Meu Malvado Favorito escrita por mulleriana, Nina Guglielmelli


Capítulo 15
Eu sempre soube que não estaria sozinho




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Não há nada mais desnorteador do que adormecer e acordar em outro lugar. Eu abri meus olhos para uma sala vazia, bastante escura. Suas paredes eram imundas, quase pretas, e minha visão turva não ajudava. Totalmente desnorteador.

Precisei de alguns segundos para repassar as últimas 24 horas como um pequeno filme em minha mente e, quando finalmente recordei os acontecimentos daquela manhã, meu corpo inteiro pulou num surto de adrenalina.

Meus pulsos estavam amarrados nos braços da cadeira em que eu estava sentado. Puxei-os automaticamente, mas só consegui machucá-los ainda mais.

- Não vai adiantar. – Uma voz masculina veio da escuridão, me fazendo erguer a cabeça para procurá-lo.

Arregalei os olhos, mas não de medo.

Um homem se aproximou da minha cadeira, lentamente. Logo outros dois, maiores ainda, o seguiram. Eles se colocaram a minha frente; senti-me encurralado. Somente uma lâmpada fraca, pendurada bem acima de minha cabeça, nos iluminava.

Minha visão demorou um pouco para voltar ao normal; ninguém disse nada até lá. Quando finalmente aconteceu, trinquei os dentes. O primeiro homem me encarava com os braços cruzados no peito; um sorriso zombeteiro em seu rosto.

- Quanto tempo, não é? – Perguntou, irônico.

- Olá, Santiago. – Rebati em um longo suspiro, abaixando um pouco a cabeça.

- Eu mal pude esperar por esse momento! – Encarei seus olhos, desconfiado. – Da última vez que nos vimos, você simplesmente desapareceu... Foi uma saída genial, ah, sim! E ainda levou uma garota junto. – Ele riu. – Argentina, não foi? Genial, genial...

Permaneci em silêncio. Santiago não era, nem de longe, um amigo.

Ele desceu as mãos até os bolsos do jeans, repousando-as lá. Ficou um pouco mais perto, analisando meu rosto.

- Eu tenho uma coisinha pra te mostrar. – Seu sussurro me causou um arrepio na espinha; não era nada bom.

Ele esticou a mão para um dos homens ao seu lado, e recebeu uma folha de jornal. Sem nunca tirar os olhos de mim, mostrou-me a notícia. Parei de respirar ao ler o título da manchete.

- Eu tenho quase certeza que essa garota era da sua célula. – Ele bateu o dedo no rosto de Rosalie, ficando irritado aos poucos. – Posso saber, então, O QUE ELA ESTÁ FAZENDO ANDANDO SOLTA POR AÍ?

Eu não conseguia responder; as palavras simplesmente não vinham! Ele cansou de me ver ali, paralisado e ofegante; tentou fazer com que eu reagisse, dando-me um soco no rosto. Após o choque e a dor em minha mandíbula, encarei-o com raiva. Senti o gosto de sangue na boca, mas ignorei.

- O único contato dela é a agência em que trabalha. Ela não tem família. – Murmurei.

- Ah, coitadinha! – Ele exclamou, irônico, amassando o jornal nas mãos.

- Ninguém quis fazer nada a respeito! Não quiseram pagar pelo resgate, e então...

- E então o que? – Ele abaixou, apoiando as mãos nos braços da minha cadeira. – Vocês decidiram soltar ela do cativeiro e fazer amizade?

Qual era a melhor maneira de dizer que era exatamente isso? Prensei os lábios um no outro, encarando seus olhos esbugalhados.

- Eu era o único experiente da célula! – Rebati, ansioso. – Eles cometeram um erro, foi só isso! E ela nem mesmo está sendo procurada!

- Ah, não? – Ele gritou, ficando ereto outra vez. – Então você acha que Aro mandou seqüestrá-la à toa, seu idiota? A garota faz milhões naquela agência, Masen, ela é conhecida no mundo todo, pelo amor de Deus!

Ele bufou, passando as mãos pelo rosto ao andar um pouco pela sala. Parecia muito nervoso. Eu ainda não tinha realmente percebido a gravidade da situação.

- Demoraram para dar uma resposta sobre o pagamento, e eu cansei daquilo. – Expliquei, devagar. – Queria matá-la, mas eles acharam melhor esperar. E continuamos esperando... E nada! Eu me foquei em... Outras coisas, então.

Ele parou, de costas para mim. Franzi a testa com sua demora. Quando finalmente voltou a me encarar, parecia um louco. Veio até mim lentamente, pensativo.

- A célula de Forks... A menina de Chicago! – Exclamou.

Engoli em seco enquanto ele continuava a pensar, passando as mãos no cabelo curto.

