Entre o ódio e o amor escrita por Teddie, Madu Alves


Capítulo 14
James Williams


Notas iniciais do capítulo

nos falamos lá embaixo, aproveitem



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Katherine’s POV


– Eu te amo mais.


Sorri ao ouvir John, ele estava mais carinhoso do que nunca me sentia a garota mais sortuda do mundo.


– Eu que amo mais.


– Eu te amo infinitamente... Amor tenho que desligar.


Tudo bem, nos falamos mais tarde?


– Claro.



Eu te amo mais. – Desliguei o telefone sorrindo.


Charlie passou por mim do mesmo jeito vegetativo, suspirei. Joe estava melhor que ela, mas ambos estavam infelizes. Joe chegava da faculdade e ficava no quarto como a Charlie, a única diferença e que ele comia e respondia as nossas perguntas. Era difícil ver qualquer um dos dois sorrindo.


Por algum motivo, Charlie ainda ia para faculdade e tiravas notas boas. Sabia sobre suas notas porque ela sempre as amassa e joga no lixo da cozinha e como sou curiosa olhava os papeis, a menina tinha notas excelentes. Talvez fosse um jeito de se distrair.


Bati na porta do quarto do Joe, ele demorou a abri-la.


– Oi. – Disse sorrindo. Ele só deu um sorriso forçado. – Queria saber quando pode me ensinar um pouco mais de francês. – Menti. Tinha desistido de aprender no segundo dia em que ele me deu aula.


– Talvez mais tarde.


Bateu a porta na minha cara, ele tinha se tornado um homem grosso. Esses casais de hoje, um ama o outro. Mas ficam nessa, cada um sofrendo de um lado.


1 MÊS DEPOIS...


Eu e Thomas conversávamos na sala, éramos os únicos que tinham sobrado. Madeline e Chris estavam mais próximos do que nunca, Joe estava mais rabugento do que nunca e sempre estava no quarto, Charlie parece mais chorosa do que nunca, porém tem se alimentado com mais frequência.


Todos nós tentávamos ficar o maior tempo possível fora de casa. Ninguém mais aguentava ouvir os soluços e o silêncio. Nem um de nós reclama, isso inclui Madeline, mas todos estávamos de saco cheio dessa situação.


– Olha o que eu consigo fazer. – Falou Thomas me cutucando.


– O que? – Bati na mão que me cutucava. Thomas colocou a língua para fora e a colocou no nariz. – Só isso? – Ri.


– Como ? – Fez careta. – Quero ver você fazer.


– Sou uma dama, não faço essas coisas.


– Sei, mas faz coisas piores sua danadinha. – O olhei incrédula e caímos na risada. O telefone começou a tocar e eu atendi:


Alo? – Perguntei ainda rindo.


– Posso falar com a Charllote Williams?


Era uma voz feminina, será que era a mãe dela? Pensei nela e imaginei que ela não atenderia... Se fosse mesmo a mãe dela porque não ligou para o celular?


– Quem deseja?


– Sou a Josephine, a vizinha do pai dela.


A senhora não quer deixar recado? Prometo que a aviso.


– Eu poderia, mas por quê?


Charlie anda meio... Ocupada no momento.


– Tudo bem. Vou lhe contar o que aconteceu...


Quando a tal da Josephine terminou de contar, eu só consegui dizer “tá” e desliguei o telefone, falei o nome do hospital e Thomas o anotou.


Decidi que ninguém além de mim, o Thomas e é claro a Charlie saberiam sobre o que se tratava essa ligação.


[...]


Eram umas dez da noite quando tomei coragem e consegui bater na porta da Charlie, respirei fundo. Ela abriu a porta com a mesma cara de morta de sempre, me senti mal por ter que dar essa noticia.


– Posso entrar?


– Se quiser. – Sussurrou e voltou para cama, entrei e fechei a porta. Olhei para os lados e desejei que não tivesse que fazer isso.


