Entre o ódio e o amor escrita por Teddie, Madu Alves


Capítulo 21
A volta para casa


Notas iniciais do capítulo

eu falo com vocês lá em baixo. é importante



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Christopher’s POV.

            Eu sabia que estava encrencado, mas torcia para que o fato da minha namorada não estar lá mudasse algo na minha vida.

            Katherine e Charlie olhavam furiosas para seus respectivos namorados e eu aproveitei a deixa para dar meu jeito de tirar o meu da reta.

            - Então, vejo que as duas querem conversar com seus namorados né? Eu vou subindo e falo com vocês depois.

            - Fique aí mesmo Christopher. Não pense que os dois vão levar a bronca sozinhos - Kate disse e sacou seu celular. Eu sabia o que ela faria.

            Adeus mundo!

            - Alô, Madeline? - Kate colocou no viva voz.

            - Que foi Barbie? - era impressão minha ou a voz da minha menina estava um tanto triste demais?

            - Sabe, eu estou agora de frente para Christopher. Sabia que ele acabou de chegar em casa só de cueca e com um cheiro de bebida que dá para sentir de Londres?

            - Christopher, deixe de ser idiota - eu tinha certeza que ela tinha revirado os olhos enquanto bufava - Preciso ir. Falo com vocês depois - e desligou.

            - Ela não está bem - sussurrei, mas ninguém pareceu me escutar.

            - Isso foi estranho - Kate disse - Enfim, Christopher, suba, nosso papo agora é com esses dois.

            Subi correndo, sem antes deixar de mandar um olhar piedoso para os dois, que engoliram em seco. Eles morreriam.

            Entrei no meu quarto e tratei de tomar um banho. Assim que acabei senti meu estomago roncando como se não tivesse comido há dias. Desci com cuidado as escadas e rumei para a cozinha, por não ver ninguém concluí que tudo tinha se resolvido. Ou Kate e Charlie estavam desovando os presuntos.

            Comi rapidamente e voltei para meu quarto, precisava ligar para Madeline. Minha sorte foi que eu tinha deixado meu celular no carro, senão eu provavelmente teria sido roubado.

            Chamou, chamou e quando eu estava quase desistindo, ela atendeu.

            - O que quer Christopher? - ela fungou, como se estivesse chorando.

            - Madeline, você está chorando?

            - Não, eu fiquei meio adoentada - eu não me convenci muito disso.

            - Tem certeza que está bem? Posso ir para aí.

            - Não - foi fria, e eu me lembrei de quando ela era a antissocial egoísta - Tchau Christopher - e desligou na minha cara.

            - Droga Madeline - joguei meu celular longe e finalmente caí no sono.

            Só posso dizer que acordei com fome. Com muita fome. E preocupado. E com fome. Desci para a cozinha para comer algo e encontrei todos ali, menos minha namorada. Eu já disse que estou preocupado?

            - Tudo está certo então? Nenhum ressentimento? - perguntei para as meninas.

            - Tudo ótimo. Até porque a ideia foi do Joe mesmo - Charlie olhou para o namorado.

            Rimos, e eu peguei uma fruta para comer.

            - Como está Madeline? Ela parecia meio estranha ao telefone - Kate perguntou e eu suspirei, minha preocupação parecia maior a cada minuto que passava.

            - Ela está bem. Pelo menos eu espero isso - respondi.

            Como a minha menina estava?

            Madeline’s POV

            Não entendia porque ainda me importava em secar minhas lágrimas, elas sempre tornavam a descer, secá-las era um tanto idiota de minha parte.

            Meus joelhos estavam dormentes e eu sabia que logo escureceria e eu precisava ir para casa. Mas parecia que eu tinha criado raízes no chão. Nada conseguia me tirar de lá. A lapide parecia gostar de me ver daquele jeito. As tulipas, as flores favoritas dela, estavam ali, várias dela. Várias que eu e papai colocávamos quase sempre.

Thalitta Sullivan
18/03/1970 - 19/05/2011

“Não lamentem porque eu morri, sorriam por um dia terem compartilhado de uma mesma felicidade que eu”

            Ela sempre falava isso quando alguém morria, então quando tudo aconteceu achamos que seria perfeito. Ela fazia tanta falta.

            Mas nem todos os dias desde que voltara a Londres estava assim, isso foi há uma semana, quando uma das pessoas que eu menos queria ver apareceu como um demônio em minha vida.

            Flashback

            Estava quieta, lendo um livro qualquer no meu quarto, tentando ignorar uma saudade indesejada que se formava em meu peito. Mesmo não querendo admitir, eu tinha criado laços afetivos fortes com o pessoal, e depois de uma semana longe, meu coração se apertava e eu estava torcendo para voltar logo para casa, o que faltava uma semana para acontecer.

            Não que ficar com meu pai seja algo ruim, nunca. Meu pai é uma das pessoas mais legais e bondosas que eu já conheci e nos dávamos muito bem, éramos muito ligados desde a morte da minha mãe.

            As lembranças dela ficaram muito fortes desde que saltei do trem, mas era algo que eu sempre conseguia ignorar, já que sempre Christopher entrava em minha mente para dissipar as memórias ruins que me rondavam.

            Falando em Christopher, eu estava cada dia mais apaixonada. Ele era meigo e idiota. Carinhoso e idiota. E toda essa idiotice dele o fazia ser apaixonante e tão... idiota!

            Estava concentrada em minha leitura, quando meu pai entrou esbaforido em meu quarto, com uma gravata borboleta mal colocada e um terno que estava posto só pela metade. Ele me viu e pareceu ficar ainda mais desesperado e estressado.

            - Como assim, Madeline? Temos que estar na festa em 30 minutos e você está ai com a bunda para o alto lendo?

