.

Ela correu em nossa direção e sentou em meu colo, assentindo.

- Eu tive um pesadelo!

- Outro? – Franzi a testa, arrumando seus cachos bagunçados.

- Eu não gosto de dormir aqui. Aqui não é a minha casa. – Admitiu, tristonha. Bella e eu nos entreolhamos. – E o Emmett ronca demais!d

- Do que está falando? Você também ronca pra caramba! – Menti.

- Não é verdade! – Carlie arregalou os olhos.

- Como pode saber? – Bella perguntou, divertida. – Você estava dormindo, não pode ouvir seus próprios roncos.

- Eu sei que eu não ronco, porque eu sou uma princesa! – Ela sorriu, dando um pulinho em minhas coxas.

- Princesa? – Franzi a testa. – Onde, isso? Eu sou um rei, por acaso?

- Não, pai, é na brincadeira! – Ela revirou os olhos, indignada com minha ignorância. – E você nunca seria um rei!

Bella riu alto, levando uma mão a boca para tentar disfarçar quando eu a olhei. Carlie a imitou, apoiando o rosto em meu peito.

- Pois saibam vocês que eu seria um ótimo rei! – Fingi indignação.

- Seu reino seria bem sujinho, isso sim! – Bella rebateu, passando a mão no meu cabelo e fazendo uma careta.

Eu cerrei os olhos para ela, só segurando a resposta que estava na ponta da língua por causa de Carlie. “Ah, mas você estava adorando mexer no meu cabelo antes, não foi?” Pensei com um sorriso irônico.

- Eca! – Carlie deixou a boneca em seu colo e esticou um pouco seu corpinho magrelo para mexer nos fios também; as duas começaram a rir, divertindo-se ao deixá-lo em pé.

Ao perceber minha expressão, Bella deixou um beijo em minha bochecha e parou com a brincadeira, piscando para Carlie.

- Você está com fome, princesinha? – Perguntou ao se levantar. – Acho que já está na hora de começar a comer algo decente por aqui. Renée não é das mais ajuizadas com crianças.

Ela mal havia completado sua frase quando ouvimos a voz de sua mãe chamando do porão. Parecia muito apressada. Eu levantei com Carlie no colo, pronto para descer correndo, mas Renée já estava na porta.

- Bella, é uma emergência! Vocês... O que aconteceu com meu abajur? – Perguntou com a testa franzida, olhando em algum ponto atrás de mim.

- Nada! – Respondemos em uníssono. – O que é, mãe? – Bella completou, indo até ela. – O que foi?

- É melhor se apressarem.

(...)

Carlie implorou como nunca, mas não pude levá-la para o porão conosco. Éramos apenas Renée, Bella, e eu, olhando aflitos para a imagem que passava bem a nossa frente.

- Jasper, por favor, fale comigo! Jasper, o que está acontecendo? – Bella apertou um botão enquanto falava, mas logo o soltou, esperando impacientemente uma resposta.

- Bella, – a voz que eu ouvira poucas vezes saiu do computador – nós recebemos sua chamada, mas infelizmente não vou agir tão rápido sozinho; ninguém pode saber que estou em contato com você.

- Eu entendo, querido. – Ela suspirou, passando as mãos pelo cabelo. – Já conseguiu alguma coisa?

Desta vez, a resposta demorou mais. Eu cruzei os braços e comecei a andar devagar em volta do local. Bella e Renée mal se moviam, encarando a tela.

- Rastrearam uma ligação do celular de Rosalie Hale. – Ele finalmente disse. Bella fechou os olhos e respirou fundo. Como se pudesse ler sua mente, eu fiz uma careta. Emmett. – O FBI conhece a nacionalidade de cada um de vocês, e consideraram um bom ponto de partida. Procuraram pelo Tennessee, por causa de Emmett, Illinois, por Edward, e Mississipi, estado onde Alice nasceu. Só faltava você, Bella. A ligação só nos deus mais informações. E agora...

- E agora estão vindo pra cá. – Ela falou junto com Jasper, sua expressão cada vez mais séria.

Eu olhei para a tela outra vez, parando ao lado de Renée. O mapa dos Estados Unidos aberto, gigantesco, cheio de marcações, pontos e códigos, não chamava minha atenção em nada quando comparado aos três pontinhos vermelhos se movendo no estado do Arizona. Três viaturas se aproximando de nós, cada vez mais.

Nós precisávamos sair dali, o quanto antes. Porém, para onde? Nenhum lugar era seguro, não com o FBI, policiais do país todo alerta e nossos telefones rastreados. A única saída seria um lugar onde nunca nos procurariam. Um lugar onde já haviam cansado de procurar.

- Edward, arrume suas coisas e pegue sua filha. – Bella disse por cima do que seu chefe ainda tagarelava, com os olhos vidrados no mapa. E, como se nossas mentes estivessem conectadas, ela completou: - Nós vamos pra Chicago.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hello dears, Nina aqui. Quanto tempo né?
Isso que eu chamo de DR hem? AHUAHUHAUAHUHUA, espero que tenham gostado desse capítulo, eu particularmente amei, quem diria que a Bella surtaria desse jeito né? Mas eu gostei muito dela mostrando esse lado frágil dela pro Edward, sinal de que ela confia nele.
Ai a coisa agora ficou séria, eles vão ter que correr muuuuuuito! Muito mais ainda por vir mas ao mesmo tempo estamos cada vez mais próximos do final :(, mas calma...nada de panico, ainda tem coisas pra curtir e fatos a serem resolvidos!
Beijos galera, até o próximo ;*