– A Josephine ligou. – Falei cautelosa e esperei por uma reação, ela pareceu lembrar-se de alguma coisa e seus olhos se encheram de lagrimas, mas ela não chorou.


– O que ela disse? – Sussurrou novamente, porém com a voz embargada.


– Ela queria falar com você, mas achei que não gostaria de falar com ela. – Esperei por algum sinal de que estava certa ou errada, mas nada houve. – Ela mandou te dar o nome desse hospital.


Coloquei o papel em cima da cama em frente a ela, Charlie o observou e voltou o olhar para mim, imaginei que se fizesse assim ela ligaria os pontos e seria mais fácil dar a noticia.


– Seu pai precisa de você, ele está nesse hospital.


Ela me olhou como se não acreditasse e finalmente algumas lagrimas caíram, a observei quase chorando e tive que me controlar para não chorar também.


– Ele não precisa de mim, ele pode se virar sozinho.


– Ele está morrendo Charllote. – Ela não falou mais nada apenas virou para o lado e abraçou o travesseiro.


Sai do quarto dela e dei de cara com Joe, ele me encarou e depois começou a andar, praticamente correr.



1 SEMANA DEPOIS...


Josephe’s POV


Havia uma semana que não a via, desde que tinha encontrado Kate saindo do quarto dela com aquela cara de triste, eu não sabia mais o que estava fazendo.


Ela só saia do quarto para ir à faculdade e de madrugada depois que todos estavam dormindo, eu a observava da janela do meu quarto até o amanhecer. Ela sempre se sentava na grama ou na beira da piscina e olhava o céu, os olhos sempre vermelhos e inchados por causa do choro.


Quantas vezes eu quis ir lá e abraçá-la e dizer que não precisava mais chorar que eu ficaria ao seu lado, mas eu não tinha coragem. Havia sido grosso com a única garota que fez meu coração bater mais rápido.


Desci as escadas e todos estavam na sala, queria ficar com eles e conversar, rir. Mas eu não conseguia. Fui para o jardim e passei em todos os lugares onde ela ficava, as lagrimas já tomavam conta do meu rosto.


– Era mais fácil com você aqui. – Sussurrei, era mais fácil sofrer com ela no quarto ao lado. Era mais fácil sorrir com ela ao meu lado.


Andei pela casa ignorando a todos como de costume, isso estava se tornando um habito. Parei em frente à porta dela e suspirei, era tão frequente parar em frente à porta dela. Eu esperava que toda noite tivesse uma tempestade para ela correr para meu quarto, mas isso nunca acontecia. Uma vez choveu e ela se sentou na grama e ficou lá como se fosse um dia qualquer.


A minha pequena estava sofrendo tanto e eu... Eu deixei, por orgulho ou medo, não sei.


Entrei no quarto dela, o cheiro dela ainda estava forte e em todos os lugares, segurei uma foto nossa que estava na cabeceira da cama. Ela estava de azul, um azul da mesma cor do vestido que usou naquela festa.


Colei mais nossos corpos, fazendo sua perna ficar entre as minhas. Eu e ela havíamos percebido eu a dança já havia mudado há muito tempo. Era algo mais intenso

– Onde foi parar o nerd que lê livros improvisados de poesias? – Ela perguntou no meu ouvido

– Ele está aqui, apenas dançando um pouco com a amiga – Disse.

Tentamos colar nossos corpos como se fosse possível aproxima–los mais. Estávamos curtindo muito o momento”.


Uma lagrima caiu e eu a sequei. Por que eu não a perdoei? Por que não fui atrás dela?


Não devia estar aqui, não devia lembrar. Não devia tanta coisa e mesmo assim faço.


– Sente falta? – A voz feminina me fez lembrar dela novamente.


“Como ela pode fazer isso? Ainda mais com o Christopher, onde fica a vergonha dela? Eu achei que ela fosse diferente dessas coisas que moram conosco. Mas ela não é. Ela podia não ser uma roqueira ou uma patricinha, mas tinha o mesmo grau de mentalidade.” ·.