- Vocês... – Santiago disse, franzindo a testa. – Além da modelo ter sido solta pela cidade, vocês ainda tinham a criança como testemunha. – Ele arregalou os olhos.

- Ela não sabe de nada! – Gritei, jogando meu corpo pra frente. – Ela é inocente nisso tudo, ela não sabe sobre nós ou sobre Rosalie, ela...!

- Ei, ei! – Ele riu, irônico, ficando bem mais perto de mim. – Ponto fraco?

Ele colocou uma mão embaixo do meu queixo, me obrigando a erguer o rosto e encará-lo. Analisou-me como se procurasse saber o valor de uma peça antiga.

- Vamos fazer um trato, Edward. É muito simples. – Ele suspirou, jogando minha cabeça com força para o lado ao soltar minha mandíbula. Gemi de dor. – Você terá 3 dias para acabar com esse seqüestro e conseguir o dinheiro. Caso contrário... – Eu voltei a encarar seus olhos, furioso. Já sabia o que ele ia dizer. – Pegamos a menina.

- EU JÁ DISSE! – Esbravejei, me jogando com tanta força em sua direção que ele se afastou. – ELES NÃO QUEREM PAGAR POR ELA! NÃO É NOSSA CULPA!

- Devia ter pensado nisso antes de estragar tudo! O rosto dela é famoso. Os tablóides estão acusando a modelo de forjar o próprio seqüestro, E ISSO, meu amigo, não deixou Aro nada contente. – Ele ergueu uma sobrancelha.

- Aro sabe... – Murmurei, cansado.

- É claro que sabe. E, ah, ele ficou furioso! – Santiago apoiou as mãos na cadeira novamente, quase encostando a testa na minha. – A foto fez todos pensarem que a modelo foi solta, que não houve seqüestro. A polícia não vai mais ligar pra isso. Você vai ter que dar seus pulos pra conseguir o dinheiro, Masen. – Ele cerrou os olhos. – Agora... Me diga só mais uma coisa: Quem faz parte da sua célula?

- Não. – Rebati.


- O que? – Ele sussurrou, sem acreditar na minha negativa.

- Não vou dizer. Pergunte a Aro, se quiser!

- Aro tem mais o que fazer! – Ele cerrou os dentes. – Quem foi que escolheu os membros da sua célula?

- Caius. – Respondi sem pensar.

Ele ficou em silêncio por um tempo, provavelmente pensando em algo.

- Ele nem deve lembrar... Se você diz que era o único experiente, deve ter jogado os dois primeiros idiotas que viu... – Suspirou, afastando-se da minha cadeira.

Esperei por um longo tempo, em silêncio, enquanto ele andava de um lado para o outro, nervoso. Apesar de tentar manter as aparências para me amedrontar, não passava de outro subordinado de Aro, e estava com tanto medo quanto eu.

- É minha palavra final. – Murmurou, ficando de frente para mim outra vez. – Três dias.

- O que fazemos com ele? – Um dos homens perguntou, me encarando.

- Deixem ele ir. Mas antes... – Sorriu sozinho, fazendo questão de olhar diretamente em meus olhos. - Talvez seja bom ele ver que não estamos brincando.

Santiago tinha força mais do que suficiente para fazer aquele trabalho sozinho, mas não sujaria as mãos. Ele foi covarde o suficiente para ir embora quando seus dois capangas desamarram meus pulsos e me puxaram em pé. Estranhamente, mal agüentei minhas pernas. Um deles socou meu estômago em cheio, e eu fraquejei, caindo de joelhos no chão. Eles não pararam.

Mas, o que eu poderia fazer? Tentar resistir? Minha mente não parava de pensar em Carlie. Eu não estava em condições de armar um plano para salvá-la, mas ainda estava consciente o bastante para formar imagens desesperadoras na minha cabeça de como seria quando a tirassem de mim.

Mais alguns golpes foram suficientes para eu vomitar um jorro de sangue no chão a minha frente. E então, tudo desapareceu.

 (...)

- Edward? Edward, consegue me ouvir? Quantos dedos têm aqui?

- Calma, Emmett deixa ele acordar direito!

O rosto de Alice foi a primeira coisa que vi. Resmunguei, sentindo todo o meu corpo reclamar de dor. Não consegui me mexer naquele primeiro momento.

- Oh, ele está péssimo! – Reconheci a voz de Rosalie, preocupada. – Não deveríamos levá-lo ao hospital?

- Não, seria uma péssima idéia. Iriam atrás de quem fez isso. – Emmett explicou.

- E deveriam mesmo! Devem ser bandidos! – Rosalie exclamou.

Alice e Emmett a encararam em silêncio. Eu ri baixinho, o que fez os três olharem para mim. Alice se jogou para frente, quase colando a testa na minha.

