Meu Malvado Favorito escrita por mulleriana, Nina Guglielmelli


Capítulo 19
O fim (2ª fase)




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Não é qualquer pessoa que sabe contar uma história. Já vi milhares de casos assim; uma aventura extraordinária que não encontrou um contador a altura. Não estou me gabando, é claro – talvez só um pouco. A dificuldade de muitos está em recordar os principais detalhes, mas tenho orgulho de afirmar que sou um especialista nisso. A mente humana guarda melhor os eventos traumáticos, aqueles que marcaram uma verdadeira mudança em nossas vidas. E, desde que Carlie passou a fazer parte da minha, eu realmente entendo de “mudanças”.

Nossa história finalmente atingiu o ponto em que começou. Como acabei de dizer, lembro claramente dos detalhes desse dia. Fico feliz em assegurar que essa narrativa não está nem um pouco perto do fim, porém, naquela época, eu não tinha noção disso, o que tornou algumas lágrimas inevitáveis.

Um julgamento é sempre algo exaustivo. Não seria tão demorado como o normal, eu sabia, porque minha advogada e o promotor já haviam entrado em um acordo, mas levando em conta o aspecto emocional, eu estava uma pilha de nervos pela manhã. Emmett também seria julgado no mesmo dia, mas não nos vimos tão cedo. Saímos do presídio em carros diferentes, e esperamos em salas diferentes.

Eu andava de um lado para o outro, aflito. Isso durou horas. Um policial ficou plantado na porta aquele tempo todo, e eu estranhamente desejava que fosse Bella a encarregada naquele dia. E então, finalmente, estava na hora.

O policial algemou minhas mãos atrás do corpo e me guiou para o tribunal. Quando a porta se abriu, flashs dispararam por meu rosto, quase me cegando momentaneamente. Apesar disso, consegui ver o que precisava; Emmett e Alice estavam ali, de queixo erguido – mas contidos por policiais. Carlisle e Esme estavam sentados, olhando tudo como pais preocupados. Bella não demonstrava nenhuma emoção, mas se eu a conhecia bem, podia jurar que já havia chorado. E ali perto de mim... Carlie, linda como sempre, segurando a mão de Rosalie. Pude ouvir a risada de minha filha ecoar em meus ouvidos, mesmo que naquele momento ela estivesse chorando.

- Amo você! – A menina sussurrou. Eu sustentei seu olhar o tempo todo, enquanto era praticamente empurrado até o banco dos réus.

Todos os presentes ali se colocaram de pé quando foi dado o anúncio. A maioria lançava olhares enojados em minha direção. O juiz entrou e, quando tomou seu assento, todos o imitaram. Fez-se silêncio, exceto por alguns murmúrios, que logo cessaram. Meu olhar encontrou o de Angela, que abriu um enorme sorriso para mim, em contrapartida a carranca do promotor Black.

Dez anos da minha vida como criminoso foram resumidos ali. Várias imagens passaram por minha mente, algumas em que tive até mesmo que reprimir um sorriso. Acho que estava cansado demais, porque logo comecei a enlouquecer ali, em silêncio, ouvindo todos aqueles crimes dos quais me acusavam justamente.

O juiz se dirigiu a mim e todos os olhares se voltaram para meu rosto ao mesmo tempo.

- Senhor Masen, como você se declara? – Ele perguntou formalmente.

Eu curvei meu corpo ligeiramente a frente, aproximando a boca do microfone.

- Culpado.

Muitas pessoas ali se sobressaltaram em seus assentos, jamais esperando que eu respondesse com tanta sinceridade. O juiz não pareceu achar aquilo tão absurdo. Esperou pacientemente até que o barulho terminasse.

Ele ficou ainda mais perto do microfone, segurando seu martelo na mão direita. - O tribunal entrará em recesso por 20 minutos. – E bateu.

As pessoas se agitaram como formigas. O policial que me trouxera até ali, novamente me guiou pelo caminho inverso. Eu voltaria para a sala de antes durante o recesso, e conhecia as regras: sem falar com ninguém. No momento em que pisei no corredor entre as pessoas novamente, em direção a porta, levei um choque de realidade. Eu havia confessado, perante o juiz, a imprensa... E a minha filha.

- Papai! – Carlie segurou minha cintura antes que qualquer um pudesse contê-la.

Não tive tempo de fazer nada; mal enxerguei seu rosto porque logo fomos separados. Nenhuma palavra conseguiu sair de minha boca.