Foi a primeira vez que duvidei da originalidade dela, que pensei que ela fosse como todas as outras. Mas dessa vez eu quebrei a cara.


E dessa vez eu... eu devia tê-la escutado, mas se ela tivesse me escutado antes. Por que eu não cedi?


“Primeiro sua testa tocou a minha, ela estava quente. Juntei seu corpo ao meu com extremo cuidado, parecia que estávamos em câmera lenta

O sol batendo em nossos rostos deixavam os olhos dela tão azuis, tão lindos. Finalmente aqueles lindos lábios haviam tocado os meus, quentes mesmo estando molhados.

“Parecia o paraíso, como se nossos lábios tivessem nascido para se completarem.”


Faz tanta falta, já era parte de mim e agora ela pode estar em qualquer lugar.


– Joe. – Aquela mesma voz me chamou, olhei para trás e vi Kate.


– Eu sou um idiota.


– Eu sei. Vocês dois são. – Disse se aproximando.


– Ela foi embora, não importa mais.


Não importa? – Kate praticamente gritou. – Olha pra você, o seu estado é deplorável. Se não importasse você estaria melhor.


Não disse nada, pois sabia que eu estava errado. Devia estar a honrando, devia estar sendo digno do seu amor, não importando quem estivesse errado, devia honrar o que mamãe me ensinou.


– Eu não quero saber, ela fugiu, foi embora para sei lá onde e nada importa mais. – Menti. Kate me olhava decepcionada.


– Ela não fugiu.


– Como sabe? Ela deve ter se enfiado em algum buraco atrás de um homem – Doeu falar aquilo da minha garota, as palavras saíram como cuspe da minha boca.


– O pai dela está morrendo por isso não está aqui. – Kate saiu da minha vista balançando a cabeça. Eu estava agindo como um completo idiota.


Peguei o travesseiro dela e o apertei contra meu corpo, senti o cheiro dela e mais lagrimas desceram no meu rosto. A onde estava o travesseiro tinha um pedaço de papel.


Charllote POV’S


1 semana atrás. (n/a: se estiver confuso pra alguém foi uma semana antes do Joe ficar igual viado chorando pelos cantos)


Juntei umas poucas roupas e as coloquei na mala, meu rosto estava tomado por lágrimas.


Havia conseguido comprar uma passagem para Little Rock ainda para aquela madrugada, me apressei ao ver que já era uma da manhã e meu vôo sairia às duas e meia.


[...]


Estava parada em frente a casa onde cresci e mesmo sabendo que meu pai não estaria lá dentro, tive medo. Respirei fundo e entrei. A casa estava mais bagunçada do que eu me lembrava. A única coisa que continuava igual era o meu quarto.


Deixei minhas coisas no quarto e fui arrumar a casa. Joguei todas as cervejas que estavam na geladeira fora, tinha comida velha e garrafas de cervejas para todos os lados. Orgulhei-me de mim mesma ao terminar.


Tomei um banho frio e fiz uma coisa que não fazia a tempo, olhei-me no espelho. Gritei ao ver meu rosto, estava com olheiras gigantes e estava mais pálida que nunca e também estava mais magra.


Resumindo eu estava horrível.


Passei mais maquiagem do que de costume e coloquei uma roupa que tampava todo meu corpo, não ia deixar meu pai me ver do jeito que estava e comi comida de verdade. Estava na hora de cuidar de mim.


O caminho para o hospital foi rápido e tenso, seria a primeira vez que veria meu pai num hospital. Estava acostumada a ir buscá-lo em bares ou em becos e até mesmo em boates de strippers, estava acostumada a vê-lo vomitar. Mas não ao vê-lo em um hospital.


– Boa noite. – Sorriu a mulher da recepção.


– Boa noite. – Tentei sorrir.


– Em que posso ajudá-la?


– Me informaram que meu pai está aqui.


– E qual é o nome dele?


– Ele se chama James Williams.


– Você é o que dele mesmo?


– Sou filha. – entreguei a ela minha identidade.


– Ah sim, ele está no quarto 205, segundo andar.