            Foi ai que eu me lembrei da maldita festa de médicos no qual eu concordara em acompanhar meu pai. Pedi licença e me arrumei como pude em tempo recorde, talvez até exagerando no batom vermelho. Desci as escadas da minha casa com pressa e vi meu pai com o braço preso na gravata, que não era mais a borboleta.

            Suspirei, desfazendo o nó mirabolante de papai e fazendo um nó de gravata corretamente. Fomos por todo caminho conversando amenidades. Mentira. Meu pai foi o caminho inteiro reclamando da festa. Que seria chata, e que era uma estupidez ir.

            - Então por que disse que iria para a bosta da festa pai? - perguntei.

            - Comida grátis - riu e eu não pude deixar de rir junto.

            Chegamos lá e estava tocando alguma música clássica, Mozart, Chopin, algo do gênero, mas logo foi substituída por músicas agitadas de épocas boas, como The Beatles (que eu particularmente amo). Não resistindo, puxei meu pai para dançar e ficamos assim por um bom tempo, até que, cansados, paramos um pouco para comer e descansar.

            Parei em uma espécie de sacada, para admirar a noite, como naqueles clichês americanos. E em como todo filme clichê, aparecia um cara, geralmente o amor da vida da mocinha, mas no meu caso era um dos meus piores pesadelos.

            - Olha quem temos aqui, Maddie! - ele exclamou.

            Gelei. Eu tinha me esquecido completamente que ele também era um médico que trabalhava no hospital do meu pai. Um dos motivos para tudo ter dado errado.

            - Não me chame assim, Raymond - disse, ignorando a dor que já se formava em meu peito.

            - Mas por que Maddie? Lembro que você adorava quando eu te chamava assim. Aliás, não era assim que sua mãe te chamava? - disse, cínico - Como ela vai?

            - Morreu - forcei para as lágrimas não descerem - E você sabe muito bem disso, seu cretino.

            - Soube que você está vivendo em Oxford agora, e que está namorando. É verdade? - ignorou meu comentário. Tinha um sorriso tão cínico na cara que eu tinha vontade de tirá-lo na base da porrada.

            - Não te interessa - disse.

            - Aposto que ele não te fez gemer como eu fiz.

            - Você é um nojento e eu estava bêbada - disse, já ficando alterada - Vem cá, sua mulher não está por ai não? Vá procurá-la e me esqueça Raymond.

            - Não Maddie, estou bem aqui.

            - Não me chame assim, já disse.

            - Isso te lembra a mamãe né Maddie? Como ela está mesmo? - perguntou, se aproximando.

            - Morta, já disse. E se afaste de mim, por favor - disse, gaguejando um pouco. Mas não por me sentir atraída. Ele me deixava assustada.

            Ele não se afastou, pelo contrário, se aproximou mais e eu pude voltar a ver porque eu era tão encantada por ele, seus cabelos loiros caiam levemente nos olhos, seus olhos eram meio cinza, era incrivelmente lindo, e tinha um físico invejável. Pena que ele era um canalha conquistador de virgens indefesas.

            - Não gosta de lembrar dela, Maddie - afirmou. - Por que? Culpa?

            - Sai daqui Raymond - meus olhos estavam marejados.

            - Ah, sim, a culpa. Você não ficou muito machucada né? Mas em compensação, a pobre Thalitta. Era linda ela. Tinha seus olhos. Pena que era tão chata. E você, ah! Madeline, você é tudo, por que não vamos ali, aproveitando que você está sozinha, minha mulher está por ai?

            Não tinha mais forças, Raymond conseguira tocar em um ponto meu tão fraco que me desestabilizara por completo. Ele se aproximou e segurou meu braço. Mas eu não me importava mais com nada, eu só queria que a dor que se formara em meu peito acabasse.

            - Sai daqui, eu to implorando - disse, deixando a primeira lágrima cair, solitária no meu rosto.

            - Devia implorar por outra coisa, Maddie - quando ia encostar seus lábios nos meus, alguém chegou, impedindo-o.

            - Algum problema aqui, Levine? - a voz do meu pai me fez pular no lugar.

            - Nenhum, eu já vou. Foi bom te rever Maddie - ele sorriu cinicamente e foi embora, me deixando sozinha com meu pai.

            - Está bem, querida? - perguntou, preocupado.

            Sequei a única lágrima que caiu. Se eu estava bem? Pergunta complicada né?

            - Não, e não sei se vou ficar - funguei e voltei para a festa, mas sem a mesma empolgação de antes. Por que tudo sempre tinha que dar errado?

            Fim do Flashback

           

            Respirei fundo e levantei. Limpei a sujeira dos meus joelhos e pude sentir a dor de ficar tanto tempo parada em uma única posição.

            - Até mais, mãe. Te amo - disse, e secretamente esperando que ela fosse responder um “também te amo Maddie”.

            Voltei para casa do meu pai e terminei de arrumar minhas coisas. Eu estava voltando para Oxford.

            Rabisquei um bilhete para meu pai (“não dá mais para ficar, te amo”) e parti com meu carro, deixando as lágrimas limparem meu rosto.

            Pois é, como seria a minha volta para casa? Como Christopher reagiria ao saber que a Madeline que tinha uma barreira para com o resto do mundo, havia voltado e agora com mais força do que nunca?


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Notas finais do capítulo

Bem *respirando fundo* não me matem por demorar tanto para postar. Problemas com criatividade são o que não me faltam.
Segundo, a história está em sua etapa final (se eu não me engano faltam apenas 4 capitulos para o fim *sentando no chão e chorando*
Então você que ainda não recomendou, comentou ou qualquer coisa do gênero, se apresse, a história está no fim.
Até o próximo, seus lindos!



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