Entrei na sala de antes, cabisbaixo, e logo senti o policial soltar minhas algemas, ainda deixando-as presas em torno de minhas mãos. Fiz tudo o que ele mandava calmamente, como um animal muito bem domesticado. Eu nunca estive tão ciente das conseqüências de minha decisão como naquele momento. Pensar na despedida com Carlie – momento não tão distante – parecia dolorosamente inevitável ali.

Ouvi o barulho de saltos apressados, e virei no mesmo segundo. Bella parou a frente do policial na porta e ergueu seu distintivo. Ele assentiu e desapareceu pelo corredor; ela entrou na sala e fechou a porta atrás de si, fuzilando-me com os olhos.

- Você sabe o que se passa na cabeça de uma criança que vê o pai ser preso? – Perguntou num fôlego só.

- O quê? – Franzi a testa. Ela se aproximou e deu um pequeno soco no alto da minha cabeça. – Ai! Qual é o seu problema? – Resmunguei, impedido de esfregar o local.

- É só uma menina, nada te impede de falar com ela! – Bufou.

- Os policiais me impediram! – Rebati.

- Os policiais não sabem de nada. – Outra vez, a maldita língua afiada.

- Você não entende como é. – Trinquei os dentes, dando um passo a frente.

- Não, você não entende! – Ela ergueu o queixo, tentando parecer mais autoritária.

- Eu não sei o que dizer, não sei como me despedir dela, isso...! Isso vai doer...

- Acontece que ela vai voltar pro orfanato amanhã! – Bella quase gritou, arregalando os olhos. – Sabia que isso ia acontecer, droga, mas ela não! Ela acha que ainda vai te visitar no presídio. Você não pode fazer isso com ela.

- Eu sei o que é melhor pra minha filha. – Murmurei, olhando em seus olhos com firmeza.

Ela balançou a cabeça, enojada. - Eu não sei porque ainda me preocupo.

Fiquei em silêncio e sorri abertamente.

- Eu sei. – Ri sozinho, aproximando nossos rostos. – Você ainda se sente atraída por mim. É por isso. – Arqueei as sobrancelhas, zombeteiro.

- Não! – Ela me empurrou, e eu quase perdi o equilíbrio ao ir para trás. – Você me dá nojo. É um criminoso. Quero ajudar aquela criança, só isso!

- Você está quebrando muitas regras estando aqui. – Lembrei a ela.

- Não. Eu trabalho assim. Estou quebrando muitas regras por estar falando disso tudo com você.

- Então cale a boca. – Sorri, irônico.

Seu olhar deixava claro que ela estava pronta para me dar um soco. O policial abriu a porta atrás dela e não pareceu perceber nada de estranho. A garota deu meia-volta e saiu, sem dizer nada, a passos firmes.

Assim que me vi outra vez sozinho – com o policial desconhecido – o sorriso e a diversão desapareceram do meu rosto. Sentei em um dos bancos ali, abaixando a cabeça e o tronco o máximo que podia e fechando os olhos. Há algum tempo atrás, a certeza de que Bella não me amava (mais?) seria o maior de meus problemas. Mas, ali, prestes a receber minha sentença, ouvir tanto desprezo sair de sua boca era uma preocupação medíocre.


(...)

( http://www.youtube.com/watch?v=4_dvhqHMOsQ
Stop crying your heart out – Oasis )


Eu chorava. Não havia tanta dor ou tantos soluços quanto naquela primeira noite na cadeia – na verdade eram somente algumas lágrimas silenciosas que escorregavam por minha bochecha.

Sentei no banco dos réus completamente imóvel, encarando a multidão, rosto por rosto. Quando meu olhar atingiu o de Carlie, não saiu mais dali. Ela havia parado de chorar, mas seus olhos estavam inchados e avermelhados. Olhava-me com compaixão, mas não da mesma maneira que Rosalie, já que certamente não entendia o que aquele momento realmente significava. A menina me olhava amorosamente, com uma profundidade que poderia atingir minha alma. Mas eu, em contrapartida, por trás da minha seriedade, mal a via.

Movi os olhos ligeiramente para Rosalie, ao seu lado, e a linda garota sorriu tristemente para mim, sem receber uma resposta. O juiz pronunciou suas primeiras palavras e todos olharam em sua direção, exceto eu. Continuei a analisar minha filha e suas perninhas balançando na cadeira alta demais.