- Tudo bem aí, terráqueo? – Perguntou, arregalando os olhos.

- Eu... Ai... – Tentei reclamar, fechando os olhos outra vez.

- Deixa ele respirar! – Emmett puxou a baixinha para trás, aumentando meu campo de visão. – Edward? – Perguntou outra vez.

- Estou bem... – Murmurei, abrindo os olhos novamente.

Joguei meu corpo para frente, tentando sentar. Várias mãos me ajudaram. Percebi, então, que estava no sofá. Várias lembranças passaram por minha mente, e eu me sobressaltei, olhando em volta.

- Onde está Carlie? Eu preciso vê-la! – Exigi, ansioso.

- Está na escola. Fique calmo! – Rosalie pediu, passando uma mão por meu rosto.

- Ela não pode... Ela tem que ficar aqui... Não é seguro! – Ofeguei, e minhas costelas doeram. Pensei um pouco. – Como... Voltei pra casa?

Emmett e Alice se entreolharam.

- Caius ligou. – Ela começou a falar. - Disse que Aro está furioso com a notícia do jornal, e mandou Santiago para... Conversar com a gente. E você ainda não tinha voltado. Sabíamos que alguma coisa tinha acontecido.

- E foram me salvar. – Sorri, cansado. – Obrigado.

- É nosso trabalho. – Alice deu um soco muito fraco em meu ombro, ficando em pé.

Emmett sorriu para mim, mas logo ficou sério.

- O que... O que vamos fazer? – Perguntou em um murmúrio.

- Nos deram três dias para conseguir o dinheiro. Senão... Vão levar Carlie.

Rosalie levou uma mão a boca, me olhando com preocupação. Sorri de leve para ela.

- Não é sua culpa. – Expliquei.

- É, sim! – Ela ajoelhou mais perto de mim. – Se eu tivesse obedecido...

- Não é culpa de ninguém. Cedo ou tarde aconteceria. Eu só não pretendia... Me apegar a ela. – Suspirei, falando cada vez mais baixo.

- Não temos como conseguir o dinheiro. – Alice começou a pensar, cruzando os braços. – E se levarem Carlie... Nunca saberemos para onde.

- Vamos ter que colocar a justiça no meio. – Continuei seu raciocínio.

Emmett franziu a testa numa pergunta muda.

- Seremos presos. – Ele disse.

- Não me importo. Ainda que eu fique por muito tempo na cadeia, eu tenho a guarda dela. Esses processos são demorados. Ela vai voltar para o orfanato, não sei, qualquer coisa é melhor do que deixá-la com eles.

Os três ficaram em silêncio, esperando minha palavra final.

- Vamos entregar Rosalie a polícia. Vamos nos render e contar tudo sobre Aro.

Alice ofegou, como se fosse dizer algo, mas então desistiu. Ela esticou uma das mãos para mim, e eu bati, com a pouca força que me restava.

- Conte comigo. Vamos salvar sua filha. – Ela sorriu.

Retribuí, olhando para Emmett e Rosalie. A modelo acariciou minha testa onde havia um longo corte; senti arder.

- Obrigada por tudo. – Ela disse, começando a chorar. Eu suspirei, puxando-a para um abraço demorado.

Nos separamos, e ela se afastou da sala, secando as lágrimas do rosto. Alice, com um sorriso tranqüilo, bateu no ombro de Emmett ao ir em direção a cozinha. Eu estiquei o braço para meu amigo, pedindo auxílio para ficar em pé. Ele logo entendeu e me ajudou, deixando que eu me apoiasse completamente nele.

- Emmett... – Chamei, enfraquecido demais até para falar.

- Pode falar, cara! – Ele murmurou, me olhando.

Ergui o rosto para olhar em seus olhos, sorrindo ao soltar a frase.

- Eu ganhei a aposta.



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Notas finais do capítulo

Hello pessoas, Nina aqui! Deu pra perceber que essa capítulo foi bem básico não é? Planejamos ele mais para mostrar o que o Edward passou e passa nessa vida toda de bandido e também já deu pra perceber o quanto essa gangue está se tornando uma família.
Bom...o próximo capítulo já está pronto a eras, me atrevo até a dizer que começamos a fic por ele, o capítulo já estava pronto antes mesmo de termos uma história propriamente definida mas...só vamos postar se tivermos um número bom de comentários. Vocês sabem que não somos disso mas dessa vez estamos cobrando um pouco mais já que são eles que nos incentivam e nos mostram o quanto gostam da história, já que vimos que temos muito leitores, várias pessoas adicionando a fic como favorita mas na hora de comentar são pouquíssimas as pessoas que comentam então...o próximo capítulo vai depender de vocês :p
Por hoje é só pessoal, até a próxima!