Sorri para ela e saí em busca do quarto 205, minhas mãos estavam tremendo. Passei por varias pessoas hospitalizadas e até forcei um sorriso para algumas, finalmente eu estava parada em frente ao quarto 205. Respirei fundo e entrei.


Meu pai estava dormindo e com tubos nas veias e no nariz, e assim como eu estava pálido e mais magro. Meus olhos estavam marejados, fechei a porta com cuidado e imaginei há quanto tempo ele estaria aqui.



Puxei a cadeira que estava no canto do quarto e a deixei perto da cama, sentei-me e observei meu pai. Nunca o tinha visto tão impotente, suspirei e lutei contra as lagrimas que insistiam em descer.


– Eu te amo. – Sussurrei.


– Charllote? – a voz rouca do meu pai me fez estremecer.


– Sim


– Eu preciso... – Ele começou a tossir. – Te contar...


– Shii ... Amanhã estarei aqui. – Ele ficou quieto e voltou a dormir.


Ele dormiu a noite toda, eu cochilei por algumas horas. Mas acordava com qualquer barulho, queria que o Joe estivesse aqui ele me abraçaria e diria que tudo ficaria bem.


Por que eu tive que estragar tudo?


Consegui algumas informações do estado do meu pai, parece que os rins dele pararam de funcionar e o fígado dele também está ruim, desconfiam que seja cirrose.


Tentei ser positiva fingindo esquecer que não tem nenhuma doação de fígados e que talvez ele não tenha cirrose e que serei compatível com ele. O médico não me deixou muitas esperanças, disse que se fosse realmente cirrose não iriam poder colocar uma parte do meu fígado nele mesmo que fosse compatível.


Fiquei o máximo que pude com meu pai, comia na cantina do hospital, ia para casa para tomar banho e trocar de roupa e a noite eu dormia pouco. Mas a minha aparência já estava melhorando, já haviam se passado dois dias desde que cheguei e meu pai não havia falado mais nada.


– Parece que alguém acordou. – Disse sorrindo depois de voltar da cantina.


– Dormir também cansa. – Tossiu.


– Eu sei. A preguiça às vezes é demais.


– Precisamos conversar. – Olhei seria para ele e me sentei na cadeira.


– Pode falar.


Ele demorou um pouco para começar a falar parecia que estava lutando para encontrar as palavras certas, ele já não olhava para mim parecia pensar em alguma coisa e o som da tosse dele cortou o silêncio.


– Eu sei que você acha que te culpo por ela ter indo embora, mas não é verdade...


– Olha pai esqueça isso, não importa mais. – Menti.


– Me deixe continuar, ouviu bem? – assenti e ele continuou. – Quando a sua mãe engravidou, eu fazia de tudo por ela, conseguia tudo que ela queria. Mas não conseguia ser muito presente, eu trabalhava quase 23 horas por dia para poder dar a ela tudo que precisava e queria. Victoria, era assim que ela se chamava, queria sempre tudo do bom e do melhor e tive que implorar a ela para vir morar comigo e não te abortar. Nossa ela era linda, você parece com ela sabia?


– Sabia. – Engoli o nó que se formava em minha garganta, ele passou a mão tremula no meu rosto secando um lagrima.


– Eu a amava e amo muito, Victoria foi à mulher da minha vida. Depois que você nasceu, passei a trabalhar mais e trabalhava com gosto. – Ele parecia estar tendo muita dificuldade para falar, ele estava fraco demais para aquilo – Depois de alguns meses Victoria entrou em depressão, não queria comer, não queria te amamentar e nem sair.


“Reclamava dia e noite que estava feia, gorda, com estrias na barriga, ela não conseguia mais olhar para você e aos poucas ela foi sentindo repulsa de mim. Eu não sabia o que fazer a coloquei numa clinica. Ela ficou meses lá, quase um ano e voltou boa como o esperado, mas não tinha mudado. Continuava a ser grossa comigo e só ficava com você a noite, eu já não trabalhava tanto. Mas não passávamos necessidades, ela ficou com a gente até você completar 4 anos.