- Comprovada a materialidade e autoria do crime, declaro o réu culpado e sentencio à: Sessenta e um anos e oito meses de reclusão, por ter delatado o caso, apesar dos crimes de latrocínio, seqüestro, homicídio e falsidade ideológica. Sessão encerrada.

Meu coração escapou uma batida com o barulho do martelo. Fechei os olhos com força e, quando os abri, todos me encaravam. Emmett e Alice, olhando diretamente para mim, já começavam a ser levados para a porta por dois policiais.

Eu só conseguia prestar atenção em minha filha.

Levantei sem me importar com o policial e fui em sua direção, enquanto ela fazia o mesmo. As algemas me impediram de abraçá-la; eu agachei e ela jogou os bracinhos em volta de meu pescoço. Alguns policiais se aproximaram, tentaram impedir aquilo, mas eu só ouvi a voz de Bella se sobressaindo, mandando que se afastassem.

- O que vai acontecer agora, papai? – Carlie perguntou num sussurro fraco em meu ouvido. – O que vão fazer com você?

- Eu não sei. – Admiti, sussurrando de volta com os olhos fechados com força.

- Mas nós vamos ficar juntos, não é? – Sua voz saiu mais alta, em um soluço.

Abaixei o rosto e respirei contra seu ombro. Ela tinha cheiro de morango.

- Pra sempre, Chocolate, pra sempre! – Eu já chorava outra vez quando afastei meu rosto para olhar em seus lindos olhos marejados. – Eu, você e o Jake. – Sorri.

- E a Bella. – Ela afirmou, séria, com toda a certeza do mundo.

Os fotógrafos se ocupavam em tirar todas as fotos possíveis em meio a uma multidão curiosa. Bella não estava ouvindo aquela conversa, apesar de nos observar de perto.

- E a Bella. – Repeti com um suspiro.

Carlie me abraçou forte novamente, chorando em meu ombro.

- Eu amo você, minha pequenina... – Falei baixinho ao tentar ver seu rosto enterrado ali. Pude sentir minha camiseta molhada no local onde ela chorava.

Mãos desnecessariamente fortes me puxaram antes que eu pudesse fazer algo a respeito. Outro policial tentava conter Carlie, que gritava e se recusava a me soltar.

- Querida... Venha comigo... – Rosalie se aproximou, puxando a menina carinhosamente pelos ombros. Ela também chorava, em silêncio.

- Ele é o meu pai! – A menina gritou em meio aos soluços, agarrada a minha cintura. – Eu quero ficar com ele, é o meu pai! Me leva junto com ele, moço, me leva!

Ela ergueu o rosto para encarar o policial atrás de mim. Precisei desviar o olhar quando vi toda aquela dor em seus olhos infantis. Bella se aproximou de repente e se colocou entre nós dois, agachando para sussurrar algo no ouvido da menina. Carlie a encarou por alguns segundos e então a abraçou. As duas demoraram um pouco ali antes que Carlie corresse em direção a Rosalie.

Bella levantou e virou de frente para mim, sustentando meu olhar. Estava séria, como na maioria das vezes em que eu a via. Mas era uma seriedade linda. Ela ergueu as mãos delicadas e alisou minhas bochechas com as pontas dos dedos, secando todas as lágrimas dali. Afastou-se como se nada tivesse acontecido.

(...)

- 10 anos e alguma coisa. Ah, que diferença faz? – Emmett ria de sua própria desgraça, sentado na cama embaixo da minha.

Eu não conseguia vê-lo dali de cima; continuei deitado em silêncio, encarando o teto. Irritado, ele se mexeu em sua própria cama, balançando todo o beliche. - Ei! – Exclamou.

- Cala a boca. – Murmurei.

Os outros dois homens que dividiam a cela conosco já dormiam no beliche ao lado. O menor roncava como um porco. Esperei um pouco, perdido em pensamentos, até puxar outro assunto. - Ela vai pro orfanato amanhã de manhã.

Emmett não respondeu de imediato.

- Eu ainda estava lá quando... Cara, foi de cortar o coração. – Ele disse.

- É. – Suspirei sozinho, fechando os olhos.

Outro momento de silêncio se arrastou, até que eu ergui a mão para socar a parede ao meu lado.

- Droga! – Exclamei. – Droga, eu tinha que estragar tudo! Eu não posso fazer nada, ela vai passar o resto da infância dela naquele maldito orfanato, e é tudo culpa minha!

