Capítulo 24

I was called out in the dark

Eu fui chamado no escuro

By a choir of beautiful cheats

Por um coro de fraudes bonitas

And as the kids took back the parks

E conforme as crianças tomavam os parques de volta

You and I were left with the streets

Eu e você ficamos com as ruas

Show me now, show me the arms aloft

Mostre-me agora, mostre-me os braços erguidos

Every eye trained on a different star

Cada olho treinado com uma estrela diferente

Called out in the dark – Snow Patrol

Rosalie POV

Tinha ficado extremamente feliz com a ligação de Emmett naquele momento. Era justamente por aquilo que eu tinha esperado a tarde toda, e poder ouvir sua voz depois de tantas horas separados por quilômetros era de um prazer enorme.

Eu ainda estava no escritório e, para aumentar a minha felicidade, Heidi tinha concordado em me ajudar.

-Kayla anda tendo dificuldades para cuidar de um caso. – Heidi me contou. – Quer ser sua auxiliar?

Assenti prontamente sem nem mesmo saber do que se tratava. Eu só precisava de alguma coisa pra fazer, então fiquei quieta e comecei a ouvir atentamente a descrição de Heidi para o caso de minha colega de trabalho.

Kayla era apenas uma iniciante; eu mesma havia feito sua entrevista para ela se tornar uma associada dos Hale. Pelo que eu podia ouvir, o caso não precisaria ser encaminhado diretamente ao tribunal, um acordo entre a defesa e a acusação poderia ser feito com facilidade, mas minha colega de trabalho (por ser justamente uma novata) ainda não conseguia ter esse feeling que eu já tinha, por exemplo.

Esse caso ocuparia minha cabeça pela tarde. Era o suficiente por hoje. Pelo menos eu não focaria meus pensamentos em Emmett ou no problema da família de Alice.

Jasper POV

-Acho melhor eu ir embora. – George anunciou. Estivemos os quatro conversando por cerca de uma hora, e nada havia sido resolvido. Na verdade, uma solução não tinha nem chegado perto de acontecer.

Alice ainda chorava baixinho no sofá, embora fizesse o possível para disfarçar isso limpando suas lágrimas antes mesmo que elas escorressem. Grace estava de braços cruzados no pé da escada com a maior cara de emburrada – que Alice nunca saiba que eu disse isso sobre sua mãe, mas era a mais pura verdade.

George adotava exatamente a mesma postura de sua ex-mulher, e se ele tinha dito aquilo ainda há pouco, era porque tinha chegado ao seu limite.

Meu sogro saiu de casa, então; dando apenas um beijo na testa de Daphne antes de abrir a porta e ir para a rua. Tive tempo de lançar-lhe um olhar solidário – nós éramos homens. E só nós, naquela sala, poderíamos ver de fato o quanto Grace podia ser insuportável.

No caso dele, ela era a ex; e no meu, a sogra. O pior dos dois mundos.

Grace me fitou como se tivesse acabado de ler meus pensamentos, mas seu olhar não era fulminante, como eu imaginava que seria. Eram apenas dois olhos implorando por um perdão mudo.

-Alice, querida... – ela foi até sua filha a fim de abraçá-la, mas Alice se esquivou.

-Nós temos que resolver as coisas antes, mãe. – minha mulher disse decidida. Não parecia mais que estivera chorando segundos antes. – Essa situação está insuportável. Não posso criar minha filha num ambiente de discórdia como esse.

-O que você quer dizer com isso? – Grace franziu o cenho; a confusão estampada em sua testa.

Alice olhou dentro dos olhos de sua mãe e, apesar de ver o quanto ela tentava se fazer de durona, era visível a dor em sua feição.

-Quero dizer, mamãe... – Alice respirou fundo antes de continuar. – Quero dizer que não pode mais visitar Daphne enquanto as coisas continuarem do jeito que estão.

Grace ia argumentar, mas minha mulher calou-a com um olhar pedante.

-Vou dizer a mesma coisa para o papai. Não quero mais ouvir minha filha chorar daquele jeito desesperado de novo, mãe. Nunca mais. – Alice recomeçou a chorar. – Você sabe como me senti?

Grace abriu a boca para dizer alguma outra coisa, mas se calou no meio do caminho. Antes de qualquer coisa, ela também era mãe. Mãe de uma menina, assim como sua sua filha.

-Sei exatamente como se sentiu. – minha sogra suspirou. –Tudo bem, Alice. Se você quiser um tempo, vou te dar um. Mas por favor, não me tire da vida de Daphne por muito tempo. Não me prive de vê-la crescer.

-Isso vai depender de você e do papai. – Alice garantiu. –Se vocês conseguirem pelo menos se respeitar na presença dela, estaremos de braços abertos. Garanto que Daphne gosta de te ter por aqui. Ela já sabe que você é importante pra ela. Assim como meu pai.

Uma lágrima escorreu do rosto de Grace e tive que me controlar para não deixar meu queixo cair. Era a primeira vez que via minha sogra chorar.

Na verdade, era a primeira vez que eu a via como um ser humano com emoções. Ela sempre se mostrava muito dura, pelo menos na minha presença. Era de certa forma até estranho vê-la com a guarda baixa.

Grace suspirou após limpar a lágrima teimosa.

-Tudo bem. – ela deu de ombros. –Se é isso o que quer.

Pronto, lá estava a bruxa novamente. Alice revirou os olhos, enquanto Grace lhe dava um beijo na bochecha. Minha sogra, então, veio até mim, deu um beijo em Daphne e me lançou um olhar de “adeus”. Ela não disse nada, mas eu sabia exatamente que era nisso que estava pensando.

Assim que porta se fechou atrás de mim, fui até o sofá sentar-me com Alice.

-Você tem certeza? – não precisei formular uma pergunta muito melhor que essa. Ela já tinha entendido onde eu queria chegar.

-Infelizmente. – ela suspirou. –Você precisa mesmo voltar para o escritório?

Allie me olhou de um jeito que me fez em cacos por dentro. Só ela conseguia fazer isso.

Pensei no caso no qual estava trabalhando e em meus outros projetos, mas com ela ali ao meu lado claramente implorando pra ficar em casa era impossível voltar ao trabalho.

-Claro que não. – dei um meio sorriso e ela fez o mesmo. Hoje ficaria à disposição da minha família.