“Você lembra, não é? Ela não fugiu com um cara, ela fugiu porque não me aguentava. Ela disse que eu não podia ser homem para ela, porque eu era bom demais ou alguma coisa do tipo, desde então eu bebo e fumo. Sei que não foi justo com você, mas eu não sabia o que fazer.” .


Nós dois chorávamos agora, nos abraçamos do melhor jeito que deu. Eu não imaginava nada daquilo, naquela mesma noite meu pai pediu para eu não dormir no hospital, mas insisti em ficar. Ele disse que era melhor eu ir para casa e não discutir, então o obedeci.


Foi também naquela noite que ele morreu.


Eu podia ter ido embora, podia ter voltado para a faculdade. Mas eu não estava com vontade, não queria ter que enfrentar todo mundo e não sei se a Kate contou para todos ou se guardou segredo.


Já tinham se passado sete dias desde que cheguei, aproveitei para matar a saudade do lugar em que nasci e cresci, eu ainda chorava todas as noites por causa do meu pai e é claro do Joe.


Acordei com o barulho da chuva lá fora, lembrei da noite da tempestade há uns meses atrás um pequeno sorriso se abriu em meus lábios, mas logo ele sumiu.


Peguei um guarda chuva que estava guardado e sai para comprar pão, todas as manhãs eu fazia isso. A rua que eu passava sempre estava quase alagada, então fui por outro caminho, mais longo obvio, e mais movimentado. Porem hoje não havia muitas pessoas na rua.


Um vento forte me fez perder o equilíbrio e o meu guarda chuva quebrou quando me encostei a um poste.


– Puta que pariu. – sussurrei.



Continuei andando, não sabia mais para onde estava indo, mas continuava a caminhar. Já estava ensopada, mas continuei a dar voltas pela cidade.


E lá estava eu, parada no meio fio esperando para atravessar. Tinha um cara do outro lado tão molhado quanto eu, ele estava todo de preto com uma mochila nas costas, o capuz estava tampando grande parte de seu rosto e a chuva embasava minha visão.


O cara estava vindo em minha direção, mas eu não fugi. Não estava com medo e talvez eu quisesse sentir dor, dor física. Ele parou na minha frente e retirou o capuz, era ele. A única coisa que consegui fazer foi abraçá-lo. Sentir aquele abraço novamente me trouxe uma paz enorme.


Ficamos assim por alguns minutos. Fomos andando em direção a minha casa em silencio, acho que nenhum dos dois sabia o que dizer. Estava um silencio chato, e o caminho parecia bem mais longo.


– Como estão todos? – Perguntei.


– Bem, eu acho. – Suspirou, voltei a ficar quieta, talvez ele não quisesse conversar ou talvez não tenha vindo por minha casa. – Como você esta?


– Estou bem. – Menti.


– E o seu pai?


Não respondi, continuei a andar, porém agora mais rápido. Logo Joe estava do meu lado e finalmente estávamos enfrente a minha casa.


– É aqui. – Disse já subindo os primeiro degraus para chegar à porta.


– ESPERA! – Gritou Joe, me virei e pela primeira vez desde que tudo aconteceu o encarei. – Como você está de verdade?


– Bem e mal.



– Por que não me contou?


– Não estávamos nos falando, lembra?


– E isso lá é motivo? – Perguntou incrédulo.


– Pra mim é – Ele bufou e me olhou sério.


– E ele?... Ele se foi?


Eu achei engraçado o jeito como ele disse, com aquele mesmo jeitinho francês. Pela primeira vez em tempos eu estava rindo, rindo mesmo, rindo de verdade. Mas logo vieram as lágrimas, os gritos, e de repente tudo ficou preto.


Abri os olhos devagar, minha cabeça estava doendo. Levantei devagar e vi o Joe dormindo no chão ao lado da minha cama, sorri. Lá fora ainda chovia.