- Ela estaria no orfanato com ou sem você, Edward. – Emmett tentou me confortar.

- Ninguém vai adotá-la agora. Ela tem um “pai”. DROGA! – Bati a mão outra vez na parede, fazendo meu companheiro de cela resmungar em sua cama.

O beliche se mexeu um pouco quando Emmett levantou. Ele era grande o suficiente para me ver, ali de pé.

- Você a ajudou como podia. Ei! – Ele franziu a testa quando eu deixei algumas lágrimas escaparem, apertando a cabeceira da cama até minhas mãos ficarem vermelhas. – Ela está a salvo de Aro, isso é o que importa. Você é o pai dela.

Eu passei minhas mãos pelo rosto, secando-o. Emmett suspirou e deu um rápido tapa em meu ombro, continuando ali, me olhando com preocupação.

Ouvimos alguns passos pelo corredor, mas não nos mexemos. Um policial por ali não era nenhuma novidade. Alguns presos ainda acordados em uma cela ali perto começaram a bater na grade e gritar palavras incompreensíveis. Um barulho mais alto fez tudo cessar. Com isso, eu tive que olhar para ver o que acontecia.

Emmett andou até a grade e virou a cabeça, tentando enxergar mais a frente do corredor. Ele deu um passo para trás quando a figura conhecida parou apressada e enfiou a chave para abrir o portão da cela.

- Vamos logo com isso, antes que eu me arrependa. – Bella disse, ríspida.

Nós a encaramos, imóveis. Os outros dois presos acordavam sem entender nada.

- Vamos, droga! – Ela quase gritou, mantendo a cela aberta.

A primeira coisa que passou pela minha cabeça... Não, não podia ser! Uma policial nos ajudando a fugir? Ela tinha noção dos problemas em que ia se meter? Emmett me olhou de maneira significativa e obedeceu, saindo para o corredor. Eu agi por impulso, descendo do beliche num movimento rápido e indo atrás dele. Nós nos olhamos, totalmente confusos, enquanto ela trancava a cela outra vez, ignorando as reclamações dos outros dois homens. Disparou pelo corredor, e nós a seguimos, quase não alcançando seu ritmo.

- Você... – Comecei, arregalando os olhos. – Você ficou maluca?

- Cala a boca. – Rebateu quase por cima da minha frase.

Ela parecia uma sombra apenas, vestida naquele uniforme preto. Mudamos de sentido de repente, chegando a um corredor comprido, bem mais claro.

- Você sabe o que vai acontecer? Você vai perder seu emprego, vai ser tão procurada quanto nós! O que você acha que vão fazer quando souberem que uma de suas agentes nos ajudou a fugir? Você vai se foder, e droga, a gente vai pegar o dobro da pena!

- Edward, cala a droga da sua boca! – Ela gritou, parando de repente e virando de frente pra mim. – Você acha que eu estou feliz com isso? Eu também não tenho a menor idéia do que vai acontecer daqui pra frente!

Eu arqueei as sobrancelhas, ofegando desesperadamente.

- Você nem mesmo tem um plano, não é? Ah, droga! Você é uma policial, isso é muito errado! – Gritei.

- Eu sei, e você é um bandido! Tá preocupado em andar na legalidade, agora? – Bella ergueu uma das sobrancelhas e apoiou as mãos na cintura, irritada.

- Só acho que você podia muito bem ter nos deixado quietos lá, pra quê fazer isso? Estamos fodidos se nos pegarem! Eu passei de prisioneiro pra fugitivo, e não sei qual é o pior! O que a gente vai fazer agora? Hein? Ai meu Deus, estamos tão fodidos, quando me descobrirem eu vou apodrecer nessa droga de lugar por sua causa!

Eu ainda estava falando mais alguma coisa sem o menor sentido quando Bella ergueu uma das mãos e deu um tapa ardido em minha bochecha. Com aquilo, parei, olhando-a atordoado. Ela me encarou cheia de raiva, e então me puxou para sua boca sem que eu tivesse tempo para pensar. Eu ergui os braços sem saber o que fazer com eles, exatamente como em nosso primeiro beijo.
Bastou alguns segundos para ela soltar a gola da minha camisa e se afastar, me olhando ofegante. Soltou um pigarro e passou a mão pelo cabelo, recompondo-se.

- Foco. – Ordenou, séria, enquanto voltava a andar pelo corredor a nossa frente.