Minhas roupas haviam sido trocadas, isso inclui as minhas roupas intimas. Será que ele me olhou ou me tocou? Não me incomodaria de ser ele, mesmo eu estando dormindo.


Balancei a cabeça para tentar espantar esses pensamentos, fui para a cozinha e resolvi fazer macarrão era a comida favorita dele.


Já tinha umas 3 horas que o Joe estava dormindo, fiquei na sala vendo teve durante todo esse tempo e já havia parado de chover. Será que ele sonha comigo? Será que pelo menos ele pensa em mim?


– Dormi muito?


Olhei para trás e vi a coisa mais linda do mundo, ele estava com cara de sono e coçou a cabeça de um jeito tão fofo que eu quase babei.


– Só um pouquinho. – Sorri.


– Quanto é só um pouquinho pra você?


– Umas 3 horas.


– Dormi tudo isso?


Assenti, ele me olhou meio estranho. Disse que tinha feito macarrão e ele foi correndo comer, depois ficamos vendo tevê.


Não conversamos mais e isso já estava ficando chato, o silencio entre nos dois era constrangedor e tenso. Eu estava querendo sumir e ao mesmo tempo continuar ali só por estar perto dele.


– A Kate contou a todos? – Foi a única coisa em que consegui pensar.


– Acho que não, ela não pretendia me contar.


– E por que ela contou?


– Porque eu fui ao seu quarto e ela me viu, gritou comigo e me disse que seu pai estava mal.


– Por que veio?


– Não sei. – Suspirou. – Eu queria te ver, era mais fácil com você lá e me senti um inútil por não estar com você num momento tão difícil.


– Obrigada, obrigada por se importar. – Suspirei.


Ficamos em silencio novamente, mas não era tão ruim. Às vezes nos encarávamos, rimos do que passava na tevê e eu me senti melhor. Senti-me melhor por não estar chorando, por não estar sozinha e por saber que talvez eu nunca fique sozinha.


Era chato acordar e não ouvir os gritos ou os risos do povo. Eu gosto de ficar perto deles, mesmo quando brigamos. Já me acostumei a eles, estava acostumada ao drama.


Christopher’s POV


– COISA FEIA, CADÊ TU? – Gritei.


– JÁ ESTÁ COM SAUDADES, VIADO? – Madeline gritou. – ESTOU NA SALA.


– Estou morrendo de saudades. – Sentei-me ao lado dela no chão.


– Me ama demais. – Riu.


– O que vamos fazer hoje?


– Nada.


– Como nada? Estava querendo armar alguma pra festa de final de semestre.


– Temos tempo pra isso lerdão.


Revirei os olhos e liguei a tevê só para variar não passava nada de bom. As risadas do Thomas e da Kate me distraíram.


– Oi. – Disseram os dois juntos.


– O que vão fazer hoje? – Perguntei.


– Sei lá, acho que nada. – Respondeu Thomas.



– Todo mundo está na paz hoje, é? – Resmunguei.


– Parece que sim. – Kate riu.


Ficamos conversando amenidades, falamos de tantas coisas e rimos tanto que não me importei por ter ficado em casa o dia todo. Já passava das oito da noite e fomos de pijama para o sofá.


– Alguém tem noticias do casal desaparecido? – Perguntei brincando com uma almofada. Todos negaram com a cabeça, ninguém aqui gosta de falar disso. É como se todos sentissem falta ou simplesmente ficam preocupados. Eu só sei que daria muita coisa só para saber se eles estão bem.


– Muito bom Christopher acabou com o clima de paz. – Madeline reclamou e jogou uma almofada em mim, logo depois vieram um monte delas e eu só conseguia rir e me contorcer. Estávamos brincando de briga de travesseiro.


– Não, eu sou delicada. – disse Kate correndo ao perceber que iríamos pra cima dela, batemos muito nela. Mais tarde ficamos rindo jogados no chão da sala feito uns retardados.


Fiquei sentado olhando para o nada, quando todos os outros pareciam dormir ou sei lá, Madeline estava com a cabeça no meu colo e eu fazia carinho nela. Nem acredito que nos estávamos tão próximos.


Era difícil de acreditar que todos nós estávamos tão próximos, seria legal se o francês e a Charlie estivessem aqui. Será que o boiolinha foi atrás dela? Ou será que tudo foi só um plano para eles fugirem juntos? Talvez eles tenham se matado para não sofrer ou pior...


Tenham ido para casa.


– Tá pensando no que o feioso? – Perguntou Madeline.


– Na Charlie e no Joe. – Todos suspiraram. – Ei, não sou feioso. Sou gostoso.


Todos riram sem humor, eu sempre estrago o clima de paz, sou foda. Nós podíamos conversar sobre eles, porque talvez alguma coisa esteja errada.



Thomas olhou de um jeito estranho para Kate e ela abaixou a cabeça, aqueles safadinhos estão escondendo alguma coisa.


– O que você sabe? – Perguntou Madeline antes de mim.


– Eu? N... Nada. – Ela tentou disfarçar, mas não funcionou.


– Esse tempo todo nós ficamos imaginando um monte de merda e você sabia onde eles estão? – Perguntei.


Ela ficou quieta e um clima estranho tomou conta do lugar, ficamos nos encarando feito uns idiotas. Ela não respondeu e ninguém falou mais nada.


O barulho da porta me fez pular, Madeline ficou rindo da minha cara, mas logo parou ao ver quem estava entrando na casa.




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Notas finais do capítulo

Então mereço comentários? recomendações? Não é legal escrever para o meu amigo imaginário. Ele não tem conta no Nyah. Até o próximo e tem SPOILER! UHUUUL...
***
Não sei se quero Madeline como irmã
Você gosta dela. Mesmo sem admitir. E ela gosta de você. Lá no fundo, bem no fundo, mas bem no fundo mesmo tão no fundo que...
Já entendi Joe, lá no fundo. Não precisa terminar Rimos e ficamos num silencio confortável. Eu poderia até dormir, estava exausta. Todas as noites eu chorava. Acredito que Joe pensava que era por meu pai. E parte era. Mas também era por ele. Por ele estar tão perto de mim e não poder beijá-lo e sentir o corpo dele ao meu. Ele sempre me consolava sem saber que era o causador da minha maior dor.
[..]
Eu queria ter irmãos Me virei para colocar a foto no lugar Sempre me senti... Calei-me quando virei de novo, Thomas estava mais perto do que eu imaginava.
Eu nunca me senti assim. De verdade. Meus olhares se alternavam entre os de Thomas e seus lábios e ele fazia o mesmo. Nunca reparei como Thomas era bonito. Fui chegando mais perto e Thomas fez o mesmo, fechei os olhos esperando o beijo de Thomas.
[...]
- Eu te amo - Ele disse ao mesmo tempo em que eu disse:
- Eu te odeio - Ele me olhou confuso e um pouco decepcionado, mas eu tratei de me retratar Eu vou te explicar o porquê. Você é mimado, arrogante, metido, idiota, burro, ignorante. Eu te odeio porque você viu em mim, tudo aquilo que eu escondi desde que cheguei aqui. Tudo aquilo que eu não queria mostrar - Ele tentou falar, mas eu o cortei - Cala a boca, ainda to falando. Eu te odeio mesmo Christopher, mas eu me odeio mais, por não conseguir tirar esse sentimento de mim. O amor. Eu me odeio porque eu te amo Reprimi umas lágrimas e aguardei Christopher dizer algo.
Ele não disse nada, e isso me entristeceu. Ele devia me amar como amiga talvez e a idiota aqui fez um testamento. Quando eu ia voltar pro meu quarto, Christopher me pegou pelos braços e entes de qualquer reação minha, me beijou.
Dessa vez, não havia impedimentos. Cedi logo ao beijo. O primeiro que eu cedia sóbria ao Christopher e se dependesse de mim, seria o primeiro de muito
***
é isso, até o próximo de EOA. Novamente, comentem e cometem muito. A opinião de vocês é muito importante pra mim



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