Eu olhei para Emmett, sem acreditar no que havia acontecido. Ele soltou uma risada silenciosa, praticamente pulando quando voltamos a nosso caminho. Eu arrumei meu colarinho, encarando o chão com os olhos arregalados.

Já do lado de fora, Bella disparou pela grama, decidida, em direção ao portão, onde havia dois guardas. Nós a observamos de longe, andando cautelosamente em sua direção, enquanto ela os enganava. Não tenho a menor idéia do que disse, mas ela era boa. Eles pararam a conversa descontraída que estavam tendo e se aproximaram; com um golpe só ela deu conta dos dois, que caíram desacordados.

A garota olhou ligeiramente para trás e sorriu. Escalou o portão e pulou para o outro lado com extrema facilidade, como um gato de rua. Meu carro nos esperava na estrada de terra logo ali a frente. Quando passei do portão, também o pulando, realmente estava correndo. A porta do motorista se abriu, e Alice desceu, com um sorriso enorme. Nós nos chocamos num abraço demorado.

- Ah, seu idiota! Não achou mesmo que íamos acabar assim, achou? – Ela perguntou, esfregando minha cabeça com as dobras dos dedos. Eu abaixei um pouco, rindo.

Quando a soltei para que Emmett pudesse tomar meu lugar, virei automaticamente. A figura que eu mais desejava ver estava ali de pé, sorrindo com os braços estendidos. Eu me apressei e peguei Carlie no colo, segurando-a com força, sem dizer nada. Jacob latiu, pulando a nossa volta.

- Vocês não podem fazer tudo isso depois? – Bella perguntou, abrindo a porta do motorista.

Eu segurei seu braço com minha mão livre, apoiando o corpo de Carlie junto ao meu com o outro braço. A menina não me soltaria tão cedo. Ainda bem. - Por quê? – Perguntei simplesmente.

Ela ficou parada, olhando fundo em meus olhos. Todos se mexeram a nossa volta, e nós continuamos parados, sustentando o olhar um do outro. Emmett e Alice, ainda abraçados, empurraram Jacob para dentro e se ajeitaram no banco de trás. Bella ergueu levemente o queixo, séria. Ela provavelmente estava pensando em mais uma maneira de me rebaixar, como sempre fazia, mas acabou por suspirar e baixar a guarda, olhando para os lados com certo receio de dizer as palavras.

- Eu só não quero passar o resto da minha vida me perguntando como seria se tivesse feito isso. – Respondeu, olhando em meus olhos como uma criança culpada.

- Essa vai ser a sua vida agora? – Rebati, deixando claro meu tom de preocupação. – Como uma fugitiva?

Ela encarou o chão em silêncio antes de me olhar novamente para responder.

- Com você. – Murmurou.

Não há nenhum jeito de explicar o choque daquele momento, vocês devem imaginar. O que aquilo significava? Ela queria estar comigo? Todo aquele tempo me ignorando era pura encenação? Afinal, qual delas era a verdadeira Bella?

Eu franzi a testa e me aproximei, extremamente confuso, quase esquecendo a criança em meus braços. Ela olhou para o chão e entrou no lado do motorista, sem dizer mais nada. Obriguei meu corpo a responder meus comandos e entrar no carro, também.

Fui na frente, ao seu lado, com Carlie ainda agarrada a mim. Ela logo adormeceu, tranqüila como não fazia há semanas. Eu encarei Bella por muito tempo, e ela provavelmente percebeu, mas não demonstrou nada. Ela mal acelerou o carro, e vimos pelo retrovisor as luzes da cabine se acendendo, indicando que logo todos os policiais saberiam de tudo.

E foi assim que minha história começou de verdade. No fim.



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Notas finais do capítulo

Oi, Nina aqui por que a dona Carol ficou reclamando que fazia temo que eu não postava :p. Eu sei que estamos um pouco atrasadas com as respostas aos comentários mas vamos, ou melhor, a Carol vai colocar tudo em dia AUHAUHAUHAUHUHAUH.
Enfim...se você não chorou lendo esse capítulo você não é humano e não possui um coração u.u, até a Carol chorou escrevendo esse capítulo, emocionante por um lado e empolgante por outro né? Tem muuuuuuuuito mais por vir, aguardem e mais uma vez muitíssimo obrigad apor todo o carinho, amamos cada comentário que recebemos, não sabem como isso é importante pra nós ^^
Beijos galera, até o próximo capítulo ;*